Jardins da Lua

Jardins da Lua Steven Erikson




Resenhas - Os Jardins da Lua


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Lit.em Pauta 24/02/2017

Literatura em Pauta: seu primeiro portal para críticas e notícias literárias!

"Em Jardins da Lua, o autor constrói uma narrativa complexa, torna a exposição do universo gratificante, cria uma gama gigantesca de personagens únicos, discute assuntos importantes e conta diversas histórias que empolgam pelo modo com que se conectam e concluem. Apesar disso, o que mais salta aos olhos durante a leitura é o fato de que o livro, indo na contramão da indústria, tem plena fé na capacidade do leitor e, além de não subestimar sua inteligência, ainda estimula seu raciocínio."

Participe da discussão, lendo a crítica completa em:


site: http://literaturaempauta.com.br/Livro-detail/gardens-of-the-moon-jardins-da-lua-critica/
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Taverneiro 12/06/2017

Livro divertido e épico, mais com alguns problemas de ritmo
O mundo está em guerra. Há muito tempo o império vem tomando cada parte do mundo uma a uma. A Imperatriz Laseen traiu o antigo Imperador e tomou o poder, conduzindo as conquistas do império de cidade em cidade no continente de Genabackis. No início desse livro restam apenas duas cidades livres, Darujhistan e Pale, essa última prestes a entrar em confronto com as forças do império.

Algumas forças se opõem ao domínio da Imperatriz e uma das mais poderosas está ao lado da cidade de Pale na batalha. A Cria da Lua, uma montanha voadora cheia de corvos gigantes, lar da raça do povo de pele escura, os Tiste Andii e do líder deles, o poderoso Anomander Rake.

Logo no início do livro vemos o ataque das forças do império a cidade de Pale, e o duelo cara a cara dos mais poderosos magos a serviço da imperatriz contra Anomander Rake e a Cria da Lua, em um combate destruidor e de proporções titânicas.

Mesmo com a ajuda da Cria da Lua, a cidade de Pale cai. Anomander Rake e a Cria da Lua recuam para Darujhistan. Agora só existe uma cidade no caminho da dominação do Império Malazano e é a trama para a derrubada dela que acompanhamos aqui.

Jardins da Lua é um livro de fantasia épica escrito pelo Steven Erikson e lançado aqui pela Editora Arqueiro.

Esse é o primeiro da série de dez livros O Livro Malazano dos Caídos (The Malazan Book of the Fallen). O universo desses livros foi criado por Steven Erikson e Ian C. Esslemont para uma campanha de RPG. Esslemont também tem uma série de seis livros nesse mesmo mundo e as duas tem histórias complementares. Império Malazan conta a história de como a imperatriz tomou o poder e o primeiro deles, A Noite das Facas, foi publicado pela Cavaleiro Negro Editora.

Pensem no Jardins da Lua como um jogo de xadrez. O confronto entre o Império e Darujhistan é o tabuleiro. E tem muuuuitas peças em movimento…

Sobre a Criação de Mundo…

O mundo criado pelo autor é de magia altíssima! Existe uma força ancestral conhecido como os Labirintos, que são dimensões paralelas que os conjuradores podem acessar para pegar o poder de lá, ou viajar grandes distâncias através deles. Existem vários labirintos e cada um tem suas particularidades. Alguns labirintos tem a essência mais selvagem, outros são melhores para curar feridas e assim por diante.

O nível de poder dos personagens-chave nessa guerra é imenso, e logo no primeiro combate em Pale envolvendo Anomander Rake e os magos da Imperatriz nós vemos que são quase deuses se enfrentando em meio a pessoas comuns. Eu particularmente acho isso incrível. Para você que joga D&D, é basicamente como se fossem personagens épicos lutando em uma guerra. A destruição causada por esses fluxos de força não tem limites.

E os deuses, aaaa os deuses…. Eles têm uma presença muito forte no mundo. Eles interferem diretamente em assuntos mortais, as vezes até mesmo com possessões. São peças muito poderosas e a maior parte das pessoas teme que eles entrem em jogo. Mas não se engane, alguns dos não-deuses aqui (como o próprio Anomander Rake) são fortes o suficiente para comprar briga com os deuses, e isso torna tudo um jogo de discretas influencias e (por enquanto) não de combate direto contra divindades.

Geograficamente falando, esse livro apresenta pouco do mundo de maneira sólida. Temos alguns nomes de outras cidades, algumas raças não humanas aparecem e ficamos sabendo de outras peças no tabuleiro da guerra que estão posicionadas em outras frentes (Como o lendário comandante Caladan Brood). Temos algumas cenas mostrando que esse mundo é imenso e cheio de detalhes que provavelmente serão explorados em sequências (Tipo cenas pós-créditos nos filmes da Marvel), mas nesse livro em específico apenas Darujhistan é bem explorada.

Fica claro que é um mundo muito rico em detalhes e isso provavelmente é um reflexo da criação dele associada ao RPG. Em um livro normal, o wordbuilding tem certo limite: você cria o que precisa para a história. Mas em um livro de RPG isso não tem fim, você pode ir de vila em vila criando lendas e personalidades sem parar e não precisa dar uma resolução para nada porque, afinal, são os jogadores que vão resolver aquilo. Eu senti muito esse ar RPGistico aqui nesse livro. Todos os personagens e locais tem vida e isso foge aos padrões do que estamos acostumados.

Sobre a escrita…

Ela é bem direta. A narrativa em geral é acelerada, o que dá a sensação de que você pegou um trem em movimento (ou foi atropelado por ele, não estou certo qual analogia é melhor XD) e todo o conhecimento têm que ser pego nos pedacinhos que o autor solta e montados para formar a grande história por trás de tudo (tipo o jogo Dark Souls XD). Sobre a gramática, não existe floreio ou embelezamento excessivo das cenas. Algumas cenas de batalha tem uma descrição mais trabalhada, mas de maneira geral é uma escrita simples e satisfatória. Ele também coloca trechos de poemas do mundo no início de cada capitulo e isso é bem bacana. Realmente não tem muito o que comentar sobre a maneira como ele escreve.

A Edição da Arqueiro conta com um esquema de rostos e nomes parte interna da capa. Além disso também tem um belo glossário que ajuda muito se você estiver perdido. ^^

Sobre os personagens…

Bem, então…. Sabe o que eu falei sobre ter muuuuitas peças nesse tabuleiro? Essa foi a característica do livro que mais me incomodou. A narrativa acelerada e pouco explicativa, somada a uma quantidade exorbitante de personagens com arcos próprios deixa esse livro complicado. Eu vou falar um pouquinho sobre ALGUNS dos personagens desse livro.

Imperatriz Laseen, Soberana do Império Malazano, traiu o antigo imperador e tomou o poder. Têm vários problemas com rebeliões e traidores, mas ainda assim continua conquistando territórios.

Conselheira Lorn, figura de confiança da Imperatriz. É enviada para Darujhistan para averiguar os Queimadores de Pontes ou qualquer outro movimento suspeito, mas sua missão principal é trazer uma peça antiga e extremamente poderosa para o tabuleiro, que pode tirar até o próprio Anomander Rake do jogo.

Sargento Whiskeyjack, Sargento dos Queimadores de Pontes, uma tropa Lendária que serviu ao antigo Imperador, mas que após o golpe está sendo lentamente descartada pela Imperatriz que teme qualquer um que fosse muito leal ao imperador. Whiskeyjack em especial era um comandante lendário com muito prestigio na época do Imperador, mas agora teme levar uma facada nas costas de qualquer um que não seja um dos Queimadores de Pontes.

Tattersail, uma das feiticeiras que compõem do Segundo exército. Logo no inicio participa da batalha cara a cara com a Cria da Lua e vê, horrorizada, o massacre acontecendo. Acaba se envolvendo na trama dos Queimadores de Ponte e o medo deles de estarem sendo descartados.

Hairlock, Também do segundo exército junto com Tattersail e acaba sendo mortalmente ferido na luta em Pale. É “salvo” pelos Queimadores de Pontes que transferem sua alma para um boneco e controlam ele momentaneamente.

Ben Ligeiro, Queimador de pontes, mago muito poderoso. Ele que transfere a essência de Hairlock para um boneco e tenta usá-lo, mas acaba tendo problemas para controlar o antigo.

Piedade, uma das mais novas recrutas dos Queimadores de Pontes, muito jovem, mais ainda assim uma assassina assustadoramente eficiente, quase como se houvesse algo mais por trás da sua habilidade…

Ganoes Stabro Paran, nobre de nascimento que abandonou sua vida na corte para se tornar um oficial do Império Malazano. Acaba conquistando a confiança da Imperatriz e é enviado para comandar os Queimadores de Pontes, e eliminar uma certa integrante que suspeitam estar sendo usada por um deus.

Dujek Umbraço, Alto Punho dos exércitos Malazanos. Serviu fielmente o Imperador e por isso a Imperatriz teme uma traição dele. Logo ela toma medidas para diminuir a influência do Alto Punho, o que acaba deixando ele insatisfeito e mais tentado a trair a Imperatriz.

Tayschrenn, Alto Mago da Imperatriz, lutou contra a Cria da Lua e se aproveitou para no meio da batalha resolver algumas divergências com alguns outros magos.

Kruppe, um morador de Darujhistan, tem um certo poder nos seus sonhos de entrar em contato com entidades antigas.

Crokus Jovemão, um jovem ladrão que praticamente caiu de paraquedas nas tramas do livro. Ele encontra logo no início uma moeda com o poder dos deuses da sorte e acaba tendo influencia em várias situações sem nem perceber a gravidade do que está acontecendo. Seu arco pessoal mesmo é uma paixonite por uma nobre local.

Rallick Nom, um membro da Sociedade de Assassinos de Darujhistan. Têm uma vingança pessoal a realizar com um dos conselheiros da cidade.

Baruk, um Alto Alquimista e um dos que tramam nas sombras para defender Darujhistan do Império.

Percebeu que muitos deles têm pelo menos uma organização relacionada no seu resuminho? Pois é, podem chamar Steven Erikson de muita coisa, menos de preguiçoso ao criar mundos. E esses são só alguns dos personagens. XD

“Mas me diz, ele faz esse montão de gente aí e fica tudo bagunçado né? Só pode! ” Não exatamente. Todas as tramas parecem jogadas e desconexas até que se encontram. O desenvolvimento pessoal de cada um é beeeeem diferente do que você está acostumado a ver em qualquer livro e, embora não chegue a ser um desastre total, fica muito raso na maioria dos casos. Eles são carismáticos, mas praticamente nenhum chega a mudar de verdade nessas 600 páginas.

Lembrando também que esse é só o primeiro de DEZ livros né. Muita coisa pode rolar ainda.

Sobra a Maior Inspiração desse Livro…

Quando um autor não consegue deixar a sua obra apreciável para novos leitores eu acho isso um defeito. Apesar disso eu curti bastante esse livro! Ele é muuuito inspirado pela Companhia Negra, tanto na narrativa que dá a sensação de que você pegou o bonde andando quanto nos personagens épicos lutando em meio a humanos “normais”. Os próprios Queimadores de Pontes têm um clima total da Companhia Negra, e eu acabei curtindo aqui todas as características que eu gostei no livro de Glen Cook, como vocês podem ver na resenha dele aqui.

Enfim…

Jardins da Lua é um livro muito divertido, intrincado, com ótimas tramas e personagens carismáticos, mas esses mesmos personagens não são bem explorados. O estilo acelerado é bem prazeroso para alguns (incluindo eu) mas é questão de gosto. Se o leitor não é acostumado com fantasia épica eu não recomendo começar por esse livro. Mas se você já está habituado com mundos fantásticos e curte entrar em um novo mundo eu recomendo que você se deixe levar pela leitura e tenha paciência, pois esse é um excelente livro de fantasia (mais que) épica!

site: https://tavernablog.com/2017/06/05/dica-da-taverna-jardins-da-lua-e-como-escrever-sem-se-importar/
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Edmar 20/04/2018

Com Jardins da Lua – O Livro Malazano dos Caídos 1, Steven Erikson dá o ponta pé inicial em uma saga que desde seu início é verdadeiramente épica, com diversas camadas, equiparada em grandiosidade a Game of Thrones (George R. R. Martin) e O Senhor dos Anéis (J. R. R. Tolkien). O autor subverte o senso comum, desconstruindo o status quo, segundo suas próprias palavras, “estabelecendo um distanciamento dos padrões habituais da fantasia” construído por obras clássicas de ficção fantástica, concebendo uma nova abordagem, adulta, cruel e intricada, que exige máxima atenção do leitor.

site: https://www.manualdosgames.com/jardins-da-lua-o-livro-malazano-dos-caidos-steven-erikson/
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Gabriel 04/04/2018

Star Wars sem as letrinhas amarelas.
Imagine começar Guerra nas Estrelas sem aquele textinho em letras amarelas sempre presente no início de cada episódio da série para lhe situar sobre a situação da galáxia. Retire todo o maniqueísmo envolvendo a Rebelião e o Império, deixando dúbios os diversos interesses pelo poder que estão em jogo, e acrescente bem mais protagonistas e tramas do que as da saga de George Lucas. Pronto… Jardins da Lua é isso e ainda mais um pouco! Um livro que tinha um aspecto quase místico antes de sua chegada ao Brasil devido à complexidade que os leitores da obra diziam ter e que segue dividindo opiniões até hoje.

Sou totalmente contra aquela idéia de que literatura é como uma escadinha, tem que começar com Harry Potter antes de chegar nas obras de “alto nível” de Machado de Assis e Doistoiévski, mas no primeiro volume de O Livro Malazano dos Caídos farei uma pequena “exceção” ao sugerir que o leitor que decida encarar essa obra tenha certa experiência no gênero de Fantasia. Eu particularmente tive a sorte de ler esse livro após Duna, que curiosamente o autor diz no prefácio que “se existe um romance que me serviu de inspiração direta em termos de estrutura, foi esse”. Ambos os livros são pouco expositivos no início, jogando termos na cara do leitor que só descobrirá seu significado lá pra frente. Mas a Ficção Científica do Frank Herbert ainda assim é mais fácil de digerir do que a Fantasia de Steven Erikson.

Os pilares da história, nos quais o leitor tenta se sustentar para entendê-la, são, na maior parte do tempo, frouxos. Prepare-se para formar uma nova história do livro a cada capítulo. Sabe-se que tem um império, chamado malazano, que atualmente é comandado por uma mulher chamada Laseen, cuja ascensão após a morte de seu antigo monarca é bastante obscura. Seu domínio está se expandindo através de campanhas bélicas para outros continentes, como Genebackis, o centro geográfico da história de Jardins da Lua, mas acompanhadas das defesas das cidades sitiadas pelo Império alguns descontentamentos internos nas antigas forças militares do primeiro imperador devido aos interesses dúbios da nova imperatriz para com seus soldados começam a aparecer para atrapalhar a expansão. Isso é bem o resumo do resumo do resumo. Ainda não citei a parte em que os deuses parecem estar interferindo no meio desse caos político-bélico por causas desconhecidas, ou que um pedaço de terra flutuante comandado por um ser alto cinza com uma espada gigante aparece no meio do caminho para tentar parar a ampliação malazana fazendo alianças com as cidades sitiadas, por exemplo.

Essas informações, que pegamos aos poucos, são apresentadas por diversos pontos de vista que acompanhamos no livro. Na realidade, não há aqui sequer um personagem principal, um herói, embora a sinopse da edição da Arqueiro sugira que esse papel seja do Ganoes Paran. O protagonista é o próprio império malazano, sua expansão. Quem já leu O Cortiço, obra Naturalista de Aluísio Azevedo, vai entender essa ideia de personificar algo abstrato e inanimado. Uma hora estamos acompanhando os soldados malazanos e seus planos para quebrar as barreiras do inimigo e conquistar mais uma cidade, outra hora vamos para outra cidade que está na lista de planos do império e vemos as maquinações de sociedades de assassinos, nobreza e feiticeiros, para reprimir ou facilitar a entrada do império que está chegando. Numa hora temos lampejos dos líderes do império e sabemos um pouquinho mais dos seus interesses, depois adentramos na esfera divina e vemos os deuses maquinando sabe-se-lá-o-quê. Mas o nome do império, sua expansão, está sempre no centro de todos esses eixos.

Isso gera duas consequências, uma positiva e outra negativa (pelo menos pra mim). Por um lado, mesmo com o excesso de informações, é inegável que a construção desse universo consegue encher os olhos e instigar o leitor a descobrir mais. O autor criou diversas raças para sua obra, como os Tiste Andii, seres altos de cor preta e cabelos cinza, os T’lan Imass, que são basicamente esqueletos vivos, ou os Jaghut, criaturas com duas presas pra fora da boca, entre um bocado de outros seres. Não suficiente isso, a realidade em que a expansão do império se dá não é a única existente. Há outras dimensões, ou reinos, acessíveis por portais criados por feiticeiros, pelos quais se pode encurtar a distância até outras regiões do mundo convencional, ou retirar poderes dessa outra dimensão para realizar ataques, e elas ainda são a moradia dos deuses. Além disso, temos as divisões dos exércitos, dos magos, os grupos nas cidades. Sem sombras de dúvidas, aliás tem uma dimensão das sombras, há uma genialidade na mente criadora desse(s) mundo(s), para juntar esse amontoado de ideias de forma bem caprichada, sem que ele se tornasse desinteressante pela sua escala, pelo contrário.

No entanto, os personagens de certa maneira acabam ficando em segundo plano. Sabe em Dunkirk, do Christopher Nolan, em que a situação de evacuação das tropas da praia de Dunquerque está mais em evidência do que a vida dos soldados que nem chegamos a saber os seus nomes? Então, aqui acontece mais ou menos o mesmo. Os conflitos criados, as tensões e maquinações, parecem ser mais importantes do que os personagens que fazem as novas jogadas. Dos quinze ou mais pontos de vista que a história segue, você acaba criando empatia apenas com alguns, enquanto outros tornam-se enfadonhos por serem arcos “menores”, apenas elementos superficiais para se pescar uma nova informação da história “maior”.

Mas das figuras que o Erikson cria e chamam atenção, há de se dizer que ele o faz com classe. Anomander Rake, o Senhor da Cria da Lua, cuja rápida e eficiente imposição faz com que qualquer um tema ficar de frente com ele, mesmo que não em combate, apenas para discutir acordos. Destaques também para Ben Ligeiro, um dos magos do império malazano, Piedade, uma assassina que está gerando certa desconfiança entre os soldados, Whiskeyjack, líder dos Queimadores de Pontes, um dos núcleos que mais acompanhamos no livro, Kruppe, com suas maluquices e sonhos, e a própria Laseen, que mal aparece, mas que tem uma áurea misteriosa deixando o leitor maluco para saber mais.

O que fica mesmo são os entrelaçamentos entre eles. Sabe-se que certa pessoa tem um passado com outra, que uma delas está desconfiando de outra, e que essa por sua vez tem um plano para com outro personagem que pode ajudar ou não essa primeira pessoa, e vai se criando uma bola de neve gigante, embaixo da qual o leitor está sendo esmagado tentando entender a situação, e a bola vai rolando, rolando, descendo a montanha, até que cai de um penhasco e BUM…! Termina fazendo um estrago no chão! Se bem que, particularmente, achei o final um pouco anti-climático. Meio deus ex-machina, inferior se comparado ao início bem engajante pra mim (não caí na maldição do 17%). Mas ainda assim satisfatório, deixando o leitor ávido para conhecer mais desse universo.

Jardins da Lua é, portanto, um livro desafiador. Por começar no meio de uma mega-situação e não se preocupar em explicar muito ao público leitor como se deu cada etapa até cada grupo da história chegar onde está, com muitos personagens que podem confundi-lo pelo excesso de nomes (obrigado, glossário!), e que têm bastante segredos e tons cinza. Desafiador também por comprimir bastante informação em seiscentas páginas. Mas com a devida paciência, a obra consegue se tornar instigante à medida que cada peça desse quebra-cabeça é montada. Uma obra diferente e necessária para a Fantasia. Resta agora aguardar a sua continuação. Dizem que só melhora, hein…

site: https://leitoresvigaristas.wordpress.com/2018/04/03/resenha-jardins-da-lua-steven-erikson/
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bruno.rauber 25/02/2018

O texto é denso, a narrativa é truncada, o livro te joga no meio da ação e não se esforça em explicar demais. Mas é impossível de parar de ler Jardins da Lua, que livro delicioso. Algo tão complexo assim chega a ser difícil de acreditar que se trata do do primeiro livro do Steven Erikson. Há tempos que um livro não exigia tanto de mim assim.
Além disso ainda merece ser comentada o cuidado da edição nacional (com menção especial à tradução excelente da Carol Chiovatto). Que a Editora Arqueiro lance logo os próximos volumes dessa maravilha que é Malazan!
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Luke.807 14/01/2018

"Ambição não é uma palavra proibida. Que se dane a moderação. Vão direto na jugular. "
Ler Jardins da Lua, primeiro livro da série O Livro Malazano dos Caídos é uma experiência única. Muito se diz sobre sua “complexidade”. Uma narrativa feita para poucos e “distintos” leitores de alta fantasia. Discordo completamente dessa afirmação. Jardins da Lua possui uma narrativa diferente, que foge as estéticas de livros convencionais de fantasia. Ter uma narrativa diferente não significa que ela seja complexa ou feita para um público “distinto”. Isso me soa mais uma forma de afastar leitores, do que contribuir diretamente com o entendimento da obra. Jardins da Lua é uma obra diferente de tudo que você já leu. Esteticamente é um expoente único na literatura fantástica.

Lendo os primeiros capítulos e observando seus personagens, a obra não parece fazer muito sentido. Todavia, na medida em que o processo narrativo avança, que os personagens se aprofundam; as histórias individuais passam a convergir num grandioso evento comum. Dessa forma, o antropólogo Steven Erikson introduz os leitores ao seu universo, buscando elementos da constituição de processos históricos grandiosos dentro daquele universo. Os processos históricos, segundo Norbert Elias, são construções de longa duração. Ou seja, dentro da narrativa, somos literalmente jogados dentro de um processo histórico, que a princípio não faz sentido, mas que tem a pretensão de alterar as bases fundamentais do Império Malazano.

Destacam-se, dentro da obra, a grande variedade de personagens e raças. A profundidade que o autor consegue incumbir aos “sujeitos” da história. Os personagens que mais me cativaram foram Ganoes Paran, oficial do Império Malazano, Kruppe, “homem de falsa modéstia”, Piedade, assassina mortífera, Lorn, conselheira da Imperatriz Laseen e Anomander Rake, senhor da Cria da Lua (Está na capa do livro). A Cria da Lua, governada por Rake, merece uma especial atenção. Trata-se de uma fortaleza lendária voadora. Um dos elementos mais interessantes da história. A princípio, achei que não funcionaria, mas em certo ponto, me encontrei vislumbrado com a descrição da fortaleza de Rake.

Outro ponto bastante interessante é o sistema de magia por portais. É certamente um dos sistemas de magia mais elaborados que já li, tendo dois princípios básicos: Labirintos e Portais. Os Labirintos são dimensões mágicas (ou não) dotadas de existência própria, com plantas, animais e magias próprias. Já os Portais, são as formas pelas quais os magos acessam essas dimensões, canalizando sua magia e conjurando seus animais (ou monstros rs). Um mago “normal” pode tornar-se mestre, maximizar seu conhecimento, de apenas um labirinto. Mas, altos magos, magos realmente poderosos, podem canalizar e conjurar energias e animais de vários labirintos.

Por fim, vale concluir que se trata de uma obra/série fundamental para quem gosta de fantasia. Poucas obras conseguem se aproximar da grandeza épica de Jardins da Lua e da série O Livro Malazano dos Caídos. Não se deixem enganar com “é muito difícil”, “fique atentos ao glossário”. Jardins da Lua foge aos estereótipos narrativos de fantasia, as convenções, é uma narrativa grandiosa e ambiciosa. Parafraseando o recado de Steven Erikson no prefácio destinado aos jovens escritores: Uma palavra a quem pretende ler a série O Livro Malazano dos Caídos: ambição não é uma palavra proibida. Que se dane a moderação. Vão direto na jugular.

Não poderia deixar o trabalho maravilhoso feito pela editora Arqueiro. Da qualidade do material do livro à capa fantástica (sic). 5 Estrelas!
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Diogo.Torvak 05/01/2018

livro é bom
livro é bom o mundo criado é sensacional mas Steven Erikson peca nas descrições das batalhas falta emoção por isso dei apenas 3 estrelas
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Felipe 20/08/2023

Esquecível
O livro começa de forma difícil, mas ao passar dos capítulos você consegue se posicionar na trama. Infelizmente a resolução dela deixa a desejar, com varias de suas "promessas" sendo jogadas ao vento.
A muito tempo tenho este livro, da primeira vez que tentei lê-lo, abandonei antes com uns 20%.
Agora na segunda, quase fiz o mesmo. Mas me forcei a continuar, e não demorou muito para começar a investir na leitura. Diria que por volta da pagina 200, foi onde comecei a me posicionar na trama, quando as peças começam a ser melhor jogadas e os personagens serem mais trabalhados, assim como suas tramas. Eu realmente estava com expectativas para aonde as coisas podiam ir. O que esses personagens humanos fariam nesse jogo de deuses e entidades milenares poderosas?
Infelizmente, não se cumpriu.
Nada realmente importa, as tramas humanas são jogadas pela janela ou encerradas de forma sem importância. Decepcionante, seria a melhor forma de dizer.
Planejo dar continuidade, principalmente porque parece unanime que o segundo livro é muito melhor que o primeiro. Mas foi um inicio bem meia boca!
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cotonho72 28/12/2017

Ótimo!
Todos sabem que sou muito fã de livros de fantasia e quando a Editora Arqueiro anunciou o lançamento de Jardins da Lua já coloquei na minha lista de prioridades, com certeza é um dos melhores do gênero a qual muitos vão adorar, a leitura é bem complexa e é avisada previamente pelo autor no prólogo.


Nessa história vamos conhecer um universo incrível, o Império Malazano é o principal reino deste universo, ele é originado na ilha de Malaz, situada na costa do continente de Quon Tali e está em guerra, ele é comandado pela Imperatriz Laseen que traiu e assassinou o Imperador Kellanved e seu companheiro Dançarin. Em busca do poder de todo o Império Malazano, Laseen faz uma ofensiva ao continente de Genabackis, a qual tem total domínio de praticamente todas as Cidades Livres, que é um conjunto de cidades com ricos recursos a serem explorados, mas a maior e mais preciosa delas, Darujhistan a Cidade do Fogo Azul, resiste bravamente e entre muitos que lutam contra o poder de Laseen é Anomander Rake O Senhor da Cria da Lua, seres ancestrais Tiste andii, que com sua espada Dragnipur é capaz de enviar as almas de deuses e mortais para serem aprisionadas.

A Conselheira Lorn, pessoa de confiança da Imperatriz Laseen, é enviada para Darujhistan para averiguar os Queimadores de Pontes, mas seu principal objetivo é outro e de suma importância nessa busca pela conquista de Darujhistan, em meio a tudo isso temos Ganoes Stabro Paran, nobre de nascimento que abandonou sua vida na corte para se tornar um oficial do Império Malazano, que depois de conquistar a confiança de Lorn e é designado para comandar os Queimadores de Pontes, e lutará muito para sobreviver no meio de um jogo orquestrado por deuses e outras criaturas.

Muita coisa acontece no decorrer da história em um mundo fantástico, habitado por grandes reinos, magos e alto magos, deuses, feiticeiros, bruxas, grandes guerreiros, assassinos cruéis, dragões e algumas criaturas distintas; desta maneira não temos necessariamente um protagonista e sim vários personagens de suma importância para a trama e com seus vários pontos de vista que durante a história mostram acontecimentos diferentes.
Entre eles vou ressaltar alguns, pois são muitos e todos agregam muito no livro, assim além dos já apresentados temos Tattersail, uma das feiticeiras do Segundo exército e leitora do Baralho dos Dragões, Tayschrenn, Alto Mago da Imperatriz, Piedade, uma assassina mortífera com aparência de uma jovem e uma das mais novas recrutas dos Queimadores de Pontes, Ben Ligeiro é do Nono Pelotão dos Queimadores de pontes, mago muito poderoso das Sete Cidades, Hairlock é um mago do Segundo Exército e rival desagradável de Tayschrenn, Sargento Whiskeyjack é Sargento dos Queimadores de Pontes do Nono Pelotão e antigo comandante do Segundo Exército, Dujek Umbraço é o Alto Punho dos Exércitos Malazanos na campanha de Genabackis, Kruppe é um dos frequentadores habituais da Taberna da Fênix e morador de Darujhistan, é um homem de falsa modesta e tem certo poder nos seus sonhos onde entra em contato com entidades antigas, Crokus Jovemão, um jovem ladrão que encontra logo no início uma moeda com o poder dos deuses da sorte e acaba envolvido em várias situações sem nem perceber a gravidade do que está acontecendo, Baruk, um Alto Alquimista da Comspiração T’orrud, conspiração de Darujhistan, Rallick Nom, Jovem Toc, Violinista, Marreta, Bellurdan e muitos outros a qual tem igual importância na trama.

O autor Steven Erikson nos presenteia com uma história eletrizante e de tirar o fôlego, com personagens e cenários incríveis, grandes cidades, enormes florestas, muito mistério, magia com povos humanos e não humanos, feitiçaria, como os labirintos que são dimensões paralelas, existem vários labirintos e cada um tem suas particularidades, diversas intrigas, mistérios, artimanhas políticas, mentiras e reviravoltas, as cenas das batalhas são fantásticas e de tirar o fôlego vale ressaltar também o destaque das personagens femininas na trama, fortes e bem construídas e de igual poder com os homens.
A história é sobre o Império Malazano e não tem um personagem principal, como já mencionei são vários protagonistas e todos bem construídos, a leitura flui bem apesar de nas primeiras 150 páginas a gente se sentir meio perdido, pois a todo o momento são inseridos novos personagens e novos acontecimentos, o autor joga o leitor no meio da trama a qual tem que se virar se ambientar e entender a história e por esse motivo muitos vão odiar, mas confesso que vale muito a pena persistir nessa forma de escrita diferente do autor.

Só posso elogiar e recomendar a obra, a edição do livro que Editora Arqueiro produziu é excelente, com mapas, desenhos dos personagens na contracapa, glossário e tudo o mais, esse é o primeiro da série de dez livros e não vejo a hora de ler o segundo volume.

site: http://devoradordeletras.blogspot.com.br
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Amiga Leitora 15/04/2017

"Jardins da Lua", é o primeiro livro da série "O livro Malazano dos Caídos", nele vamos conhecer o Império Malazano ou melhor o que restou dele, bem como a luta da atual Imperatriz para conquistar a última das cidades livres, Darujhistan, que mesmo depois de várias investidas, ainda resite a ocupação.

A história é bem interessante e nos apresenta uma disputa por controle e poder, o nosso protagonista o comandante Ganoes Paran, luta para sobreviver em meio ao caos, Laseen a imperatriz tem uma sede de poder incontrolável e para conseguir a última cidade livre ela é capaz de tudo. Assim em meio a essa confusão Paran verá que o Império não é tão justo quanto ele pensava, e vai descobrir que nessa batalha existem Deuses e feiticeiros com poder que ele não poderia se quer imaginar existir.

Um jogo de xadrez definiria bem as estrategias que existem nessa batalha, tudo é pensado e meticulosamente articulado antes da próxima jogada, um banho de sangue, traições, segredos e mentiras envolvem os personagens, e algo que é necessário comentar é fato de que todos os personagens tem suas razões para agir como agem, nada é por acaso, o que deixa as vezes o leitor indeciso sobre qual lado apoiar.

A princípio devo dizer que a leitura não foi muito fácil, as primeiras 100 páginas fiquei um pouco perdida e fui lendo e relendo alguns trechos para me encontrar, mas no final deu tudo certo. Acredito que por trazer muita informação de uma vez o livro faz isso com o leitor. Os nomes dos personagens e das cidades são um pouco complexos, isso também dificultou um pouco minha memorização.

Depois que você se entregar a leitura, o livro simplesmente te prende e você entra no mundo criado pelo autor de uma forma que cada vez você quer mais. Posso dizer que me lembrou um pouco "As crônicas de gelo e fogo", não a história em si, mas os jogos pelo poder e grande quantidade de nomes para decorar dos personagens (rsrsrs). Mas vou dar uma dica: leiam com atenção o índice de personagens no início do livro, isso certamente vai facilitar a compreensão.

Eu com certeza indico 'Jardim da Lua' para todos os leitores que gostam de fantasia e amam uma aventura repleta de batalhas e estratégias.

* Escrito por Janaina Leal do BLOG AMIGA DA LEITORA.

site: http://www.amigadaleitora.com/2017/04/resenhajardins-da-lua-editoraarqueiro.html
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Nim 02/09/2017

Único e um pouco falho
Considere como tendo sido dada uma avaliação 4,5 estrelas.
Foi uma leitura bem diferente. Eu nunca tinha lido algo assim antes. Bem, não li muita coisa, pra falar a verdade. Me lembrou de um gibi que li chamado Morning Glories (que, por sua vez, lembra a série Lost). Especialmente o storytelling. Você tem que juntar as informações da história, uma por uma, trabalhar para entender e, isso, para mim, foi divertido. Apesar de que acho que não deve ser divertido para muitas pessoas. O enredo é interessante, mas não tão interessante quanto os outros elementos (caracterização, storytelling, escrita). E já que mencionei os outros elementos, é incrível como mesmo em uma maneira tão complexa de confecção do livro, o Steven Erikson ainda conseguiu construir personagens estelares que parecem realmente pessoas, e não apenas personagens (apesar de um pouco passivos para o enredo). Eles tem muita personalidade. A escrita, por sua vez, também é excelente. Amei que não foi exageradamente descritivo como o outro livro épico que li, Game of Thrones. Mas o mundo de Malazan também é muito diferente do nosso, um dos mais diferentes que já vi em fantasia, com a possível exceção d'O Senhor dos Anéis. Por isso e pela maneira de contar a história ser tão complexa, às vezes a escrita não dá conta do recado e é impossível saber o que está acontecendo. Não ajuda o fato de que há uma falha na escrita às vezes, que consiste em descrições vagas nas cenas. As descrições faltam as vezes, são muito vagas, inespecíficas. Por exemplo, há várias raças diferentes nessas páginas, mas me lembro de pouquíssimas descrições de como elas se parecem, e as locações às vezes também parecem não-descritas, especialmente reinos mágicos líricos. É verdadeiramente bizarro, e achei que jamais escreveria isso, por que não sou adepto a grandes descrições, mas queria um pouco mais delas aqui, por que o livro pede por isso. Outra coisa que me incomodou um pouco é que às vezes os personagens falam sozinhos, consigo mesmos. E é muito estranho, por que nesses momentos o pensamento podia facilmente ser colocado nos parágrafos, ou em itálico, mas não, está ali como uma fala normal. Bizarro. Também, o livro tem um final, mas é mais ou menos aberto. Não me incomodou muito, mas eu queria mais explicações sobre as razões por trás das maquinações e manipulações dos deuses. Acho que elas virão nos livros subsequentes, mas foi um pouco aberto demais nesse livro para mim. Ainda sobre o final, o clímax teve um pouco do que pareceram deus-ex-machina, ou saídas fáceis, mas acho que é porque o Erikson planejou tanto esse mundo e este se tornou tão grande e interconectado que é impossível escapar de elementos de enredo sendo introduzidos tão tarde no livro. Dito isto, minha avaliação ainda é tão alta por que é um livro tão original, com uma maneira de contar a história interessante e personagens adoráveis.
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João Vitor Gallo 09/08/2017

O intrincado mundo malazano de Erikson foi construído em partidas de RPG do autor junto com Ian C. Esslemont, co-criador desse universo que também escreveu alguns livros ambientados nesse cenário e que complementam a série principal. Isso por só já dá pra imaginar o quão rico, vasto e complexo é esse universo fantástico criado pelos dois autores em termos de história, atravessando eras e envolvendo toda uma miríade de personagens, onde na verdade o verdadeiro protagonista é o próprio mundo de Malaz. Mas, por ora, vamos nos ater a esse primeiro volume.

A trama de Jardins da Lua gira em torno da luta pelo controle do continente de Genabackis pelas forças invasoras do Império Malazano contra as forças mercenárias comandadas por Caladan Brood no norte do continente e pela resistência das últimas Cidades Livres, aliadas ao Senhor da Cria da Lua, Anomander Rake.

Após a queda da cidade de Pale, ainda que a custos altos para as forças malazanas, apenas Darujhistan se ergue como a última das Cidades Livres de Genabackis, local de vital importância para o Império não apenas pela riqueza e pelo valor estratégico, mas também por um antigo segredo que guarda. Obstinada a ter a cidade, a imperatriz Laseen envia o capitão Ganoes Paran para liderar os Queimadores de Pontes, antiga força de elite que decaíram de sua glória passada após as mudanças no comando militar promovidas por Laseen. Porém, não é só o Império que tem interesse na cidade, forças ancestrais e sombrias acabam envolvidas nesse jogo onde os próprios deuses fazem seus movimentos.

“– Preste atenção nesta lição, filho.
– Que lição?
– Toda decisão que você toma pode mudar o mundo. A melhor vida é aquela que os deuses não notam. Se quiser viver livre, garoto, viva sem fazer muito barulho.”

Antes de qualquer coisa é preciso dizer que esse não é um livro para qualquer um, e o próprio Steven Erikson deixa isso muito claro no prólogo. Você é meio que jogado nesse mundo e tem de se esforçar um pouco para acompanhar o que está acontecendo ali. O autor não se preocupa em situar o leitor e a confusão aumenta na medida em que vários personagens diferentes, em diversos locais, vão aparecendo na trama. É muita coisa acontecendo no mesmo tempo e você pode se perder se não prestar bem atenção, porém, apesar de toda essa bagunça inicial, os personagens e histórias que inicialmente parecem desconexos vão aos poucos convergindo para um mesmo ponto de maneira bem natural, e as tramas vão se mostrando bem amarradas. Mas sim, esse é um livro bem complicado, principalmente para os marinheiros de primeira viagem em livros de fantasia e creio que gerará alguma resistência a quem não está muito no clima ou quem não está acostumado com esse ritmo, não chamaria esses leitores de “preguiçosos”, mas Jardins da Lua exige sim alguma atenção a mais, nem que seja pra não se distrair e perder o fio da meada. Faço minhas as palavras do próprio autor “o primeiro romance começa no meio do que parece uma maratona: ou você entra correndo e consegue se manter em pé, ou então fica para trás.”.

Esse caos em que o leitor é atirado lembra bastante a Companhia Negra, uma das fontes que Erikson bebeu, por essa confusão inicial quanto pelo clima da obra, além de ser nítidas as semelhanças entre os Queimadores de Pontes e os personagens da série do Glen Cook, como pelas próprias companhias em si. Quem já leu algum livro das Crônicas da Companhia Negra vai inevitavelmente associar uma obra a outra.

Um ponto passível de críticas, ao meu ver, é o fato do Erikson por vezes ser muito prolixo. Muita coisa poderia ser cortada de algumas digressões que os personagens acabam tendo, não chega a necessariamente ser algo incômodo ou mesmo entediante, mas deixa a coisa toda mais lenta, apesar do ritmo que ele imprime na narrativa ser bem ágil.

O maior ponto positivo do livro certamente é o próprio mundo de Malaz. O universo criado pelo autor é verdadeiramente fantástico, ele se destaca logo de cara com apresentando várias raças, algumas já extintas há tempos, além de diversas etnias de povos humanos. Também é interessante o conceito de uma cidade que utiliza iluminação à gás, como o caso de Darujhistan, ou mesmo uma montanha flutuante como a Cria da Lua, lar dos Tiste Andii, que também funciona como uma fortaleza praticamente inexpugnável, mas o que principalmente se sobressai de todo o resto são os deuses e a magia, esta extraída de dimensões conhecidas como “Labirintos”, alguns deles apenas acessíveis a certas raças, além do Baralho de Dragões, uma espécie de oráculo, como o tarot, só que mutável dependendo de novos Ascendentes, e esse também é um ponto interessante, já que o panteão desse universo é bem vivo, com deuses agindo no mundo material, usando humanos como peões, mas que também podem ser derrotados no mesmo jogo pelos próprios mortais, ou seja, no universo de Erikson novos deuses ascendem ou podem ser derrotados, até mesmo por humanos.

“– Continue jogando, mortal. Todo deus cai pelas mãos de um mortal. Esse é o único fim para a imortalidade.”

Outro ponto interessante reside na parte política, com personagens com próprios interesses e maquinações, e esse clima caótico da narrativa incrivelmente funciona perfeitamente dentro desse quebra-cabeça que o leitor vai aos poucos montando, gradualmente delineando traições, alianças e acordos políticos.

Por outro lado, por se prender tanto nesse aspecto, já que o grande protagonista é o próprio universo, não há tanto espaço para desenvolver melhor os personagens, algo que se complica mais com a profusão de personagens principais ou secundários envolvidos em acontecimentos importantes da história. Falando nisso prepare-se para idas e vindas ao glossário para se situar, mas algo que achei interessante é o fato de haver ilustrações dos personagens na parte interna da capa e da contracapa, ajuda um pouco a lembrar de quem é quem na história.

Jardins da Lua é tudo isso, é épico, ambicioso e confuso. O livro é um desafio aos leitores, não recomendo a quem não está acostumado com alta fantasia e mesmo a quem tem certa familiaridade com o gênero eu recomendaria se preparar um pouco para acompanhar o ritmo frenético, intrincado e caótico do livro, mas para estes últimos o cenário pode fazer toda a diferença para superar esses percalços durante a leitura. Sendo sincero, apesar dos combates épicos, achei certas partes um pouco desinteressantes quanto ao clímax das batalhas, esperava um pouco mais e me decepcionei pelo desfecho meio morno que tiveram, porém, apesar dos pesares a história é interessante e há espaço para muita coisa acontecer ainda.

Certamente lerei os próximos volumes, acredito que só tem a melhorar, ainda mais não mais sendo um novato nesse universo e estando mais preparado para aproveitar o que a história pode oferecer de melhor e mitigar um pouco esses pequenos defeitos.


site: https://focoderesistencia.wordpress.com/2017/08/09/jardins-da-lua-o-livro-malazano-dos-caidos-vol-1-steven-erikson/
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LOHS 30/05/2017

#Camis - Uma leitora corajosa
Olá leitores e leitoras! Hoje trouxe pra vocês a resenha de uma fantasia marcante. Um dos melhores livros do gênero que já li, sem dúvidas, mas com toques peculiares que não tornam esse livro fácil de ser lido e digerido por qualquer leitor. Até para mim, foi bastante difícil finalizar a leitura, e demorei muito mais que o normal perdida em suas páginas e na história narrada pelo autor canadense Steven Erikson. De qualquer forma, será que a leitura complexa vale a pena? Vamos lá.

"Jardins da lua é, por tanto, um convite. Segure-se e embarque na viagem. Tudo o que posso prometer é que dei o melhor de mim para entreter a todos. Maldições e aplausos, risos e lágrimas, está tudo lá".

No prólogo de Jardins da Lua, o próprio autor destaca que a leitura será complicada, complexa e nada fácil. Que vai entender e levar a história da melhor forma possível ou desistir logo no início. Escolha do leitor, e é bem interessante o próprio autor destacar isso. Também devo avisar, como uma blogueira sincera (risos), que este é apenas o primeiro de uma série de DEZ livros já publicados, por enquanto. É um mundo rico e cheio de histórias pronto para ser explorado pelos corajosos.

Somos apresentados, então, a um novo universo. É um mundo fantástico, habitado por grandes reinos, magos, feiticeiros, bruxas, bravos guerreiros, assassinos cruéis, criaturas distintas que habitam uma das luas deste mundo (exótico!) e até mesmo dragões. Malazano é um de seus reinos, e logo no início lhes somos apresentados, e podemos acompanhar o quão complicada está a situação política do local. Agora, a imperatriz Laseen conquistou seu trono assassinando o Imperador anterior e o tomando para si. Por isso, têm de enfrentar uma guerra.

Em contraponto, conhecemos também Ganoes Param. Um jovem sem pretensões além de entrar para o exército Malazano. Trocando os privilégios que possuía na nobreza, ele de fato prefere a honra e os desafios de entrar no exército em meio a uma de muitas guerras que estariam por vir. Com o passar do tempo, o guerreiro é enviado a um novo local, Darujhistan, a última entre as Cidades Livres de Genabackis. Seu objetivo será comandar os "Queimadores de Pontes", um dos trunfos da Imperatriz Malazano.

"Por toda a nossa vida nós lutamos por controle, por um meio de moldar o mundo à nossa volta, uma caçada eterna e inútil pelo privilégio de sermos capazes de prever a forma de nossas vidas."

Este primeiro volume é sobre o início de o que parece ser uma longa história, acompanhando diversas vidas, personagens, reinos, guerras e suas peculiaridades, como a magia. A magia que habita este mundo, é muito complexa e diferente. Mas nada impossível de ser compreendida. Inclusive, conta com uma vantagem única, que é ser completamente diferente do que eu já havia lido. Também não há um plot exato do que irá acontecer no livro, do objetivo real de todos, do futuro de Malazano. A dificuldade real da leitura está no fato de que: o autor não está preocupado em explicar detalhadamente nada. Somos "jogados" neste universo, do qual já admiro muito (!), mas forçados a nos virarmos para tentar compreender tudo o que está acontecendo. E acreditem, as coisas não param de acontecer. Temos dezenas de personagens aparecendo o tempo todo, o misticismo, o desenvolvimento da magia e um glossário no final do livro tentando nos guiar pelo básico. Não imagino o que irá acontecer, as dificuldades, lutas, amores e tudo o que acompanhará os personagens, afinal, são dez livros!

Como a amante de fantasia que sou, não posso deixar de dizer que mesmo com todas as diferenças, fiquei fascinada com essa leitura. Valeu cada página, cada dia de leitura cansativo, porque cansa mesmo. Foi inspirador. Eu indico Jardins da Lua aos leitores corajosos, que adoram um desafio, uma leitura diferente, um mundo diferente, personagens diferentes e acima de tudo, uma narrativa única. Steven Erikson tem um estilo de peculiar e só dele e achei também muito interessante partilhar dessa nova escrita.

Vale a pena? Vale. Mas eu espero que nos próximos volumes, um pouco da confusão inicial tenha passado. Adoraria já começar o próximo livro imersa nesse mundo, sem estar tão perdida em alguns momentos. Mas não digo que toda a parte crítica que citei seja um empecilho para quem quer mesmo ler esta saga. Quem já leu O Nome do Vento, as obras de Tolkien e até mesmo Guerra dos Tronos vai tirar de letra Jardins da Lua, é só se dedicar um pouco a ele.

Pra finalizar, só tenho elogios para a edição do livro. A Editora Arqueiro produziu um livro lindo. Que capa bonita, bem como os mapas, os desenhos dos personagens (que acompanham um pôster com o mapa), o glossário, e tudo o mais. Um excelente trabalho.

Adorei este livro, de forma geral. Espero que o segundo livro seja lançado ainda este ano, gosto muito de um desafio. E vocês? :)

site: http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br
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Douglas Brandão 22/07/2017

Jardins da Lua
Começo esta resenha falando da forma mais crua possível, aliás, usando as mesmas palavras do autor no prefácio da obra. Este livro não é um livro para qualquer um, não é para preguiçosos. Não e Não. Vocês precisam entender e deixar bem claro em suas mentes que o universo criado por Steven Erikson é algo mais surpreendente e único que vocês possam imaginar. Muitos comparam com a Terra Média, outros com a genialidade de George R. R. Martin. Posso dizer que é uma batalha que todos se igualam.

A estória já começa num ritmo frenético, se piscarmos os olhos perdemos detalhes importantes, então o leitor tem uma responsabilidade imensa quanto a isso. Nada de começar a ler e pensar se pagou tal boleto, ou se o dia de pagar a energia venceu semana passada. Esses pensamentos diversos que abalam qualquer leitor distraindo-nos por pequenos segundos podem atrapalhar numa leitura de um livro como este. Alias em qualquer tipo de leitura, mas Erikson requer atenção dobrada.

Somos inseridos na estória a partir do momento em que ocorre uma grande disputa por parte do Império Malazano em conquistar a última das cidades livres, nomeada de Darujhistan. As conquistas das cidades deu-se portanto da parte da imperatriz Lassen, que assassinou e deu um golpe de estado no imperador Kellanved. É a partir disso que entra nosso “protagonista” de verdade: Ganoes Paran. Logo explico o uso das aspas.

Ganoes Paran podia ter a vida que quisesse como um verdadeiro lorde, entretanto o gosto pela guerra e ser um soldado nunca saiu de sua mente. De repente se vê na cidade de Genabackis, uma das dominadas por Lassen, liderando os Queimadores de Pontes, um grupo que quer assumir Darujhistan. Até aqui tudo tranquilo, ok, mas conhecemos outros núcleos da trama. Voltamos um pouco ao passado, como flahsbacks, conhecemos toda a história até chegarmos ao Império Malazano atual, mas quando tudo parece estar se conectando o leitor se perde mais ainda no contexto. Pelo que li pode ser algo proposital do autor, pois certas coisas só iremos associar com a leitura de livros futuros. Então não quebre a cabeça com o porque disso ou daquilo.

A magia criada pelo o autor é algo espetacular, contudo faltou ser mais explorado e mais esclarecido. Tudo é muito solto, não é algo palpável. Esclareço pra você melhor.

“Paran o seguiu. O portal se fechou atrás deles e, em seu lugar, o caminho continuava. Itko Kan desaparecera, e com ela todos os sinais de vida. O mundo em que haviam entrado era árido, mortal. Os montes inclinados que delineavam a trilha provaram ser mais pilhas de cinzas. O ar era arenoso, com gosto metálico.”

Resenha completa NO LINK ABAIXO>

site: http://www.lerparadivertir.com/2017/06/jardins-da-lua-vol-01-serie-o-livro.html
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Gramatura Alta 21/07/2017

JARDINS DA LUA é o primeiro de dez livros da série O LIVRO MALAZANO DOS CAÍDOS, de Steven Erikson. A história se ambienta nas terras de Malaz, logo após a Imperatriz Lassen assassinar o antigo imperador e tomar o poder do reino, o qual comanda com mãos de ferro. Aí também nos é apresentado o jovem Ganoes Paran, um jovem que abdicou de sua nobreza para se dedicar á vida no exército. Ganoes, de repente, se vê no comando de uma antigo grupo de guerreiros, chamados Queimadores de Pontes, famosos por suas violentas atividades e por matar seus superiores.

Em meio às constantes disputas de poder e território, clãs de guerreiros, magos, feiticeiros, assassinos e outras criaturas um tanto peculiares arrasam cidades inteiras pela disputa do poder de Malaz. Além de todas essas disputas, existe o inimigo mais antigo do Império Malazano, a Cria da Lua. Uma montanha que flutua 400 metros acima da cidade, uma espécie de fortaleza que nem mesmo um exército de mortos-vivos conseguiu romper.

Uma das minhas dificuldades com esse livro, foi assimilar a rapidez com que as coisas acontecem. De um parágrafo para o outro, a batalha já acabou, e os personagens já estão falando sobre outra coisa – como assim? Mas a maior de todas as dificuldades, foi, sem dúvida, os diálogos. Pensando bem, não foi uma dificuldade, eu só não gostei mesmo. Os personagens conversam entre si sobre a situação do império e todas as tramas envolvidas com ele, como se o leitor estivesse inteirado com o que está acontecendo. Em vários momentos, eu tive que retornar alguns parágrafos de leitura para poder compreender melhor o contexto, o que tornou a leitura excessivamente cansativa, me desanimando. Outro ponto que me incomodou, foram os personagens, não a qualidade, mas sim a quantidade. Geralmente, quando se tem mais de um personagem principal, os capítulos são concentrados em um ou outro, em JARDINS DA LUA temos um capítulo para uma média de quatro personagens.

Os personagens conversam entre si como se o leitor estivesse a par de tudo que aconteceu anteriormente. Mas muita coisa mencionada por eles não foi contada.

A premissa do livro é bastante interessante, mas a história é demasiada complexa e infelizmente não consegui acompanhar e nem me conectar com a leitura, e por isso a abandonei. No prefácio do livro, o autor deixa claro para o leitor que ou você vai amar a leitura ou vai odiar. Ele não mentiu.

RESENHA ESCRITA PELA KAMYLLA PARA O GETTUB!

site: http://www.gettub.com.br/2017/07/jardins-da-lua.html
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