Milena912 23/03/2023
Adorei a apresentação de Daniel Bensaïd, apesar de eu não estar esperando por isso.
Agora, muito interessante ler textos de um jovem Karl Marx que ainda não tinha desenvolvido completamente suas ideias. Aqui, ele está muito mais próximo do direito, e fazendo comentários irônicos que nos fazem aguentar esse debate maçante sobre a lei de furto de madeira. Apesar de ainda cru, conseguimos ver críticas muito interessantes. Para resumir o livro, vou deixar essa passagem:
"Um deputado da nobreza menciona que, nos arredores de Cleve, seriam cometidos muitos delitos contra a lei da madeira tendo como único objetivo ser recolhido na penitenciária e poder usufruir da comida dos presos. Esse deputado da nobreza não prova justamente o que ele quer rebater, isto é, que o que impele as pessoas a cometer delitos contra a lei da madeira é pura legítima defesa contra a fome e o desabrigo? Essa necessidade espantosa seria uma circunstância agravante?"
Ou seja, o que antes era bem comum torna-se um produto. A madeira que qualquer poderia cortar ou colher se torna produto, forçando o povo pobre a pagar aos grandes monopólios por algo que conseguia com trabalho honesto, não alienado. Cria-se a lei contra o furto da madeira, deixando vários passar frio. E ainda reclamam da pena porque teoricamente os pobres iriam querer ser presos para ter o que comer, como se o problema não fosse a fome e o desabrigo. Se aguentar a chatice do debate, recomendo o livro, dá ideias realmente interessantes.