Henrico.Iturriet 19/03/2023
Instigante
Walter Benjamin usa estás páginas para confrontar aquilo que é de mais interessante quando se busca a reflexão a partir da história, do materialismo e da dialética relacionados à obra de arte.
É um texto que deve ser digerido e lentamente pensado em conjunto com outras abstrações e acontecimentos históricos. Sempre pensava sobre a academia dos prêmios famosos, logo após a cerimônia do Oscar, da delimitação dos atores e como essa dissipação realmente extrapola a obra e permite rodeios sobre ?as massas?.
Logo, o argumento dele vai brincando entre dinâmicas dialéticas formadas tanto no que entende como ?mágica? que é uma forma de construção e percepção de culto do início da humanidade e que se reintroduz com a assimilação e reconstituição do mito. Pensemos a estética bolsonarista, por exemplo. E, aliado a isso, a caracterização da percepção como histórica e dependente das revoluções das técnicas artísticas, tal qual sua valorização pela percepção externa aos artistas ou equipes de montagem que as produzem.
Ou seja, temos aqui técnicas de reprodução baseadas no jogo dialético entre sociedade e indivíduos formulados e confrontados unicamente na sensação de convergência na obra de arte. O debate é também sobre ?o que é arte?? É uma pergunta que ronda, a cultura coletiva nasce viva aqui também, do mesmo modo que há pouca reflexão sobre ela. Importante destacar que ele ataca o idealismo burguês levando em consideração o movimento do fascismo, característico do período do cinema e do momento histórico da Segunda Guerra Mundial. Momento este que, utilizando a cinematografia, transformou a produção da arte uma autoafirmação de massas, ao passo que não demonstra o real caráter social pela obra que prevê a mudança de percepção de quem a assiste, mas sim, uma solução de expressão apolitica e histórica que nega a sua produção e acaba, por demais, em cair em anacronismos e contradições inerentes a produção de montagem e de recortes.
A realidade vira imagens recortadas e os representantes invertidos. Isto é, burgueses se vestem de negros para explicar a historia dos negros e eles, ao ?se verem? se autoalienam por essa percepção. Ao passo que a obra valorizada neste período é a do tipo cinematográfico.
Importante destacar que Benjamin leva em conta os potenciais revolucionários da prática da obra do cinema, ela é uma performance querendo ou não. Nisso, deixo apenas uma frase e finalizo:
?O comunismo responde com a politização da arte?