Rafael 09/12/2020
Tu, quem és tu?
"Tu, quem és tu?", perguntou a lagarta para Alice que estava no país das maravilhas. A pergunta é pertinente para essa obra sensível e fantástica que aborda temas como pertencimento, choque de culturas e, sobretudo, identidade. A indagação da lagarta também é cabível porque, pouco depois de fazê-la, aquela se transforma em uma linda borboleta. E, Gógol Ganguli, personagem principal, é uma lagarta em constante transformação que, ao fim do livro, vira uma belíssima borboleta. Mas se engana quem acredita que apenas a estória dele é importante. Na verdade, escrevendo de uma forma, repita-se, muito sensível e sutil, Jhumpa aborda vários universos e sentimentos das outras personagens que compõem a obra e são, incrível e demasiadamente, humanas. É uma obra para se encantar e refletir sobre nossa condição humana, sobre nossas limitações em entender o outro, sobre nossa própria identidade, afinal, como o próprio Gógol propõe, as crianças, ao nascerem, não deveriam receber nomes, mas sim escolhê-los quando estivessem maduras, ocasião em que saberiam qual nome se adequaria à sua própria personalidade. E você, já pensou se pudesse mudar seu nome? Ou se tivesse que escolhê-lo após chegar à fase madura da vida? Será que ele se amoldaria à sua personalidade ou sua personalidade é que foi moldada pelo nome que escolheram para você? Vale a pena cada página desse livro.