acalvarenga 16/01/2024
Ótimo!
Em Railroad Underground, acompanhamos a história da Cora, jovem preta que até então conhecia apenas a vida na fazenda da família Randall, que são categorizados como um dos principais produtores de algodão da Geórgia nos EUA, tentada por Caesar, outro escravo letrado e recém-chegado ao latifúndio, ela decide embarcar em uma jornada em busca da libertação de suas correntes que a mantiveram presa no local até então.
A partir daí se dá início a fuga que permeia praticamente por toda a narrativa, apesar de momentos de aparente bonança, a ameaça branca nunca deixa o encalço de Cora, fundamentalmente representada pelo caçador de escravos Ridgeway, inconformado com a ideia de liberdade da jovem fugitiva em virtude de sua mãe, Mabel, ser a única escrava que conseguiu escapar sem ser capturada por ele.
A obra varia entre capítulos mais longos contando a perspectiva de Cora, e, passagens mais curtas, trazendo pontos de vista de coadjuvantes como Caesar, Ridgeway, Mabel, entre outros, que na minha opinião, poderiam ser um pouco mais extensas para melhor desenvolvimento dos personagens secundários.
É com a ajuda de pessoas livres defensoras da causa abolicionista que Cora consegue chegar às ferrovias subterrâneas para transporte para locais mais receptivos à população preta, o curioso aqui é que o autor se utiliza de uma metáfora real para descrever o processo de fuga dos escravos, uma vez que essas ferrovias eram na verdade apelidos para pontos de partidas de rotas de fuga da população negra nos EUA nos 1850, porém, sem existir de fato uma linha férrea para transporte das pessoas como na obra.
Por fim, é uma obra que apesar de se passar há mais de um século atrás, possui uma temática extremamente atual que é o racismo estrutural que ainda infelizmente permeia na sociedade atual, contudo, acredito que faltou dar maior profundidade a certos personagens para que criasse um relacionamento mais forte com o livro.