Lices 19/11/2021
O Peso da Realidade Sobre os Mutantes
Este livro é um romance adaptado dos quadrinhos de Chris Claremont e John Byrne, que nos conta sobre o futuro apocalíptico onde os Sentinelas - máquinas caçadoras de mutantes - dominam a América. Nessa realidade quase todos os mutantes foram exterminados, e os poucos que restaram são obrigados a trabalhar em campos de concentração, sendo humilhados com as coleiras inibidoras de poderes. Logo os mutantes se determinam a lutar contra os robôs, criando um plano de quase uma vida, plano este que não pode falhar, se não toda a humanidade estará fadada a dominação dos Sentinelas.
Nossa heroína e protagonista é ninguém menos que Kitty Pryde, que sempre foi uma das minhas personagens favoritas - ficando abaixo apenas do Noturno. A história é muito bem elaborada, as narrações que revezam entre passado e futuro é muitíssimo intrigante e caminham muito bem junto das mentes trocadas; Kate no corpo de Kitty, e Kitty no corpo de Kate, e em alguns momentos não deixa de ser engraçado. Durante minha leitura me peguei muito mais interessada na trama de Magneto e Peter do que na própria Kitty. Magneto estar novamente em um campo de concentração faz com que seus traumas e cansaço finalmente apareçam a flor da pele, e agora ele está velho e sem poderes, o que torna tudo mais melancólico para todos. Já Peter busca sobreviver junto de sua esposa naquele mundo horrível e animalesco, tendo de sempre batalhar contra a sobrevivência e sua moral, afinal para os mutantes ou se mata ou morre, e matar é o que ele mais odeia em sua vida, e ver que seus princípios são irrelevantes nesse mundo avassalador o mantém com um aspecto de sofrimento não tão exagerado, mas chamativo o suficiente para captar a atenção do leitor. Se ele tiver que matar, terá! de matar.
No início pensei que o casamento de Kate com Peter ia ser mal trabalhado e que não iria combinar, e devo dizer que me enganei, é muito divertido ver o relacionamento de Kitty com Peter e de Kate no passado tentando demonstrar algo e o apoiar sem que ele realmente entenda o que ela está fazendo. Contudo o final pareceu rápido demais, a resolução foi um tanto boba e fraca, você poderia imaginar o desfecho depois dos dois primeiros capítulos, então é como jogar um balde de água fria em si mesmo, pois para o gênero é um livro muito bom, rápido, fácil, e para quem não está acostumado a ler sobre o universo dos X-Men é bem tranquilo e autoexplicativo, então para momentos de ressacas literárias "Dias de Um Futuro Esquecido" é sim uma boa escolha, contudo não espere um final mirabolante, vai acabar te decepcionando mais, e eu até digo para não ler com grandes expectativas de um desfecho memorável, é bem desapontante comparado com os capítulos anteriores de batalha.
Acredito também que alguns personagens poderiam ter sido mais bem explorados, como a própria Rachel e até mesmo a relação de Kitty com o Noturno, já que a amizade deles era maravilhosa e muito importante para a garota. Mesmo gostando bastante do livro, dei a nota três pelo motivo de achar a própria protagonista e sua trama chata e "esquecível", durante o livro quis muito mais ver os outros do que a personagem principal, Kitty é uma personagem excelente nas HQ's, mas gostaria de ter visto ela ultrapassar seus próprios limites em certos momentos.
E para finalizar gostaria de deixar uma das minhas frases favoritas do livro, ela fala sobre o Peter (é claro): "E rugiu; um som animalesco que rejeitava tudo que ele sempre defendera. Era a morte da paz. A morte da fé.".