O Pai Goriot

O Pai Goriot Honoré de Balzac




Resenhas - O Pai Goriot


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Valter.Guedes 04/06/2022

Ridicularizado, o velho Goriot é um móvel em seu quarto, sendo o quarto praticamente uma alegoria para a cidade de Paris. Orbitado pelos amores nunca alcançados e dele afastados pela força contrária à gravidade de seu desejo por poder, Goriot é terra infértil para os anseios de Eugène Rastigna que necessita, como todos, de um ponto para situar seus sonhos, mas se a realidade do velho Goriot é o que é, como pode ele estabelecer seus anseios por seguir o mesmo caminho do velho, tendo se tornado aquele homem tão poderoso em nada?
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MatheusPetris 10/01/2022

Fico intrigado com romances cujos títulos levam nome de personagens. Acabo por esperar um protagonismo que se evidencia do início ao fim; por uma proximidade íntima com ele, como um tête-à-tête entre o leitor e ele. Aqui, isso se orienta em outra direção. Goriot, o velho misterioso hóspede da pensão Vauquer, é uma espécie de centro gravitacional da narrativa. Quando nada é sobre ele, ainda é sobre ele.

A pensão, espaço privilegiado do livro e, diga-se, o nosso ponto de vista, carrega personagens fortes, ainda que pouco explorados. E não me refiro a esse detalhe como um ponto negativo, afinal, tais forças são sempre demarcadas no distanciamento e zombaria de todos com Goriot. Começamos sabendo pouco sobre eles e terminaremos assim. Todavia, sabendo muito sobre as agruras de uma sociedade mesquinha, torpe e, no caso dessas maleficências, sem distinção de classe. Mas há exceções. O jovem (e utópico, caso não considerem um pleonasmo) Rastignac é também uma força protagonista, quiçá, o que mais conhecemos, aquele do qual o narrador mais se aproxima.

Há mesmo? Pois, como dizem, “Em Paris o sucesso é tudo, é a chave do poder.” É nessa busca que tantos se encontram, ou melhor, se afirmam. E não se trata apenas de um sucesso alcançado, ele deve ser visto. Pois, seja na sociedade parisiense ou na nossa, mais importa o momento exibido do que vivenciado. Se trata sempre de aparências. Seja no nível da indumentária, quanto do meio de transporte. E é justamente através dessa luta consigo pelos outros e com os outros, que as filhas de Goriot mergulham – mesmo que na lama. Em dado momento, Balzac afirma: “Joguem a sonda, jamais conhecerão sua profundidade”, ao se referir a uma possível investigação da sociedade parisiense. Ciente da impossibilidade, vai atrás dela, perscruta e encontra tal lamaçal. Ou melhor, nos pensamentos de Rastignac: “Via o mundo como um oceano de lama no qual um homem mergulhava até o pescoço se ali molhasse o pé.”

Se na iminência da morte, aquela que recebeu não só a vida, mas teve todos seus caprichos possíveis realizados, prefere terminar seu toalete para chegar antes ao baile, do visitar seu pai, moribundo e prestes a morrer; como acreditar em algo? Como amar? São perguntas minhas, mas poderiam ser de Rastignac. E, se me permitem a paráfrase, ao menos, o parricídio foi elegante.

Todavia, “deixemos a sociedade, hoje quero ser muito feliz.”. Saqueio falas para chegar no amor, afinal, “O amor em Paris em nada se parece com os outros amores.”. Digo ainda de outro modo. O amor de Balzac é muito diferente dos seus contemporâneos, pelo menos nesse romance. Fazendo uma breve analogia, pensando em seu conterrâneo Stendhal que se debruçou sobre o amor não só em ensaios, mas sendo ele a seiva de tantos dos seus romances… Eles não o tratam de forma tão distante? Em Stendhal, ele circula a narrativa, a ronda, a faz rodopiar, cria crenças e destrói credos. Em Balzac, ela circula em segundo plano, quase fora da moldura. É como se não houvesse espaço no quadro, as personagens estão tão ensimesmadas em seus objetivos, que ele não tem força para agarrá-las, conquanto em Stendhal, é justamente através dele que o ensimesmamento ocorre. Isto é, para Balzac “o amor é uma religião, e seu culto deve custar mais caro que o de todas as outras religiões”, ou seja, o custo vai para além dele mesmo… Para a sociedade. O cinismo contaminara Balzac? A citação a Diógenes não foi atoa…


Ou, se pensarmos nas derradeiras e dolorosas páginas finais do livro, Balzac o enxerga cinicamente. A começar pela estrutura do desenvolvimento final, pois, quando a história caminha para uma resolução fortuita, numa ascensão contínua, a queda vem para relembrar a realidade.

Num abandono, em uma espelunca mal iluminada por uma vela, os ataques de insanidade (ou seriam sanidade) de Goriot revelam seus mais profundos pensamentos, aqueles que se recusou a acreditar durante toda sua vida. Entre insanidade e sanidade, momentos de revelação. Principalmente para Eugène Rastignac. Antes crente no amor, ao presenciar os verdadeiros atos da alta sociedade, pode enfim, enxergar sua verdadeira podridão.

A reflexão gerada pela iminente morte pode ser representada por Ivan Ilitch, personagem da famosa novela de Tolstói. Goriot e Rastignac, assim como Ivan, compreendem não só o passado dos quais foram peças (hoje desgastadas), mas o caráter daqueles que os rodeiam. Alguém se salvaria? Difícil dizer. O poder tem um grito que me impede de ouvir a resposta. A solitária morte dos pobres é a constatação de uma sociedade inescrupulosa. Para seus protagonistas… e para nós.
Thami 10/01/2022minha estante
O dia que eu conseguir fazer uma resenha assim, eu venci na vida


MatheusPetris 11/01/2022minha estante
Hahahha, agradeço as palavras. Mas sinceramente, nunca estamos satisfeitos com nossos próprios escritos... :(




Iago.Messias 24/11/2021

O Pai Goriot
A discussão principal do livro, moralidade e ambição, é desenvolvida de diferentes formas por diferentes personagens, o que adiciona múltiplas camadas oriundas das diferentes situações. As ações de alguns personagens podem parecer burlescas, mas elas servem ao propósito de contrastar o egoísmo de alguns com o altruísmo de outros.
Caricatural ou não o livro apresenta o que existe de mais mesquinho em uma sociedade que vive de aparências, onde atos nobres são rapidamente esquecidos e atos vis rapidamente perdoados
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underlou 11/10/2021

De início, "O Pai Goriot" apresenta um extenso rol de personagens paralelos (em torno de quinze pensionistas), de modo que a leitura se torna um pouco truncada. Mas após as devidas descrições e conforme as ações de cada personagem se tornam mais delimitadas, a leitura flui.

É interessante que, dentre os caracteres, destaca-se Eugène de Rastignac, mesmo diante do personagem-título, o qual de fato só ganha mais destaque pouco depois da metade do livro, quando segredos sobre si veem à tona.

A sobreposição de Rastignac, sem dúvida, é devida ao fato de que a temática da ambição quase pode ser imbricada no seu rosto; afinal é ele que demonstra ter "os rins mais fortes, o sangue mais rico em ferro, o coração mais quente que os outros homens". Entretanto, ambiciosos são todos os outros personagens, cada qual à sua maneira, de modo que na figura de Rastignac o autor imprime um certo tom de aprendizagem, como se lembrasse o quão juvenil são alguns anseios, como a ascenção social a todo custo.

Ao final, quando descobrimos o segredo sobre o pai Goriot, temos um confronto expresso entre os sentimentos do jovem estudante e a sujeira exposta a partir das relações de pai Goriot com suas filhas, as quais já estão habituadas a viverem numa "sociedade mesquinha, pequena, superficial", enquanto o velho pai agoniza. Rastignac, por sua vez, vê-se atormentado pela sensação de que "via o mundo como um oceano de lama no qual um homem mergulhava até o pescoço se ali molhasse o pé". Por um instante, no entanto, ele próprio havia molhado o pé no lamaçal parisiense.
Qlucas 11/10/2021minha estante
Só não li, conjuntamente no grupo, pois estava atarefado...




C9 27/09/2021

Grande obra
Me arrependo de não ter feito anotações para fazer a resenha enquanto lia. Essa obra tem uma construção de personagens incrível. As personagens não tem aquele esteriótipo maniqueísta, mesmo a pessoa mais desgraçada tem algo para ensinar. O autor consegue subverter suas expectativas. Personagens que a princípio você diria que são as pessoas mais podres se mostram mais honrados do que os que são vistos como pessoas nobres, não por mérito de desses(os primeiros), mas porque o sujeito nobre é tão maldito que faz aqueles parecerem anjos, o que mostra muito da hipocrisia do mundo.
Eu poderia dizer mais, mas acho que faltariam palavras para escrever todas as reflexões que extraí dessa obra. O resto fica para quem tiver curiosidade!
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Teco3 12/09/2021

A burguesia da primeira metade do século xix
O livro começa nos apresentando a pensão Vauquer, onde vivem os dois personagens principais da história, pai Goriot e Rastignac. O primeiro é ex industrial burguês que perdeu tudo ao tudo dar as duas filhas, assim como o Rei Lear de Shakespeare. Já o segundo é um pobre nobre que busca ascender socialmente a todo custo, acabando por ser tornar um parasita na sua família de fidalgos miseráveis. Goriot e Rastignac ligam o núcleo rico e pobre da trama, além de serem, de certa forma, como duplo: enquanto um é todo bondade e ingenuidade para com sua familia, o outro é todo egoísmo.E o contato e a aproximação entre eles leva a um final em que ambos absorverem um pouco da característica do outro, levando a uma espécie de equilíbrio moral aos protagonistas em seus momentos derradeiros. A Paris de Balzac é fina esteticamente, mas moralmente um lodaçal. E nesse fasfalhar de vestidos elegantes sobre a lama, Balzac cria uma trama que prende o leitor. Destaco a queda da Viscondessa, uma das rainhas da alta sociedade parisiense, como Balzac soube dar dignidade a uma mulher que estava em completa humilhação pública. Os momentos finais de pai Goriot emocionaram, e a resolução final de Rastignac de andar de sapatos lustrados mesmo em meio a lama mostrou que ele aprendeu bem com sua professora.
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Kel 08/09/2021

O começo é um pouco sem graça, mas o autor vai desenvolvendo os personagens e trazendo o leitor ao texto de forma magnifíca, ambientando Paris e dando a sensação de que estamos realmente tentando vencer, ou acompanhando alguém querendo vencer.
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Fresta0 30/08/2021

O pai Goriot, depois de ter se devotado à criação das duas filhas, foi relegado ao abandono. Após consumirem a riqueza paterna para ingressar no estreito círculo da aristocracia francesa, as filhas veem no homem, sem berço e agora também sem posses, a razão de sua vergonha pública. A renegação do pai é o sintoma de uma sociedade frívola, hipócrita e corrupta, em que ?a fortuna é a virtude?. Essa mesma elite é a aspiração do estudante Eugène Rastinag, que, vindo a conhecê-la de perto, hesitará entre aceder ao desejo ou sacrificar a própria consciência. Nós somos um pouco ele, balançando na corda da tentação dos caminhos fáceis.

@fresta.lit
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Cdmm 09/07/2021

Ser pai é padecer no paraíso.
Triste relato social de Paris no início do século XIX onde pertencer à nobreza cobra um alto preço moral. Pobre pai Goriot.
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Ramalho 29/06/2021

O livro tem uma estrutura intimamente unica. é o primeiro livro de Balzac que leio e posso dizer que já consegui pegar os meandros que o fazem ser um autor único.
Para começar, o autor introduz conceitos muito enraizados entre a divisão da razão e da emoção; essa contradição particular é uma estrutura muito complexa e acaba levando suas personagens a entrarem em contradições muito humanas e psicológicamentes verosímiles com a realidade (o que pode caracterizar a abertura de Balzac para o movimento realista, mesmo eu considerando a sua estrutura de texto romantizada). Estas são inovações unicas e que, acredito eu, está presente em quase todos os seus textos; afinal isso acaba com nossas expectativas perante os atos e os plots da narrativa. Enriquece os personagens mesmo levando eles para lugares onde não esperávamos. Ninguém é totalmente bom nem totalmente mal. Rastignac é um idiota emocional, mesmo a emoção o levando a um abismo financeiro. O mesmo acontece com as filhas de Goriot que pela intocabilidade acabam renegando o pai.
Eu não sei se essa estrutura é de fato consciente ao autor, logo que pelo que notei a obra é uma critica e um retrato para a paternidade e isso fica bem obvio, mas, consciente ou não, o autor consegue. e faz uma esturutura humana que não vemos em nenhum outro autor em seu tempo. (Pelo menos eu não li ainda). É um livro muito cômico, cheio de personagens incriveis e cheio de furos nas nossas expectativas.
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Giulia 24/06/2021

Fiquei surpresa
Eu particularmente jamais teria lido esse livro por conta própria, tive que lê-lo para a faculdade. A princípio, pensei que seria uma leitura tediosa e desinteressante, mas acabei gostando bastante da trama e dos personagens!
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Adriana1161 22/06/2021

Falsa sociedade
Outro clássico maravilhoso, rico e muito importante! Realismo francês.
Faz crítica aos códigos sociais e à sociedade francesa em geral.
Tem descrições detalhadas e passagens hilárias!
Pode-se traçar um paralelo com Crime e Castigo.
Fiz leitura conjunta com o pessoal dos Clássicos Franceses.
Personagens: Pai Goriot, Eugène de Rastignac, Delphine de Nuncingen, Anastasie de Restaud, Vautrin, Horace Bianchon
Paris - 1819
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Lia 05/06/2021

Sinopse: Vindo do interior, o estudante Rastignac chega a Paris cheio de ambições, vigor e ilusões efervescentes. Na pensão onde se hospeda, conhece os mais diversos tipos, dentre eles o pai Goriot, um octogenário ofuscado pelo amor infinito que dedica às duas filhas, que o abandonam. Ansioso por integrar a ?alta sociedade?, Rastignac vê os seus anseios de juventude confrontados com a crueza e a ferocidade das relações sociais, o poder deformador do dinheiro e o jogo de alianças, ciúmes e interesses. Com seu virtuosismo descritivo e narrativo, Balzac (1799-1850) traça o retrato da capital francesa no início do século XIX, seus ambientes, ruas e habitantes ? de uma hospedaria simplória à grande mansão aristocrática, do foragido cheio de ardis ao escritor brioso, passando por mesquinhos políticos, condes e condessas ?, e conta uma história de incrível atualidade, em que a firmeza de caráter e o amor de Goriot constituem, para Rastignac, o necessário contrapeso à pressão exercida pelo vício sobre a virtude. (sagaliteraria.com.br)

- Existe limite para a expressão do amor?
- Como sobreviver a uma sociedade desonesta, fria, interesseira?
- Quem, de verdade, está ao nosso lado na hora da morte?

AMAR DEMAIS PODE CAUSAR DANOS A QUEM AMA E A QUEM É AMADO.
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