Um amor incômodo

Um amor incômodo Elena Ferrante




Resenhas - Um Amor Incômodo


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Tati 14/07/2017

Reli para participar de um grupo de leitura e é, definitivamente, meu livro favorito da Ferrante fora da tetralogia. Acho que só agora consegui entender boa parte da estranheza que ela propõe e como é difícil montar o quebra-cabeça criado pelo enredo. E é um livro ótimo para discutir, aliás, é bonito como os livros de Ferrante provocam esse sentimento para fora, como se fizesse parte da experiência de leitura falar à exaustão a respeito deles. F-errante, parece que o movimento dos livros dela é o (de) vagar.

A relação mãe-filha é o assunto principal de Um amor incômodo e é o livro em que ele é mais explorado. Penso muito no que Contardo Calligaris diz sobre isso: nem toda relação entre mãe e filha é horrível, mas as que são, são muito horrorosas. Entre Delia e Amalia é horrorosa porque não houve uma separação. A grande questão em jogo, a meu ver, é a simbiose entre os corpos das duas. Delia não sabe o que é ser uma mulher separada do corpo da mãe, tanto que as identidades das duas se confundem quando a mãe morre. Sabe-se pouco sobre quem é Delia antes dessa morte, basicamente só que ela seguiu uma profissão relacionada a quadrinhos. O processo de luto vai envolver lidar com a perda mas principalmente saber o que fica nela que foi da mãe.

Ao mesmo tempo, Delia não sabe quem foi Amalia. Esse duplo aparece o tempo todo no enredo e fica muito claro quando se fala nas roupas. Delia convive com a culpa por ter fantasiado que entregou a mãe à violência do pai quando era criança e isso a impediu de saber um pouco mais sobre Amalia. O tom de suspense que o livro adquire é mais pela tentativa de Delia agora explorar quem era a mãe do que a descoberta dos acontecimentos em si. Mas, aí vem novamente a dicotomia, ela sabe, desde a saída, que é impossível saber quem era a mãe porque suas memórias de infância são traiçoeiras.

A forma como Ferrante vai construir sua obra já se encontra presente em Um amor incômodo e é impressionante como esses temas sempre surgem de forma circular mas nunca repetitiva. Algo que é próprio desse livro é a forma onírica como ele é contado. Eu sou uma pessoa normalmente distraída e muitas vezes me perdia durante a leitura porque é como se Delia realmente estivesse em um movimento de ser levada pelos acontecimentos e as únicas formas de autonomia que visualizamos é em relação às suas memórias. Só que elas não dão nem sinal de quando vão aparecer e a releitura foi muito proveitosa nesse sentido, perceber como um fato do presente levava a outro do passado que sempre tinha a ver com violência.

E é evidente que Ferrante estava muito influenciada pela teoria da sedução e o conceito de fantasia em Freud. O livro é um prato cheio para quem quiser se debruçar sobre esses temas.
alineaimee 18/09/2017minha estante
Amei sua resenha, Tati! Vi um monte de gente dizendo que não gostou, que achou o mais fraco, e eu WHAT???? Você explicou muito melhor o que tentei esboçar na minha resenha. Eu sabia que você teria muito a dizer sobre esse pequeno gigante! :)


Vera.Marcia 02/02/2018minha estante
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Vera.Marcia 02/02/2018minha estante
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meriam lazaro 14/04/2018minha estante
Amei o livro e a tua resenha é formidável. "Um amor incômodo" é daqueles livros que ficam com a gente, depois de lidos, soprando letrinhas ao pé do ouvido. Fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que não gostaram!? Acontece. Boas leituras


Nath 28/08/2020minha estante
gostei demais da sua resenha! eu estou atrás de outros livros que abordem a relação mãe-filha com essas problemáticas ou parecidas. você conhece algum outro livro?


Lisbeth.Pereira 04/09/2020minha estante
Olá, vc se importa em me dizer que grupo de leitura é esse? Estou procurando um p/participar...


Marcia.Medeiros 20/03/2021minha estante
Uau!!!Que resenha? Parabéns


Gabriela.Rocha 16/04/2021minha estante
Perfeita a resenha! Vim olhar direitinho de quem era, pra admirar, e percebi que ja a admiro! Minha professora no curso Frantumaglia, crítica feminista e psicanálise! Tati, você é excepcional. ?


Belle Araújo 13/11/2021minha estante
Tua resenha é sensacional! A melhor de todas que li e assisti sobre o livro, tu realmente conseguiu expressar aquilo que o livro nos faz sentir. Muito obrigada por colocar em texto aquilo que nós sentimos mas não conseguimos expressar ?


Ramos 06/01/2022minha estante
Guria, me faz querer o livro só pela resenha.. apaixonei ?


fab 05/07/2022minha estante
Resenha mais que maravilhosa. Terminei o livro recentemente e fiquei perdido em algumas partes, consegui esclarecer boa parte aqui.


Gabi 13/10/2022minha estante
Adorei seus comentários e lendo ele me dei conta de que terminamos o livro sem saber quem é a Delia. Claro que há o luto, mas parece que essa centralidade de falar mais da mãe não parece ser algo apenas do momento de sua morte. Fiquei sem saber da Delia e o mínimo que soube (trabalhava com quadrinhos) li com surpresa porque eu não sabia e fui levada a talvez nem querer saber, pois também fiquei mais fascinada pela Amalia.


Julia 01/12/2022minha estante
Esse livro me arrebatou de uma forma! Por isso sou apaixonada na Ferrante, ela nos trás sentimentos que muitas vezes não queremos, mas precisamos!


Benedito.Almeida 25/04/2023minha estante
Livro chato, estou nos 50% e até agora esperando que a autora me surpreenda, contudo acredito que vai ficar nisso mesmo. Leitura linear, sem muita coisa a oferecer.


Camila W 09/09/2023minha estante
Resenha maravilhosa




Flávia Menezes 08/05/2023

?E SE FREUD NÃO EXPLICA? JUNG PODE EXPLICAR!
?Um Amor Incômodo? é um livro escrito pelo pseudônimo de Elena Ferrante, cujo verdadeiro nome e identidade permanecem uma grande incógnita até os dias atuais. Este é o primeiro livro escrito pela autora (vou usar aqui esse gênero para facilitar a referência), tendo sido publicado em 1992, porém que só chegou em terras brasileiras em maio de 2017.

Esse foi o meu primeiro contato com a escrita de Elena Ferrante, e confesso que não fazia ideia de que esse fosse seu primeiro romance escrito. Mas se soubesse, até teria ficado mais curiosa, porque é uma delícia sentir a essência da escrita acontecendo exatamente nos primeiros passos do escritor.

Mas mesmo não sendo esse o motivo de ter escolhido exatamente esse livro e não os da tetralogia napolitana, ler as primeiras linhas (chocantes!) desta história é o que me fez iniciar sem pensar duas vezes. Que maestria Ferrante teve em abrir a sua história com o suspense, e ir desenrolando-o até o último ponto final. Não há como negar o quanto a sua escrita é primorosa, e nos envolve com muita facilidade.

Enquanto lia, muitas das cenas me recordaram o filme ?Cisne Negro?, de 2010, que foi estrelado e protagonizado pela atriz Natalie Portman, que inclusive a concedeu o Oscar de Melhor Atriz pelo seu papel como Nina, uma bailarina tão obcecada pela dança quanto pela relação (simbiótica) com a sua mãe.

Assim como Nina tinha uma visão da onipresença da mãe, Délia, a protagonista desta história, também tinha. O que me levou a concluir que aqui também houve um debruçar com mais profundidade na psique da protagonista. Uma suspeita que acabei confirmando, ao encontrar um artigo online que dizia que Ferrante chegou a afirmar que o título original deste livro, ?L´amore molesto?, tem referência ao texto de Sigmund Freud, ?Sexualidade Feminina? (1931), que discute a fase que antecede o Édipo das mulheres.

Uma das afirmações que Freud fez ao longo da sua vida e carreira, é que o entrecruzamento do Édipo com a lógica da castração, a partir da supremacia do falo (ou seja, do órgão sexual masculino), determina a inexistência de um significante que simbolize o sexo feminino. Trocando em palavras mais simples: não existe uma saída do Complexo de Édipo para mulheres, e o desenvolver da nossa feminilidade é muito mais complexo do que ocorre com os homens.

Mas muito embora o "pai" (entre aspas, porque ele não é o pai) da psicanálise tenha encontrado limitações para essa condição da forma como se dá o desenvolvimento do feminino, Jung não se deu por vencido, e tentou ampliar um pouco mais o conceito desenvolvendo o ?Complexo de Electra? para explicar essa etapa do desenvolvimento psicossexual envolvendo as meninas, que resulta na passagem do primeiro amor da filha pela mãe, para o pai.

Tanto Édipo quanto Electra são nomes retirados de mitos, onde no primeiro o filho mata o pai para ficar com a mãe, e no segundo, Electra planeja matar a mãe motivada pela raiva e rancor da ausência do amor materno por ela. A semelhança entre os mitos está no fato de que para que aconteça o desenvolvimento psicossexual da criança, o amor pelo seu genitor do sexo oposto deverá aumentar.

Fazendo essa breve introdução a esses conceitos, agora fica mais fácil discorrer sobre o que vi e senti com essa história.

Uma das coisas que achei muito bonito na narrativa, é que Délia vai fazendo um caminho de volta aos lugares da sua infância, a começar pela casa materna, e terminando no mesmo local onde sua mãe esteve com vida pela última vez. Digo isso porque existe uma grande beleza por trás dessa forma como a protagonista não apenas vai revivendo suas experiências do passado, mas como também vai tentando delimitar a sua própria identidade.

Logo no começo, quando Délia nos conta sobre a morte da sua mãe, e revela já ter quarenta e cinco anos, duas coisas ficaram bem claras para mim: a relação simbiótica com a mãe, e seu conflito com o feminino.

Quando essa mãe morre, Délia não sabe mais quem é, porque a vida toda ela permaneceu como se ainda fosse um bebê que ainda depende exclusivamente da mãe, e não se vê como um ser separado dela. Isso mostra o quanto Délia ainda é muito infantilizada, e me fez concluir que esta se trata de uma protagonista com sérios problemas psicológicos.

De fato, para mim, Délia fica transitando entre o mentalmente saudável para o psicologicamente perturbada, porque a frequência com a qual uma mulher de quarenta e cinco anos tem de pensar no corpo e na sexualidade da mãe, não é algo normal. Mulheres adultas de mais de quarenta anos e psicologicamente saudáveis, já terão a sua vida sexual bem estabelecida, sem precisar buscar referencial externo, muito menos na própria mãe.

E foi isso que me fez pensar que Délia deveria sofrer de algum transtorno, porque a forma como tudo se resumia ao corpo feminino da mãe, e sua atividade sexual com seus parceiros, parecia algo vindo de uma mente delirante e bastante perturbada. Porém, quando ela vai revisitando um lugar da infância, que entre doces e sabores também marcava um abuso sexual ocorrido, temos a certeza de que Délia tem muito mais problemas do que só o vivenciar a dor pelo luto da mãe morta.

Os delírios de Délia sobre mutilação genital e de repulsa pelo período menstrual (algo que é tão próprio de ser mulher, e que nos liga a capacidade de gerar e dar a vida), mostra o quanto ela tem sérios problemas em compreender e aceitar o feminino. E quando olhamos para essa dificuldade, precisamos entender o que existe por trás.

Além de ter sofrido um abuso sexual, Délia passou seus primeiros anos de vida (infância) acompanhando a mãe sofrer nas mãos de um pai violento e abusivo. E para completar o cenário, ela foi arrastada para o caso extraconjugal da mãe, onde a via trocar beijos e carícias com seu amante, para logo em seguida ser abandonada para ser molestada por homens que tinham acesso livre à ela.

Não tem mesmo com uma mulher como essa desenvolver uma vida sexual adulta, ativa e saudável depois de ter crescido em um lar disfuncional, e quando fora, ainda ser jogada em outros ambientes tão nocivos e abusivos quanto o presenciado em sua própria casa.

De fato, o que vemos em Délia é uma mulher adulta que vê seu mundo reduzido à homens predadores e mulheres tão vítimas deles, quanto culpadas por sua sensualidade que os atraí e os faz perder a cabeça.

Quando Délia tem um reencontro com o pai, o momento é bastante comovente, e é uma oportunidade para termos acesso à mente desse homem que é visto como exclusivamente violento e possessivo, tanto quanto dependente e apaixonado pela mãe.

E o que encontramos é o retrato de um homem frustrado, amargurado, e que carrega esse fardo de não ter sido bom o bastante para fazer com que sua mulher o amasse, se consumindo dia após dia pelo rancor de ter sido por ela abandonado. Aqui já vemos o motivo pelo qual a castração freudiana não aconteceu: esse pai estava tão obsessivamente voltado para essa mãe, que não contribuiu para que o processo de separação entre mãe-filha acontecesse.

"Um Amor Incômodo" não é apenas uma história que incomoda, mas é um relato muito doloroso sobre abandono, traumas e abusos, que Ferrante tenta (e com muito sucesso) suavizar com sua escrita leve e fluída.

E muito embora esse livro tenha essa profundidade psicológica, eu senti que essa permanência na mente adoecida de Délia pode dar a falsa ideia de que suas alucinações e problemas podem até ser naturais. E é preciso ressaltar aqui que não é normal uma mulher aos quarenta e cinco anos ficar obsessivamente pensando no corpo e na sexualidade da mãe. Isso é proveniente de todos os problemas psicológicos sofridos pela protagonista.

E para ser bem sincera, ao final da história eu fiquei me perguntando se o intuito de Ferrante era mesmo de trazer a questão da castração freudiana, ou se por trás dessa obsessão da Délia com a mãe não se esconde a verdadeira identidade de Elena Ferrante, que sendo de fato homem, usou aqui o espaço para trazer suas fantasias infantis vindas do seu próprio Complexo de Édipo. E essa é uma pergunta que nem mesmo Freud e nem Jung poderão me responder.
Ana Sá 08/05/2023minha estante
Flááááviiiiaaa (com muitos aaaaa pq me empolguei!!!) ? Sua resenha reorganizou meu conceito sobre a Ferrante:

O resumo que vc faz da obra tem muito a ver com outros dois livros dela que li, então concluo que essa figura do homem predador e da mulher com problemas com o feminino e/ou sexualidade se repetem... Dito isso, te lendo eu entendi meu incômodo: na minha visão, ela traz essas questões de uma forma que, no fim, dão margem pra esse entendimento de que podem ser situações/condições naturais, como vc sugere... Eu sinto falta de elementos que expliquem de fato como se dão certos traços de personalidade, por qual caminho a personagem chegou até ali, sabe! E é curioso pq eu adoro o retrato de certas angústias/distúrbios que ela faz, mas no fim nunca fico convencida, smp termino incomodada, pensando "ah tá bom, então a mulherada é doida e é isso" rs... Estou exagerando, mas é pra expressar onde ficou o meu incômodo smp que fechei o livro dela! rs

Adorei a resenha, me fez pensar e repensar!


Flávia Menezes 08/05/2023minha estante
Aaaah, Ana!! Obrigada!!! Como eu gosto de receber seus comentários! Até porque eu li esse livro pensando exatamente nesse ponto que você falou: das personagens femininas que sempre tem um problema. Mas é fato que a danadinha da Ferrante (ou danadinho) bebeu da fonte da psicanálise, então ela trouxe a questão da castração, mas deixa esee ponto de loucura exatamente pra evidenciar o ponto de forma até mais ?bruta?, ?crua?.
Agora? esse ar dessas personagens podem ter muito dessa cultura de lá, porque ela traz muito o dialeto como uma forma de violência. Até tem alguns estudos feitos exatamente em cima disso. Então sempre vem com essa cara de loucas, ou excessivamente problemáicas, mas no fundo, o que existe mesmo é que ela ?exagera? pra mostrar o lugar da mulher de dor. Vi estudos sobre isso, do gênero e a violência que sofrem e que parece ser um tema recorrente nas obras dela.
Ana, obrigada pelas palavras e por sempre vir com seus comentários que são tão ricos para essa troca de experiências. Gosto muito mesmo de ver a forma como vê, porque me ajuda ver muito do que eu também não vi.
Precisamos fazer uma LC algum dia, o que acha? Seria bem muito bacana. ??


Alexia 09/05/2023minha estante
Flávia, que resenha interessante! Fiquei super com vontade de reler e me atentar aos pontos que você trouxe!


Flávia Menezes 09/05/2023minha estante
Alexia, muito obrigada! Mas leia!! Um livro curtinho? Pra mim valeu à pena ver esses pontos e perceber que realmente a Ferrante tinha se inspirado na psicanálise.
Se for reler..vou ficar de olho para conversamos sobre suas impressões! ?


nathaliart 09/05/2023minha estante
Ótima resenha! Me deu vontade de reler o livro!


Flávia Menezes 09/05/2023minha estante
Obrigada, Nat! ? Se reler, vou ficar acompanhando só pra ver suas novas impressões.


Ana Sá 09/05/2023minha estante
Flávia, eu não me canso de falar bem das nossas trocas! Sua resposta ao meu comentário já me encheu de ideias de novo! ? Ahhh, essa LC pode sair msm, hein! Vamos botar essa meta! ??


Flávia Menezes 09/05/2023minha estante
Ana, nossas trocas tem sido incríveis! Eu já estou curiosa pra ver qual o livro escolheremos pra essa LC! ???


Si_Mone 10/05/2023minha estante
Que resenha primorosa!
Não sei quando, mas preciso ler esse livro.


Flávia Menezes 10/05/2023minha estante
Muito obrigada, Simone!! ?
É um livrinho bem curtinho? É bom ler quando estamos querendo algo mais rápido. E a escrita dela é boa, então flui rapidinho.


Alexia 12/05/2023minha estante
Pode deixar, Flávia!


júlia 22/05/2023minha estante
cara, que resenha!!! como pode um livro tão pequeno trazer todas essas reflexões, simplesmente fiquei mais fascinada ainda


Flávia Menezes 22/05/2023minha estante
Júlia, muito obrigada pelas palavras!! Emocionada aqui lendo isso. ? Esse livrinho é daqueles que faz jus ao ditado de: ?Os melhores perfumes vem dos menores frascos?. ?




joaoggur 03/04/2024

Que face o espelho mostra?
Livro de estreia de Elena Ferrante. E meu primeiro contato com a autora.

Amália morreu afogada, nua, com garbosas roupas íntimas. Sabendo do falecimento de sua mãe, Délia faz uma grande reconstrução de memórias, uma aglutinação de lembranças infantis com as da contemporaneidade; ao voltar a sua cidade natal, descobre as minúcias do (antigo) relacionamento de seus pais, - e que o motivo da separação de ambos, um ?amigo íntimo? de Amália, parece ter voltado.

Saibam, antes de ler, que é um livro que pouco fala, e muito ?deixa a entender?. A narrativa é picotada, submergida em um fluxo de consciência que parece embaçar as informações, principalmente aquelas que aconteceram na infância da narradora-personagem.

E, por causa disso, não creio que seja spoiler dizer que a narrativa parte do nada, adentra a uma tempestade de informações? e regressa ao nada. Isso é uma certa decepção, admito, - ainda mais levando em conta que a obra tem um fortíssimo tom de mistério. Entretanto, é nítido o domínio das palavras por parte da autora, ainda mais se considerarmos ser seu primeiro livro.

Foi uma boa experiência. Não é genial, - mas atiçou minha curiosidade para ler mais trabalhos de Elena.
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Vinicius39 20/04/2022

Original e atrevido
Esse é o segundo livro que eu leio da Elena Ferrante e olha... um baita livro tbm,porém esse não me marcou tanto igual "a filha perdida",mas nada tira seu mérito!

É uma história que fala sobre uma filha que recebe a notícia que a mãe faleceu,aí ela começa a rever os passos da mãe dela antes da sua morte,ela vê com quem ela andou,com quem conversou e com tudo isso,ela revive o passado,memória lindas e memórias extremamente amargas,com uma escrita tão poética,única e sentimental que só a Elena Ferrante tem! É um livro pesado,forte,que é muito difícil ser digerido de primeira e tem uma mensagem muito explícita sobre a relação entre filha e mãe.

É incrível a forma que a filha se vê perdida,que ela tem uma visão sobre a mãe dela,uma visão tão distorcida e com o decorrer da história,ela vai percebendo cada coisinha que ela nunca tinha dado valor ou tinha percebido.Essa mensagem que o livro traz sobre sermos mais parecidos com os nossos pais do que a gente pensa,é uma coisa que faz a gente ter um questionamento muito interessante.

Vale muito a experiência de ler,é diferente de tudo,é muito bom!(tem gatilhos para violência doméstica).

"Nós,filhas,tínhamos vergonha dele e acreditávamos que podia nos machucar da mesma forma como ameaçava fazer com qualquer pessoa que tocasse nossa mãe."
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Rejane Melo 27/07/2022

um leve incômodo
Difícil falar desse livro. Foi lido para o nosso Clube de Leituras e Debates do curso de Letras EaD Unipam, mas infelizmente não achei uma leitura agradável. Talvez não fosse para ser agradável.
Já havia lido outros livros da Elena Ferrante, esse por ser o primeiro pode causar uma certa estranheza. Não é ruim, porém não me pegou.
Silmara.Alencastro 27/07/2022minha estante
Tô lendo


Rejane Melo 27/07/2022minha estante
Tá gostando, Silmara?


Silmara.Alencastro 21/08/2022minha estante
Tô, Tempos de Abandono meet pegou mais, mas este também é bom




diennifercb 11/09/2022

Escrita impactante
Esse é o meu primeiro da Elena Ferrante, e não me arrependo nem um pouco dessa leitura. A escrita é bem chocante, porque ela escreve de uma maneira bem crua as situações que ocorrem no livro, e acho (tenho certeza) que não estamos psicologicamente preparados pra receber certos acontecimentos e pensamentos dessa maneira, pois gera muito desconforto, isso é fato, e acredito que por isso o livro divide tantas opiniões. Claro, a obra tem seus defeitos, é bem parada e arrastada, não tem um fluxo muito bom, e acaba sendo uma leitura demorada, justamente porque não acontece muita coisa. Mas, mesmo assim, não deixa de ser uma obra incrível, na minha opinião. Esse livro fala bastante sobre uma relação simbiótica entre mãe e filha, sobre violência doméstica, sobre a morte e sobre o luto, várias temáticas que são muito importantes, mas também bem pesadas. Ao longo da vida, construímos uma visão muito específica do que seria um relacionamento ideal entre mãe e filha, e esse livro vem justamente pra nos mostrar que o ideal não existe, e que essas relações podem ser, de fato, incômodas e desconfortáveis. Amores incômodos, imperfeitos, angustiantes, mas que existem, e estão gravados na pele, na identificação, no inconsciente, e na memória.
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Bruno Malini 06/03/2022

Bom
Depois de ter lido o excelente A Filha perdida, me interessei mais em conhecer a escrita dessa autora. Bom livro mas esperava mais.
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marianamanzano 04/07/2022

um livro estranho
que a escrita da Elena Ferrante é fora do normal de bom, todo mundo já sabe. mas isso não significa que as histórias também sejam...

esse livro não me cativou pela história nem um pouco. diferente de A Filha Perdida (que eu adorei tanto a escrita como a história) aqui a marca fica na escrita, e só.

não consegui me apegar na Delia, nos sentimos e nas ações dela. já sabemos que Elena Ferrante costuma colocar ações bem "diferentes" nos personagens, ações inexplicáveis se não houver uma certa reflexão. mas, aqui, eu não senti a vontade de refletir. me pareceu tudo muito sem sentido.

a relação dela com a mãe foi boa, mas não o suficiente pra mim. simplesmente não me cativou.

a experiência não foi marcante, mas a escrita é maravilhosa e estou louca pra ler A Amiga Genial!
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Danna7 23/05/2022

Me estressou
Resolvi ler esse livro pq vi recomendação tanto do livro quanto da autora. E a premissa do livro é mto boa, então eu fui com uma certa expectativa.
O que desanimou essa leitura foi a narração confusa. Porque tinha hora que eu não sabia se a p.p. tava sonhando, pensando ou realmente vivendo aquele momento. E eu fui ler achando que ia ter mto mistério e suspense, mas na vdd não tem. A partir de um certo momento você já saca o final.
Acho que a leitura poderia ter sido melhor se eu soubesse um pouco mais sobre o que ia ler
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Niara 25/03/2021

Se o objetivo era ser incômodo, conseguiu muito bem.
A leitura foi arrastada, pensei em abandonar várias vezes, mas insisti querendo acreditar que ia ter um super desfecho.
Não foi uma história envolvente para mim. Mas entendi a proposta, as angústias da personagem e o porquê do percurso da história. Nossa mente funciona de formas, muitas vezes, misteriosas, e nos engana muito bem. Por isso, às vezes, precisamos seguir caminhos estranhos para nos encontrarmos, nos compreendermos.
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trizisreading 27/10/2023

Uma leitura incômoda
Como uma pessoa apaixonada pela cultura italiana, eu esperava tanto gostar desse livro, mas não foi o caso...

Achei que a escrita é muito confusa, não existe uma distinção que nos indique quando ela está falando de algo no presente ou de quando é uma memória, muitas vezes fiquei sem entender o que estava acontecendo. Além disso, é uma história bastante enrolada, grande parte do livro são apenas pensamentos da personagem principal que não agregam informação necessária à história, são apenas divagações, também achei que a personagem não possui determinação em nada: ela pensa, pensa, pensa, vai atrás (grande parte do livro é ela indo à algum lugar) e nunca faz absolutamente nada, ou seja, chega nos lugares e mais uma vez, pensa, pensa, pensa...

O único ponto positivo, é que existe uma natureza familiar real contada na história, um pai extremamente possessivo que priva a mãe de absolutamente toda a sua personalidade, uma filha que não consegue compreender a mãe de verdade, justamente por não compreender a real personalidade dela, que vive escondida, logo, a menina cria na cabeça uma história para a mãe dela, que sinceramente, eu não entendi se acontecia de fato, ou se ela inventou tudo para suprir a falta de conhecimento que tinha da mãe.

Ainda quero ler "A filha perdida" de Elena Ferrante, mas já vou com um pé atrás.

mirianbezerra 27/10/2023minha estante
que pena que não gostou da leitura amg, pela capa e pela sinopse do livro parecia ser tão bom!


trizisreading 27/10/2023minha estante
@mirianbezerra a edição é muito bonita mesmo, mas me decepcionei com a história, se você ler quero saber sua opinião


May_ 28/10/2023minha estante
Foi seu primeiro da Ferrante? Do q li da obra dela esse foi o q menos gostei. Em estilo de escrita ela amadureceu bastante (e faz isso já no seu livro seguinte).


trizisreading 28/10/2023minha estante
@May_ sim, foi meu primeiro livro dela, fico feliz de saber que esse foi o que menos gostou, porque eu já tava ficando borocoxô pra ler outro?




Marilia 01/08/2022

Angústia é o que predomina nesse livro.
Se eu fosse definir em uma palavra seria essa: angustiante.

O livro me provocou repulsa, me deixou com asco dos personagens e, confesso, estou até agora sem entender bem o que aconteceu.

Além disso, Elena, que sempre me agrada tanto com a sua escrita, dessa vez me arrastou custosa e lentamente até a última linha com parágrafos imensos, com alto detalhamento de cenas e descrições exageradas. Cansei, ao mesmo tempo em que não consegui relaxar um minuto durante a leitura.

Achei bem ruim de ler, mas, sobretudo, achei o enredo pesado em um nível que não tinha como perceber pela sinopse. Se tivesse, jamais teria escolhido esse livro.

Sei lá, achei bizarro.
Alê | @alexandrejjr 02/08/2022minha estante
Interessante a tua contribuição, Marília. Esse é, realmente, um dos livros menos "idolatrados" da Ferrante.


Carolina.Gomes 07/08/2022minha estante
O q menos gostei dela.




Layla.Ribeiro 12/07/2022

Com uma narrativa e um enredo bem diferente do que eu estou acostumada, porém bem interessante. É um livro psicológico e profundo, carregado de traumas e alguns tipos de violências, das quais me trouxeram um pouco de incômodo.
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Archie 27/05/2021

Bom início para Ferrante!
Eu nunca havia lido Elena Ferrante, embora tenha ouvida falar sempre muito bem nos círculos de pessoas da Psicologia que conheço. Existe uma coisa do seu traço e da forma de escrever que é muito singular, visceral, mobiliza afetos e relações que são primitivas dos nossos vínculos familiares. Um Amor Incômodo realmente incomoda em alguns momentos, parece que as coisas estão erradas, é totalmente contra-intuitivo justamente por romper com estereótipos de romantização da família. Ter acesso a uma relação mãe-filha como a descrita é realmente muito mais realista. Vale a pena conhecer, até por ser bem curtinho! Espero conseguir ler mais em breve.
nana 27/05/2021minha estante
Elena é brilhante!


Archie 27/05/2021minha estante
E não obstante Ferrante!




Lauraa Machado 18/11/2020

Genial e muito bem escrito!
Esse foi o primeiro livro da Elena Ferrante que eu li e não sabia muito bem o que esperar. Por um lado, ouvi vários elogios, o livro foi muito bem recomendado. Por outro, vi várias pessoas decepcionadas e dizendo que não parecia ter sido escrito pela mesma pessoa que escreveu o quarteto napolitano. Não sei como é a sua série, mas este livro aqui me impressionou bastante e me fez querer conhecer ainda mais seus outros livros.

Antes de mais nada, eu tenho uma única crítica realmente e quero começar por ela. Pela narrativa, por todos os ônibus e taxis que a protagonista narradora tinha que tomar, imaginei que Nápoles fosse uma cidade consideravelmente grande. Até fui pesquisar isso, e tem quase um milhão de habitantes. Mas a Delia parecia sempre dar de cara com o personagem exato que ela precisava bem no lugar onde ela estava e na hora certa. Essas coincidências aconteceram algumas vezes e criaram uma disputa na minha cabeça contra a ideia de que Nápoles não é pequena o bastante para isso acontecer naturalmente.

Mas essa é mesmo a minha única crítica. O livro é excelente, um quebra-cabeças de lembranças, traumas, sonhos e imaginação, que vai se montando fora de ordem e sem regras, mas que encaixa perfeitamente no final. Minha vontade era de ficar voltando nos capítulos anteriores para retomar informações e impressões da Delia que eu não poderia ter entendido completamente sem o que só fui aprender lá para a frente.

Outra coisa que gostei bastante foi como a autora construiu o jeito da Delia de acessar suas lembranças, como se fossem cenas fisicamente tomando forma e se desenvolvendo na sua frente, mudando, se adaptando e sendo reveladas. Foi o que mais me impressionou na escrita dela!

É um livro complicado sim, complexo e bem escrito, que lida com violência doméstica e assédio sexual em vários níveis. Por isso, também foi um livro triste, doloroso e que pode incomodar algumas pessoas. Ainda assim, recomendo bastante!
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