Ficção de Polpa - Volume 3

Ficção de Polpa - Volume 3 Roberto de Sousa Causo
Antônio Xerxenesky
Alessandro Garcia
W. H. Hodgson




Resenhas - Ficção de Polpa - Volume 3


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Cris 20/09/2017

Fantasia, de Excelente Qualidade, à Brasileira
Já esperava por qualidade nesta série, mas não imaginava ficar tão viciado, e empolgado, em um livro de ficção especulativa como não ficava desde os tempos de adolescente quando descobri a obra de Stephen King.
Todos os contos do Volume 3 de "Ficção de Polpa" não descem nunca do nível "excelente".
Com clima, e influências, que vão de Rod Serling, King, Spilberg e E.C. Comics a Thomas Pynchon, Borges, Cortázar e Alan Moore, as narrativas giram em torno do gênero fantasia, quase sempre conectado ao terror e a FC, entretanto; apesar da capa, não espere por ambientações em distantes reinos míticos ou florestas encantadas, quase todos os contos injetam a fantasia mais delirante e dark em meio a contemporaneidade de nosso frenético, e já enlouquecido por si próprio, mundo "real" e atual. São bruxas, portais mágicos e monstruosidades a granel em meio a computadores, celulares e a correria de nosso dia a dia.
E o melhor de tudo: aqui! No Brasil!.
Como é legal ler uma trama sobre fantasmas ambientada não na "Route 66", mas em uma BR ligando Montenegro à Porto Alegre. A sensação de imersão em uma narrativa fantástica é muito maior quando transcorrida espacialmente em regiões que conhecemos, e já percorremos, desde a infância!
"Ficção de Polpa" é recomendado aos fãs de literatura fantástica em geral, mas principalmente aqueles "fãs" bitolados em ficção especulativa estrangeira que acreditam que "nós", brasileiros, não sabemos criar histórias capazes de provocar medo, fascínio e distender a imaginação com muita qualidade e muitíssimo bem escritas.
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Coruja 20/11/2013

Dos quatro volumes que li até aqui da série Ficção de Polpa, esse terceiro volume, com foco na fantasia, foi o que considerei mais fraquinho. Ainda é surpreendente e surrealmente interessante, mas em comparação com os outros volumes, foi o que menos fez sentido pra mim.

O destaque, para mim, ficou por conta de Pelos Dentes da Baleia, cujo ritmo e cenário me fizeram pensar constantemente em mitos indígenas – a narrativa do autor foi muito autêntica, muito própria desse tipo de história; Os Melhores Amigos, que me deixou de olhos ligeiramente marejados e Todas as Cobras, que também é algo meio mitologia, meio surrealismo a quase Dalí.

Contos como O Corredor Infinito – que me fez pensar no insano Finnegans Wake – e Um Insalubre Sozinho no Escuro – em que um atendimento do SAC se transforma numa viagem metafísica em um diálogo de dar nó na cabeça – deixaram-me perplexa e piscando os olhos meio fora de foco, como uma vítima de concussão.

Outros tantos outros me deixaram uma sensação incômoda de estômago revirado – e esse talvez seja o principal motivo de eu não ter me divertido tanto com esse terceiro volume quanto com os outros. Entre pústulas e pesadelos e ursinhos de pelúcia assassinos, houve ocasiões em que eu queria fechar o livro e sair correndo... mas perseverei e fiz comentários cretinos com post-its ao longo das páginas para lidar com meu terror.

A parte mais divertida da leitura, para mim, foi tentar desvendar os motivos de Enio, o misterioso dono anterior do livro, que conseguiu autógrafos de vários dos autores do livro (e também do artista responsável pela capa), em se desfazer do volume. Minha teoria é que ele morreu, a família se desfez dos livros para um sebo e ele agora assombra o livro como um fantasminha camarada...


site: http://www.owlsroof.blogspot.com.br/2013/11/clube-do-livro-booktour-ficcao-de-polpa_19.html
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Clara 07/05/2011

Através da resenha da Anica no Blog do Meia Palavra, fiquei sabendo dessa coleção (em três volumes) chamada “Ficção de Polpa”.

Se no Volume 1 os temas giravam entre ficção científica, fantasia ou horror (com predominância deste último) de acordo com o organizador das coletâneas, Samir Machado de Machado, no segundo volume as histórias tendem para a ficção científica e no terceiro “para manter o equilíbrio” os contos estão mais para o gênero fantástico.

Mas, como o próprio Samir deixa claro, nesse volume não encontramos apenas histórias fantásticas, alguns são contos de terror mesmo, como “Ursinho de Sonho” (Renato Arfelli) ou “Indiferente à Tragédia” (Fernando Mantelli) que conta a história de um homem que insiste em permanecer indiferente às emoções e sentimentos, mesmo quando presencia uma história de terror/lenda urbana daquelas que todo mundo já leu ou ouviu.
O livro começa com uma história em quadrinhos “O Quarto Desejo” (Guilherme Smee e Jader Correa) que me levou de volta à infância, nos anos 70, quando eu pegava as revistas Kripta do meu irmão mais velho e lia escondida e feliz (minha mãe não gostava que eu lesse essas coisas) e mais tarde, tomada pelo pavor, não conseguia dormir e nem ir ao banheiro sozinha.

Das histórias que poderiam tranquilamente fazer parte da série “Além da Imaginação”, temos: “Carinhas Coloridas” (Helena Gomes) sobre o pesadelo de uma mãe cujo filho quer viver a base de hamburguer e batatinha frita e o ótimo “Sonho de Consumo” (Ubiratan Peleteiro) com um final bem “Além da Imaginação”!

Os contos “O Corredor Infinito” (Fábio Fernandes) e “Um Insalubre Sozinho no Escuro” (Cardoso) são bem engraçados, com suas linguagens rápidas e inusitadas.

“Fabulosas Inconsistências” (Felipe Kramer) é curtíssimo (não tem nem duas páginas) mas muito bacana com seu final inesperado (pra mim pelo menos). Já “Os Melhores Amigos” (Clarice Kowacs) é um conto de ficção científica dos melhores, escrito de tal forma que faz imaginar uma coisa e a gente só descobre o que realmente acontece no final, numa narrativa que só funciona em livro mesmo.

Meu favorito acabou sendo o último conto: “Admirável Mundo Monga” (Samir Machado de Machado) com sua história divertida sobre irmãos, greve de professores, parques vagabundos e a infância com suas várias referências: de balas Xaxá e chocolate Lollo, à biblioteca do Escoteiro Mirim e discos de vinil que tocados ao contrário trazem mensagens satânicas, além é claro, de Monga a mulher macaco!

O livro encerra com uma “faixa bônus”, o conto “O Portal do Monstro” de William H. Hodgson, escritor inglês que influenciou Lovecraft e C.S.Lewis e é praticamente desconhecido no Brasil (até onde descobri, só tem um livro dele lançado por aqui “A Casa Sobre o Abismo” que pode ser encontrado em sebos).

Muito bem, agora estou (ansiosa) pelo Volume 2 de Ficção de Polpa, esperando que “não.editora” lance uma nova edição como fez com o Volume 1 dessa coleção bacana.

(Publicada originalmente no blog "Meia Palavra")
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Anica 17/04/2011

Ficção de Polpa Vol.3 (Vários)
E então você já está familiarizado com a série e sabe mais ou menos o que esperar do livro que tem em mãos. Pelo menos você pensa isso quando começa a ler Ficção de Polpa vol.3, da Não Editora. Mal passa a Introdução, já damos de cara com uma surpresa: a primeira história não é um conto, é história em quadrinhos! Com roteiro de Guilherme Smee e arte de Jader Corrêa, O Quarto Desejo abre a coletânea já mostrando qual será o tom predominante: o fantástico.

Talvez não só fantástico, mas também maravilhoso. Retomando a discussão proposta na Introdução de Contos Fantásticos do Século XIX escrita por Italo Calvino, em todas elas temos o elemento sobrenatural, que foge da nossa realidade. Mas a sutil diferença é que no caso do conto fantástico, temos uma explicação sobre os eventos da narrativa, enquanto no maravilhoso há pura e simplesmente uma suspensão da realidade, o leitor compra aquela história como “real” e aceita os fatos sem questioná-los. É mais ou menos o que acontece já com O Quarto Desejo, no qual temos um homem que pode fazer quatro desejos para um gênio: você não questionará se é possível a existência de um gênio, apenas seguirá os desdobramentos da narrativa.

E falo disso porque um dos motivos da resistência que os contos fantásticos/maravilhosos enfrentam com relação ao público leitor é que aparentemente os leitores não familiarizados com o gênero apresentam certa dificuldade em simplesmente se deixar levar, aceitando esse pacto entre autor e leitor no qual pelo breve período em que você lê, tudo é possível. Aí busca-se no conto necessariamente uma alegoria, um “significado oculto”, quando a história busca em determinados momentos unicamente divertir.

E o terceiro volume de Ficção de Polpa deve ser lido com isso em mente, sem aquele pé na realidade que tanto acaba estragando o efeito de histórias piradíssimas (e muito, muito legais!) como a do sujeito vivendo dentro de uma cobra (Todas as cobras, de Emir Ross) ou de um prédio que ganha vida (O incidente do edifício 476, de Bruno Mattos).

Não é que a coletânea seja rasa, ou vazia de qualquer significado. Há de se reconhecer o mérito dos bons contadores de história, os que conseguem nos entreter e fazê-lo com qualidade. De qualquer forma, para os fanáticos por alegoria, é bom saber que é impossível ler Os melhores amigos (de Clarice Kowacs), Sonho de Consumo (de Ubiratan Peleteiro) ou Trabalho, chefe e um gole de café (de Luciana Thomé) sem captar uma crítica ao nosso modo de vida. Ou mesmo Aos pedaços (de Rafael Spinelli), uma alegoria do fim de relacionamento. Por outro lado, há histórias que são simplesmente histórias, e mesmo assim ótimas. Tente ler Fabulosas inconsistências (de Felipe Kramer) sem um sorriso no rosto quando chega na conclusão do conto. Ou mesmo, tente não morrer de rir enquanto lê Um insalubre sozinho no escuro (de Cardoso).

E o bacana de quando você caminha pelo fantástico, é que sendo tudo possível, você pode brincar com outros gêneros. A Vila das Acácias (Silvio Pilau) e Indiferente à tragédia (Fernando Mantelli) seguem na linha do horror enquanto Duas fábulas (Lancast Mota) resgata a boa e velha estrutura dos contos de fadas. Recuperação (Antônio Xerxenesky) tem aquele quê de ficção científica e Pelos dentes da baleira (de Roberto de Sousa Causo) lembra as lendas indígenas que estudávamos na escola.

O conto que encerra a coletânea, Admirável Mundo Monga (de Samir Machado de Machado) de certa forma fez com que eu lembrasse de Algo sinistro vem por aí do Ray Bradbury – e que fique claro que isso é um elogio. Até porque quem foi criança nos anos 80 se apaixonará automaticamente pela história, que se passa nos tempos das balas xaxá e do chocolate lollo.

Assim, já em seu terceiro volume Ficção de Polpa continua sendo uma série deliciosa, diversão garantida para quem há algum tempo circula pela área do fantástico. Mas é também uma boa porta de entrada para quem ainda não leu muita coisa do gênero, até pela variedade de estilos e, o mais importante, qualidade dos textos. Além do que, nunca é demais lembrar: literatura nacional. Das boas!
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