YaraChan 05/08/2021
Na medida certa
Eu comecei a ler As Primeiras Quinze Vidas de Harry August de forma não planejada. Recebi a indicação (e eu sou péssima pra ler indicações...), gostei da premissa da história e comprei ele numa promoção online. Talvez justamente por não ter tido tempo ou espaço para criar expectativas eu tenha ficado tão impactada pelo livro. Pro meu tipo de leitura, ele é perfeito.
A história se inicia de maneira mais lenta, bem introdutória mesmo. Faz pensar que esse é o ritmo do livro, e se não houve um grande interesse em saber mais sobre a premissa da história desde o início, é muito fácil desistir da leitura. Porém, quando você segue nesse processo de forma quase casual - como se fosse um velho amigo que te conta uma história sem grandes acontecimentos todas as noites - logo você se vê arrebatado e ansioso a descobrir mais sobre a narrativa e passa a torcer de forma dúbia pelo protagonista com entusiasmo. Digo dúbia pois constantemente você se vê em uma reflexão que elucida o fato de não haver o certo ou errado nas coisas, e apenas perspectivas. Não existe vilão e mocinho, não existe o merecedor ou aquele que não merece. Existem a moral e os princípios, que podem ser diferentes dependendo de cada perspectiva. Mas ainda que trazendo várias reflexões, o livro não é de forma alguma pesado. Apesar da clareza na narrativa de situações torturantes, o livro não fica com um aspecto de violência em excesso. A escrita é perfeita, contando a história da forma que ela deve ser contada, te entrelaçando na narrativa aos poucos até te entregar o clímax da história.
O final me surpreendeu e esse livro facilmente se tornou um dos favoritos - se não da vida, pelo menos da leitura do ano.
Algumas vezes - por se tratar de uma história com aspectos não-lineares - a leitura pode se tornar um pouco confusa ("vai pra 1930, mas de qual das vidas dele?" "Pera, mas essa vida agora é antes ou depois do acontecimento X?" etc.) e por esse motivo imagino que esse é um dos poucos livros que pretendo reler no futuro (ou numa próxima vida rs)