A Balada do Black Tom

A Balada do Black Tom Victor LaValle
Victor LaValle




Resenhas - The Ballad of Black Tom


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@tigloko 20/10/2023

"O Rei Adormecido está morto, mas sonhando"
Nesta releitura de O Horror em Red Hook, de H.P.Lovecraft, acompanhamos Charles ?Tommy? Tester, um trambiqueiro morador do Harlem, sempre carregando seu violão para seus golpes, quando ele se vê envolvido em magia e forças maiores do que ele imaginava ser possível existir. Do outro lado temos o detetive Malone, investigando as atividades de um senhor misterioso chamado Suydam, que acaba se interligando com a história de Tommy.

Adorei essa história, ela é bem fluida e com o tom certo de mistério e magia. Gostei do destaque para a história pessoal do Tommy, sua relação com o pai e a música. Tem aquele clima sinistro das melhores histórias do Lovecraft, diria que com um tom até mais explícito de horror. Ao final queria mais daquele universo. Também gostei do conto original, com as descrições sinistras que Lovecraft era mestre em apresentar.

Esse livro traz aquele sentimento de gostar dos livros de um determinado autor mas não concordar com suas opiniões, a dificuldade em separar esses dois aspectos. Acredito que nessa releitura do conto de Lovecraft ele conseguiu balancear esses dois sentimentos.

Por lado fazer uma homenagem ao fascinante repertório de horror cósmico criado pelo autor, tão vasto que influencia até os dias de hoje, além de manter os elementos da história original. E por outro, evidenciar o racismo e xenofobia presente nos textos dele.
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Queria Estar Lendo 27/10/2020

Resenha: A Balada do Black Tom
Minha segunda leitura da Maratona Literária de Halloween foi A Balada do Black Tom, que é uma homenagem e uma crítica muito bem-vindas do autor Victor LaValle a H.P. Lovecraft. O livro faz uma releitura de Horror em Red Hook, um dos contos mais racistas e xenofóbicos do autor clássico; e é uma história importantíssima por isso.

Na trama, acompanhamos o jovem Tommy Tester. Ele é um péssimo cantor, mas sabe tocar algumas músicas no violão, sempre carregando o estojo vazio para carregar suas coisas por aí. Depois da entrega de um misterioso livro numa casa estranha, Tommy acaba por cruzar o caminho de Robert Suydam, um homem estranho que o contrata para cantar em uma festa - festa essa que promete dar novas visões ao mundo que se conhece.

Do outro lado da história, temos Malone - figura carimbada no conto original de Lovecraft - um detetive lidando com investigações a respeito de Suydam e sua ligação com misticismo e possíveis seitas satânicas.

"- A indiferença seria um bom alívio."

Eu nunca tinha lido Horror em Red Hook justamente por apontarem tanto como a história mais tóxica e preconceituosa do Lovecraft. Passei por muitos contos famosos dele com um misto de "a mitologia é muito boa" e "puta merda como esse homem era um bosta", então foi maravilhoso pegar esse livro, escrito por um autor negro, que faz uma releitura de uma história problemática pela voz de quem foi atingido por ela.

"A lição que Tommy Tester aprendeu em vez dessa foi a de que era melhor arranjar uma maneira de fazer seu dinheiro, porque este mundo não estava tentando deixar um preto rico."

Não é aquela coisa de "separar a obra do autor", mas sim "pegar a obra do autor e reescrever para mostrar o quanto ela era problemática". O autor gostava dessas histórias, mas se viu machucado por elas, e fez uma coisa por si mesmo que foi pegar tudo que era ruim e mudar a perspectiva; no conto do Lovecraft, o racismo e xenofobia são escrachados. Estão ali em todas as páginas, na maneira com que ele descreve os personagens de cor, como se refere com humanidade aos brancos e com monstruosidade aos personagens negros.

Victor faz um trabalho brilhante subvertendo o que já foi visto, mostrando o sofrimento do personagem Tommy e dando vida ao bairro em que ele vive. Tudo que é "demonizado" pelo olhar racista de Lovecraft é invertido por Victor, que mostra o preconceito e a brutalidade realista da época, o horror que as pessoas negras viviam nas mãos dos brancos. O racismo que imperava a sociedade é parte da narrativa, mas de maneira consciente e perturbadora como deve ser mostrado.

O horror cósmico também aparece e é muito bem abordado pelo autor; todo o mistério e tensão em cima do que existe no Exterior, quem é o Rei Adormecido e o que Suyman está tramando que se relaciona ao desconhecido, esses detalhes carregam muito terror e são bem apresentados e desenvolvidos no decorrer da narrativa.

O final é devastador, mas também um sopro de ar fresco na obra original.

A edição da Morro Branco, aliás, é linda e encaixa bastante no tema. Eu achei interessante que eles trouxeram o conto original, Horror em Red Hook, ao fim do livro - justamente para comparativos e também para mostrar o quanto era tóxica e perturbadora justamente por isso. O horror não estava nos elementos cósmicos, mas na visão preconceituosa do Lovecraft.

"Qualquer dia desses, vou trazer Cthulhu para vocês, demônios."

Para quem gosta da temática e não quer ter que conviver com a narrativa racista e problemática do Lovecraft, A Balada do Black Tom é uma história rápida, concisa e maravilhosa que traz todos os elementos originais, mas também humanidade e bom senso no desenrolar da trama.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2020/10/resenha-balada-do-black-tom.html
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Thiago Araujo 25/03/2021

Se tornar aquilo que dizem que é...
Preconceito, racismo, xenofobia... são dores que só imaginamos o que são, a não ser que sintamos na própria pele.

Tommy Tester foi mais um que recebeu essas dores, que buscou soluções se transformando naquilo que os outros pensavam dele. O que ele é agora?

Um personagem moldado pelo seu ambiente, transformado e amadurecido à força dentro de uma realidade que muitos enfrentam até hoje.

Black Tom é uma vítima? Um coitado? Um monstro? Não sei, é uma questão de perspectiva e de escolhas. Sua trajetória choca e ensina.

Um livro em que o sobrenatural e o real se misturam. Uma baita experiência!
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emlindh 30/11/2022

Ta na hora de reescrever Lovecraft sim
"Todas as vezes que eu estava perto deles, eles agiram como se eu fosse um monstro. Então eu disse 'Caramba, vou ser o pior monstro que vocês já viram'!"

Victor LaValle lia e adorava Lovecraft quando criança, até eventualmente perceber que Lovecraft detestava gente como ele. Vale lembrar que mesmo para "um homem de seu tempo" o Lovecraft era um babaca: um racista, xenófobo, homofóbico e machista. Sua escrita e mente perturbada pode ter criado muitas coisas incríveis para a literatura, mas está na hora de rever e reescrever essas histórias, torná-las algo novo, manter a essência e tirar o tom preconceituoso dos contos originais.

A Balada do Black Tom se inspira em O Horror em Red Hook para recontar os acontecimentos macabros que aterrorizaram o detetive Malone. Mudando o ponto de vista da história temos o nascimento do monstro, mas na realidade fica o questionamento de quem é de fato esse monstro.
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Qnat 25/03/2021

O livro é muito interessante, pela premissa de responder ao Lovecraft mas também se sustenta por si só.

Sei que não será um livro memorável, nem meu favorito - até porque o tema terror não me interessa, muito menos Lovecraft. Mas não deixa de ser um livro que eu indicaria para quem gosta deste gênero.

Senti que o final extremamente em aberto é porque o livro se encaixaria em um universo maior. Mesmo assim não me agradou, senti que o fechamento do enredo não teve o mesmo cuidado do que a descrição de algumas cenas (muito bem pensadas) e desenvolvimento de personagem.

Para mim os personagens e o seus desenvolvimentos foi o objetivo do escritor, principalmente sobre Black Tom e seu pai. O bairro também cria uma vida e se torna um dos personagens do livro, e gostei muito disso, foi muita habilidade do escritor em responder isso também. Os policiais a princípio pareciam clichês (até porque foram montados pelo próprio Lovecraft, seguindo o estilo da época), mas o autor conseguiu dar uma profundidade mais real para eles, os colocando com os pensamentos supremacistas brancos da época mas não de todo maus (pelo menos o detetive principal, que era muito mais condizente com a violência não a impedindo do que a realizando. Muito do que o cidadão médio faz até hoje).

O conto foi uma resposta ao racismo escancarado de Lovecraft. Há o conto original no final do livro, para que não ninguém tenha dúvidas disso.Fiquei abismado, primeiro porque Lovecraft escreve MUITO BEM coisas horríveis. É desnorteante como uma escrita tão boa pode ser usada assim.
Se não fosse o racismo, eu teria gostado mais do conto original do que o livro do Victor. Mas explico: eu geralmente gosto mais de contos do que romances. Mas com toda aquela xenofobia eu fico pensando, como a literatura de Lovecraft virou um universo com uma legião de fãs?

Eu particularmente já havia lido Lovecraft quando muito jovem e não tinha percebido esse tom racista, mas nem o próprio autor que é negro, parte do grupo atacado, não o percebeu. Isso me faz ter mais atenção sobre o que eu leio e senti vergonha de não ter percebido.

Ao mesmo tempo, não culpo o Lovecraft. Claro, ele estava errado. Mas até quanto ele não é fruto do seu tempo? O livro de outra escritora negra, Kindred, discute isso.

O quanto podemos julgar pessoas por erros passados, que na época todo mundo dizia ser normal - o estado, a igreja, a família, os vizinhos. Quem garante que daqui 200 anos não seremos todos julgados por fazer coisas absurdas. Espero que estejamos errando menos, mas ainda sim sei que estamos errando.
Claro que há grupos ainda supremacistas, racistas e fascistas até hoje, mas digo, mesmo o que consideramos liberal hoje, progressista, pode ser considerado um abuso no futuro.

Se pensarmos bem, esse livro do Victor LaValle não tem personagens mulheres. Elas aparecem apenas como uma bruxa ou como garçonetes sem fala. Não deixa de ser uma falha em um livro que busca ser inclusivo.
Bom, assim acho que o livro vale muito pela discussão que trás.



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Cris.Is.Online 30/11/2023

O que é a indiferença comparada com a maldade?
Li tanto Red Hook e A Balada de Black Tom muito proximos e foi esse livro que me fez largar mão de ler mais Lovecraft. Brutal na sua representação de racismo e lindamente brutal em sua resposta, Esse confronto entre o terror cosmico e o terror real que o Proprio Lovecraft perpetuou com seu racismo nojento cria um personagem potente, uma representação mais realista do tempo em que o horror cosmico foi criado e uma resposta a altura.
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Nathy 10/07/2022

? A Balada do Black Tom - Victor Lavalle ?

Sem spoilers!

Uma resposta necessária e fantástica a HP Lovecraft e seu conto ?Horror em Red Rook?.

Tommy Tester, um jovem negro sustentando sua casa e seu pai, usa de uma maleta de violão para se tornar invisível em Nova York. Trabalhando em negócios duvidosos envolvendo magias perigosas, ele acaba chamando atenção de um milionário idealista, entrando em uma tentativa de trazer de volta um poder antigo e devastador. Não sabia que ao fazer isso, estaria colocando a sua vida em risco e também de todos na terra.

Nos contos e escritos de HP Lovecraft, conseguimos perceber o r4cism0 e a x3nofobi4 que permeiam sua escrita. Victor Lavalle usou então do seu desconforto para escrever uma releitura por outro ponto de vista.

O horror e o fantástico dão as mãos nessa narrativa rápida e muitas vezes com pontas soltas não muito bem explicadas. É sobre mergulhar na história e ir entendendo junto com as personagens.

É brutal e escancarada a vi0lênci4 contra pessoas negras no século XX nos Estados Unidos, bem explícita e compõe a trama, misturando a realidade é o sobrenatural sobrepostos.

Quando vemos Black Tom e como ele chegou a onde chegou, somos colocados pra pensar sobre o conceito de vilão e bem e mau, mostrando como a sociedade e seu tempo molda pensamentos.

Nessa edição da Morro Branco, também tem o próprio conto do HP Lovecraft no final, deixando para leitores entenderem mais profundamente a resposta crítica de Victor Lavalle.

?? 4/5 ??
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vasilisamorozko 21/06/2020

Sem Palavras
‘‘Algumas pessoas sabem de coisas sobre o universo que ninguém deveria saber, e podem fazer coisas que ninguém deveria ser capaz de fazer.”


#190 - Já fazia um tempo que eu estava atrás deste livro e finalmente a oportunidade de ler apareceu, e eu realmente não sei o que dizer além de que é um dos favoritos do ano! Simplesmente foi muito mais do que eu esperava, adorei a escrita do autor e estou fascinada por Black Tom. Sim, aquele final dele com Malone, só me fazem gostar mas dele - afirmação duvidosa novamente - porém pra quem está do lado do estranho mistérios conhecido por Satã, eu não me preocupo muito.
Favorito do ano com toda a certeza. Juro que estou com vontade de sair com um mega fone por ai gritando leiam A Balada Do Black Tom!!!
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Luvale 17/08/2023

Muito melhor que o original
Esse livro é uma releitura de O Horror em Red Hook, um conto extremamente carregado de preconceitos como racismo e xenofobia por parte do Lovecraft, que mesmo para sua época, era o Megazord do preconceito e mostrava suas visões em suas criaturas e no seu horror cósmico.

Victor LaValle, o autor da releitura, é um homem negro, que amava os contos de horror cósmico, e foi percebendo, conforme crescia, que Lovecraft desprezava pessoas como ele e se confrontou com o famoso dilema: ?É possível apreciar o autor abertamente preconceituoso e que explicita isso em suas histórias e separá-lo de sua obra??. Decidiu então dar sua visão para o conto, mostrar como a obra original era problemática e o autor mais ainda, trazendo um olhar muito mais complexo e angustiante, falando sobre o preconceito no seu cerne e mostrando que os verdadeiros monstros não vem do espaço desconhecido, estão sempre entre nós.


"Todas as vezes que eu estava perto deles, eles agiram como se eu fosse um monstro. Então eu disse 'Caramba, vou ser o pior monstro que vocês já viram'!"


A escrita do Victor é genial, principalmente quando ele divide os pontos de vista, sendo a primeira metade narrada por Tommy Tester, um homem que encara o preconceito todos os dias e vive uma vida de julgamentos apenas pela cor de sua pele e a segunda metade narrada por Malone, um detetive branco, fruto de sua época e feito de intolerâncias. A dualidade das visões é genial e conseguimos ver de onde parte a crítica central ao Lovecraft nesse reconto.


Vemos uma trama onde Tommy se vê preso em uma teia de acontecimentos que levam a uma entidade adormecida que virá para dizimar a humanidade e instaurar seu reino na terra: Cthulu. Nessa jornada seu caminho se cruza com o do detetive Malone, que está no curso de uma investigação que o leva a forças desconhecidas. Esse choque de vivências, unido a uma escrita extremamente fluida e imersiva, que, diga-se de passagem, é infinitamente mais atmosférica que o conto original, consegue trazer, além de toda a reflexão, o medo e a tensão que as criaturas gigantescas e inomináveis do horror cósmico evocam.


Nessa edição contém o conto original traduzido de forma literal, sem abrandamentos, para que possamos comparar as leituras e perceber o porquê da crítica ao autor. A leitura de ambos é importante para entendermos como o horror trazido por Lovecraft estava no medo do diferente e no próprio preconceito em si, que na mente perturbada do autor, tomava formas colossais e mitológicas.


É uma leitura incrível e que nos faz refletir em poucas páginas, com uma condução narrativa inteligente. Amei cada capítulo desse livro, até os que me deram mais raiva. Uma releitura coerente e necessária.
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Francine Nunes 11/07/2022

Muito bom
Eu estava muito ansiosa para essa leitura e com as expectativas lá em cima.
Esse livro atendeu todas as minhas expectativas, eu li rapidinho e foi muito, muito prazerosa essa leitura.
Super recomendo!
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lipelimma 23/12/2022

2.5*
Li algumas resenhas passando pano ou enaltecendo Lovecraft por se tratar de uma crítica a seu livro, mas achei confuso no início e não consegui encontrar algum significado dna conclusão. Não é ruim, a história tinha tudo para ser boa.
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@leiturasdabreh 28/04/2023

Uma releitura muito melhor que o original!
Eu amei o quanto o autor conseguiu usar o universo criado no conto do Lovecraft, mas melhorou e deixou a história muito mais fluida e representatividade.

Nessa edição temos o conto original e não gostei nadaaaa dele. Mas não levei o conto original em consideração para dar a nota.

Super indico esse livro para os amantes do terror.
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Adriana1161 04/11/2022

Balada necessária
O livro é uma crítica ao conto "O horror em Red Hook" de H P Lovecraft. Critica o racismo e a misoginia.
A história é uma fantasia, que inclui superstições medievais e pacto faustico. É curta, quase um conto.
Mostra a situação dos negros, em Nova Iorque, em 1924. Perseguição, falta de reconhecimento, tudo isso misturado a uma magia poderosa. Tom Black, vilão ou lacaio?
"Indiferença seria um bom alívio"
"Sua tragédia era a falta de talento"
"Eles agiram como se eu fosse um monstro. Entãoeu disse, caramba, vou ser o pior monstro que vocês já viram"
Personagens: Charles Tommy Tester, Otis Tester, Robert Suydam, Malone, Buckeye, Ma Att
Local - NY - 1924
@driperini
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TaynA130 23/01/2021

Esse livro é muito bom para quem é fã das obras do H.P Lovecraft, sabemos quantas opiniões problemáticas e preconceituosa ele tinha. Esse livro é uma releitura do conto Horror em Red Hook, no final tem como conto original também e eu particularmente posso dizer que esse re-conto consegue ser melhor que o original.
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