Jaqueta Branca

Jaqueta Branca Herman Melville




Resenhas - Jaqueta branca


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Allysson Falcon 13/09/2023

Melville longe da saudosa cachalote
Jaqueta Branca foi publicado em 1850.

Na própria apresentação da obra já se menciona a pressão que o autor sofria por dinheiro. Herman Melville precisava de um sucesso editorial que rendesse uma boa grana.

Essa necessidade premente fica muito evidente na narrativa bem distante dos melhores escritos do autor de Moby Dick. O texto é pesado, árido e enfadonho. O texto excessivamente longo apresenta uma divisão típica de folhetim, com capítulos curtos. Melville começou a escrever sem saber se publicaria os capítulos nos jornais ou editaria a obra como um livro.

Na obra, Melville, que passou um ano alistado no navio da Marinha norte-americana USS United States, usa essa experiência para construir uma ficção.

A vida militar não se destinava ao escritor.

Isso fica claro nos 94 capítulos da obra. O autor debocha das mais básicas regras de sobrevivência no mar. Você precisa ter disciplina num navio. Cada marinheiro tem de desempenhar corretamente sua função.

Se a balbúrdia anárquica que Melville defende fosse adotada à bordo, o navio soçobraria em pouco tempo. O autor escreve com rancor e ressentimento de seu tempo de marinheiro.

O tal Jaqueta Branca, seu pseudônimo, escreve com uma metralhadora giratória contra tudo e todos. Só ele se salva, só ele parece ser bom.

Enfim, o livro é muito ruim. Foi com sofrimento que consegui terminar a leitura.

Agora, muito pior que o texto ruim de Melville, são as notas dessa edição comentada da coleção Clássicos Zahar. O mancebo que assina as notinhas extrapola qualquer bom senso, abusando do anacronismo histórico, do relativismo, do subjetivismo, da corrupção e subversão da linguagem da nossa atual sociedade doente, onde impera a insanidade.

O cara é um ativista da famigerada cultura woke.

Notas explicativas, quando bem escritas, com honestidade intelectual, são ferramentas excelentes para se compreender melhor a obra e o contexto histórico em que ela se passa.

A pior tragédia que vivemos hoje é o sujeito analisar o passado com os nossos corrompidos olhos de hoje. Isso é o conceito clássico do anacronismo histórico.

Os comuno-globalistas estão reescrevendo não só a História, mas também a Literatura.

Para se proteger desse lixo você precisa preferir os livros antigos, de edições que ainda não foram mutiladas por esses mentecaptos.

Sobre Melville leia Moby Dick e se dê por feliz.


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Diego Rodrigues 04/01/2023

"A lei não foi feita para o capitão"
No fim da década de 1840, Herman Melville colecionava uma série de viagens marítimas malsucedidas e dívidas, muitas dívidas. Inspirando-se em sua mais recente aventura, isto é, o alistamento na marinha americana e os dissabores que vivenciou a bordo de um navio de guerra, decidiu escrever, em 1850, "Jaqueta Branca". O livro, romanceado, é uma espécie de manifesto em defesa dos direitos humanos daqueles que serviam a marinha americana. A obra narra a volta para casa da fragata Neversink, do Pacífico para a Costa Leste dos EUA, passando pelo temido Cabo Horn e com direito a uma longa escala no Rio de Janeiro, onde recebe a ilustre visita de D. Pedro II.

Este é um relato nu e cru do que era a viver a bordo de um navio de guerra no século XIX. O despotismo dos capitães, a crueldade e a humilhação dos castigos impostos, a rotina de trabalho exaustiva, o sono e a alimentação irregulares, as arriscadas "cirurgias" as quais os marujos eram submetidos, a exposição ao clima inóspito, etc.. Melville não alivia em nenhum momento e deixa tudo escancarado aqui. As denúncias, baseadas em suas próprias experiências, não só configuram um fiel retrato da época como ainda conversam com temas como imperialismo, reformismo e liberdade.

Se lembra daquelas longas passagens sobre navios e baleias em "Moby Dick"? Pois é, o mesmo acontece aqui. Melville se entrega a longas digressões e, em diversos momentos, nem parece que estamos diante de um romance, mas sim de um livro de não ficção. Mas, diferente do que acontece no romance mais famoso, "Jaqueta Branca" não prende tanto. Ao longo da narrativa quase não há desenvolvimento de personagens e reviravoltas, são vários causos sendo contados pelo alter ego de Melville, o marujo que dá título ao livro. O protagonista aqui é o próprio Nerversink e o foco são mesmo as denúncias. Junta-se a isso as longas e inúmeras notas de rodapé sobre fatos históricos e termos náuticos que a edição traz e temos como resultado uma leitura extremamente lenta e burocrática.

Por essas e outras, não é um livro que eu recomendaria para leitores de primeira viagem. Mas, caso já tenha lido "Moby Dick", a coisa já muda de figura. Ao longo da narrativa é possível perceber alguns prenúncios do Capitão Ahab e, em meio a suas digressões, Melville às vezes se entrega a devaneios e reflexões sobre a vida, a morte e essas coisas que o mar nos faz pensar. Inclusive, o romance fecha com uma linda analogia da vida a bordo do Nerversink e a condição humana.

Em resumo, é um livro que, se você já está acostumado com a escrita, irá gostar. Caso contrário, há grande chance de achar maçante. Melville até se permite alguns raros momentos de humor aqui e ali, o que pouco ajuda em tornar a leitura mais fluida, mas talvez a pressa em lançar o romance, por conta de sua delicada situação financeira, tenha cobrado o seu preço. É uma obra que, se melhor lapidada, poderia render uma experiência de leitura mais agradável. Como manifesto em defesa da marujada, funciona. Como romance, deixa um pouco a desejar.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Erudito Principiante 31/08/2022

Vida à bordo
Alguns autores ficam marcados por uma única obra, mesmo que tenham escrito outros livros valorosos, e talvez um dos melhores exemplos disso seja o americano Herman Melville, autor do consagrado Moby Dick.

Descobri essa belíssima edição de Jaqueta Branca por acaso no perfil da, até então por mim desconhecida, Editora Carambaia. A apresentação do livro e a sinopse me atraíram, além do nome do autor, é claro, que me soou como uma chancela de qualidade tendo em vista que já havia lido metade de Moby Dick e fiquei fascinado com os relatos da vida no mar e da doentia obsessão do capitão Ahab por um cachalote branco.

O livro relata a vida de um marinheiro, conhecido apenas pela alcunha de Jaqueta Branca, em um navio de guerra americano no século XIX. Esse marinheiro é o alter ego de Melville, que relata sua vida e impressões à bordo da fragata da Marinha Americana chamada USS United States numa viagem feita entre agosto de 1843 e outubro de 1844. Essa viagem inicia em Honolulu (Havaí), passando pela Polinésia Francesa, Peru, México, Chile, Brasil e finalmente atracando em Boston nos Estados Unidos. Todos os nomes utilizados são alterados, inclusive o do navio.

Como marinheiro que sou, posso adiantar que a vida à bordo não é fácil e lendo o livro constatei que era muito pior no século XIX. Os termos náuticos utilizados em profusão pelo autor podem confundir um pouco inicialmente, entretanto esse problema é amenizado com um glossário.

Melville nos apresenta essa vida insalubre e perigosa, na qual os tripulantes estão sujeitos à calor e frio, fome, doenças, uma rotina massacrante e, não raro, o oscilante humor do mar. Esse microcosmo naval é relatado não apenas do ponto de vista físico, mas também social. Podemos entender o navio como uma pequena nação flutuante com regras e leis próprias, hierarquia (militar e social) muito bem definida onde o comandante é o rei, tendo poder de vida e morte sobre seus tripulantes. Em alguns momentos o autor disserta, em tom de crítica, sobre os castigos corporais utilizados como punição (chibatadas) totalmente normal à época, mas que já vinha sendo questionado. Um aparte interessante também é o capitulo intitulado "Imperador a bordo de um navio de guerra", no qual ele relata a visita de D. Pedro II à bordo do navio, atracado no Rio de Janeiro, pois temos a oportunidade de ver um elemento brasileiro inserido numa obra estrangeira.

Sobre a edição, tenho a dizer que é uma beleza! A arte da capa foi feita de forma que cada exemplar tivesse uma imagem diferente, ou seja, cada livro é único. O projeto gráfico, feito baseado nos elementos do mar e da água, adotou a cor azul para a fonte, além disso, a margem superior de cada página oscila como se fosse o jogo das ondas do mar. Uma coisa interessante que quero deixar registrado sobre as edições da Carambaia é que no final de cada livro há um texto explicando o porquê da escolha do projeto gráfico. Ainda não vi isso em nenhuma outra editora. A única ressalva a ser feita nesta edição é o material utilizado na confecção da capa que se demonstrou frágil com o manuseio. No mais, o livro é incrível e a edição é uma verdadeira jóia!
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Pedraish 02/12/2021

"A lei não foi feita para o capitão!"
O livro me pareceu mais se afigurar como uma imensa coleção de acontecimentos e incidentes a bordo da fragata Neversink, ligados narrativamente pelo navio e por seus mais diversos marujos, do que uma narrativa própria, ao contrário do Moby Dick, que era uma narrativa completa com diversos mini contos e explicações quebrando momentâneamente a história.
"A lei não foi feita para o capitão!" É uma das frases que representam muito bem grande parte das críticas feitas por Melville à hierarquia no navio ao longo do livro, e, como podemos ver atualmente, esse teor político do livro se mantém muito importante e contemporâneo se aplicarmos estas críticas ao nosso governo.
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Butakun 28/10/2017

Como um bom barco no mar
"Os marinheiros de guerra só são marinheiros de guerra no mar, e o mar é o lugar onde aprendemos o que eles são. Vimos que um navio de guerra não é nada mais que esse nosso mundo antiquado, só que flutuante, cheio de todos os tipos de personalidades, cheio de estranhas contradições; e ainda que se vanglorie de ter aqui e ali alguns sujeitos excelentes, no geral está repleto, até a beirada das escotilha, do espírito de Belial e toda a sua maldade."

Não, eu não sou um entusiasta da náutica do século XIX. Também não sou marinheiro. Na verdade, sequer sei pescar. Portanto, vocês não leram de mim coisas como "excelente!", "maravilhoso!", e blá-blá-blás afins. O que me tocou nesse livro, o que me cativou deveras, foi o tom emocional e ao mesmo tempo um tanto indiferente do narrador/protagonista ao contar os "causos" de sua viagem a bordo do Nuncafunda/Neversink. Cabe dizer que, o que poderia ser digno de mérito - as descrições tão precisas e próprias - torna a obra um tanto cansativa, meio maçante até, o que não é de se surpreender já que a proposta do livro (o mundo em um navio de guerra), no contexto em que de impõe, de nos mostrar o peculiar mundo que há/havia em um navio de guerra de meados dos anos 1800, carrega consigo todo esse caráter descritivo quanto aos temos marítimos, coisa que pesa demais, algumas vezes positivamente, outras nem tanto, na fluidez do texto. Melville, ao contrário de Hugo em "Os Trabalhadores do Mar", a meu ver, não conseguiu envolver o leitor naquele mundo de tantas particularidades. Entendam, me refiro aos termos técnicos, ao cotidiano prático do mar (já disse, não sou um entusiasta náutico). O que me levou a seguir e até gostar bastante do livro foi, como já disse, as tantas histórias que o envolvem. E, nesse sentido, Melville foi muito bem-sucedido, inclusive com uma belíssima descrição do Rio de Janeiro dos tempos do Imperador, em um dos únicos momentos da obra em que ele não consegue se desprender completamente do lugar onde o Neversink aporta, dedicando ao Rio até mais de um capítulo. Quanto a edição, o que dizer? A Carambaia é maravilhosa. Tanto na escolha da cor da fonte e do papel, quanto à diagramação (o texto sempre começa alinhado a parte inferior das páginas, lembrando claramente o mar). O trabalho de capa também ficou lindo, mas aqui cabe uma ressalva: a escolha do papel da capa, do revestimento, que conta com um toque meio aveludado, foi, eu acho, um tanto infeliz, porque se desgasta muito facilmente. Há, porém, um ponto positivo nisso, pois tal "problema" acaba gerando um efeito curioso no livro, que parece estar envelhecido. Enfim, é isso. Vale os tantos dinheiros que a editora cobra em seu esquema de vendas diretas? Vale, sim. Não duvidem disso.
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Fimbrethil Call 15/05/2017

Excelente
Livro excelente, que entretém e ao mesmo tempo informa como é a vida de um marinheiro a bordo de uma fragata por volta de 1840. Adorei esse livro, Melville é realmente um ótimo escritor.
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Breno130 14/04/2017

O mundo em um navio de guerra!
Livro fenomenal!! Adorei a parte em que retrata o jovem D. Pedro II e a reação dos marujos ao receber a nobreza brasileira. Ri em diversas situações! E é incrível como cada personagem do navio retrata, metaforicamente, pessoas e situações do nosso mundo cotidiano. Realmente, é o mundo em um navio de guerra!
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