Jardins da Lua

Jardins da Lua Steven Erikson




Resenhas - Os Jardins da Lua


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Taverneiro 12/06/2017

Livro divertido e épico, mais com alguns problemas de ritmo
O mundo está em guerra. Há muito tempo o império vem tomando cada parte do mundo uma a uma. A Imperatriz Laseen traiu o antigo Imperador e tomou o poder, conduzindo as conquistas do império de cidade em cidade no continente de Genabackis. No início desse livro restam apenas duas cidades livres, Darujhistan e Pale, essa última prestes a entrar em confronto com as forças do império.

Algumas forças se opõem ao domínio da Imperatriz e uma das mais poderosas está ao lado da cidade de Pale na batalha. A Cria da Lua, uma montanha voadora cheia de corvos gigantes, lar da raça do povo de pele escura, os Tiste Andii e do líder deles, o poderoso Anomander Rake.

Logo no início do livro vemos o ataque das forças do império a cidade de Pale, e o duelo cara a cara dos mais poderosos magos a serviço da imperatriz contra Anomander Rake e a Cria da Lua, em um combate destruidor e de proporções titânicas.

Mesmo com a ajuda da Cria da Lua, a cidade de Pale cai. Anomander Rake e a Cria da Lua recuam para Darujhistan. Agora só existe uma cidade no caminho da dominação do Império Malazano e é a trama para a derrubada dela que acompanhamos aqui.

Jardins da Lua é um livro de fantasia épica escrito pelo Steven Erikson e lançado aqui pela Editora Arqueiro.

Esse é o primeiro da série de dez livros O Livro Malazano dos Caídos (The Malazan Book of the Fallen). O universo desses livros foi criado por Steven Erikson e Ian C. Esslemont para uma campanha de RPG. Esslemont também tem uma série de seis livros nesse mesmo mundo e as duas tem histórias complementares. Império Malazan conta a história de como a imperatriz tomou o poder e o primeiro deles, A Noite das Facas, foi publicado pela Cavaleiro Negro Editora.

Pensem no Jardins da Lua como um jogo de xadrez. O confronto entre o Império e Darujhistan é o tabuleiro. E tem muuuuitas peças em movimento…

Sobre a Criação de Mundo…

O mundo criado pelo autor é de magia altíssima! Existe uma força ancestral conhecido como os Labirintos, que são dimensões paralelas que os conjuradores podem acessar para pegar o poder de lá, ou viajar grandes distâncias através deles. Existem vários labirintos e cada um tem suas particularidades. Alguns labirintos tem a essência mais selvagem, outros são melhores para curar feridas e assim por diante.

O nível de poder dos personagens-chave nessa guerra é imenso, e logo no primeiro combate em Pale envolvendo Anomander Rake e os magos da Imperatriz nós vemos que são quase deuses se enfrentando em meio a pessoas comuns. Eu particularmente acho isso incrível. Para você que joga D&D, é basicamente como se fossem personagens épicos lutando em uma guerra. A destruição causada por esses fluxos de força não tem limites.

E os deuses, aaaa os deuses…. Eles têm uma presença muito forte no mundo. Eles interferem diretamente em assuntos mortais, as vezes até mesmo com possessões. São peças muito poderosas e a maior parte das pessoas teme que eles entrem em jogo. Mas não se engane, alguns dos não-deuses aqui (como o próprio Anomander Rake) são fortes o suficiente para comprar briga com os deuses, e isso torna tudo um jogo de discretas influencias e (por enquanto) não de combate direto contra divindades.

Geograficamente falando, esse livro apresenta pouco do mundo de maneira sólida. Temos alguns nomes de outras cidades, algumas raças não humanas aparecem e ficamos sabendo de outras peças no tabuleiro da guerra que estão posicionadas em outras frentes (Como o lendário comandante Caladan Brood). Temos algumas cenas mostrando que esse mundo é imenso e cheio de detalhes que provavelmente serão explorados em sequências (Tipo cenas pós-créditos nos filmes da Marvel), mas nesse livro em específico apenas Darujhistan é bem explorada.

Fica claro que é um mundo muito rico em detalhes e isso provavelmente é um reflexo da criação dele associada ao RPG. Em um livro normal, o wordbuilding tem certo limite: você cria o que precisa para a história. Mas em um livro de RPG isso não tem fim, você pode ir de vila em vila criando lendas e personalidades sem parar e não precisa dar uma resolução para nada porque, afinal, são os jogadores que vão resolver aquilo. Eu senti muito esse ar RPGistico aqui nesse livro. Todos os personagens e locais tem vida e isso foge aos padrões do que estamos acostumados.

Sobre a escrita…

Ela é bem direta. A narrativa em geral é acelerada, o que dá a sensação de que você pegou um trem em movimento (ou foi atropelado por ele, não estou certo qual analogia é melhor XD) e todo o conhecimento têm que ser pego nos pedacinhos que o autor solta e montados para formar a grande história por trás de tudo (tipo o jogo Dark Souls XD). Sobre a gramática, não existe floreio ou embelezamento excessivo das cenas. Algumas cenas de batalha tem uma descrição mais trabalhada, mas de maneira geral é uma escrita simples e satisfatória. Ele também coloca trechos de poemas do mundo no início de cada capitulo e isso é bem bacana. Realmente não tem muito o que comentar sobre a maneira como ele escreve.

A Edição da Arqueiro conta com um esquema de rostos e nomes parte interna da capa. Além disso também tem um belo glossário que ajuda muito se você estiver perdido. ^^

Sobre os personagens…

Bem, então…. Sabe o que eu falei sobre ter muuuuitas peças nesse tabuleiro? Essa foi a característica do livro que mais me incomodou. A narrativa acelerada e pouco explicativa, somada a uma quantidade exorbitante de personagens com arcos próprios deixa esse livro complicado. Eu vou falar um pouquinho sobre ALGUNS dos personagens desse livro.

Imperatriz Laseen, Soberana do Império Malazano, traiu o antigo imperador e tomou o poder. Têm vários problemas com rebeliões e traidores, mas ainda assim continua conquistando territórios.

Conselheira Lorn, figura de confiança da Imperatriz. É enviada para Darujhistan para averiguar os Queimadores de Pontes ou qualquer outro movimento suspeito, mas sua missão principal é trazer uma peça antiga e extremamente poderosa para o tabuleiro, que pode tirar até o próprio Anomander Rake do jogo.

Sargento Whiskeyjack, Sargento dos Queimadores de Pontes, uma tropa Lendária que serviu ao antigo Imperador, mas que após o golpe está sendo lentamente descartada pela Imperatriz que teme qualquer um que fosse muito leal ao imperador. Whiskeyjack em especial era um comandante lendário com muito prestigio na época do Imperador, mas agora teme levar uma facada nas costas de qualquer um que não seja um dos Queimadores de Pontes.

Tattersail, uma das feiticeiras que compõem do Segundo exército. Logo no inicio participa da batalha cara a cara com a Cria da Lua e vê, horrorizada, o massacre acontecendo. Acaba se envolvendo na trama dos Queimadores de Ponte e o medo deles de estarem sendo descartados.

Hairlock, Também do segundo exército junto com Tattersail e acaba sendo mortalmente ferido na luta em Pale. É “salvo” pelos Queimadores de Pontes que transferem sua alma para um boneco e controlam ele momentaneamente.

Ben Ligeiro, Queimador de pontes, mago muito poderoso. Ele que transfere a essência de Hairlock para um boneco e tenta usá-lo, mas acaba tendo problemas para controlar o antigo.

Piedade, uma das mais novas recrutas dos Queimadores de Pontes, muito jovem, mais ainda assim uma assassina assustadoramente eficiente, quase como se houvesse algo mais por trás da sua habilidade…

Ganoes Stabro Paran, nobre de nascimento que abandonou sua vida na corte para se tornar um oficial do Império Malazano. Acaba conquistando a confiança da Imperatriz e é enviado para comandar os Queimadores de Pontes, e eliminar uma certa integrante que suspeitam estar sendo usada por um deus.

Dujek Umbraço, Alto Punho dos exércitos Malazanos. Serviu fielmente o Imperador e por isso a Imperatriz teme uma traição dele. Logo ela toma medidas para diminuir a influência do Alto Punho, o que acaba deixando ele insatisfeito e mais tentado a trair a Imperatriz.

Tayschrenn, Alto Mago da Imperatriz, lutou contra a Cria da Lua e se aproveitou para no meio da batalha resolver algumas divergências com alguns outros magos.

Kruppe, um morador de Darujhistan, tem um certo poder nos seus sonhos de entrar em contato com entidades antigas.

Crokus Jovemão, um jovem ladrão que praticamente caiu de paraquedas nas tramas do livro. Ele encontra logo no início uma moeda com o poder dos deuses da sorte e acaba tendo influencia em várias situações sem nem perceber a gravidade do que está acontecendo. Seu arco pessoal mesmo é uma paixonite por uma nobre local.

Rallick Nom, um membro da Sociedade de Assassinos de Darujhistan. Têm uma vingança pessoal a realizar com um dos conselheiros da cidade.

Baruk, um Alto Alquimista e um dos que tramam nas sombras para defender Darujhistan do Império.

Percebeu que muitos deles têm pelo menos uma organização relacionada no seu resuminho? Pois é, podem chamar Steven Erikson de muita coisa, menos de preguiçoso ao criar mundos. E esses são só alguns dos personagens. XD

“Mas me diz, ele faz esse montão de gente aí e fica tudo bagunçado né? Só pode! ” Não exatamente. Todas as tramas parecem jogadas e desconexas até que se encontram. O desenvolvimento pessoal de cada um é beeeeem diferente do que você está acostumado a ver em qualquer livro e, embora não chegue a ser um desastre total, fica muito raso na maioria dos casos. Eles são carismáticos, mas praticamente nenhum chega a mudar de verdade nessas 600 páginas.

Lembrando também que esse é só o primeiro de DEZ livros né. Muita coisa pode rolar ainda.

Sobra a Maior Inspiração desse Livro…

Quando um autor não consegue deixar a sua obra apreciável para novos leitores eu acho isso um defeito. Apesar disso eu curti bastante esse livro! Ele é muuuito inspirado pela Companhia Negra, tanto na narrativa que dá a sensação de que você pegou o bonde andando quanto nos personagens épicos lutando em meio a humanos “normais”. Os próprios Queimadores de Pontes têm um clima total da Companhia Negra, e eu acabei curtindo aqui todas as características que eu gostei no livro de Glen Cook, como vocês podem ver na resenha dele aqui.

Enfim…

Jardins da Lua é um livro muito divertido, intrincado, com ótimas tramas e personagens carismáticos, mas esses mesmos personagens não são bem explorados. O estilo acelerado é bem prazeroso para alguns (incluindo eu) mas é questão de gosto. Se o leitor não é acostumado com fantasia épica eu não recomendo começar por esse livro. Mas se você já está habituado com mundos fantásticos e curte entrar em um novo mundo eu recomendo que você se deixe levar pela leitura e tenha paciência, pois esse é um excelente livro de fantasia (mais que) épica!

site: https://tavernablog.com/2017/06/05/dica-da-taverna-jardins-da-lua-e-como-escrever-sem-se-importar/
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@solitude_e_books 14/05/2018

Nunca Spoiler
Comprei esse livro em Junho do ano passado e depois de ouvir tanto as pessoas dizerem que era um livro muito pesado complexo que o autor não explicava nada e vc ficava muito perdido.......Fiquei com o pé atrás e foi só adiando essa leitura ate que peguei pra ler no começo deste mês e terminei hoje, e eis que digo a vcs esse é o livro mais rico que ja li em toda minha vida( junto com o senhor dos anéis) é muito épico, não acredito que lerei nada no patamar de grandiosidade desta obra.

Povão, digo a vocês que não é tão complexo assim, requer so um pouco mais de atenção, é simplesmente um livro grandioso a dica é vcs sempre da uma olhada no glossário e se poder sempre dando uma olhada na net sobre os personagem pois assim vcs poderão ver mais afundo a grandiosidade contida nesta obra, Uma dica é esse site... Ficções Humanas...pois eles fizeram um guia excelente que me ajudou muito.

E simplesmente fantástico, quem ainda não leu ta de bobeira ....
tipo eu antes rsrsrsr
Luana.Silva 14/05/2018minha estante
Caramba que bom saber disso! Eu estou de olho nesse livro desde o lançamento, mas vi várias resenhas falando que é um livro complicado, que por ser alta fantasia ele é bem complexo... mudei de ideia, vai pra lista de próxima compra! :)


@solitude_e_books 15/05/2018minha estante
Vale muita apena, so requer um pouco mais de atenção e não ter preguiça de olhar o glossário . =)




spoiler visualizar
Vanessa Pipi 20/05/2022minha estante
Desesperada aqui pela continuidade desta série....
Parabéns pela resenha


Lina DC 07/06/2022minha estante
OI Vanessa, tudo bem? Somos duas... ficar esperando sequências é desesperador rs. Beijos




Marcus Moura 06/03/2021

Marrr pense em um livro pesado da porra, mas também extranhamente cativante, espero ver muito mais do Livro Malazano dos caídos!!!
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romulluskhaos 25/05/2018

Esse livro não é para preguiçosos, ou pra quem faz maratona de leitura.
É um jogo de quebra cabeça, que ao final do primeiro livro o autor entrega apenas uma parte da imagem total. Um mundo de alta fantasia que merece o respeito para com autor, simplesmente genial. Pra quem é acostumado a ser guiado pela mão poderá ter dificuldades com a leitura e como também para aqueles que nunca leram leitura de alta fantasia. Mas pra quem tem paciência e estimula a criatividade para visualizar o que o escritor te entregar, vai saborear um banquete digno de rei.
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Paulo 11/06/2017

Admito ser um cara meio chato na hora de montar as resenhas para o blog. Mesmo com livros que o público gosta bastante, sempre tem algum elemento que acaba não passando. Isso não significa que eu gostei menos ou que eu detestei um livro. Significa apenas que eu procuro ao máximo respeitar os meus leitores, buscando ressaltar os pontos fortes e apontar algumas fraquezas na leitura. Ah, sim, antes de mais nada, o fato de eu ter me envolvido em um esforço coletivo para ajudar a divulgar o lançamento do livro não significa que a minha resenha foi alterada positivamente por conta disto. Outro ponto que eu gostaria de comentar é que eu não gosto de ler livros durante um momento de hype. Nunca é positivo. Expectativa é uma faca de dois gumes: tanto pode ser positiva como pode redundar em algo negativo.

Tendo feito todo este disclaimer, queria dizer que esta foi disparado a melhor leitura do ano. Okay, eu já havia dito isto sobre Atlas de Nuvens. E eu acredito que ainda vou dizer sobre outros livros porque eu me comprometi com um desafio de livros muito elogiados. Mas, aqui em Jardins da Lua eu poucas vezes vi algo tão redondinho e bem escrito. Eu estou até agora tentando encontrar algo para criticar. Um personagem mal trabalhado, uma ponta solta, um erro de escrita. Eu simplesmente não consigo encontrar. Me deparo aqui com um autor que é um mestre na estrutura e composição da narrativa. Nada do que aparece no livro é sem propósito; tudo lhe fornece alguma informação vital que vai ser explorada depois.

Uma das grandes reclamações dos leitores de Jardins da Lua é a dificuldade deste primeiro volume. E eu parti para a leitura sem conhecer quase nada do universo Malazan. Vocês vão me chamar de maluco já que fui eu quem traduziu o Guia para Malazan. Sim, fui eu mesmo. Porém, eu pouco me lembrava do que eu traduzi. O meu processo de tradução é meio insano. Geralmente eu não guardo informações quando estou na tradução; apenas depois quando eu leio o texto. Então minha mente era uma página em branco quando abri o livro pela primeira vez. E quão gratificante foi o fato de o autor me tratar como um adulto. Eu já usei a expressão Síndrome do Primeiro Volume uma série de vezes para comentar a respeito do problema que muitas séries de sci-fi ou de fantasia tem no começo. Existe uma forte necessidade do autor de situar quem está lendo no seu universo, apresentando personagens, características do mundo, sistema de magia (ou tecnologia) e até assentando o leitor em seu modo de escrita. E o Erikson não faz isso. Ele te joga no meio da narrativa e manda você se virar para entender a história. Nada de glossários, nada de excesso de informações, nada de diálogos expositivos. E aí, como é que entendemos o universo e o mundo? Bem, você vai pegando pequenos pedaços de informação que ele vai te jogando e montando um imenso quebra-cabeças. Estamos acostumados com autores que pegam na nossa mão, mandam a gente se sentar no banquinho e começam a explicar a história para a gente. Muito semelhante à famosa cena do Conselho de Elrond em O Senhor dos Anéis que muitos leitores detestam. Mas que este tipo de exposição de informações acabou sendo adaptada pelos autores nos livros contemporâneos. Claro que, este "info dump" é feito de uma maneira mais diluída, mas mesmo assim é responsável por aquela gordurinha a mais que vemos em algumas séries que tanto gostamos. Eu mesmo já comentei o quanto o primeiro volume de O Ciclo das Trevas, de Peter V. Brett, poderia ser um livro estupidamente melhor sem o info dump. Mas o autor precisou apresentar o mundo de acordo com o seu modo de escrita.

Minha dica nesse momento é: não se preocupem. Erikson vai explicar a vocês eventualmente o que ele está falando. Mesmo que isso aconteça quinhentas ou seiscentas páginas depois e seja em um parágrafo. Sério. Confiem. Eu não senti essa dificuldade que muitos leitores sentiram. Talvez por eu ter lido Atlas de Nuvens um mês antes, que é um livro com informações narrativas difusas, a principal dificuldade de Jardins da Lua não me afetou. Claro, o leitor demora para se acostumar com os personagens e com a narrativa, mas tão logo nos assentamos na história, é uma viagem maravilhosa. Da metade para a frente eu não queria parar de ler. Consegui terminar minha leitura em 9 dias e estamos falando de um livro volumoso e que não é tão simples assim de ler.

A escrita do Erikson é bem precisa. Não vemos muitos preciosismos ou firulas literárias ao longo de Jardins da Lua. Para quem procura algo ritmado e muito poético, este não é o seu cara. Nas linhas do livro o que eu pude sentir é que os capítulos transbordavam majestade. Tudo é muito grandioso e urgente. Não estou vendo uma jornada do Herói. Jardins da Lua não é a história de como Ganoes Paran realiza sua jornada, atravessando por dificuldades, treinando com um mestre e derrotando um vilão. Nada disso. Também não é a história de Piedade e de seu martírio. Nesse sentido, vou traçar uma comparação bem absurda, mas tentem imaginar comigo. Jardins da Lua se assemelha bastante à maneira como Asimov compôs o primeiro volume da série Fundação. Ali a história não é sobre Seldon ou Hardin, mas sobre a própria Fundação. Vemos como a Fundação começa como uma ideia na mente de Hari Seldon até o momento em que a Fundação se torna um mundo desenvolvido com um sistema monetário e até uma religião. Os personagens orbitam em torno da Fundação e vemos como as suas ações interferem na evolução do planeta. Aqui é o mesmo. A história é sobre o Império Malazano e sua ofensiva no continente de Genabackis. Por isso não temos necessariamente um protagonista. Vemos vários pontos de vista que vão nos mostrar acontecimentos diferentes da história. Todos possuem algum envolvimento: a conselheira Lorn, Ganoes Paran, Whiskeyjack e os Queimadores de Pontes, Kruppe e até mesmo o jovem Crokus. Sempre tem algum elemento importante da narrativa a ser contado por eles. E, no entanto, no centro da história sempre vai estar o Império Malazano.

Os personagens são muito bem concebidos. Não consigo encontrar um único personagem que não tenha tido alguma coisa a acrescentar à história. De nada adianta criar um personagem aleatório se os seus momentos são apenas supérfluos. Alguns de vocês vão argumentar que determinados personagens não são tão bem trabalhados. Então, o que eu senti foi que o autor deixou algumas coisas em aberto para trabalhar em livros futuros. Ele não abandona simplesmente os personagens; ele os envia a outras situações a serem trabalhadas posteriormente como com Tattersail. Não vou me alongar nessa explicação ou acabarei dando spoilers, mas o que me agradou muito foi esta noção do autor de que ele precisa de certos personagens para continuar linhas narrativas futuramente. Outro elemento que eu gostei bastante foi o fato de que não existe um maniqueísmo evidente na história. Não temos bons e maus. Temos pessoas com interessantes. Todos possuem algo a alcançar na história e nem sempre seus objetivos passam por meios considerados nobres. A enganação, a traição, o roubo e o assassinato estão evidentes ali. O mundo de Erikson é um mundo como o nosso: cruel em determinados momentos.

Como é bom ver quando um autor é capaz de traçar uma personagem feminina com tanta naturalidade. Todas elas são distintas entre si e temos duas personagens em posição de poder na história: Laseen e Lorn. Nenhuma delas é uma badass, chutadora de bundas a la Rambo. No caso, podemos falar mais de Lorn que possui uma aura carismática ao mesmo tempo em que possui suas fragilidades. Ela não é um robô que segue cegamente as ordens da imperatriz. Existem momentos de questionamentos, mas ela compreende que as necessidades do império estão acima das suas. E Tattersail que possui um caráter extremamente interessante. Busca redenção por alguns erros que ela cometeu no passado. Mas, nem por isso ela chora litros de lágrimas por causa disso. O que aconteceu, aconteceu. Temos mulheres poderosas, feiticeiras incríveis, nobres mulheres que usam sua sedução para conquistar seu espaço e sábias. Todas muito distintas entre si. Podemos dizer que elas estão empoderadas? Sim, podemos. Mas, o leitor sente que a construção delas foi muito natural na mente do autor. Ele não planejou uma cota de mulheres para a sua história. Elas estão ali porque sim.

Outra coisa que muito me agradou é que mesmo os personagens secundários possuem alguma trama paralela que se une à história central. E quando você lê o livro pela segunda vez percebe a teia de histórias que se entrelaçam criada pelo autor. Até mesmo a trama de Crokus e Challice estoura no final em algum momento de importância para o leitor. Ou a beberagem de Coll, ou as falas sem nexo de Kruppe. Posso imaginar a dificuldade que deve ter sido entrelaçar toda essa gama de personagens em uma história coerente e que não pesasse na mente do leitor. Aplausos para o autor.

Quanto aos temas, temos muita variedade dos mesmos. Por exemplo, a vingança é muito bem trabalhada pelo autor. Temos um personagem que busca vingança por algo que lhe acontece durante a narrativa. E isso o leva a tomar escolhas erradas e a se arrepender posteriormente. Mas, o que mais se destaca é o livre-arbítrio. A capacidade dos indivíduos de escolher aquilo que eles vão fazer de suas próprias vidas e como os deuses podem ou não interferir em nossas decisões. Em algumas ocasiões vemos que os personagens se sentem peões em um jogo maior. Vemos alguns personagens sendo influenciados de maneira direta enquanto outros tendo suas escolhas reduzidas e sendo "guiados" por aquilo que os deuses querem. Chega a ser interessante que no epílogo da história voltamos a esse tema.

Me recordo de que li em algum blog uma observação muito interessante sobre a narrativa: a magia não é um instrumento da história, mas sim uma parte essencial da mesma. E isso é totalmente verdade. Entender o funcionamento dos Labirintos e de como os personagens são capazes de utilizá-los a seu bel prazer também é essencial para o andamento da narrativa. Quando chegamos no confronto final lá nos capítulos finais, o autor pega aquilo que ele trabalhou ao longo da narrativa e dá o seu twist ao nos apresentar complicadores. Ao mesmo tempo o autor deixa transparecer que existem outros elementos mágicos espalhados pelo mundo. Ou seja, existe um lastro para desenvolver outras ideias em futuros volumes. Ao mesmo tempo que eu digo que entendi o elemento mágico da história, algumas coisas ainda me fogem. Novamente me parece que o autor planejou trabalhar isso em futuras histórias.

A cidade de Darujhistan é um grande coração pulsante da história. E o autor faz esta passagem muito bem. Apesar de nem toda a história se passar na cidade, mas uma boa parte dela acontece dentro de seus muros. E a própria cidade respira. Os personagens são bem detalhados e as localidades também. Você fica com vontade de ver mais eventos acontecendo ali dentro e parece que o passado da cidade também é muito interessante. Vale lembrar que as séries de Malazan acontecem em momentos diferentes da história do mundo. Noite das Facas, publicado por Ian C. Esslemont se passa muitos anos antes dos eventos de Jardins da Lua e não interferem de maneira direta com este último.

Enfim, considero o livro excepcional. O livro não é apenas hype; ele é realmente uma leitura muito boa. Porém, se trata de uma leitura desafiadora. Existe um momento de estranhamento natural porque o autor trata o seu leitor como um adulto. Ele quer que você, leitor, monte as informações a partir daquilo que ele te apresenta na narrativa. Os personagens são um elemento essencial também. Todos eles tem um propósito, uma razão para existirem. Mesmo os mais secundários contribuem de alguma maneira para a narrativa de Jardins da Lua. Ou seja, não existem personagens jogados apenas para cumprir espaço. As personagens femininas também são apresentadas de forma muito natural. Na minha opinião, eu estou diante de uma das melhores leituras de fantasia da minha vida. Então, corram e comprem o de vocês.

site: www.ficcoeshumanas.com
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LOHS 30/05/2017

#Camis - Uma leitora corajosa
Olá leitores e leitoras! Hoje trouxe pra vocês a resenha de uma fantasia marcante. Um dos melhores livros do gênero que já li, sem dúvidas, mas com toques peculiares que não tornam esse livro fácil de ser lido e digerido por qualquer leitor. Até para mim, foi bastante difícil finalizar a leitura, e demorei muito mais que o normal perdida em suas páginas e na história narrada pelo autor canadense Steven Erikson. De qualquer forma, será que a leitura complexa vale a pena? Vamos lá.

"Jardins da lua é, por tanto, um convite. Segure-se e embarque na viagem. Tudo o que posso prometer é que dei o melhor de mim para entreter a todos. Maldições e aplausos, risos e lágrimas, está tudo lá".

No prólogo de Jardins da Lua, o próprio autor destaca que a leitura será complicada, complexa e nada fácil. Que vai entender e levar a história da melhor forma possível ou desistir logo no início. Escolha do leitor, e é bem interessante o próprio autor destacar isso. Também devo avisar, como uma blogueira sincera (risos), que este é apenas o primeiro de uma série de DEZ livros já publicados, por enquanto. É um mundo rico e cheio de histórias pronto para ser explorado pelos corajosos.

Somos apresentados, então, a um novo universo. É um mundo fantástico, habitado por grandes reinos, magos, feiticeiros, bruxas, bravos guerreiros, assassinos cruéis, criaturas distintas que habitam uma das luas deste mundo (exótico!) e até mesmo dragões. Malazano é um de seus reinos, e logo no início lhes somos apresentados, e podemos acompanhar o quão complicada está a situação política do local. Agora, a imperatriz Laseen conquistou seu trono assassinando o Imperador anterior e o tomando para si. Por isso, têm de enfrentar uma guerra.

Em contraponto, conhecemos também Ganoes Param. Um jovem sem pretensões além de entrar para o exército Malazano. Trocando os privilégios que possuía na nobreza, ele de fato prefere a honra e os desafios de entrar no exército em meio a uma de muitas guerras que estariam por vir. Com o passar do tempo, o guerreiro é enviado a um novo local, Darujhistan, a última entre as Cidades Livres de Genabackis. Seu objetivo será comandar os "Queimadores de Pontes", um dos trunfos da Imperatriz Malazano.

"Por toda a nossa vida nós lutamos por controle, por um meio de moldar o mundo à nossa volta, uma caçada eterna e inútil pelo privilégio de sermos capazes de prever a forma de nossas vidas."

Este primeiro volume é sobre o início de o que parece ser uma longa história, acompanhando diversas vidas, personagens, reinos, guerras e suas peculiaridades, como a magia. A magia que habita este mundo, é muito complexa e diferente. Mas nada impossível de ser compreendida. Inclusive, conta com uma vantagem única, que é ser completamente diferente do que eu já havia lido. Também não há um plot exato do que irá acontecer no livro, do objetivo real de todos, do futuro de Malazano. A dificuldade real da leitura está no fato de que: o autor não está preocupado em explicar detalhadamente nada. Somos "jogados" neste universo, do qual já admiro muito (!), mas forçados a nos virarmos para tentar compreender tudo o que está acontecendo. E acreditem, as coisas não param de acontecer. Temos dezenas de personagens aparecendo o tempo todo, o misticismo, o desenvolvimento da magia e um glossário no final do livro tentando nos guiar pelo básico. Não imagino o que irá acontecer, as dificuldades, lutas, amores e tudo o que acompanhará os personagens, afinal, são dez livros!

Como a amante de fantasia que sou, não posso deixar de dizer que mesmo com todas as diferenças, fiquei fascinada com essa leitura. Valeu cada página, cada dia de leitura cansativo, porque cansa mesmo. Foi inspirador. Eu indico Jardins da Lua aos leitores corajosos, que adoram um desafio, uma leitura diferente, um mundo diferente, personagens diferentes e acima de tudo, uma narrativa única. Steven Erikson tem um estilo de peculiar e só dele e achei também muito interessante partilhar dessa nova escrita.

Vale a pena? Vale. Mas eu espero que nos próximos volumes, um pouco da confusão inicial tenha passado. Adoraria já começar o próximo livro imersa nesse mundo, sem estar tão perdida em alguns momentos. Mas não digo que toda a parte crítica que citei seja um empecilho para quem quer mesmo ler esta saga. Quem já leu O Nome do Vento, as obras de Tolkien e até mesmo Guerra dos Tronos vai tirar de letra Jardins da Lua, é só se dedicar um pouco a ele.

Pra finalizar, só tenho elogios para a edição do livro. A Editora Arqueiro produziu um livro lindo. Que capa bonita, bem como os mapas, os desenhos dos personagens (que acompanham um pôster com o mapa), o glossário, e tudo o mais. Um excelente trabalho.

Adorei este livro, de forma geral. Espero que o segundo livro seja lançado ainda este ano, gosto muito de um desafio. E vocês? :)

site: http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br
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Ju_Marques 19/01/2022

Excelente!
Narrativa fantástica, com um universo cheio de batalhas e alta magia.
No início a história é um pouco difícil de acompanhar pois apresenta muitas informações de modo sutil, a perspectiva da narrativa muda sem você esperar e inúmeros personagens surgem sem quaisquer explicações de quem são ou de seus propósitos. Mas, a partir de certo ponto, você não consegue largar mais a leitura e se vê angustiada sem saber para quem torcer, pois muitos dos personagens são ótimos, embora não pareçam estar lutando pelas mesmas causas.
Ansiosa pela continuação.
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Fernando Lafaiete 29/04/2017

Fascinante e confuso na mesma proporção.

Como uma pessoa apaixonada por fantasia e leitor assíduo deste gênero, posso afirmar que "Jardins da Lua" foi um dos livros de fantasia adulta mais difíceis que eu já li. Pois a narrativa do autor é extremamente confusa do início ao fim.

No prólogo, Steven Erikson já deixa bem claro que ele não tinha intenção alguma de escrever um livro fácil de ser lido e de ser assimilado. E nas palavras do próprio autor, a experência de ler esta obra é 8 ou 80. Ou o leitor se apaixona complemente pela estória ou a detesta na mesma proporção. E vou ser bem sincero... no começo eu estava detestanto.

Jardins da Lua é o primeiro livro de uma série composta (até onde eu verifiquei) por 10 livros. Neste primeiro volume conhecemos um mundo habitado por diversos tipos de criaturas. Deuses, criaturas imortais feitas de terra ou algo do tipo, feiticeiros (as), bruxas, magos, seres que vivem em uma lua que se move por todo o reino, um grupo de assasinos, dragões, espadas lendárias e muito mais. Malazano é o principal reino deste universo e o mesmo está em guerra. Ele é comandado pela Imperatriz Laseen que traiu e assasinou o imperador anterior. Não tenho como explicar exatamente o plot deste livro; por ele ser muito confuso e repleto de acontecimentos frenéticos o tempo inteiro.

O problema de embarcar nesta leitura, é que o autor não se preocupa em contextualizar o leitor sobre o que está acontecendo. Ele simplesmente nos joga no meio de uma guerra a qual não faz nenhum sentido durante no mínimo umas 200/300 páginas. Eu quando comecei a ler este livro, comecei achando que estava faltando páginas e que o meu e-book tinha vindo com problemas. Pois eu me vi no meio de vários personagens que estavam em uma guerra e eu nem sabia o porquê. Além de não fazer ideia de com quem eles estavam guerreando.

E além de me sentir complemente perdido no começo da leitura (e durante vários momentos mesmo depois de estar quase finalizando), o aparecimento constante de personagens também dificulta e muito o "virar" das páginas. São milhões de personagens. Eles aparecem e o autor mais uma vez não demonstra nenhum interesse em explicar quem eles são. Eles simplemente vão aparecendo sem parar. A cada página aparece uma pancada de personagens que nos obriga a interromper a leitura e voltar para o glossário no começo do livro. Portanto, eu já aviso, ler este livro sem consultar constantemente o glossário e os mapas é praticamente impossível.

A mitologia e os sistemas de magia também sao bem complicados e demorei muito pra entender como tudo funcionava. Pelo que eu entendi e acredito que estou correto; os feitceiros, magos e criaturas anscentrais acessam dimensões e extraem das mesmas seus poderes. Estas dimensões são chamadas de labirintos. Cada labirinto dá um tipo de poder para quem o acessa, desde controles elementais até controles de cura, luz e escuridão. Existe um glossário no final do livro que também explica cada labirinto.

Este livro tem mais cara de continuação do que o primeiro livro de uma série. Eu não sei se esta foi uma escolha acertiva por parte do autor. Esta confusão não é somente no começo do livro, ela permaneceu comigo durante toda a leitura. Muitas vezes eu achei a escrita maçante e prolixa. E não acho que pra não subestimar os leitores é necessário escrever um livro dominado pela confusão. Pra quem pretende ler "Jardins da Lua", dou mais um aviso... o livro é muito bom, mas vocês precisarão ter MUITA paciência.

Stevem Erikson acerta em cheio em vários aspectos que me saltaram aos olhos. As cenas de ação são muito boas e muito bem escritas. Ele também nos agracia com uma narratita polifônica (a estória sendo narrada por diversos personagens) que nos dá a possibilidade de saber o que se passa em várias partes do reino. Ele também acerta e muito nos apresentando diversas intrigas, mistérios, mentiras e reviravoltas. Pra quem assim como eu é apaixonado pela aclamada série "As crônicas de gelo e fogo", provavelmente gostará bastante deste livro.

Esta fantasia está acima da maioria dos livros do gênero não só pela escrita do autor, mas também pela complexidade de tudo que nos é apresentado. Eu curti muito, mas não sei se o indico. Ele é o tipo de livro que é complicado de indicar até pra quem é fã do gênero. Eu talvez o indique pra quem é muito fã de "Senhor dos anéis" e da série do George Martin, como citei no parágrafo anterior. Pois a dificuldade de ler este livro talvez se assemelhe com a dificuldade que muitas pessoas encontram em ler as séries supra citadas.

E como definir quem são os vilões e os mocinhos deste mundo? Todos são complexos e tomam atitudes muito questionáveis. É cada um por si... um querendo puxar o tapete do outro. Manipulações rolam o tempo inteiro e eu não consegui esteriotipar os personagens como bons ou ruins. Mais um ponto para o autor!

Jardins da Lua é um livro que deve ser encarado como um desafio. No final, analisando a obra como um todo, eu achei que valeu muito a pena a leitura. Mas também acho que esta maneira de contar a estória, fazendo o leitor se perder o tempo inteiro é um pouco maçante e o autor não soube dosar. Ele passou do ponto... e eu não sei até aonde a minha paciência irá se a narrativa dos próximos volumes for a mesma deste primeiro livro.

O final eu achei morno. Mas como gostei muito do universo; estou bem a fim de ler o próximo. Lerei com expectativas moderadas!
Andresa 19/05/2017minha estante
Maravilhosa sua resenha! Comecei a lê-lo agora, pois vou apresentar em um evento. Adivinha como? Tbm não sei, hahaha. O autor me jogou em Malaz e eu não tô sabendo nem pra onde olhar, rs. Obrigada por ter me ajudado a atender - pelo menos um pouquinho, o enredo. Abraços!


Fernando Lafaiete 21/05/2017minha estante
Que bom que você gostou da minha resenha Andressa e que bom que ela te ajudou a entender um pouquinho melhor este enredo complexo. Te desejo uma ótima leitura e que dê tudo certo na sua palestra. E muito obrigado pelo seu comentário! :)




Marina Garcia ( 22/09/2019

É um pouco complicado descrever Jardins da Lua, a primeira coisa que veio na minha mente é "não é uma leitura fácil", mas logo em seguida já pensei "e não seria essa a graça da história?". Estar habituada ao "caminho do herói" podia ser um tiro no pé se eu por fim não comprasse a ideia de Steven Erikson. Ele não é um autor piedoso que vai pegar na sua mão para contar a história de como o seu mundo se formou, por que as coisa são como elas são, ele te distraí na calmaria inicial e te joga no meio do fogo cruzado depois sem te explicar nada. Filho, você que pegue as respostas depois, anda ou a história te atropela.

Acostumados estamos com explicações do tipo "fulano usou tal magia..., magia essa que funciona da seguinte forma..." ou "sabe fulano da casa tal? Fulano? É, o fulano lá daquela casa tal que antigamente aconteceu isso que desencadeou naquilo e agora está ali por causa disso e disso", eu entendo quem pare nos 10, 20, 30% iniciais do livro. Eu larguei Jardins da Lua duas vezes antes de encarar a terceira e em todas elas eu não comecei de onde havia parado anteriormente, senti necessidade sempre de partir do começo.

Ler Jardins da Lua é não saber para onde está sendo conduzido, é caminhar sem saber onde está. São séculos e séculos de história, de mitos, onde deuses e homens caminham lado a lado, um interferindo nas atitudes dos outros sem saber que são capazes disso, aí reside a complexidade do mundo criado e compartilhado por trás das mentes de Steven Erikson e I. C. Esslemont. Jardins da Lua é apenas um capítulo no meio de uma imensa história que promete inúmeras possibilidades.

Estou tentada a embarcar futuramente em uma releitura, mas primeiro vou deixar a poeira baixar, respirar os ares de outro mundo, em seguida dar uma conferida na história de O Lamento do Dançarino antes de voltar, ou chutar o balde e segunda-feira adentrar Os Portais da Casa dos Mortos, ainda não me decidi.
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Douglas Brandão 22/07/2017

Jardins da Lua
Começo esta resenha falando da forma mais crua possível, aliás, usando as mesmas palavras do autor no prefácio da obra. Este livro não é um livro para qualquer um, não é para preguiçosos. Não e Não. Vocês precisam entender e deixar bem claro em suas mentes que o universo criado por Steven Erikson é algo mais surpreendente e único que vocês possam imaginar. Muitos comparam com a Terra Média, outros com a genialidade de George R. R. Martin. Posso dizer que é uma batalha que todos se igualam.

A estória já começa num ritmo frenético, se piscarmos os olhos perdemos detalhes importantes, então o leitor tem uma responsabilidade imensa quanto a isso. Nada de começar a ler e pensar se pagou tal boleto, ou se o dia de pagar a energia venceu semana passada. Esses pensamentos diversos que abalam qualquer leitor distraindo-nos por pequenos segundos podem atrapalhar numa leitura de um livro como este. Alias em qualquer tipo de leitura, mas Erikson requer atenção dobrada.

Somos inseridos na estória a partir do momento em que ocorre uma grande disputa por parte do Império Malazano em conquistar a última das cidades livres, nomeada de Darujhistan. As conquistas das cidades deu-se portanto da parte da imperatriz Lassen, que assassinou e deu um golpe de estado no imperador Kellanved. É a partir disso que entra nosso “protagonista” de verdade: Ganoes Paran. Logo explico o uso das aspas.

Ganoes Paran podia ter a vida que quisesse como um verdadeiro lorde, entretanto o gosto pela guerra e ser um soldado nunca saiu de sua mente. De repente se vê na cidade de Genabackis, uma das dominadas por Lassen, liderando os Queimadores de Pontes, um grupo que quer assumir Darujhistan. Até aqui tudo tranquilo, ok, mas conhecemos outros núcleos da trama. Voltamos um pouco ao passado, como flahsbacks, conhecemos toda a história até chegarmos ao Império Malazano atual, mas quando tudo parece estar se conectando o leitor se perde mais ainda no contexto. Pelo que li pode ser algo proposital do autor, pois certas coisas só iremos associar com a leitura de livros futuros. Então não quebre a cabeça com o porque disso ou daquilo.

A magia criada pelo o autor é algo espetacular, contudo faltou ser mais explorado e mais esclarecido. Tudo é muito solto, não é algo palpável. Esclareço pra você melhor.

“Paran o seguiu. O portal se fechou atrás deles e, em seu lugar, o caminho continuava. Itko Kan desaparecera, e com ela todos os sinais de vida. O mundo em que haviam entrado era árido, mortal. Os montes inclinados que delineavam a trilha provaram ser mais pilhas de cinzas. O ar era arenoso, com gosto metálico.”

Resenha completa NO LINK ABAIXO>

site: http://www.lerparadivertir.com/2017/06/jardins-da-lua-vol-01-serie-o-livro.html
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bruno.rauber 25/02/2018

O texto é denso, a narrativa é truncada, o livro te joga no meio da ação e não se esforça em explicar demais. Mas é impossível de parar de ler Jardins da Lua, que livro delicioso. Algo tão complexo assim chega a ser difícil de acreditar que se trata do do primeiro livro do Steven Erikson. Há tempos que um livro não exigia tanto de mim assim.
Além disso ainda merece ser comentada o cuidado da edição nacional (com menção especial à tradução excelente da Carol Chiovatto). Que a Editora Arqueiro lance logo os próximos volumes dessa maravilha que é Malazan!
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Dani 29/12/2017

Um exercício de paciência, mas confia que vale a pena
"Jardins da Lua" é sem dúvida, o livro mas confuso que já li. E mesmo assim, ao chegar ao final da leitura, tenho a impressão de que essa série poderá se tornar uma de minhas favoritas da vida.

Steven Erikson simplesmente nos joga em uma história sem fornecer nenhuma informação sobre o mundo e os personagens. No prefácio, o autor nos diz que que esse livro não será para todos, que você irá amar ou odiar e que essa decisão normalmente é feita por volta de um terço da leitura. Devo dizer que não foi minha experiência. Sinceramente, até por volta dos 20% eu estava odiando. Não entendia nada do que estava acontecendo e não havia me apegado a nenhum personagem, em parte devido às constantes mudanças de POV antes que qualquer personagem fosse desenvolvido. Por vezes, senti que estava lendo apenas palavras avulsas sem qualquer significado. Já estava frustrada e só não abandonei a leitura porque queria entender o que tantos viam nesse livro. O que eu não estava vendo?

Dos 20-50%, a leitura melhora.Comecei a reconhecer melhor os personagens ( ainda com muita ajuda do glossário e das fotos que vem no fundo das capas - ótima ideia por sinal!) e a história já apresentava alguns eventos que me deixavam curiosa sobre seu desenvolvimento.

Mas foi apenas um pouco após a metade do livro que comecei realmente a gostar da narrativa. De repente me deparei incrivelmente envolvida com a história e os personagens, sem saber ao certo que evento desencadeou essa virada. Não queria que à história acabasse e ao finalizar meu primeiro pensamento foi : "Ainda bem que tem mais 9 volumes pela frente." Não estava pronta para desapegar.

Mas apesar de ter adorado a leitura, não posso dizer que concordo com a decisão do autor em iniciar uma série de forma tão confusa. Acredito que poucas pessoas terminariam esse livro se não fossem por recomendações e vários avisos sobre ter paciência com a primeira metade do volume. Afinal um livro de 600 páginas não deveria levar mais de 300 para te prender, correto?

Com essa confusão inicial, tenho certeza que deixei muita informação passar despercebida e que uma releitura proporcionará uma experiência bem diferente, talvez até melhorando a metade inicial do livro. Vi em comentários que esse primeiro volume é o mais fraco e que a série apenas melhora à cada volume, então, estou bem ansiosa para continuar. Torcer agora para que a editora brasileira realmente lance todos os volumes da série ( o segundo volume infelizmente já está com o lançamento atrasado).

Enfim, minha intenção no momento não é fazer uma resenha sobre a livro, mas compartilhar um pouco os sentimentos que experimentei nesse processo e quem sabe estimular àqueles que talvez estejam pensando em abandonar a leitura ou em dúvida se vale a pena começar. Se você gosta de fantasia épica, vá em frente e tenha paciência , pois ao final será recompensado.
JonLiberato 09/03/2018minha estante
Oi Dani, tudo bem? Vc disse que será lançado mais 9 livros da série, é isso mesmo?


Dani 10/03/2018minha estante
Isso mesmo Jon. É uma série de 10 volumes . E para quem gostar do universo, ainda existem algumas outras séries é trilogias no mesmo universo escrita por outro autor q criou o universo junto com o Erikson .


Dani 10/03/2018minha estante
Isso mesmo Jon. É uma série de 10 volumes . E para quem gostar do universo, ainda existem algumas outras séries e trilogias no mesmo universo escrita por outro autor q criou o universo junto com o Erikson .




Gramatura Alta 21/07/2017

JARDINS DA LUA é o primeiro de dez livros da série O LIVRO MALAZANO DOS CAÍDOS, de Steven Erikson. A história se ambienta nas terras de Malaz, logo após a Imperatriz Lassen assassinar o antigo imperador e tomar o poder do reino, o qual comanda com mãos de ferro. Aí também nos é apresentado o jovem Ganoes Paran, um jovem que abdicou de sua nobreza para se dedicar á vida no exército. Ganoes, de repente, se vê no comando de uma antigo grupo de guerreiros, chamados Queimadores de Pontes, famosos por suas violentas atividades e por matar seus superiores.

Em meio às constantes disputas de poder e território, clãs de guerreiros, magos, feiticeiros, assassinos e outras criaturas um tanto peculiares arrasam cidades inteiras pela disputa do poder de Malaz. Além de todas essas disputas, existe o inimigo mais antigo do Império Malazano, a Cria da Lua. Uma montanha que flutua 400 metros acima da cidade, uma espécie de fortaleza que nem mesmo um exército de mortos-vivos conseguiu romper.

Uma das minhas dificuldades com esse livro, foi assimilar a rapidez com que as coisas acontecem. De um parágrafo para o outro, a batalha já acabou, e os personagens já estão falando sobre outra coisa – como assim? Mas a maior de todas as dificuldades, foi, sem dúvida, os diálogos. Pensando bem, não foi uma dificuldade, eu só não gostei mesmo. Os personagens conversam entre si sobre a situação do império e todas as tramas envolvidas com ele, como se o leitor estivesse inteirado com o que está acontecendo. Em vários momentos, eu tive que retornar alguns parágrafos de leitura para poder compreender melhor o contexto, o que tornou a leitura excessivamente cansativa, me desanimando. Outro ponto que me incomodou, foram os personagens, não a qualidade, mas sim a quantidade. Geralmente, quando se tem mais de um personagem principal, os capítulos são concentrados em um ou outro, em JARDINS DA LUA temos um capítulo para uma média de quatro personagens.

Os personagens conversam entre si como se o leitor estivesse a par de tudo que aconteceu anteriormente. Mas muita coisa mencionada por eles não foi contada.

A premissa do livro é bastante interessante, mas a história é demasiada complexa e infelizmente não consegui acompanhar e nem me conectar com a leitura, e por isso a abandonei. No prefácio do livro, o autor deixa claro para o leitor que ou você vai amar a leitura ou vai odiar. Ele não mentiu.

RESENHA ESCRITA PELA KAMYLLA PARA O GETTUB!

site: http://www.gettub.com.br/2017/07/jardins-da-lua.html
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Diogo.Torvak 05/01/2018

livro é bom
livro é bom o mundo criado é sensacional mas Steven Erikson peca nas descrições das batalhas falta emoção por isso dei apenas 3 estrelas
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