O Reino e o Poder

O Reino e o Poder Gay Talese




Resenhas - O Reino e o Poder


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Arsenio Meira 13/06/2013

Liberdade à toda prova

Acabei de reler o livro. Ah! a importância e o prazer da releitura... Havia esquecido de incluir esta obra-prima do chamado new journalism em minha estante. Mas nunca é tarde.

Escrever uma reportagem impactante sobre os bastidores de um grande jornal, as intrigas internas da redação e sua relação com o poder político e econômico parece ser uma excelente proposta numa época em que boa parte da sociedade começa a colocar a mídia na berlinda.

É verdade: a ideia é tão boa, e óbvia, que já foi executada há mais de 40 anos pelo jornalista americano Gay Talese.

Np entanto, é preciso mais do que uma ótima ideia para construir uma obra memorável. E, ao publicar "O reino e o poder – uma história do New York Times", Talese fincou um marco histórico do chamado New Journalism ao expor com riqueza de detalhes o funcionamento do coração, do cérebro, do fígado e até mesmo um pouco do intestino do jornal mais importante do planeta entre os anos 30 e final dos anos 60.

O livro de Talese é composto por uma fórmula que contêm doses maciças de transpiração e justa medida de inspiração. O trabalho de reportagem exaustivo, detalhista, reflete-se numa linguagem tão sóbria quanto a do NYT. Em nenhum momento a leitura de confunde com a de um romance, como acontece, por exemplo, com A sangue frio, do grande Truman Capote.

A sobriedade do estilo não é sinônimo de frieza. A apuração é tão rica que o leitor é tragado para o mundo do New York Times e dos muitos homens e das poucas mulheres que o construíram. E o mergulho nesse mundo inclui conhecer até a infância dos seus proprietários, como o do fundador Adolpho Ochs, e de alguns dos seus jornalistas.

A edição do ano 2000 da Companhia das Letras, a primeira lançada no Brasil, inclui um posfácio curto, escrito oito anos antes, em que o autor revela alguns detalhes do trabalho de pesquisa e apuração que realizou no final dos anos 60. Ele explica como os jornalistas e executivos revelaram seus sentimentos, sensações, pensamentos e pressentimentos em momentos decisivos ou em meio a crises.

E recorda que teve acesso aos diários e álbuns de família cedidos pelos representantes da dinastia Ochs-Sulzberger que, não fizeram qualquer tipo de censura prévia ao livro.

Dá para imaginar um comportamento decente assim por parte daqueles que herdaram e comandam os grandes impérios de comunicação do nosso País?
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Felipe B. Cruz 17/02/2009

Viagem na história
Gay Talese é um mestre do jornalismo literário. Nesta obra ele vai a fundo na história do New York Times. Literatura básica para todo jornalista, seja ele experiente ou foca. Interessante notar que a história do NYTimes não é muito diferente de alguns grandes jornais brasileiros, como o próprio Estadão. O que aconteceu lá, também acontece por aqui. Recomendo.
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Joaquim.Adao 27/03/2020

Uma história interessante sobre o jornal The New York Times por quem dedicou Boa parte da sua vida
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Luana 09/04/2013

Mesmo com toda a sua ambição, Adolph Ochs provavelmente não imaginava a proporção que seu novo negócio tomaria dentro da história mundial. O New York Times era um jornalzinho de folhetins românticos em seus primeiros tempos de vida, até que Ochs o comprou.
Uma das empresas de comunicação mais importantes da história, quase um sinônimo de jornalismo, tem sua história contada por Gay Talese. Tido como o principal nome do chamado new journalism, Talese começou sua carreira no Times. Assim como tantos outros grandes nomes que surgiram dentro da redação da Rua 43.

Em “O Reino e o Poder”, Talese mescla sua vivência com uma intensa pesquisa para levar o leitor para dentro das salas do Times, sua redação, suas reuniões. A história do jornal e suas relações com os fatos históricos mais marcantes é levada pelas breves biografias de seus chefes, diretores e repórteres. Os homens que ajudaram na construção da “catedral” de Ochs. Entre essas histórias estão intrigas, desentendimentos, relacionamentos amorosos, mas no final parece sempre prevalecer os valores e princípios instituídos pelo velho Adolph desde o início do Times.

A fidelidade a esses princípios é mostrada como o fator de sustentação do império New York Times, o império Ochs. As profundas raízes do poder do Times, poder que o fez ter nas mãos momentos vitais do país e do mundo. Que fez com que sua cobertura do cotidiano fosse tão marcante quanto a de fatos históricos como a morte do presidente Kennedy. Excelentes profissionais contando tudo que tivesse importância a partir do lema exposto em vários lugares do jornal: “dar as notícias com imparcialidade, sem medo ou favor”.

O poder do jornal, em si, não é o que surpreende na narrativa de Talese. O destaque fica com os Timesmen. E com Talese tendo sido um deles, fica evidente o encanto que seu berço jornalístico ainda produz em suas impressões sobre o Times. Mesmo enfatizando que o jornal era feito por humanos, a insistência em colocar acima de tudo o quanto os veneráveis valores de Ochs prevaleciam é a maior prova da paixão do autor pelo veículo. Esse afeto do autor pelo jornal não pode ser esquecido por quem pretende analisar sua história através de “O Reino e o Poder”.

No final de toda a história é inegável dizer que Gay Talese construiu seu livro, sua versão da trajetória do jornal mais influente do mundo, como se propôs a fazer. Como explica no posfácio escrito em 1992: “eu queria escrever uma história humana de uma instituição em transição, um livro que contaria mais sobre homens que cobrem as notícias do que sobre as notícias que cobrem, uma história factual sobre várias gerações de Timesmen e a interação entre elas, as cenas, os confrontos e ajustes internos que fazem parte da vitalidade e do crescimento de qualquer instituição duradoura”.
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minhananny 22/08/2013

Cativante.
Se você não é do ramo ou não é chegado em ciências sociais, pegue este livro assim mesmo. Apesar da sua grossura ser intimidadora, você nunca lerá algo tão rico e de linguagem tão acessível a respeito de vários fatos que você já viu nos filmes e nas aulas de história - mas nunca na visão das pessoas que estiveram lá.
Em "O Reino e o Poder" você é transportado para dentro do prédio do New York Times desde a sua ascensão nas mãos do judeu Adolph Ochs até o final da década de 60. Realmente transportado: a descrição de Gay Talese é tão detalhada que é possível enxergar as fileiras da redação, o jogo de cartas no fim do expediente, o escritório do diretor, os burburinhos dentro de cada setor; e dependendo do grau da sua imaginação, é possível ver também os manifestantes de Martin Luther King, a sala do reitor da Universidade de Columbia após os protestos dos estudantes em 1968, a conversa do repórter Philips com o judeu nazista Daniel Burros, a tranquilidade do sul dos Estados Unidos e o sorriso do ditador soviético Nikita Krhushchev para o então repórter Turner Catledge.
Gay Talese não transmite juízo de valor sobre alguém ou algum fato, conseguindo a façanha de não elogiar o próprio país nem criticar os comunistas ou nazistas, costume que vejo com frequência nas obras americanas. Atitude que seria desnecessária, pois a sua narrativa já nos envolve totalmente com a cultura do seu país e com a história acontecendo no seu próprio ritmo, como a transição gradual do cabelo curto na descrição dos jovens repórteres para o cabelo caindo nas orelhas do filho de Salisbury - um garoto hippie!, e o furo do editor Van Anda ao desconfiar de que o Titanic havia afundado. Várias vezes eu interrompi a leitura para pesquisar mais sobre as personalidades e acontecimentos citados, ao mesmo tempo em que aguardava a menção às guerras e movimentos culturais.
Mas o grande trunfo de "O Reino e o Poder" é obviamente a vida de cada uma das pessoas do Times, destrinchada de tal forma que acontece uma identificação semelhante às dos personagens de ficção: você se divertirá, se chateará, se encantará e torcerá por alguns deles. No meu caso, li mais de uma vez a história do sulista Turner Catledge, a viagem de Salisbury ao Vietnã do Norte, o atrapalhado colunista de esportes e fã de pescarias John Randolph, a amizade maluca entre Abe Rosenthal e Arthur Gelb, o paranóico Bernstein, o Lester Markel cuja rabugice era sentida do elevador do oitavo andar(!),o Punch que eu juro que tinha vocação para engenharia e não para a administração (repararam na fascinação dele por maquinários?).
É impossível ler este livro e não sentir vontade de assinalar alguns trechos, de compra-lo e de guarda-lo. Biografias já me interessavam desde que li "Chatô - o Rei do Brasil" e "Tarso de Castro: 75kg de músculos e fúria", dentre outras. Quando a biografia é de uma empresa (no caso, o New York Times), dos seus proprietários e funcionários, e ainda por cima escrita pelo Gay Talese, um autor altamente recomendado nas universidades e que já tinha me cativado por ser um dos fundadores do jornalismo literário, me vejo diante de uma das obras mais interessantes que já li na vida.
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Filino 27/03/2020

Uma obra de fôlego - e deliciosa de se ler
Gay Talese é daqueles autores que, tendo veia jornalística, vão fundo no objeto que investigam. E "O reino e o poder" é mais um belo exemplo disso: num livro com mais de 500 páginas de texto, fruto da experiência do próprio autor no New York Times, bem como de sua incansável pesquisa (e inúmeras entrevistas), somos bombardeados por uma quantidade imensa de informações acerca do "jornal mais importante do mundo"; de seus autores e dos fatos relatados naquele periódico até o final dos anos 60.

Não é exagero dizer que, do modo como Gay Talese escreve, parece que somos testemunhas oculares da cena que nos é narrada. O ambiente, as emoções dos interlocutores, o que pensaram e verbalizaram - tudo isso é apresentado em cores vívidas e numa narrativa impressionante. Os "Timesmen" desfilam perante os olhos do leitor, que passa a conhecer a vida de vários deles, desde os familiares de Adolph Ochs - o sujeito que plantou a semente do que hoje é o NYT - até os mais diversos jornalistas que por ali passaram. Lemos histórias interessantíssimas de correspondentes internacionais, colunistas e repórteres que testemunharam, "in loco", o próprio desenrolar da História. As agruras por que passaram, suas rotinas (doméstica e de trabalho), os conflitos com colegas e superiores - e sem esquecer o conflito entre Nova York e a sucursal em Washington - tudo isso (e mais um pouco) faz de "O reino e o poder" uma leitura indispensável não apenas por todo aquele que se vê às voltas com o jornalismo ou tem interesse nesse meio, mas para qualquer um interessado numa excelente narrativa.
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Fabio Martins 07/08/2015

O reino e o poder
Como jornalista e amante de livros, não poderia deixar de ler uma obra que talvez seja a que mais sintetize a essência do jornalismo e suas vertentes e cujo autor é um dos grandes nomes da profissão. Trato aqui do livro O reino e o poder, de Gay Talese.

Talese trabalhou no The New York Times durante dez anos e acompanhou de perto o funcionamento do jornal mais influente do mundo. Apesar de ser uma instituição gigantesca e que caminha quase que inconscientemente, independentemente das crises, guerras e polêmicas que a cercam, a empresa é feita e movida por homens, e todos eles têm suas próprias ambições, visões, afinidades e ideais.

O livro retrata a história do jornal desde quando Adolph Ochs o comprou – quase falido – em 1896, passando pelo seu crescimento e consolidação no mercado, até atingir seu auge de confiança do público e credibilidade das notícias.

Para produzir tal obra com precisão e detalhamento, o autor realizou diversas entrevistas, fez pesquisa minuciosa sobre a história do jornal – e do próprio país – e, claro, contou com sua própria experiência vivida nos bastidores do dia a dia da empresa. Lançado em 1971, O reino e o poder é uma das mais completas e descritivas publicações de Gay Talese, um dos precursores do jornalismo literário.

Mais do que uma instituição, o New York Times é um empreendimento familiar, passado de geração a geração, deixando no poder sempre algum parente de Adolph Ochs. O que mais impressiona é a constante e ferrenha briga nos bastidores dos altos executivos em busca de mais poder, salários melhores e consolidação na empresa.

As decisões políticas, as concessões entre adversários, os acordos e trocas de favores, sempre visando o poder no jornal, estão presentes em toda a sua história. A “briga” por autonomia da sucursal de Washington em relação à matrizem Nova Iorque, que dura décadas, é o que dá o tempero e o ritmo da leitura da obra.

Apesar de ser um tanto confuso pelo número maçante de nomes e cargos – além das histórias de vida de cada personagem retratado no livro –, O Reino e o poder é quase uma aula obrigatória para cada jornalista entender como funcionam os bastidores de um grande jornal e, principalmente, como escrever com qualidade e inteligência um bom livro.

site: lisobreisso.wordpress.com
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Humberto Abdo 10/03/2019

Excessos
Talese é um excelente jornalista. Escritor talvez nem tanto. Um dos desafios na profissão é a capacidade de sintetizar informações da maneira mais coesa e bem estruturada possível num texto, o que significa que, mesmo após apurar todos os detalhes de algum entrevistado ou acontecimento, apenas o essencial será mantido no resultado final. Talese certamente deixou muita coisa de fora, considerando que é conhecido por apurar exaustivamente todos esses mínimos detalhes, mas não deixa de se gabar pelo excesso de trabalho, algo visto nas longas descrições cronológicas de vários personagens, retomando a história e origens de seus familiares. São informações que só parecem servir para ostentar o quanto ele teve de acesso na rotina e intimidade das fontes assim como seu esforço para descobrir TUDO. No livro, esse excesso não presta qualquer serviço, nos distrai e trava o fluxo da leitura. Não fica clara a utilidade de saber tanto sobre a família de um certo diretor de redação, por exemplo, e essas pausas entre os capítulos para descrever origens e árvores genealógicas enormes não nos aproxima dos personagens, mas confunde, a ponto de nos perdermos nos cargos de cada um deles no jornal. Mais prazeroso seria mergulhar nos pequenos detalhes e acontecimentos vividos dentro da redação, o que só surge depois de muitas descrições (e enrolações).
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