Lina DC 24/05/2017Em "Ecos do Espaço", Skylar viajou no tempo para juntar as partes da arma que iria destruir o reator que controla o campo criado pelos kemyanos ao redor da Terra. Ela foi para Paris, em 27 de julho de 1830, navegou pelo rio Bach Dong em 938 d. C. e participou da Batalha de Fallen Timbers em Ohio, no dia 20 de agosto de 1794, mas acabou vendo o desfecho do próprio Jeanant, líder do grupo dos rebeldes e não conseguiu a quarta e última peça da arma, que parou nas mãos de Kurra, a implacável executora. Após uma conversa com os demais membros do grupo rebelde: Thlo, Jule, Isis, Pavel e Mako, foi concluído que a quarta parte era possível ser recriada na estação espacial onde os kemyanos moram e que, graças ao grande papel que Skylar teve, ela poderia se juntar a eles para ver de perto a libertação da Terra.
Em "Sombras do Espaço", a protagonista vai para a estação espacial a convite dos rebeldes para ajudar a salvar a Terra e acabou conhecendo alguns hábitos kemyanos nada lisonjeiros em relação aos terráqueos. Em meio aos planos, Skylar envolveu-se com Jule e descobriu que ele era um dos traidores enquanto que Thlo, não apenas traiu o grupo como também foi a responsável pela extinção do planeta Terra.
"Ela começa a chorar, em silêncio, trilhas de lágrimas brilhando em seu rosto bronzeado. Suas palavras anteriores sugerem que não é a própria situação que a perturba. Ela está chorando pela Terra." (p. 21)
"Espaços sem Limites" é o desfecho da trilogia Ecos do Espaço e começa com uma novidade: além da narrativa de Skylar, o livro terá capítulos narrados por Wyn, que serão alternados. Então, teremos duas perspectivas diferentes.
O livro começa com a captura dos rebeldes: Win, Isis, Britta, Emmer e Tabzi. Eles estão presos e Thlo oferece um acordo, que permite que eles sejam soltos sob extrema vigilância, mas que possam ter as suas vidas de volta. Sem alternativas (pois se não aceitassem seriam mortos), o grupo volta a sua rotina e fica sem se comunicar.
Skylar também foi presa, mas mantida isolada e constantemente drogada. Sua mente está tentando compreender o que ocorre, mas é complicado.
Win começa a pesquisar sobre o paradeiro de Skylar e junto com Isis, Britta e Tabzi, eles descobrem que ela foi colocada no centro de exposições. Mas não é só isso. Jule, sentindo-se culpado da traição, realizou um ato antes que tudo mudasse: ele trouxe 23 terráqueos para fazer companhia a Skylar. São os pais delas, os amigos, alguns vizinhos e professores. Todos eles estão presos no centro de exposição sem saber o que está acontecendo. Expostos como animais em um zoológico, onde são monitorados constantemente, vivendo uma situação que não compreendem e a única pessoa que pode contar a eles, está se recuperando.
Na tentativa de libertar Skylar, Win vai se tornar um líder em uma rebelião que pode custar tudo para ambos...
Esse desfecho é cheio de ação e reviravoltas. Primeiramente, observamos um amadurecimento incrível nos personagens que já conhecemos, mas principalmente em Skylar, Win e Jule.
Skylar também se torna uma líder, pois os sobreviventes dependem de seu conhecimento e de seus contatos para permanecerem inteiros. Mas não é só isso. Existe um grande amadurecimento emocional de sua parte. Ela finalmente deixa claro seus sentimentos e compreende a complexidade deles.
Win torna-se um personagem excepcional. A forma como ele lidera e lida com a própria família é sensacional. Ele consegue equilibrar sua imprudência com o senso de autopreservação dele e daqueles que ama, mas também consegue visualizar o quadro maior: conseguir convencer os kemyanos a se mudaram para um planeta e aceitarem os terráqueos como iguais.
"- Nada mais importará se estivermos mortos. Então, vamos fazer o que temos que fazer para nos manter vivos." (p. 158)
Nessa rebelião vemos também novos personagens que vão juntando forças, como Markhal, Celette e Solma do lados dos kemyanos e Angela, Evan e os pais de Skylar do lado dos terráqueos. São personagens resilientes, corajosos, inteligentes que vão auxiliar a todos nesse momento extremamente delicado.
Ainda existem também algumas revelações bombásticas que vão moldando os planos de ambos os grupos: dos rebeldes e do Conselho. Conforme cada informação nova vai sendo passada, todos precisam refletir sobre o que fazer em seguida e sobre o seu próprio comportamento.
Foi interessante a forma como a autora trabalhou as histórias pessoais dos personagens, como a Thlo, o Jule e a Kurra, a temível Executora.
Sem dúvida foi uma conclusão muito bem desenvolvida, que trouxe um final satisfatório e que faz com que o leitor reflita sobre alguns temas como aceitação, crenças pessoais e perdão.
A trilogia foi encerrada com um ótimo trabalho editorial da Jangada. Revisão, diagramação e layout muito bem feitos. A capa combina com as capas dos dois livros anteriores.
"Quando afundamos na cama, nos entrelaçando, estamos apenas nós dois ali, ela e eu. O restante - o apartamento, a estação, as profundezas do universo lá fora - gradualmente diminui por trás do mundo que estamos criando entre nós. Um mundo que ninguém mais pode tocar, muito menos destruir, durante o tempo em que estivermos juntos." (p. 232)