Fran 19/08/2021
A trilogia Never Sky finalmente chega a um final, e é possível fazer uma descrição bem simples desse último livro: para o bem ou para o mal, não foi uma conclusão surpreendente.
Ele ocupa uma posição intermediária entre os outros dois, tanto em qualidade geral quanto em seus elementos. É até mesmo correto afirmar que esse livro é o resultado do que seria uma mistura entre seus dois antecessores, pois essa é exatamente a impressão que temos durante grande parte dele. Os acontecimentos e foco geral da história são bem parecidos a como acontece em Pela Noite Eterna, mas os diálogos são bem mais leves e simpáticos, lembrando Sob o Céu do Nunca.
Os protagonistas são um grande exemplo disso – tanto Ária quanto Perry assumem aqui um comportamento mais parecido com o do primeiro livro, voltando a ser consideravelmente mais cativantes e trazendo um tom diferente para a trama. Ao mesmo tempo, não abandonam o desenvolvimento positivo que tiveram após ele, deixando a evolução pela qual passaram clara.
Acompanhar a história sem ter que aturar as interações exageradas entre os dois a tornou muito mais agradável, sem sombra de dúvida. É importante deixar claro, no entanto: as cenas de romance forçadas em situações sem sentido continuam presentes, porém bem mais moderadas em comparação a como foi em Pela Noite Eterna, deixando espaço o suficiente para que o resto do enredo tivesse seu destaque. No pior dos casos, são toleráveis.
Os personagens secundários, que costumavam ser donos de tantos elogios, agora acabam pecando um pouco, com o problema de que a autora levou a parte do secundário a sério demais. É compreensível não dar o mesmo destaque para todos que aparecem, mas uma coisa é certa: não dá para pegar personagens que foram tão importantes antes, ou que a história dava a entender com muito afinco que seriam no futuro, e simplesmente deixá-los de lado pelo último livro inteiro.
O desenvolvimento deles foi outro ponto mal executado. Muitos simplesmente mudam de atitude para uma oposta de uma hora para outra, contradizendo até mesmo o modo como agiram nos livros anteriores, e não houve muita preocupação em se aprofundar no porquê disso acontecer, além da explicação básica de que eles já eram assim e só não havíamos percebido antes. Não foi uma regra absoluta, mas a parte afetada fez grande diferença.
É preciso fazer um comentário especial a respeito de Hess e Sable, suspostamente os grandes vilões, e que passaram longe disso. Eles, infelizmente, sofreram bastante dos problemas citados acima, o que foi uma pena. Tinham bastante potencial para ser mais, e é inevitável que um vilão sem profundidade acabe afetando o resto de uma história.
O livro segue um ritmo bem agitado desde o começo, pontuado por breves momentos monótonos. Existe um pouco de exagero nesse quesito durante o grande clímax do livro, que acontece rápido demais. O que realmente se destacou nesse ponto foi a falta de mais emoção, principalmente se tratando dos capítulos da Ária, e mais no geral durante a parte final, quando a maioria dos grandes acontecimentos começam a ter lugar, com muitos passando quase sem causar impacto.
A autora se manteve próxima do modo como os livros anteriores foram construídos e não se arriscou muito no que diz respeito ao desfecho da história, entregando um trabalho bom, mas sem chegar a ser inovador ou extraordinário. Resumindo, o enredo é simples, o que foi uma característica que se manteve por toda a trilogia e não necessariamente um defeito, porém conseguiu incluir também algumas reviravoltas notáveis e é divertido de se ler.
Em conclusão, Never Sky foi uma trilogia que começou muito bem, mas que acabou se perdendo um pouco no meio do caminho. Ainda assim conseguiu permanecer como uma leitura leve e rápida, podendo agradar bastante em alguns casos. Acabou tendo uma finalização aceitável, mas que talvez não seja satisfatória para todos, pois, no final, essa é a impressão que permanece: ficou faltando alguma coisa.
site: https://blogvestigiosliterarios.wordpress.com/2021/07/10/a-caminho-do-azul-sereno/