zize 23/02/2024
Poderia ser bem melhor
Eu tô numa espécie de maratona pra ler todos os livros da Victoria Schwab. Eu li Addie LaRue e fiquei muito apaixonada pela escrita da autora e pela história. Eu amei muito mesmo, ele se tornou um dos meus top livros favoritos da vida e eu decidi que mesmo sem ter lido outras coisas da Victoria que ela seria uma das minhas autoras favoritas, então, por isso, eu me propus a ler todo o trabalho dela. Comecei pela Melodia Feroz porque foi o segundo dela que comprei depois de ler Addie e meu veredito é: Ideia muito boa, execução duvidosa. Poderia ser incrível, mas infelizmente não é ? achei um desperdício de enredo, uma ideia boa jogada fora. O resultado não cumpre as expectativas que a sinopse gera.
A ideia do livro é muito original e muito boa! Eu nunca vi nada nem parecido com isso. É realmente muito legal essa coisa de a violência gerar monstros. Achei bem inovador mesmo, mas não foi bem aproveitada. Eu senti, na verdade, que talvez o livro não seja tão pra minha idade, teve uma vibe mais infanto juvenil. Uma pessoa mais velha pode achar o livro chato, mas quem tá na idade de 11-13 anos muito provavelmente vai gostar bastante.
A leitura foi bem fácil e fluiu de forma tranquila, o meu problema mesmo é na construção e resolução dessa ideia porque senti que ele peca muito no desenvolvimento e explicação de mundo.
- spoilers a partir daqui -
Vou começar falando do meu principal problema com esse livro, que foi o mundo e os motivos pra esse mundo estar assim e também a divisão de Veracidade. Eu achei muito confuso e as poucas informações são dadas de maneira meio distante uma das outras, ficou aquela coisa meio mal explicada. Eu entendi que o Harker queria a cidade pra ele e por isso a guerra por territórios e tal, autoexplicativo né, mas achei que faltou informação de mais motivos sabe. Parece mais uma briga de facção com um grande jogo de poder kkkkk. Eu fiquei confusa com o que é a fenda, achei que era uma literal fenda no chão, mas ai depois fala que é um muro alto que divide a cidade (não sei pra que usar a palavra fenda, só causa confusão na cabeça do leitor. talvez seja um problema de tradução, mas não posso dizer com certeza porque não li no idioma original). Nas páginas 129-131 tem uma breve explicação de como surgiu tudo isso. O descontentamento nacional dos EUA depois da guerra do Vietnã fez o país colapsar e ser reconstituído pra essa nova divisão (veracidade, graça, caridade, fortuna...). Fala também que Veracidade tá dividida em norte e sul e tem a tal da fenda. Os outros estados não deixam o povo de Veracidade entrar lá com facilidade e aparentemente esses monstros só tem em Veracidade mesmo, ou seja, é uma guerra meio nichada (pelo que eu entendi do bolo todo). Enfim, achei as explicações jogadas e não entendi muito bem o que é o caos, o fenômeno, o catalisador? E quando eu achava que viria algo mais esclarecido, eles decidiram parar de falar e cortavam a informação.
Sobre os monstros: As explicações dos monstros são bem no estilo globo repórter kkkk quem são, onde vivem, o que fazem, o que comem (mas eu gostei tá, porque fica explicadinho). Gostei dessa coisa de os criminosos ficarem marcados e os monstros conseguirem ver pra matar eles e tal, achei interessante. É legal como os humanos escolhem a maldade, mas tentam transformar os monstros, que agem por instinto, nos verdadeiros vilões, quando na verdade os vilões são os seres humanos, já tudo que existe de ruim advém deles e dos seus crimes e erros. E por isso mesmo eu entendo super os monstros querem fazer uma revolução né, já eles surgem dos problemas humanos mas o humanos repreendem eles e tem medo deles. Eu ainda tô meio confusa sobre as marcas e sucumbir às trevas/sombras e tudo o mais que envolvem os sunais.
*Recapitulação básica: Corsais: carne e osso (atos violentos, mas não letais); Malchais: sangue (homicídios); Sunais: pecadores/pecados (crimes de maior proporção, que tiram muitas vidas).
*Algumas páginas onde tem explicações dos seres: 51, 106, 157, 175, 244 - 247, 281 (devem ter mais páginas, mas anotei só essas mesmo).
Sobre os personagens: São ok, apesar de meio rasos as vezes. Eu gostei bastante da irmã do August, ela é meio enigmática e eu queria ter visto mais dela ao longo do livro. Algo no jeito dela me fez lembrar a Alessandra Negrini de cuca em cidade invisível kkkk não sei por que. Os outros tô meio sem opinião.
Falando da duplinha separadamente: Achei eles uma boa dupla, funcionaram bem e eu gostei de como foram as interações deles. Graças a deus não teve nada romântico entre eles (não duvido que tenha no próximo, mas ainda bem que não teve nesse). Gostei de como o relacionamento deles segue e se desenvolve, foi de uma forma bem natural e ok. Eu já tinha ouvido umas coisas desse livro e por algum motivo o povo dava a entender que teria romance, e como eu falei, ainda bem que não teve porque eu acharia muita forçação, porque não cabia nada disso aqui no momento.
Kate: Ela é um pouco estereotipada, passa uma vibe meio menina durona descolada, aquela coisa bem caricata sabe, mas ela é destemida e isso é admirável (além de ser muito impulsiva e orgulhosa, mas aí não é admirável não kkk). No começo ela é meio chatinha e ?mimada?, mas ser meio mimada acho que é proposital e ela também é muito nepo baby né kkkk. Pra mim o principal traço da personalidade dela é ter daddy issues, por vezes ela me pareceu uma rebelde sem causa, porque na verdade o que ela quer mesmo é a validação do pai (que tá cagando pra ela, diga-se de passagem). O pai dela é muito mentiroso e ela era meio cega sobre ele, bem ingênua e inocente, mas depois ela acorda (ainda bem ?) e manda matar o pai, inclusive sobre isso eu fiquei bem chocada que eles realmente mataram o cara, não tava esperando por isso. Ao longo do livro eu meio que fui ?aprendendo? a gostar da Kate, não que eu não gostasse dela antes, mas achava sei lá. Gostei que ela evoluiu e deixou de ser boba em relação ao pai. Gostei das partes que ela fala da mãe, achei sensível. Só não entendi porque ela não sofre influência do August e fica boca de sacola como todo mundo.
August: Eu gosto de August, ele é um pouco inseguro, meio tontinho as vezes mas ao mesmo tempo ele é corajoso e muito reflexivo. Gostei dos questionamentos do August sobre vida, sobre o ser humano, sobre ser um monstro e tudo ser uma ilusão e ele se sentir um intruso e uma mentira. Gostei de como ele se enturma e tenta pegar coisas humanas, tipo quando ele dá uma risada e diz que é uma sensação boa. Ele é meio boca de sacola e sem papas na língua, amei os chegas pra lá que ele deu na Kate (sobre o pai, sobre não aceitar um não?). Por isso também que a Kate descobre super rápido que ele é um sunai e que tá mentido a identidade, mas também não é como se ele tivesse se esforçando pra esconder alguma coisa de qualquer forma né.
Sobre o desfecho: Achei meio doido ela só ir embora assim do nada. A cena da morte do Léo foi meio sem graça, foi muito fácil, apesar de que não estava esperando, mas ainda assim achei que ficou meio bobo. Poderia ter sido mais grandioso e impactante já que é uma reviravolta interessante (páginas 350 - 354).
Mas é isso, acho a Victoria bem ousada e ela não tem medo de fazer coisas pra agitar a história. O início é meio arrastado, apesar de fluido, mas depois fica movimentado e te prende mais. É um livro nada demais, e foi o que disse, talvez pré adolesce ou recém adolescentes gostem e se sintam bem mais envolvidos. Vou ler a continuação pois gosto da autora, até fiquei interessada pra saber o que acontece depois desse livro porque fica um final meio amplo e em aberto do que pode vir, mas confesso que não dá aquela super vontade não, mas como quero saber como termina, eu vou ler. E eu adoraria ver essa história numa minissérie.