jota 25/10/2014Alexander, o grande [impublicável]Foi o primeiro livro de Roth que me caiu nas mãos, tempos atrás, retirado na biblioteca pública local. Mais ou menos na mesma época li também O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger. Tanto um como o outro se tornaram meus favoritos instantaneamente.
Desta vez acho que gostei mais ainda de O Complexo de Portnoy, pois agora entendo completamente certos aspectos da cultura judaica e outros fatos (ou nomes) citados no livro. Quanto aos termos judaicos no final do livro há um glossário de muita valia, que não vai deixar leitor algum boiando na areia.
A mãe judaica, celebrada por Roth em suas páginas (também por Woody Allen em alguns filmes e escritos), é ao mesmo tempo uma presença opressora, onipresente, uma fonte de irritação e de humor impagável, pelo menos do modo como ele caracteriza a mãe de Alexander Portnoy.
O humor judaico (Portnoy diz e faz coisas que até o deus judaico duvida) e a forma como Roth conta a história do (sexualmente) insaciável personagem fazem deste livro, conforme assinalou o New York Times Book Review, "uma experiência de leitura extraordinariamente viva." Beirando a pornografia em certos trechos, no entanto, o livro é "deliciosamente engraçado. Absurdo e exuberante, desatinado e impagável.", prossegue o NYT.
Um pequeno trecho: "A primeira coisa que vejo numa paisagem não é a flora, falando sério é a fauna, a oposição humana, quem está comendo quem. A vegetação deixo para os passarinhos e as abelhinhas, que têm lá seus problemas; eu tenho os meus. Lá em casa, quem sabe o nome daquela coisa que tem na calçada em frente do nosso prédio? É uma árvore - e pronto. (...) No outono (...), caem dos galhos umas vagens compridas, em forma de crescente, que contêm umas pelotinhas duras. Pois bem. (...) se você colocar uma dessas pelotas num canudinho e soprar, pode cair no olho de uma pessoa e cegá-la para o resto da vida. (...) Pois é mais ou menos essa toda a minha bagagem intelectual em matéria de botânica..." E por aí vai.
Salve, Alexander Portnoy! Salve, Holden Caulfield!; heróis da gente leitora. E também Macunaíma...
Relido entre 21 e 25/10/2014.