spoiler visualizarlarinho3000 11/02/2023
Maestria sufocante!
Esse livro tem um jeito de entrar no seu código genético, faz você pensar "caramba essa sou eu", quando vocês não poderiam estar mais distantes.
gosto que a esther não sabe aonde tá indo, apesar de toda essa genialidade crua. esse "não saber" do início ao meio é muito bem colocado, com ela dizendo que sabe que não vai se casar e que é neurótica tipo A. gosto que o Brasil é mencionada pra descrever uma chuva que alagaria São Paulo inteira. gosto que ela teve um primeiro namorado, igual a mim e igual a quase toda menina "esquisita" que topa com esse livro no colo. gosto como eles parecem todos iguais quando vistos de uma distância. não poderiam ser mais diferentes.
não há aviso de gatilho suficiente pra explicar como a sylvia consegue encapsular a experiência de ser reduzido às luzes azuis da terapia de eletrochoque, com a personagem narrando tudo num vai-e-vem vertiginoso. esse recurso cria uma esfera de dúvida no leitor a respeito do quanto tudo aquilo aconteceu, se a joan existe, se realmente a vida na faculdade era tão distante da experiência social dela dentro do sanatório, etc.
muitos dos fios ficam com as pontas soltas, mas criam nesse propósito uma colcha de retalhos que reflete com precisão dolorida essa "descent to madness" que é tocada com tanta sensibilidade, crueza e crítica.
com isso em mente, fico feliz que esse livro foi pra mim, pois em quase toda passagem que explodia minha mente eu ficava "pai amado isso não é pra todo mundo". só leia se der.
?