spoiler visualizarLaura Soares 06/05/2020
Livro interessante, resolução nem tanto [contém spoilers]
Suspense policial narrado em terceira pessoa, "Boneco de Pano" de Daniel Cole traz uma trama de desenrolar lento, acompanhando a polícia metropolitana de Londres em busca de um assassino em série aparentemente infalível. Recheado de mortes, o livro me proporcionou emoções dúbias.
O início se dá com um acontecimento extraordinário: a descoberta de um cadáver incomum, formado através de recortes de outros seis, bem próximo do apartamento do detetive William Fawkes - ou Wolf, como é chamado por todos. Com a ajuda de seus colegas de serviço, Wolf inicia uma batalha contra o tempo para evitar que o culpado conclua sua próxima lista de vítimas.
Apesar de não me deixar totalmente presa a ponto de lê-lo rapidamente, "Boneco de pano" intercala apatia e ansiedade. A investigação é interessante e verossímil, mas ocupa quase toda a trama, tornando-se, por vezes, cansativa. Os personagens são um ponto positivo: mesmo em caso de não gostar deles, são complexos e capazes de exercer atração no leitor, devido a sua carga de erros e acertos. A narrativa permite grande abrangência de situações e lugares, passando desde a polícia até a imprensa.
A história trouxe uma ligação nítida entre passado e presente, um fator que me intrigou desde o princípio, já que não conseguia desenvolver um raciocínio concreto sobre as motivações do assassino. Para minha surpresa, apesar dos últimos capítulos cheios de adrenalina, a identidade do assassino e o final são apenas medianos, quase alheios.
Sim, fiquei tensa durante a leitura. Analisei todos e todas, me questionei inúmeras vezes. Justamente por isso, imaginei que essa seria a resolução do caso, mas entrei em negação - devia haver outra melhor! Não houve.
Entretanto, analisando-o como um todo, antes de criar uma resolução incrível e chocante, acredito que o livro busca fazer refletir sobre as dualidades existentes no mundo e nas próprias pessoas. Por isso não houve choque, não houve surpresa: no fundo, foi como se eu sempre soubesse qual era o motivo dos assassinatos. Não que eu tenha amado isso.
Não gostei, principalmente, do assassino ser alguém aleatório escolhido nos quarenta e cinco do segundo tempo. Soou como algo jogado ali, decidido às pressas depois. A história dos crimes faustianos obliterou a própria ideia do Boneco de Pano, que deveria ter sido o principal.
Dessa forma, estou até agora em dúvida. Assim como toda a história e seus personagens, o livro, para mim, não pôde ser descrito em "bom" ou "ruim". Foi interessante, mas eu não o leria novamente.
PS: Achei que o Wolf iria morrer.