Uma Comovente Obra de Espantoso Talento

Uma Comovente Obra de Espantoso Talento Dave Eggers




Resenhas - Uma Comovente Obra de Espantoso Talento


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Ronan.Azarias 12/11/2022

Caótico e intenso
O livro é um caos completo, intenso em sentimentos e erradico em sua narrativa. Ele me chamou a atenção já no prefácio (que é ignorante de extenso) e resolvi dar uma chance. Até a metade dele eu fui bem, mas dali pra frente sentimentos colidiram o tempo com opiniões mal formadas de um adulto que se recusa deixar de ser adolescente. As constantes fuga do tema, exagero em desenvolvimentos irrelevantes e constantes piadas internas com amigos tornou a leitura cansativa e massante. Era três, quatro coisas acontecendo ao mesmo tempo que se misturavam com os pensamentos e opiniões. Apenas nas últimas páginas esse caos de teve um peso sentimental e é, em si, uma cena linda...de um jeito torto. Um livro mais curto seria mais indicado pela intensidade das páginas. Pra mim, não é um livro ruim, só passou do ponto.
comentários(0)comente



jota 16/12/2011

Jovens talentosos e espantosos
Trata-se de uma ficção autobiográfica que fez muito sucesso nos EUA. Narra a sucessão de tragédias que tomaram conta da vida do autor quando ele era um jovem de apenas 22 anos e fica com um irmão de 8 para criar. O prefácio e os agradecimentos tomam cerca de 40 páginas e não são nada convencionais, não apenas pelo tamanho, mas pelo que é dito ali. Tudo numa tentativa de parecer "engraçadinho" como o próprio Eggers reconhece – objetivo nem sempre alcançado, entretanto.

Depois vem o primeiro capítulo, com o pai morto e enterrado há pouco tempo e a mãe a morrer de câncer, que se recusa a ir para um hospital. Nesse trecho do livro, Eggers mistura tragédia e humor de um jeito magistral, que o levou a ser reconhecido como um novo talento literário pelos críticos americanos. Mas que pode não agradar a muitos leitores, certamente – e que abandonam o livro antes mesmo desse capítulo.

Depois da morte da mãe, Dave e o irmãozinho Toph se mudam de Chicago para San Francisco. A princípio moram com a irmã Beth, Kristen (namorada de Dave) e uma amiga dela, numa grande casa alugada. Mas as coisas não dão certo e Dave e Toph passam a morar numa casa menor, sozinhos. Essa parte é bastante engraçada, pois a tragédia vivida há pouco tempo é deixada de lado e acompanhamos a rotina dos dois irmãos. São pratos sujos cobrindo a pia, camas por arrumar, roupa suja de um mês para lavar, muita bagunça e sujeira. Um amiguinho de Toph pergunta aos dois, durante uma visita: "Como vocês conseguem viver aqui?"; aí então eles resolvem fazer uma limpeza geral na casa.

O dinheiro para todas as despesas é controlado por Bill, o irmão mais velho deles, de longe, de LA. Para não passar fome, Dave e Toph criam pratos à base de batatas fritas, hambúrguer, maçã, melão, etc. E quase todo dia Toph chega atrasado à escola, pois Dave sempre acorda tarde, etc. Então, depois das esquisitices das primeiras páginas, do primeiro capítulo, meio barra-pesada, o segundo e o terceiro são extremamente criativos e engraçados - prendem nossa atenção e se não provocam riso o tempo todo, pelo menos causam sorrisos. Esses são, sem dúvida, os melhores trechos do livro.

Hoje em dia, Toph (Christopher) e Dave Eggers devem ter, respectivamente 28 e 41 anos de idade. Ambos são pessoas bem-sucedidas e podem ser facilmente encontrados em redes sociais da internet. Dezoito anos atrás Dave cuidava do irmão com um carinho e uma preocupação impressionantes. Quando precisava sair à noite, geralmente contratava uma baby sitter para ficar com ele. Quando arranjou uma namorada fumante, que poderia depois fumar perto de Toph, arranjou um jeito de desistir dela (o pai deles tinha morrido de câncer ligado ao tabagismo), e assim por diante. Mas isso não significa que às vezes, Dave, não se comportasse como um garoto da idade do irmão: sim, tinham lá seus jogos, suas brincadeiras, seus códigos de comunicação, etc. E Dave tinha a capacidade de se culpar quase o tempo todo por deixar o irmão com desconhecidos (às vezes era um baby e não uma baby sitter a tomar conta de Toph), que pudessem causar algum mal ou dano psicológico a Toph, etc. E ficava imaginando tarados perseguindo o irmão, assassinos com cordas e facas a entrar na casa para estuprá-lo e depois matá-lo, etc. - uma paranóia das melhores. Ou piores, pensando bem.

Junto com um grupo de amigos, todos mais ou menos da mesma faixa etária (estamos em 1994; Dave agora tem 24 anos), já faz dois anos que mora na Califórnia, funda a revista “Might” (Talvez), muito em tudo parecida com a conhecida “Wired”. Ao mesmo tempo, para que possa divulgar a revista gratuitamente, tenta ser selecionado para um programa da MTV, “Na Real”, um reality show, onde aproveitaria para falar de “Might” o tempo todo, sua ideia desde o começo, pois abominava o peograma. Nervoso, vai para a entrevista, que deveria ser de apenas meia hora, mas que se estende por muitas páginas do livro. E ele fala, fala, fala... É outro trecho do livro que é preciso paciência para continuar.

Não é aprovado para o “Na Real” e agora passa a falar mal do programa e a concentrar-se no próximo número da revista. Ele, os amigos e amigas já posaram nus para um dos números e agora querem repetir a experiência. E tem o caso de John, um outro amigo doidão que quer se matar ingerindo uma porção de comprimidos. Outro capítulo meio chato, salvo apenas por algumas maluquices - perguntas que os editores (o próprio Dave é um deles) decidem discutir com os leitores da “Might”: "Pode-se beber a própria urina?", "Quais as borboletas que podem ser comidas numa boa?", "O futuro: estará ele chegando?"

Mas a revista não sobrevive por muito tempo (eles são amadores mesmo). A Califórnia já não parece aquele lugar dourado que existia na cabeça de Dave e San Francisco começa a lhe incomodar (trânsito confuso, barulho demais, sujeira, vagabundos, desocupados, drogados, etc.) Então é hora de partir, para Nova York agora, trabalhar sério, construir uma carreira e Toph também aprova a mudança. Mas antes, convidado para um casamento, Dave volta a Chicago, a cidade natal. Visita a casa onde morou, alguns lugares e amigos, sai em busca de lembranças de um tempo perdido, encontra as cinzas da cremação da mãe na funerária, depois de anos, e...

E devaneia até a última linha.

Um espantoso devaneio este livro.

(Lido entre 08 e 15.12.2011)
comentários(0)comente



2 encontrados | exibindo 1 a 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR