Um General na Biblioteca

Um General na Biblioteca Italo Calvino




Resenhas - Um General na Biblioteca


13 encontrados | exibindo 1 a 13


Paulo 04/05/2010

Alguns contos
Primeiro livro que resolvi olhar de Italo Calvino, em 2002.

De início, o conto que me interessou foi "O incêndio da casa abominável", que resultou de uma encomenda da IBM na década de 70, sobre como seria um conto feito por computador. Achei interessante a perspectiva adotada pelo contista em sua solução - antes de tudo, lúcida -, mas o resultado final acabou ficando muito chato.

A partir daí, procurei ler apenas alguns apólogos mais curtos (o livro é uma coletânea de textos esparsos, e prefiro rever o autor em obra de sua autoria que tenha maior unidade), e destaco aqui dois deles, excelentes:
- "Um general na biblioteca", sobre a influência do mundo literário no indivíduo e na sociedade.
- "A ovelha negra", sobre moral e o equilíbrio das comunidades.

Não li tudo o mais, mas comecei vários contos e achei-os desinteressantes de imediato. Não tem a contundência dos dois que destaquei, parecem realizações mais eficientes de uma arte do estilo e do pensamento do que obras de arte convictas.
comentários(0)comente



Julinha 04/03/2011

Muitas historias deliciosas, escolhendo 3, seriam:

O homem que chamava Teresa
Solidariedade
Montezuma
comentários(0)comente



Teca 19/02/2011

Para deixar na cabeceira
Os contos são curtos e diretos, com a poesia e a ironia que caracterizam Calvino. Alguns, como o Consciência, são desconcertantemente definitivos.
comentários(0)comente



Lys Coimbra 11/02/2015

Abandonei, confesso!
Confesso que li mais da metade e sempre esperava que o próximo conto me agradasse mais, mas de todos os que eu li, gostei de dois apenas. Os demais achei chatissimos e até meio patéticos, muito embora tenha percebido que todos eles encerram mensagens subliminares que vão muito além daquela baboseira insossa.
Mas, enfim, como os contos são absolutamente independentes e não vou deixar de saber o final da estória, me permiti abandonar.
comentários(0)comente



Peterson Boll 21/11/2010

Os contos que mais me chamaram a atenção foram 'Consciência' (sobre um homem que vai à guerra na intenção de matar uma pessoa específica); a fantástica estrutura de 'Soliedariedade' (narrando sobre um assalto); o poético "Amor longe de Casa"; o surreal "O regimento desaparecido".

Porém, o melhor de todos é o genial (genial mesmo!), "O incêndio da casa abominável".
comentários(0)comente



isa.dantas 19/03/2016

Um conjunto de contos, apólogos e diálogos selecionados pela viúva de Italo Calvino, que mostram a ironia, a criatividade, a fantasia e o senso de humor do escritor. Difícil não gostar deles!
comentários(0)comente



Fabio Shiva 26/10/2019

Contos Fantásticos
Espetacular coletânea de contos do grande Italo Calvino, que concilia lindamente Diversão e Arte. Muitos dos contos poderiam ser considerados como fantásticos, estilo que cada vez aprecio mais. Gostei especialmente de “Consciência”, que demonstra brilhantemente a absurda estupidez da guerra, e do conto-título, uma esplendida metáfora sobre a burrice da censura. Só por esses dois contos, já dá para se ver o quanto Italo Calvino continua incômodo e atual.

Achei um detalhe curioso a edição brasileira ter mudado o conto que dá o título da obra. No original italiano o título foi “Prima che tu dica ‘Pronto’” (“Antes que você diga ‘Alô’”).

Melhor deixar o próprio autor exemplificar a força poética de sua prosa:

“(...) o amor, é isso o amor de um pelo outro, desejo mútuo de arranhões e mordidas, socos também, nas costas, depois um beijo exausto: o amor.”

“Assim é: as mulheres só tiveram informações falsas sobre o amor. Muitas informações diferentes, todas falsas. E experiências inexatas. No entanto, sempre confiantes nas informações, não nas experiências. Por isso têm tantas coisas falsas na cabeça.”

“– Sabe – disse Mariamirella –, talvez eu tenha medo de você. Mas não sei onde me refugiar. O horizonte é deserto, só tem você. Você é o urso e a gruta. Por isso estou agora enroscada em seus braços, para que você me proteja do medo de você.”

“Acho que o temperamento das pessoas também depende do banheiro em que são obrigadas a se trancar diariamente.”

“Em cada texto há sempre um ponto do qual nos arrependemos, ou por medo de sermos mal entendidos, ou por vergonha.”

“A autoridade sobre os outros é uma coisa que só existe junto com o direito que os outros têm de fazer você subir num palanque para ser morto, um dia não muito distante... Que autoridade teria um chefe se não vivesse certado por essa expectativa?”

“(...) quem faz o mal é sempre levado a exagerar (...)”

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/10/um-general-na-biblioteca-italo-calvino.html



site: https://www.facebook.com/sincronicidio
comentários(0)comente



Atrolhado 11/12/2020

Suco de Século XX
Depois de muito tempo eu terminei esse livrinho do Italo Calvino (umas 240 páginas mais ou menos).

Descobri que demoro mais pra ler quando estou gostando da leitura, aquela sensação que Clarice dizia de "esconder o que te faz feliz pra sempre se surpreender com o que te faz feliz", no caso dela com o livro da Narizinho.

Esse livro aí eu não vou ficar falando muito não, resumidamente se você jogar no liquidificador faz "suco de século XX", ou seja, é ótimo.

Aliás, foi um dos livros que eu tinha medo de pegar pra ler porque me parecia um romance arrastado (julgando pelo título), mas nem romance é, e muito menos arrastado.

Fora que é super engraçado, o conto do Homem Que Chama é uma das coisas mais divertidas que eu já li na minha vida, fiquei até imaginando um filme inteiro baseado nele.

Enfim, 5/5 com direito ao título de um dos meus favoritos.

E Ítalo Calvino é uma preciosidade de escritor, ele tira as tripas do século XX e brinca com elas. Me lembra o Pablo Picasso, mas da literatura.
comentários(0)comente



Loba Literária 12/08/2021

Terminei na raiva
O problema de coletâneas é que nem sempre você vai gostar de todos os textos. Desse aqui, eu conto nos dedos de uma mão quantos contos eu gostei de fato.
comentários(0)comente



Carina 11/09/2013

Uma coletânea primorosa de contos
Os contos, ainda que trabalhem temáticas diversas, por vezes revelam semelhanças. É interessante ler na sequência, por exemplo, as entrevistas imaginárias que Italo realiza com figuras históricas, como o homem de Neandertal e Montezuma. Ou procurar o mesmo método narrativo em histórias que buscam a origem das coisas que nos cercam - seja o traçado do percurso da água do chuveiro, seja o caminho que a voz faz por telefone até chegar à amada.

São muitos os contos do livro, muitas as surpresas que temos como leitores em cada um deles. Como amostra, segue abaixo o conto que entitula a obra:

Na Panduria, nação ilustre, uma suspeita insinuou-se um dia nas mentes dos oficiais superiores: a de que os livros contivessem opiniões contrárias ao prestígio militar. De fato, a partir de processos e investigações, percebeu-se que esse hábito, agora tão difundido, de considerar os generais como gente que também pode se enganar e organizar desastres, e as guerras como algo às vezes diferente das radiosas cavalgadas para destinos gloriosos, era partilhado por grande quantidade de livros, modernos e antigos, pandurianos e estrangeiros.
O Estado-maior da Panduria se reuniu para fazer um balanço da situação. Mas não se sabia por onde começar, porque em matéria bibliográfica ninguém era muito versado. Foi nomeada uma comissão de inquérito, comandada pelo general Fedina, oficial severo e escrupuloso. A comissão iria examinar todos os livros da maior biblioteca da Panduria.
Ficava essa biblioteca num antigo palácio cheio de escadas e colunas, descascado e desabando aqui e ali. Suas salas frias estavam repletas de livros, abarrotadas, em locais impraticáveis; só os ratos podiam explorar todos os cantinhos. O orçamento do Estado panduriano, onerado por ingentes gastos militares, não podia fornecer nenhuma ajuda.
Os militares tomaram posse da biblioteca numa chuvosa manhã de novembro. O general desceu do cavalo, baixo e gorducho, empertigado, com a larga nuca raspada, o cenho franzido em cima do pincenê; de um automóvel desceram quatro tenentes, uns varapaus, de queixo levantado e pálpebras abaixadas, cada um com sua pasta na mão. Depois chegou um batalhão de soldados que acampou no antigo prédio, com mulas, bolas de feno, barracas, cozinhas, rádio de campanha e faixas coloridas de sinalização.
Puseram sentinelas nas portas, e um cartaz proibindo a entrada, "por causa das grandes manobras, até que as mesmas se concluam". Era um expediente, para que a investigação pudesse ser feita em absoluto sigilo. Os estudiosos que costumavam ir à biblioteca toda manhã, encapotados, com cachecóis e bonés para não congelarem, tiveram de voltar para casa. Perplexos, perguntavam-se: - Mas como, grandes manobras na biblioteca? Será que não vão desarrumar tudo? E a cavalaria? E será que também darão tiros?
Do pessoal da biblioteca ficou apenas um velhinho, o senhor Crispiano, recrutado para explicar aos oficiais o lugar dos livros. Era um sujeito baixotinho, com a cabeça careca parecendo um ovo, e olhos como cabeças de alfinete atrás de óculos de hastes.
O general Fedina se preocupou acima de tudo com a organização logística, pois as ordens eram para que a comissão não saísse da biblioteca antes de ter concluído a investigação; era um trabalho que exigia concentração, e não deviam se distrair. Assim, providenciaram o fornecimento de víveres, umas estufas de quartel, uma provisão de lenha à qual foram se juntar algumas coleções de revistas velhas, reputadas pouco interessantes. Nunca fez tanto calor na biblioteca, naquele inverno. Em lugares seguros, cercadas de ratoeiras, foram postas as camas de campanha onde o general e seus oficiais dormiriam.
Depois procedeu-se à divisão de tarefas. A cada tenente foram designados determinados ramos do saber, determinados séculos de história. O general controlaria a classificação dos volumes e aplicaria carimbos diversos, dependendo se o livro fosse declarado adequado para ser lido por oficiais e suboficiais da tropa, ou fosse denunciado ao Tribunal Militar.
E a comissão começou seu trabalho. Toda noite o rádio de campanha transmitia o relatório do general Fedina ao comando supremo. "Examinados um total de tantos volumes. Retidos como suspeitos tantos. Declarados adequados para oficiais e tropa tantos." De vez em quando, aqueles números frios eram acompanhados de alguma comunicação extraordinária: a solicitação de óculos para ler de perto, pois um tenente quebrara os seus, a notícia de que uma mula tinha comido um códice raro de Cícero que não estava em lugar seguro.
Mas fatos de alcance bem maior iam amadurecendo, dos quais o rádio de campanha não transmitia notícias. A floresta dos livros, em vez de ser desbastada, parecia ficar cada vez mais emaranhada e insidiosa. Os oficiais teriam se perdido se não fosse a ajuda do senhor Crispino. Por exemplo, o tenente Abrogati se levantava dando um pulo e jogava em cima da mesa o volume que estava lendo: - Mas é inacreditável! Um livro sobre as guerras púnicas que fala bem dos cartagineses e critica os romanos! Precisamos denunciá-lo imediatamente! - (Diga-se de passagem que os pandurianos, com ou sem razão, consideravam-se descendentes dos romanos.) com seu passo silencioso dentro das pantufas felpudas, o velho bibliotecário vinha se aproximando dele. - E isso não é nada - dizia - leia aqui, ainda sobre os romanos, o que está escrito, também se poderá pôr isso no relatório, e isso, e mais isso - e lhe submetia uma pulha de volumes. O tenente começava a folhear os livros, nervoso, depois ia lendo mais interessado, tomava notas. E coçava a testa, resmungando: - Santo Deus! Mas quanta coisa a gente aprende! Quem diria! - O senhor Crispino andava até o tenente Lucchetti, que fechava um tomo com raiva e dizia: - Essa não! Aqui eles têm a coragem de expressar dúvidas sobre a pureza dos ideais das Cruzadas! Sim, senhor, das Cruzadas! - E o senhor Crispino, sorridente: - Ah, deve se fazer um relatório sobre esse tema, e posso lhe sugerir outros livros, nos quais é possível encontrar mais detalhes - e jogava meia prateleira em cima dele. O tenente Lucchetti se metia a lê-los, de cabeça baixa, e por uma semana o ouviam virar as páginas dos livros e murmurar: - Mas essas Cruzadas, quem diria!
No comunicado vespertino da comissão, o número dos livros examinados era cada vez maior, mas já não se relatava nenhum dado sobre veredictos positivos ou negativos. Os carimbos do general Fedina iam ficando ociosos. Se ele, tentando controlar o trabalho dos tenentes, perguntava a um deles: - Mas como é que você deixou passar este romance? Aqui a tropa se sai melhor do que os oficiais! É um autor que não respeita a ordem hierárquica! - , o tenente lhe respondia citando outros autores, e embrenhando-se em raciocínios históricos, filosóficos e econômicos. Daí nasciam discussões genéricas, que prosseguiam horas a fio. O senhor Crispino, silencioso dentro de suas pantufas, quase invisível dentro de seu jaleco cinza, sempre intervinha na hora certa, com um livro que a seu ver continha detalhes interessantes sobre o tema em questão, e cujo efeito era sempre de pôr à prova as convicções do general Fedina.
Enquanto isso, os soldados tinham pouco o que fazer e se entediavam. Um deles, Barabasso, o mais instruído, pediu aos oficiais u, livro para ler. Na hora quiseram dar-lhe um daqueles poucos que já tinham sido declarados adequados para a tropa: mas, pensando nos milhares de volumes que ainda restava examinar, o general não gostou que as horas de leitura do soldado Barabasso fossem horas perdidas para o serviço; e deu-lhe um livro ainda a ser examinado, um romance que parecia fácil, recomendado pelo senhor Crispino. Lido o livro, Barabasso devia fazer o relato ao general. Outros soldados também pediram para fazer o mesmo, e conseguiram. O soldado Tommasone lia em voz alta para um companheiro seu, analfabeto, e este dava a sua opinião. Das discussões gerais começaram a participar também os soldados.
Sobre o prosseguimento dos trabalhos da comissão não se conhecem muitos detalhes: o que aconteceu na biblioteca nas longas semanas invernais não foi relatado. Mas o fato é que os boletins radiofônicos do general Fedina passaram a chegar cada vez mais raramente ao Estado-maior da Panduria, até que pararam de vez. O comando supremo começou a se alarmar; transmitiu a ordem de concluírem a investigação o quanto antes e de apresentarem um exaustivo relatório.
A ordem chegou à biblioteca quando o espírito de Fedina e de seus homens se debatia entre sentimentos opostos: por um lado, estavam descobrindo a todo instante novas curiosidades a serem satisfeitas, estavam tomando gosto por aquelas leituras e aqueles estudos como nunca antes teriam imaginado; por outro, não viam a hora de voltar para junto das pessoas, de retomar contato com a vida, que agora lhes parecia muito mais complexa, quase renovada aos olhos deles; e, além disso, a aproximação do dia em que deveriam deixar a biblioteca enchia-os de apreensão, pois teriam de prestar contas de sua missão, e, com todas as idéias que andavam brotando em suas cabeças, não sabiam mais como sair dessa enrascada.
De noite olhavam pelas vidraças os primeiros brotos nos galhos iluminados pelo crepúsculo, e as luzes da cidade acenderem-se, enquanto um deles lia em voz alta os versos de um poeta. Fedina não estava com eles: dera ordens para ser deixado sozinho em sua sala, pois devia redigir o relatório final. Mas de vez em quando se ouvia a campainha tocar e sua voz chamar: "Crispino! Crispino!". Não podia ir adiante sem a ajuda do velho bibliotecário, e acabaram se sentando à mesa e redigiram juntos o relatório.
Finalmente, numa bela manhã a comissão saiu da biblioteca e foi entregar o relatório ao comando supremo; e, diante do Estado-maior reunido, Fedina expôs os resultados da investigação. Seu discurso era uma espécie de compêndio da história da humanidade, das origens aos nossos dias, no qual todas as idéias mais indiscutíveis para os bem-pensantes da Panduria eram criticadas, as classes dirigentes denunciadas como responsáveis pelas desventuras da pátria, o povo exaltado como vítima heróica de guerras e políticas equivocadas. Era uma exposição um pouco confusa, com afirmações muitas vezes simplistas e contraditórias, como costuma acontecer com quem abraçou há pouco novas idéias. Mas sobre o significado geral não podia haver dúvidas. A assembléia dos generais da Panduria empalideceu, arregalou os olhos, reencontrou a voz, gritou. O general nem pode terminar. Falou-se de degradação, de processo. Depois, temendo-se escândalos mais graves, o general e os quatro tenentes foram mandados para a reserva por motivos de saúde, por causa de "um grave esgotamento nervoso contraído no serviço". Vestidos à paisana, encapotados dentro de sobretudos acolchoados para não congelarem, freqüentemente eram vistos entrando na velha biblioteca, onde esperava por eles o senhor Crispino com seus livros.
comentários(0)comente



Diná 13/07/2014

Um General na Biblioteca: mais Italo Calvino!
Esse livro traz uma coletânea de contos, apólogos e entrevistas escritos pelo autor entre 1943 e 1984 – o conteúdo está divido em dois períodos, 1943-1958 e 1968-1984. Os apólogos são contos extremamente curtos, enquanto que as entrevistas parecem o script de alguma peça teatral( texto de “Henry Ford” foi escrito para a televisão, contudo nunca foi utilizado).
Apreciei muito alguns contos da obra, outros achei maçantes – principalmente “A Grande Bonança” e “Monólogo Noturno de um Nobre Escocês”, que são contos com conotação política. As entrevistas, no geral são bem chatas mas a de Montezuma traz algumas reflexões importantes sobre o pensamento do homem dito moderno e civilizado.
O que gostei na obra são os cenários improváveis que Calvino no traz, como um regimento que desaparece dentro da cidade, pois começa a temer perturbar a ordem feliz do local( “O Regimento Desaparecido”), o homem que participa de um assalto e da caça aos bandidos ao mesmo tempo( “Solidariedade”), o homem honesto que morre de fome em um país de bandidos( “A Ovelha Negra”), um país que mata seus líderes a intervalos regulares( “A decapitação dos chefes”).
Enfim, são várias situações inusitadas criadas pelo autor; mas há também os contos bem reflexivos, aqueles que te fazem parar e pensar. Entre eles estão “O Chamado das Águas”( que traz uma reflexão sobre o uso da água, sobre gestos diários e sua importância), “Como um voo de patos”( que narra as peripécias de um deficiente mental em meio a guerra), “A Memória do Mundo”( sobre as lembranças... O modo que o autor constrói a narrativa é mágico!), “A Glaciação”( escrito sob encomenda de uma destilaria japonesa).
O meu conto preferido foi exatamente aquele que dá título ao livro: “Um General na Biblioteca”. Esse conto fala de um general destacado para censurar a literatura nacional, como censor deveria ir à biblioteca e ler todos os livros, escolhendo os que deveriam ser livres ou não. O contato do homem com o conhecimento o modifica totalmente, gerando um desfecho inesperado.
“Antes que você diga 'Alô'” também é um texto belíssimo, que traz uma reflexão bonita e profunda sobre o amor e a distância. “O espelho, o alvo” também traz uma reflexão bacana sobre que você e o que persegue... “O Último Canal” me fez pensar sobre algo parecido, a busca do inalcançável.

site: http://aleitorafantastica.blogspot.com.br/2014/03/um-general-na-biblioteca-italo-calvino.html
comentários(0)comente



Mayra 30/12/2014

Do espólio de Ítalo Calvino...
Do espólio de Ítalo Calvino (1923-1985) saíram textos sensacionais e outros nem tanto. Um general na biblioteca fica na casa dos 50% ótimo, 50% normal. Há quase-contos, contos de fato, e contos intermináveis. Espanta sempre a criatividade absurda em Calvino, mesmo quando produziu sob encomenda, como fica demonstrado por A glaciação, a pedido de uma destilaria japonesa, e O incêndio da casa abominável, encomendado pela IBM mas que acabou sendo publicado pela revista Playboy. Aliás, este conto foi redigido para o experimento Oulipo (veja livros de dois representantes do movimento resenhados aqui: Georges Pérec e Raymond Queneau), mostrando-nos mais esta faceta do autor.

Um ponto que quero ressaltar nesta tradução é o da escolha, para a coletânea, do título Um general na biblioteca em vez de Antes que você diga “Alô”, que é o escolhido para o original (Prima che tu dica “Pronto”). Talvez aqui no Brasil venda-se mais Calvino por suas fábulas, ou por sua militância, que por seu lirismo. Antes que… é um conto mais bonito, menos óbvio, infinitamente mais sutil que Um general… Perdê-lo como chamariz é um reflexo de que, neste país, nenhuma chatice política parece ser suficiente.

Pincei inúmeros trechos do livro. As partes legais. Espero que goste.

Leia o restante desta resenha com citações comentadas no meu blog. Link abaixo.


site: http://asmelhorespartes.blogspot.com.br/2014/12/um-general-na-biblioteca-italo-calvino.html
comentários(0)comente



João Victor 07/01/2015

UM GENERAL NA BIBLIOTECA - ÍTALO CALVINO
Mais uma vez, a Cia. das Letras me deu o prazer de uma excelente leitura (e olhe que nas próximas linhas vocês me verão elogiar um autor comunista). Um General na Biblioteca é uma coletânea de contos do autor, ironicamente, ítalo-cubano, Ítalo Calvino. Filho de pais italianos, Ítalo Calvino nasceu em Cuba, mas mudou-se logo com os pais para a Itália. Aparentemente, no pouco tempo que respirou o ar cubano, já foi contaminado pelo comunismo; Ítalo integrou o partido comunista de 1956 a 1957 e, embora sua passagem tenha sido relâmpago, as doutrinas da ideologia política estão evidentemente espalhadas ao longo de sua obra (bem como algumas incoerências, como foi ter um dos contos publicados neste livro sido feito para uma marca de uísque japonesa e posteriormente publicado na Playboy italiana).
Os contos de Calvino são breves (muito breves), salvo raras exceções. Sou um defensor da brevidade, quanto mais conteúdo for possível condensar, com profundidade, numa delimitação pequena de espaço, melhor. Nesse aspecto, ora o autor é brilhante, ora deixa um pouco a desejar. Talvez justamente por escrever textos bastante minimalistas, Ítalo Calvino acaba por se destacar ao desenvolver alegorias (principalmente de caráter social) com uma gama até um pouco repetitiva de estereótipos. Os personagens do escritor, em geral, são os personagens da narrativa de Marx (de forma mais acessível, porém), operários, políticos, burgueses, sindicalistas, etc.
Junto dos contos, há apólogos excelentes e três contos escritos em formato de entrevista que são muito bem elaboradas. O formato que Calvino usou é bastante apropriado para que ele lance mão de toda a ideologia que ele quer impregnar no texto. Por exemplo, a entrevista com o Homem de Neandertal vai, de forma satírica, expor a visão ateísta da evolução humana. Numa espetacular entrevista com Montezuma, é instaurada uma discussão sobre o processo de aculturação que colônias e colonizadores sofreram, e por fim, uma entrevista com Henry Ford que agrada a gregos e troianos.
Vale ressaltar que existem alguns contos românticos, nem todos valem o espetáculo. Em suma, Ítalo desenvolve narrativas completas de forma extremamente rápida e, em boa parte das vezes, engenhosamente, sem nunca perder a prática de uma dialética honesta. É. Definitivamente, um convite interessante para quem procura leituras leves, mas não alienadas.


site: http://resenhaspontojao.wordpress.com/2015/01/07/383/
comentários(0)comente



13 encontrados | exibindo 1 a 13


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR