Annalisa 09/06/2020Tres Veces TuAtenção! Resenha completamente cheia de spoilers, continue por sua conta e risco.
Sinceramente não sei nem como começar essa resenha, preciso voltar aos a livros anteriores primeiro para conseguir passar de forma mais correta o que sinto em relação à finalização dessa história.
Em Três Metros Acima do Céu temos uma história de amor completa, com todos os ingredientes meticulosamente distribuídos para te fazer cair de cabeça nesse romance e se sentir parte dele. Você se apaixona com as personagens, torce por eles, e sofre junto também. É criada uma relação de afeto como somente um bom livro pode fazer.
Quando você parte para o segundo livro, Sou Louco por Você - pelo menos eu - tive a sensação de que todo aquela relação construída no primeiro livro foi por água abaixo. Não é a mesma história de amor que você conheceu no primeiro livro, eu me senti um pouco traída e receosa de abrir meu coração para essa nova história, e tive muuuitas dificuldades de aceitar a Gin na minha vida haha
Os dois primeiro livros terminam de uma forma que você NECESSITA, PRECISA, ANCEIA por um final, por um algo a mais, por saber o que raios acontece com suas personagens, e após muitos anos há então a promessa desse fim.
E ai então iniciamos Tres Veces Tu. A história começa pelo fim, então o primeiro capítulo, na verdade é o último, fica a dica. E depois ele retoma a cronologia. Iniciamos esse livro, seis ou sete anos após a finalização da história do segundo.
Temos um Step mais maduro, mais homem, mais consciente de suas responsabilidades e cheio de sonhos e desejos tanto profissionais quantos pessoais, no começo ele mantém a postura que adquiriu durante todo o seu crescimento no segundo livro. Está estabelecendo uma carreira no mundo da televisão como produtor de programas e séries, possui sua própria empresa. Atualmente mantém uma relação com a Gin, estão prestes a se casar, e ela espera um filho dos dois.
Todas essas informações são retratadas minunciosamente em flashbacks: Desde o momento, seis anos atrás, quando Step conta a Gin que a traiu com Babi, todo o sofrimento e insegurança que ela passou, como eles terminaram na época, e tudo o que ele teve que fazer para conseguir reconquistar a confiança novamente dela, e retomar o relacionamento.
Então, dentro desse contexto todo, surgi Babi! Tcharam! Basicamente percebe a burrada que fez no passado, e quer tentar retomar os eixos da sua vida e voltar a ser feliz com Step. Babi tem a vida que a mãe dela sonhou para ela: casada com um homem rico, bem posicionada em sua carreira, porém extremamente infeliz.
E o primeiro contato que ela faz após esses seis anos é para falar que o filho dela de seis anos na verdade também é filho do Step, fruto daquela noite de amor na praia antes dela sumir e se casar.
Babi tenta redimir a péssima pessoa que se tornou no segundo livro, e tentar a voltar a ser a sonhadora e adorável menina do primeiro livro.
"O Amor, o de verdade. Não se pode apagar. Segue tatuado em seu coração, não há laser que pode retirá-lo, e tanto se quer ou se não quer, ainda que tentes, a cicatriz permanecerá para sempre".
Basicamente 70% do livro não acontece nada, ficamos nesse impasse: Step, Babi, Gin, filhos, carreira, futuro, amor, traições, perdões...
E no fim, em minha opinião, as coisas desandam. Ok, tudo bem, nunca fui fã da Gin, sempre fui assumidamente #teamBabi. MAS MEU DEUS EIN, não precisava ter feito isso com a menina!!
Quando você começa a se apegar a Gin, e entender o ponto de vista dela, o autor simplesmente coloca um tumor nela, onde ela escolhe seguir com a gravidez, salvar a filha e não se salvar. E ainda tem a humildade de pedir a Babi que faça, por fim, Step feliz.
"Seguimos nos beijando, assim como se fossemos dois adolescentes que tenham fechado a porta na cara do mundo, que queiram estar sozinhos, que esperavam este momento desde sempre, por que quem ama não tem medo. Seu beijo é único, é amor, é uma história infinita, são minhas lágrimas e minha dor, é minha felicidade e minha vida, é perdição e desejo, é condenação e liberdade. É tudo o que quero e sem o que não posso viver."
É isso, esse é o fim que passamos anos esperando, para mim, completamente desastroso.
Federico Moccia ainda continua escrevendo de forma maravilhosa, ele tem um dom com as palavras. Nessas 811 páginas, boa parte não acontece nada, mas mesmo assim a leitura te prende, ainda gosto da forma como ele brinca e encaixa as palavras. PORÉM, completamente revoltada com esse final. Li fanfics com finais alternativas muito melhores (não necessariamente bem escritas).
Fiquei com a sensação que ele precisava deixar Step e Babi juntos (por conta dos fandoms), e não sabia como se livrar da Gin no meio de tudo isso, fazendo isso da pior forma possível. Ainda mais com o bebezinha pequena, foi extremamente triste ver Gin se despedindo da filha bebê, sabendo que NUNCA irá poder acompanhar seu crescimento, sua vida, suas primeiras palavras, seus primeiros passos. Ele escreveu essas despedidas TÃO FORTE, que eu fiquei brava com ele, por me fazer ter que ler isso. Doloroso.
E Step, sinceramente? Que coisa feia. Depois de tudo o que ele e Gin passaram na primeira traição, ele vai lá e mete o pé na jaca de novo. Caramba ein, tudo o que ele tinha evoluído, despenca. E ele sabia o quanto Gin tinha sofrido com tudo isso, o quanto ela pediu e implorou para que não se repetisse, enfim, ele desceu muito no meu conceito.
Ele permanece o tempo todo confuso, entre o amor que sempre sentiu por Babi, o quanto ele realmente a ama e também quer tentar ser feliz. Porém, ele já construiu uma outra vida, e precisa ser fiel à isso. Ele tenta tomar as decisões de acordo com o que ele acha correto, não necessariamente para ser feliz.
"Em uma bandeja de prata, abrindo os braços em uma reverência infinita, mostrando-lhe meu presente, o que sentia por você: um amor sem limites. Aqui está, minha senhora, vê? Tudo isso é seu. Só seu. Além do fundo do mar e no fundo, lá embaixo, além do horizonte. E ainda mais, Babi, além do céu e além das estrelas, e ainda mais, além da lua e além do que se esconde. Esse é o amor que sinto por você. E mais ainda. Porque isso é só o que podemos saber. Eu a amo acima de tudo aquilo que não podemos ver, acima do que não podemos conhecer".
E sinceramente, não sei se gosto ou não desse final, por mais que tenhamos todas essa situação péssima com a Gin, desnecessária na verdade. Babi e Step tiveram um amor real, cru e doloroso. Nada enfeitado e bonito como nos contos de fadas. Os dois aprenderam a amar de formas diferentes, os dois erraram de todas as formas possíveis, os dois se tornaram pessoas que eles mesmo detestavam (Babi por um momento se tornou sua mãe, e Step com a traição, se relaciona com o passado de sua mãe), eles sofreram seus momentos, e se reencontraram por fim. É isso que devemos acreditar, que o amor verdadeiro supera tudo? Que vale tudo, que vale os erros, as traições, que devemos aceitar isso pelo amor? Não sei. Os fins justificam os meios?
Todas as demais personagens possuem seu fim mais ou menos escrito:
Os pais de Babi, depois de uma ação arriscada, perdem todo o dinheiro da família e se encontram pobres e tendo que morar em bairros do subúrbio - Típico de novela mexicana;
Os amigos de Babi e Step se encontram bem, cada um seguindo suas vidas;
MAAAS quem se deu bem mesmo foi a Dani, irmã da Babi. Ela conseguiu descobrir quem era o pai de seu filho: um amigo do colégio, extremamente rico, amoroso, carinhoso, compreensivo. Assumiu sem perguntas sua posição de pai, fazendo do bom e do melhor para o filho.
Desculpem a resenha gigante, mas precisa botar pra fora haha
Se alguém quiser saber ou tiver alguma curiosidade sobre mais alguma parte do livro e quiser perguntar, estamos aqui :) - Já que ele não tem tradução para o Brasil, e nem previsão.