Luciano Otaciano 16/07/2022
Livro empolgante!
Sendo o primeiro livro de uma trilogia, Boneco de Pano é aquele suspense que fisga o leitor já nas primeiras páginas, sem necessidade de forçar a barra para parecer inovador demais. O basicão do romance policial está ali, jogado na nossa cara sem muitas delongas: um crime da pesada e um serial killer disposto a brincar com a inteligência da polícia. Posto isso, mergulhamos numa investigação frenética de corrida contra o tempo em que a vida de um dos próprios investigadores está ameaçada.
A qualidade da história é um dos pontos que mais chamam a atenção nesta obra. Temos seis pessoas já assassinadas cujas partes dos corpos compõe o tal boneco de pano e temos mais seis pessoas, com nomes revelados, que serão as próximas a morrer. A tarefa é tripla: descobrir a identidade dos mortos, proteger os que ainda estão vivos e, claro, prender o assassino. Um conjunto de ações que dão o ritmo de thriller para o livro e nos fazem devorar as páginas. Pensem que consumi as pouco mais de trezentas páginas em poucos dias. A investigação nesta obra não está nas mãos de um único detetive, mas de todo um departamento de polícia. Este diferencial do romance policial tradicional permite que o clima de suspense se amplie com cada um dos personagens lidando com variadas questões. São amplas frentes de caça ao serial killer e em cada uma delas vamos desvendando, também, a vida de cada personagem. Todos, a seu modo, extremamente cativantes e bastante convincentes. Abordada como pano de fundo da história, e em alguns momentos com atos decisivos ou que influenciam nos rumos da investigação, a imprensa sensacionalista é retratada de forma crua e sem nenhum pudor. A sede da notícia em primeira mão, independente do que ela causará ou a quem afetará, que cada vez mais vem ganhando adeptos no mundo, está exposta em todos os seus detalhes e intrigas de bastidores. Uma sede que acaba servindo aos propósitos do assassino. A imprensa que nos romances policiais do século passado exaltava a figura do detetive quase infalível, passa agora a quase ser útil ao serial killer que lhe traz audiência. Costurando essa narrativa, excelentes tiradas de humor, às vezes de mal gosto, nos provocam bons sorrisos no rosto em meio à tensão de uma autópsia ou de uma nova pista encontrada. Impossível não se envolver na busca pela solução do mistério e no cotidiano de cada personagem. Do detetive consagrado ao novato que parece deslocado naquela situação. Recomendo! Em resumo, BONECO DE PANO é uma obra muito bem construída. O autor soube construir uma trama que não foge das características mais marcantes do gênero, mas que dá novos ares com pequenos toques de inovação. É suspense de primeira qualidade.
Espero que tenham curtido a resenha!