Lauraa Machado 18/08/2019
Triste, doloroso e emocionante!
Não é fácil resenhar este livro. Antes de começar a ler, esperava que ele fosse completamente diferente, que fosse mais leve, mais engraçado, menos pesado. A verdade é que ele é muito triste desde o começo. Essa é a melhor palavra para ele, triste. Até mesmo quando parece que a protagonista não percebe o quanto sua situação é triste, o leitor percebe. Antes mesmo de saber tudo que aconteceu, isso já fica claro. A solidão de Eleanor é palpável e dolorosa.
Apesar de não ser um livro alegre, tem algumas partes divertidas, sim. Ver o atrito que o jeito literal e de falar tudo que pensa da Eleanor causa em situações que, para a gente, são bastante simples e comuns é engraçado! Tem partes fofas também, personagens amáveis, como o Sammy, o Raymond e a mãe dele, mas também tem aquelas ainda mais tristes que vão te fazer chorar. Passei o livro todo com vontade de abraçar Eleanor e nunca mais soltar. Ela é preciosa demais para sofrer tanto sem ao menos perceber.
A narrativa é bem dentro de sua cabeça, e acho válido mencionar isso, porque tem bastante gente que se incomoda quando o livro não tem tantos diálogos e é mais um monólogo. Eu, particularmente, achei perfeito. A autora é muito boa, deu as informações na medida e parece entender tão, mas tão bem a cabeça da Eleanor, que é até um pouco assustador. E a Eleanor é tão real e única, que é difícil não acreditar que ela existe de verdade.
Ela é única mesmo, com sua mentalidade literal, seu jeito direto de falar tudo que vem à cabeça e sua falta de tato em situações sociais, a ponto de beirar o autismo. Mas ela é tão maravilhosa também, não merecia nunca ter que passar pelo que passou, e eu só queria poder protegê-la do mundo. Eleanor Oliphant é definitivamente uma personagem marcante!
Fico bem feliz de que a autora não tenha transformado esse livro em um romance, porque ele é sobre Eleanor e sua solidão, suas causas, consequências e solução, e transformar um romance em solução milagrosa tiraria toda a credibilidade e o valor da luta dela. Mas confesso que amo o Raymond e, na minha cabeça, eles ficam juntos no final. Também achei ótimo a autora não ter "curado" Eleanor magicamente, primeiro, porque não seria muito realista, mas principalmente porque o jeito dela não era o problema. Ela definitivamente não precisava mudar de personalidade ou fingir ser como os outros. Ela é o suficiente exatamente como é.
E foi só agora, enquanto escrevia sobre este livro que percebi que ele já faz parte da minha lista de favoritos. Ele é marcante, doloroso e emocionante. Se você não se sentir tocado pela história da Eleanor, precisa de um pouco mais de compaixão na sua vida. Eleanor Oliphant marcou a minha, e eu vou fazer questão de dar este livro de presente para muita gente, porque ela precisa marcar a vida de todo mundo!