Renata 20/12/2014Com apenas cerca de 56 páginas (o livro não é paginado), o autor nos transporta para dentro do submarino afundado Kursk, na companhia do Tenente anônimo (talvez baseado no Capitão-Tenente Dmitri Kolesnikov, que assumiu o comando depois do acidente) que, consciente da impossibilidade de um resgate, escreve uma carta à esposa com sua última reflexão sobre Deus, amor, vida e morte.
Todo em tons de cinza, branco e preto, o livro usa recursos para simular em suas páginas o nível da água subindo dentro do submarino e a escuridão que vai tomando conta de tudo.
Eu me lembro bem desse acidente em agosto de 2000 e da comoção em torno dele, devido à demora e relutância do governo russo em providenciar o resgate. Isso e os recursos já citados me ajudaram a tornar a cena mais real na minha mente e o resultado é que tenho um carinho enorme por esse livro.
"Nenhuma autoridade russa admitiu que 23 marinheiros haviam conseguido sobreviver por um período de DOIS DIAS após o acidente. Depois da explosão na câmara de mísseis, os tripulantes foram para o compartimento número nove do submarino, localizado na proa, e emitiram SINAIS DE SOCORRO por 48 horas.
As autoridades da Rússia só aceitaram a ajuda dos noruegueses e britânicos QUATRO DIAS depois do acidente. O fato mais constrangedor ao Governo Russo foi ver os homens-rãs ocidentais, com roupas especiais e descendo em “sinos” (equipamentos de resgate), realizar a operação de descida e abertura das escotilhas em MENOS DE UM DIA. A justificativa da Marinha Russa era a necessidade de se PRESERVAREM OS SEGREDOS MILITARES do submarino nuclear. O governador da província de Kursk, Alexander Rutskoi, disse que o motivo pelo qual os russos não queriam ninguém no fundo do mar Barents era o teste de um novo tipo de míssil, que segundo informações ainda permanecia no mesmo.
Na segunda-feira, 21 de Agosto, às 07.45 da manhã, quatro mergulhadores noruegueses da empresa Stolt Comex Seaway conseguiram abrir a primeira escotilha do submarino. Os homens-rãs deparam-se com o cenário mais temido. “Todos os compartimentos estão inundados e nenhum membro da tripulação sobreviveu”, declarou o vice-almirante russo Mikhail Motsak."
Fonte: Wikipédia, com destaques meus.