Evy 07/07/2017
Uma ode às segundas chances. Uma ode ao amor.
Em Cilada para um Marquês aprendemos desde o primeiro capítulo a odiar o Malcolm (Duque de Haven) e ter uma grande tristeza pelo que a Seraphina teve que suportar. Mas o que aconteceu para o Malcolm chegar ao ponto de fazer o que fez, estraçalhar o coração da Seraphina?
Quando li em Cilada para um Marquês essa cena de cortar o coração a que me refiro percebi certas coisas:
1- O Malcolm parecia uma criança petulante, obviamente ferido por algo e querendo fazer sofrer quem supostamente o magoou.
2- O silêncio da Seraphina era um silêncio vindo da culpa.
3- Os dois exalavam dor, raiva e tristeza... causadas entre si, e é claro, só se sente assim por alguém quem se importa, e quem se importa ama.
Então antes mesmo de continuar com o Cilada para um Marquês fui atrás do facebook da Sarah e eis minha agradável surpresa quando vi que sim, ela pretendia escrever uma história para os dois!
Desde então esperei o lançamento, lançado o livro, corri para o ler com a expectativa a mil e ah... como fui recompensada pela espera.
Esse é (para mim) simplesmente o melhor trabalho da Sarah Maclean. Nesse livro ela pega o leitor pela mão e o leva através de um mar de emoções culminado no ponto final de uma belíssima história de redenção ao amor.
O Malcolm se redime?
Não apenas se redime, mas extrapola. Extrapola o necessário para quebrar todas as barreiras impostas por si através dos próprios erros.
A Sarah mescla passado e presente para nos mostrar os porquês e as consequências das ações de ambos, Seraphina e Malcolm, no casamento deles, nas perdas deles, na distância que os separou por quase 3 anos... e porque os dois ainda poderiam ser felizes juntos, apesar de um passado tão triste.
(....)
Ele faria isso agora. Aqui, neste lugar que seu antepassado havia construído para uma mulher amada além da razão. Ele faria isso diante dessas mulheres e terminaria esse esquema idiota. Ele não disse a si mesmo esta manhã que bastava de esquemas?
A consciência, o prazer, a emoção e o desejo puxaram as palavras dele, como se ele fosse um colegial muito ansioso. "Eu devo fazer isso agora."
Ele não viu a surpresa instantânea e clara dúvida nos olhos de Lilith e Felicity. Ele estava muito ocupado olhando para sua esposa, que atravessou a entrada da porta, na conversa, um retrato de interesse.
Ele não viu Lilith sacudir a cabeça.
Ele não viu Felicity abrir a boca para falar, ou viu o modo em que sua sobrancelha franziu quando Sera perguntou: "Você fará o quê?"
Se ele tivesse visto algum desses sinais, ele talvez não tivesse dito o que ele disse na frente do que imediatamente parecia todo o mundo.
Ele talvez não a teria olhado nos olhos e dito, sem pensar no que poderia acontecer, como se fosse a coisa mais comum do mundo: "Dizer-lhe que eu amo você."
A Seraphina está mudada depois de anos desaparecida para o Malcolm?
Sim, o tempo que ela passou longe dele, da família, fez ela obter confiança em si mesma para lutar por um futuro que inicialmente ela acredita ser um futuro que permite apenas sua própria solidão e a realização profissional. Sim, isso mesmo, profissional.
Mas depois de tanta dor que sentiu, confiar no Malcolm não seria fácil, e em certos momentos o medo falou mais alto para ela, porém havia a Sophie... a incrivelmente sincera Sophie.... para puxar as orelhas da irmã:
"Sera..." Foi a coisa mais gentil que ela já ouviu de Seline.
"Não." Ela girou para sua irmã, um dedo levantado. "Não ouse sentir pena por mim. Eu fiz minhas escolhas. Talvez eu tenha fugido então, mas eu voltei, mais forte do que nunca. Eu não preciso da sua pena."
"Você tem certeza?" Sophie respondeu, e todas se viraram para olhar para a mais jovem e silenciosa irmã Talbot - a quem todos chamavam de menos interessante. Todos que não conheciam Sophie, para ser exato.
Sera inclinou-se para a irmã. "O que isso significa?"
"Somente que você parece exigir nosso apoio - nossa proteção - quando é conveniente. E nós a demos. Nossa eterna lealdade. Porque o Esquadrão S permanece junto. Mas você nunca nos ofereceu sua honestidade. Então, minha pergunta é essa..." A carruagem começou a desacelerar, parando quando chegou a Eversley House, onde Sophie desembarcaria. Mas não antes de dirigir seu ponto para casa. "É que você simplesmente se recusa a ser sincera conosco? Ou porque você se recusa a ser honesta consigo mesma?"
Havia coisas que só as irmãs podiam dizer. Formas em que apenas as irmãs poderiam enraivecer uma mulher. "Eu sempre fui sincera com você."
"Com certeza", Sophie zombou. "Você nos deixou. Sem uma palavra. O que foi honesto nisso? Você se perdeu, Sera. Você estava de luto pelo homem que você amava e pela criança que você perdeu. E você se afastou de tudo. Incluindo nós. E eu estava inclinada a ser compreensiva. Mas agora - é hora de você ver que você fez um desserviço a si mesma. Deus sabe que eu nunca tive muito amor por Haven, mas o homem adora você, e ele está disposto a dar tudo o que você desejar. Qualquer coisa que você precise. Embora no momento eu não consiga imaginar o porquê."
(..........)
Virando-se, ela disse: "Eu amo você, você sabe." As lágrimas vieram, instantâneas e indesejadas, e Sera desviou o olhar, o que foi o melhor porque elas se derramaram quando Sophie acrescentou, suavemente: "Eu só queria que você pudesse encontrar uma maneira equilibrada de se amar."
Não vou me aprofundar no enredo do livro, nas surpresas, aventuras e desventuras, toda a montanha russa de emoções pelo qual passei nessa leitura, pois esse é um livro que deve ser lido no escuro, com o leitor iniciando a leitura apenas com a certeza de que embarcará em uma história que merece o prazer de ser lida e relida.
Ah e não posso deixar de dizer que a mais perigosa das irmãs, a flertadora Sesily, finalmente achou um par a sua altura! E ela terá um conto, que nem tem previsão de sair ainda, mas que eu já coloquei em minha lista de futuras leituras.
Quote favorito:
"Diga-me, Seraphina. Se não houvesse ninguém - nenhuma irmã ou deus ou deusa para protegê-la, nenhum americano, nenhum aristocrata para observar e julgar? O que você faria se eu perseguisse você?"
Seus olhos escureceram com suas palavras e ela não pôde desviar o olhar. Quantas vezes ele falou com ela assim? Em poesia líquida e lânguida? Quantas vezes ela tinha sonhado com isso?
Ele pressionou. "E se eu te prometesse o sol, a lua, as estrelas? Se eu prometesse sempre te caçar, você fugiria? Ou você escolheria ser capturada?"
Ele estava perto o suficiente para ela poder ceder. Para que ela pudesse se aproximar e pressionar seus lábios contra os dele. Que ela poderia jogar a cautela ao vento e tomar o que ele oferecia. Que ele poderia tê-la.
Mas ele não faria isso, não sem o consentimento dela.
"E se pudéssemos voltar atrás, Sera?" O sussurro a destruiu, a dor nas palavras dele combinando com a dor em seu peito. "E se pudéssemos começar de novo?"
Ela balançou a cabeça. "Você nunca deveria ter me trazido aqui."
Ele deu um passo em direção a ela. Ignorando as palavras. "Você aceitaria?"
Ela engoliu em seco, sabendo que não deveria.
Ele viu a hesitação. Inclinando-se, apenas a força de vontade o impedia de beijá-la. Como ele se deteve quando tudo o que ela queria era se deixar levar?
Ele parou por ela. "Aceite, anjo."
Uma vez. Só esta vez, e então ela acabaria com isso. Superaria ele. Deixaria ele encontrar uma nova esposa. Buscaria a própria liberdade.
Mas, nessa única vez, ela aceitaria o que ele oferecia. O que ela desejava.
Ela iria tirá-lo da mente para sempre.
Uma vez.
Ela ficou na ponta dos pés, fechando a distância entre eles enquanto ele sussurrava - mais respiração do que som - uma única e devastadora palavra, uma palavra ecoada em seu coração.
"Por favor."