Resenhas - The Ballad of Black Tom

Rayanne 21/03/2024

O livro é muito bom, principalmente a primeira parte e o final. O conto real do Lovecraft eu achei meio sem graça depois de ler o livro.

O livro aborda assuntos muito pesados mas também muito necessários.

Layse20 13/01/2024

QUE LIVRO, MEUS AMIGOS, QUE LIVRO
Eu devorei este livro. Não esperava ficar tão imersa e conectada nesta história. Toda a atmosfera criada pelo Victor Lavalle é ABSURDAMENTE INCRIVEL.
O Victor, conseguiu expandir e trazer complexidade ao conto original de Lovecraft. Uma coisa maravilhosa que a literatura pode proporcionar é a capacidade de viver outras vidas, ver as coisas nos olhos do outro. Lovecraft escrever o conto que inspirou Black Tom sentado em um pedestal, olhando os outros apenas sobre sua ótica individualista e repleta de preconceitos. Victor Lavalle, um homem preto que já foi um jovem apaixonado pelo horror cósmico de Lovecraft conseguiu trazer uma perspectiva diferente da história, uma visão que permitisse enxergar o outro para além das características racistas descritas no conto original.
Esta obra ficará comigo por anos e creio que mais releituras virão!

Ozzy 03/01/2024

História do Cerco de Red Hook
"[...] a realidade de um homem rico é recriada a seu bel-prazer."

Esse livro me lembrou muito "História do Cerco de Lisboa" do Saramago, um dos temas daquele livro é justamente como a narrativa de acontecimentos históricos é normalmente comandada e contada do ponto de vista da parcela da população que está/estava no comando.
O conto original de Lovecraft, que é adicionado no final dessa edição, é apenas um surto de um homem ignorante, contando de teorias da conspiração sobre a ameaça da presença de imigrantes não-brancos em seu país.
Victor Lavalle traz um outro olhar sobre essa história e seus heróis, recontando esse conto pelo olhar das pessoas que eram silenciadas na época, e é a partir daí que as camadas da realidade vão se revelando em suas formas mais assombrosas, assombrações essas que, mesmo 100 anos depois, ainda nos atormentam.
Mas a história de Victor funciona muito além do que apenas um reconto do original, mesmo para leitores novos e sem contato com os trabalhos do Lovecraft, o poder da narrativa de Lavalle causa impacto, explorando com perfeição os elementos do terror cósmico, trazendo visões aterradoras e reviravoltas interessantes, tudo isso protagonizado por personagens muito bem escritos e carismáticos.
"A Balada de Black Tom" é muito mais que uma história de terror bem escrita, é um lembrete da importância de olharmos e revisitarmos a história por mais de uma perspectiva, de buscar olhares novos e narrativas diferentes.

Sônia Gregoski 22/12/2023

Charles Tommy Tester é um golpista que se disfarça de músico para camuflar seus golpes obscuros.
Em uma falsa apresentação de rua,ele conhece Robert Suydam,um homem recluso,culto,praticante do ocultismo e que mora em uma mansão em um bairro elitista de NY.
Através de Suydam,ele mergulha no mundo da magia e das forças ocultistas.
Ao entrar neste universo, seu nome de batismo será esquecido, e ele passará a ser conhecido como Black Tom e descobrirá horrores inimagináveis.

A Balado do Black Tom é uma releitura de "O Horror em Red Hook" um dos contos considerados mais xenofóbicos e racistas de H.P. Lovecraft,que é considerado mestre do horror cósmico.

Na juventude LaValle era fascinado por Lovecraft,mas quando começou a entender a escrita ofensiva direcionada a pessoas como ele,um homem afro,a resposta que encontrou foi fazer um tributo mas também uma crítica a seu ídolo, utilizando um conto de Lovecraft,tendo como um dos protagonista um homem negro e deixando fortemente explícito para o leitor o quanto a prática do r4cism0 é horrível,tanto para quem o sofre,quanto para quem infelizmente o gera.

A crítica de LaValle é ótima,por vezes nos sentimos enojados com o comportamento de pessoas não brancas.
Além da releitura a Morro Branco também acrescentou o conto original, para que o leitor possa assimilar o quão preconceituoso é o texto original.
Nunca tinha lido nada de H.P. Lovecraft e posso ser sincera ao dizer que continuo sem vontade alguma de ler.
Mesmo saindo da minha zona de conforto nesta leitura,foi um bom livro pela forte crítica que apresentou.

Mateus 14/12/2023

Uma saída elegante para um dilema doloroso
O que fazer quando seu autor/sua autora preferida/o se revela um/a grande racista/machista/transfóbica? Separar o autor da obra é algo difícil e controverso. Mas, quando você é escritor, um outro caminho desponta.
A solução que Lavalle traz é bastante complexa e elegante. Ao escrever sua releitura do conto "O horror em Red Hook", ele apresenta não apenas um personagem negro como protagonista, mas também o horror que é o racismo. Um horror real, próximo, cotidiano e letal.
A balada do Black Tom é um excelente exemplar do horror, uma história que prende, indigna, instiga o leitor desde as primeiras páginas. O final enigmático nos oferece tanto a certeza de que a história continuará quanto a certeza de que ela não deve ser escrita.

Cris.Is.Online 30/11/2023

O que é a indiferença comparada com a maldade?
Li tanto Red Hook e A Balada de Black Tom muito proximos e foi esse livro que me fez largar mão de ler mais Lovecraft. Brutal na sua representação de racismo e lindamente brutal em sua resposta, Esse confronto entre o terror cosmico e o terror real que o Proprio Lovecraft perpetuou com seu racismo nojento cria um personagem potente, uma representação mais realista do tempo em que o horror cosmico foi criado e uma resposta a altura.

Manu 15/11/2023

Realmente não é meu estilo de leitura. Poderia avaliar com 2,5 estrelas tranquilamente, mas só porque o livro não é meu estilo. Ele é uma fantasia bem sombria, com fortes críticas sociais, principalmente acerca do racismo, quebrando o ar de chacota que o autor original descrevia pessoas não brancas. Mesmo assim, não gostei nem do conto original e nem da releitura por se tratarem de um estilo com fantasia cruel, sem nem migalha de romance ou cenas felizes... diria até que tiveram alguns trechos bem grotescos... mas tenho de admitir que a atmosfera e a escrita são ótimas.

Tocces 23/10/2023

Um leitura divertida, rápida, mas não necessariamente marcante. Tudo é bom, mas nada se sobressai em um mar de obras de terror cósmico.

@tigloko 20/10/2023

"O Rei Adormecido está morto, mas sonhando"
Nesta releitura de O Horror em Red Hook, de H.P.Lovecraft, acompanhamos Charles ?Tommy? Tester, um trambiqueiro morador do Harlem, sempre carregando seu violão para seus golpes, quando ele se vê envolvido em magia e forças maiores do que ele imaginava ser possível existir. Do outro lado temos o detetive Malone, investigando as atividades de um senhor misterioso chamado Suydam, que acaba se interligando com a história de Tommy.

Adorei essa história, ela é bem fluida e com o tom certo de mistério e magia. Gostei do destaque para a história pessoal do Tommy, sua relação com o pai e a música. Tem aquele clima sinistro das melhores histórias do Lovecraft, diria que com um tom até mais explícito de horror. Ao final queria mais daquele universo. Também gostei do conto original, com as descrições sinistras que Lovecraft era mestre em apresentar.

Esse livro traz aquele sentimento de gostar dos livros de um determinado autor mas não concordar com suas opiniões, a dificuldade em separar esses dois aspectos. Acredito que nessa releitura do conto de Lovecraft ele conseguiu balancear esses dois sentimentos.

Por lado fazer uma homenagem ao fascinante repertório de horror cósmico criado pelo autor, tão vasto que influencia até os dias de hoje, além de manter os elementos da história original. E por outro, evidenciar o racismo e xenofobia presente nos textos dele.

Jenny 17/09/2023

"- Carrego um inferno dentro de mim - rosnou Black Tom. - E quando descobri que ninguém tinha compaixão por mim, quis arrancar árvores, espalhar o caos e a destruição ao meu redor e de- pois me sentar e desfrutar da ruína.
- Então, você é um monstro- comentou Ma-
- Fizeram de mim um monstro."

John.Spectrum 09/09/2023

Revisitando Lovecraft
- Um rapaz negro do Harlem trabalha como músico nas ruas, mas realiza também golpes e serviços obscuros. Certo dia, ele firma um acordo com um sujeito branco, rico e ocultista, que é alvo de um detetive da polícia. Graças a essa parceria, o rapaz verá horrores que vão muito além do racismo e da violência policial.

- A novela toma por base o conto "O Horror em Red Hook", escrito por Lovecraft em 1925, e traz uma narrativa que reinterpreta a história lovecraftiana, a partir da perspectiva de um protagonista negro, vítima do racismo e da violência nos Estados Unidos da década de 1920. O conto de Lovecraft é marcado por trechos discriminatórios, e a presente novela mostra um viés crítico a esse respeito, sem, no entanto, negar o valor literário do mestre do "horror cósmico". Contendo 18 capítulos, 138 páginas e um texto envolvente, ela conduz o leitor pelas ruas da Nova York dos anos 1920, mas também o faz passear pelos meandros de um submundo inominável. Logo em seguida, aparece o conto de Lovecraft, permitindo ao leitor fazer uma análise comparativa das duas obras e tirar suas próprias conclusões.

Luvale 17/08/2023

Muito melhor que o original
Esse livro é uma releitura de O Horror em Red Hook, um conto extremamente carregado de preconceitos como racismo e xenofobia por parte do Lovecraft, que mesmo para sua época, era o Megazord do preconceito e mostrava suas visões em suas criaturas e no seu horror cósmico.

Victor LaValle, o autor da releitura, é um homem negro, que amava os contos de horror cósmico, e foi percebendo, conforme crescia, que Lovecraft desprezava pessoas como ele e se confrontou com o famoso dilema: ?É possível apreciar o autor abertamente preconceituoso e que explicita isso em suas histórias e separá-lo de sua obra??. Decidiu então dar sua visão para o conto, mostrar como a obra original era problemática e o autor mais ainda, trazendo um olhar muito mais complexo e angustiante, falando sobre o preconceito no seu cerne e mostrando que os verdadeiros monstros não vem do espaço desconhecido, estão sempre entre nós.


"Todas as vezes que eu estava perto deles, eles agiram como se eu fosse um monstro. Então eu disse 'Caramba, vou ser o pior monstro que vocês já viram'!"


A escrita do Victor é genial, principalmente quando ele divide os pontos de vista, sendo a primeira metade narrada por Tommy Tester, um homem que encara o preconceito todos os dias e vive uma vida de julgamentos apenas pela cor de sua pele e a segunda metade narrada por Malone, um detetive branco, fruto de sua época e feito de intolerâncias. A dualidade das visões é genial e conseguimos ver de onde parte a crítica central ao Lovecraft nesse reconto.


Vemos uma trama onde Tommy se vê preso em uma teia de acontecimentos que levam a uma entidade adormecida que virá para dizimar a humanidade e instaurar seu reino na terra: Cthulu. Nessa jornada seu caminho se cruza com o do detetive Malone, que está no curso de uma investigação que o leva a forças desconhecidas. Esse choque de vivências, unido a uma escrita extremamente fluida e imersiva, que, diga-se de passagem, é infinitamente mais atmosférica que o conto original, consegue trazer, além de toda a reflexão, o medo e a tensão que as criaturas gigantescas e inomináveis do horror cósmico evocam.


Nessa edição contém o conto original traduzido de forma literal, sem abrandamentos, para que possamos comparar as leituras e perceber o porquê da crítica ao autor. A leitura de ambos é importante para entendermos como o horror trazido por Lovecraft estava no medo do diferente e no próprio preconceito em si, que na mente perturbada do autor, tomava formas colossais e mitológicas.


É uma leitura incrível e que nos faz refletir em poucas páginas, com uma condução narrativa inteligente. Amei cada capítulo desse livro, até os que me deram mais raiva. Uma releitura coerente e necessária.

Cami 01/08/2023

Uma excelente crítica e homenagem a Lovecraft
O primeiro mérito deste livro se dá ao fato de ser escrito de uma maneira agradável de ler, o oposto da escrita de Lovecraft, a qual geralmente é o primeiro impeditivo para novos leitores consumirem suas obras.

O segundo ponto é com relação à adaptação, que cumpre seu papel social de maneira exemplar.
Lovecraft é conhecido por ser fruto da sua época e de seu status social: racista, xenofóbico, preconceituoso.
O autor da Balada de Black Tom adapta um dos contos mais preconceituosos de Lovecraft, o Horror de Red Hook, de uma maneira primorosa, dando o holofote para um personagem negro e escancarando os problemas da época através dele, sem deixar de lado toda a essência do horror cósmico.

Altamente recomendo este livro!

Igor 04/07/2023

Muito melhor que o conto original
Mesmo entendendo a importância do Lovecraft e seu universo de terror cósmico, não dá pra fingir que ele não é fundado em um temor racista, xenofóbico e uma carreta de preconceito religioso.

Victor Lavalle faz uma releitura do conto original com a narrativa dividida 50/50 entre Tom e Malone, aprofundando mais os personagens e dando motivações mais condizentes.

A narrativa nos leva por uma América realista aonde o racismo está constantemente escancarado e faz parte do dia a dia do povo negro. Sua fantasia não se sustenta sem preconceitos contra outras religiões e deuses antigos, deixando um ar de mistério sempre rodeando a narrativa.

Arrisco dizer que ainda não li nada do Lovecraft que seja tão bom quanto seus fans dizem, ainda mais sendo uma pessoa preta e entendendo que a cada 2 parágrafos, 5 estão sendo abertamente racistas. Então de longe, Victor e sua história são muito superiores ao original.

Um livro curto e de leitura rápida que para leitores mais vorazes não ocupará mais que uma tarde dedicada a ele.

Giovanna Batalha 15/06/2023

Não sabia que era inspirado em um conto do Lovecraft. Nessa edição a Morro Branco trouxe o conto original e deixa eu te dizer que o Victor Lavalle faz aqui um trabalho muito melhor na ambientação do suspense e terror que estão acontecendo.