Maikele.Jardim 08/01/2023
primeira leitura do ano
bom, esse ano eu decidi me dedicar a leitura de livros espiritualistas e de desenvolvimento pessoal.
eu tava no sebo só ler (um sebo que eu gosto muito de ir em porto alegre) e esse livro me chamou atenção, não me contive e acabei comprando ele e outro romance espírita também.
essa história me chamou atenção por se tratar sobre a época escravagista no Brasil, pois sei que foi uma época de muita dor e sofrimento, lembrei também dos Pretos Velhos e iniciei a leitura no mesmo dia.
o livro conta a história de Uba, que vivia numa aldeia na África e era feliz por viver sua liberdade num lugar de natureza com sua família. um dia, homens que compram escravos invadem a aldeia e pegam a força homens jovens e fortes, e Uba é escolhido para ir junto. de repente, toda aldeia se depara com violência extrema, armas de fogo (cujo eles não tinham conhecimento) famílias são separadas, há mortes e os homens escolhidos são trazidos a força pro Brasil em navios. chegando no Brasil, sem saber falar o idioma daqui, são recepcionados por outros escravos que tentam lhes confortar e ajudar nesse momento de dor. Uba não entende o porquê disse lhe acontecer, mas com ajuda de Bastião, um escravo mais velho que sempre morou na fazenda em que ele precisa trabalhar, aprende valiosas lições sobre aprender a amar o trabalho e sua vida dali em diante. em nenhum momento esse livro romantiza a escravidão e os atos de violência cometidos naquela epoca, é um romance espírita; ou seja, foi psicografado pela autora a história de um homem negro que teve sua vida mudada da noite pro dia e tudo que ele precisou passar e aprender nos anos que viveu no Brasil. Uba (que se tornou João) precisou aprender a gostar de trabalhar, sentir empatia, parar de reclamar e agradecer pelas pequenas coisas, assim como ajudar seus irmãos quando estes sofriam. a história é realmente emocionante, tem muitos ensinamentos que vou aplicar na minha vida. vou deixar aqui algumas frases que me chamaram atenção:
"Maldades enlodam o espírito e para tirar esse lodo, são necessárias muitas lágrimas de dor. Porem, somente vencemos nossas más tendências e vícios quando temos oportunidade de desfrutar deles e os recusamos. Inácio somente poderá afirmar que não irá se embriagar se puder tomar aguardente e não a beber. Para quem comete atos de crueldade, a prova é ter oportunidade e não comete-los. E eu? De não precisar trabalhar e me dedicar com carinho ao trabalho. Se isso ocorrer, poderei afirmar: realmente gosto de trabalhar."
"A vida não é somente trabalhar menos e comer melhor, existem muitas outras coisas. Penso que seria bom não ser escravo, ter tido uma companheira, amar e ter filhos. Se isso ocorresse, com certeza, teria também momentos difíceis, porque todos nós morremos; crianças, escravos, e pessoas livres, todos adoecem, e nada dura sem trabalho. Por que não tentou fugir? Porque não tinha planos e fez bem. Não é fácil encontrar um quilombo, e a vida lá também é difícil. Sua vida poderia, sim, ter sido mais fácil se você não invejasse. A inveja é um sentimento ruim de comparação e normalmente, comparações são extremamente desagradáveis. Por que ele e não eu? Recebi isso e outro, muito mais! Aquele é assim e eu não! Isso só lhe fez mal e o tornou antipático."
"Se temos de passar por dificuldades, é melhor seguir caminhando; driblando a dor se encaramos sorrindo. Mas, se preferir passar por elas lamentando, é como caminhar de joelhos, tudo se torna mais difícil, e piora se nos arrastarmos pelo chão."
essa história me fez refletir quantas vezes reclamei de barriga cheia. se temos saúde, casa, trabalho de que vamos trabalhar? de maneira alguma falo isso como forma de me sentir superior a ninguém, mas como maneira de reconhecer que minha vida é cheia de bençãos e que sempre podemos ajudar nossos irmãos e que é assim que podemos nos elevar e nos conectar ao amor de Deus.