Carlos Nunes 27/06/2023
Surpreendente
Tito Prates é grande admirador e conhecedor da obra da Agatha Christie e, portanto, eu esperava algo no estilo da autora. E, sim, MUSEU DO CRIME tem uma trama empolgante, inteligente, intrincada e muitos personagens mas, além de se passar no Brasil, mais precisamente São Paulo, essa história traz muito, muito sangue... Muita gente não sabe, mas em São Paulo existe o Museu da Polícia, mais conhecido como Museu do Crime, um local interessantíssimo (que, diga-se de passagem, conheci há muitos anos, totalmente por acaso, quando me perdi - literalmente - na cidade), que, entre outros assuntos pertinentes à história e às atividades da força policial, traz um setor reservado, onde estão registrados - e recriados - alguns dos mais hediondos crimes já ocorridos na cidade. E essa macabra exposição é o ponto de partida para um serial killer que se inspira nos mais horrendos casos para realizar seus crimes, mas com uma marca registrada: em cada uma das vítimas, o dedinho do pé está pintado de esmalte rosa. E o que parecia inicialmente uma série de crimes aparentemente desconexos, à medida que as investigações vão sendo realizadas, mostram que têm muito mais em comum do que aparentam.
O livro é narrados por diversas vozes, e os capítulos vão se intercalando, inicialmente sem outra conexão que não o dedinho pintado, e isso, juntamente com a grande quantidade de personagens, faz com que a leitura seja um pouco trabalhosa no início. Mas a escrita do autor é muito fluida, por vezes irônica, e o ritmo ágil da trama vais nos empolgando e deixando aquela vontade de prosseguir na leitura, tentando juntar as peças do quebra-cabeça e desvendar quem é o famigerado Assassino do Dedinho Rosa, exatamente como qualquer das melhores obras da Rainha do Crime. Recomendo - embora a crueza de algumas cenas possa incomodar leitores mais sensíveis.