AleixoItalo 05/07/2021A visão geral que costumamos ter de nossos indígenas é a de pequenas tribos isoladas na mata, perseguidas e exterminadas pelos colonizadores europeus, visão conservadora de um Brasil inexplorado e selvagem. Essa foi a imagem perpetuada pelos exploradores, deslumbrados pela maravilha idílica dessas mata e ignorantes sobre o cenário real. Então como era o Brasil "pré-histórico", antes da chegada dos europeus?
Sabemos hoje, que ao contrário do senso comum, o número de nativos na verdade excedia os milhares, haviam cidades megapopulosas no coração da Amazônia, grupos de guerreiros implacáveis se estendendo por todo litoral, primórdios de uma "revolução agrícola" em algumas regiões, trabalhos refinados em cerâmica, tribos guerreiras com táticas especializadas de batalha e alguns grupos com lideranças bem estabelecidas.
Reinaldo José Lopes, tenta contar um pouco dessa maravilhosa história, partindo de achados arqueológicos e novas pesquisas que esclarecem um pouco o cenário. O jornalista demonstra maestria em lidar com o assunto (é fácil esquecer que não se trata de um especialista), conseguindo passar imagens reais (quando essas são possíveis) de diversos grupos indígenas completamente diversos repartindo nosso vasto território. É uma narrativa despojada (as vezes demais), mas com muito rigor científico. O que temos em '1499' é uma super síntese do clássico 'Armas, Germes e Aço' de Jared Diamond, aplicada para a América do Sul.
Muito pouco sobrou da história de nosso passado, mas ele foi rico e vasto. Tivemos diversos troncos linguísticos que se espalharam, povos ancestrais perdidos que cultuavam seus mortos, protoestados e mini versões das rotas comerciais do mediterrâneo, aqui representadas nas bacias dos principais rios. Se aqueles povos tivessem desenvolvido a escrita, estaríamos debatendo as jornadas de algum "Aquiles Tupinambá" ou um "Khan Guiakurú", ou nos deliciando com a "Odisseia" de algum índio Amazonas a fora!