Carous 20/09/2020*Gatilhos: racismo, LGBTfobia, violência policial, violência*
"Seinfield" foi uma sitcom americana dos anos 1990 rotulada como uma comédia sobre o nada.
Foi a mesma sensação que tive com "Ninguém nasce herói". Aquela sinopse gigantesca que ocupa completamente as orelhas do livro (mal deixando espaço pra bio do autor), nos leva a crer que a história é uma distopia com muita ação sobre jovens que se levantam contra o governo autoritário de onde vivem, igual "Fúria Vermelha" ou "Jogos Vorazes".
Foram 9 temporadas acompanhando a rotina trivial de Jerry e seus amigos em "Seinfield". E foram 373 páginas fazendo o mesmo Chuvisco e seus amigos. Só que sem o humor e os absurdos da atração.
Confesso que gostei mais do seriado do que do livro. Cheguei a deixá-lo de castigo como uma alternativa para não abandoná-lo.
Minha nota não é reflexo da falta de ambientação política ou da sinopse meio enganosa (vi alguns leitores decepcionados com os dois, mas eu poderia viver com isso). Francamente eu fiquei aliviada porque era um gatilho que eu não precisava sentir. Muito perto da nossa realidade, sendo que Eric Novello escreveu isso na época do governo Temer.
Dei 2,5 e depois alterei para 3 porque até a página 203 a história estava chata, enfadonha. Como prometido em algumas resenhas, melhora a partir do capítulo 20, mas até chegar nesse ponto, o estrago foi feito.
Mas culpo a Seguinte pela decepção que outros leitores tiveram com o conteúdo. As editoras *precisam* melhorar a propaganda do seu produto. Já não é a primeira vez que a Seguinte vende um livro de jeito e ele é de outro.
Chuvisco é um personagem indiferente pra mim. Seus amigos também não chamaram a minha atenção, embora fossem 1% mais interessantes que o protagonista (e não tinham as tais catarses criativas, o que já era um ponto a favor).
Não tenho muito o que dizer sobre o texto do Eric. Parecia mais impessoal do que o conto que li dele, mas não é ruim.
Mas a história demorou a engrenar e até conseguir parecia que ele estava enchendo linguiça e dando voltas sem chegar a lugar algum.
E as catarses criativas do Chuvisco...
No início elas me confundiram, mas depois me irritaram um tiquinho.
Não entendi por que o autor floreou o diagnóstico de Chuvisco: ele é, provavelmente, esquizofrênico. Está em surto e às vezes alucina. Pronto, eu solucionei pra você. Toda aquela papagaiada de borboleta e armadura... queria cortada na versão final.
Apesar das críticas negativas, apesar de ter levado mais tempo para concluir do que previsto, apesar da nota, é uma leitura que vale a pena e agradável para quem não se apegar ao que informa a sinopse.