Eurico, o Presbítero

Eurico, o Presbítero Alexandre Herculano




Resenhas - Eurico, o presbítero


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Clio0 06/01/2023

Um romance de cavalaria português que merecia ser transformado em filme.

A tragédia de Eurico é um épico. A luta contra invasores, o amor impossível por Hemengarda, a devoção religiosa. Tudo perfeitamente entrelaçado por Alexandre Herculano que quis deixar a marca lusitana entre tantas outras obras clássicas como El Cid, Ivanhoé e Artur da Távola.

A adaptação feita para o português moderno cumpre seu papel - quase não é preciso o refúgio a um dicionário ou enciclopédia. Porém, o leitor mais acostumado ao ritmo dinâmico dos romances históricos atuais pode se sentir enfadado, já que todo o rol de personagens é dado a introspecção.

O livro ainda apresenta batalhas sanguinolentas e discussões ferrenhas em que até os insultos são referidos, embora ainda dentro do gênero a que se propõe.

Meu volume sofreu um pouco durante a leitura, e a lombada descolou... não sei se foi azar ou um defeito comum dessa edição.
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Claire Scorzi 20/09/2020

Quando Os Escritores Sabiam Escrever...
Reler Eurico o Presbítero foi um presente. Apesar de interrupções na leitura, a cada vez que retomava, mergulhava - nas batalhas físicas entre godos e sarracenos, nas emocionais dentro do coração do herói - apaixonado, santo, guerreiro: Eurico é tudo! - nos desenlaces dramáticos da cada episódio, no estilo derramado romântico que aparece quando é Eurico mesmo quem narra; no estilo mais sóbrio e de romantismo trágico quando é Herculano o narrador.
Um romance dentro dos moldes românticos que é ágil como um romance de aventuras em tantos momentos; e belíssimo como romântico ao tratar do tema do amor impossível.
Não dá para chorar, Herculano é demasiado sóbrio para isso; mas é intenso, poderoso, impressionante, e, quando se vê a fama de outros livros do movimento, fama muita vez imerecida, injustamente pouco elogiado.
Isso aqui é Lindo. Só isso. Apenas isso.
Passei meses da pandemia lendo contemporâneos, gente que, salvo exceções, nunca aprendeu a escrever. Voltar aos clássicos é um sopro de ar puro. Voltar a "Eurico, o Presbítero" é ser bafejada de Beleza. Alexandre Herculano sabia escrever. Maravilha!
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Renato 04/07/2023

Fé, guerra e paixão
Nesse verdadeiro clássico do romance de cavalaria encontramos de tudo: amor impossível, batalhas épicas, traições, dramas morais, heróis abnegados e o mais que possa caber no gênero. A diferença fica pela primor da narrativa romântica de Alexandre Herculano e a crítica velada sobre os valores de sua época. O autor mescla o triste amor de Eurico por Emengarda dentro dos fatos históricos da ocupação da Espanha pelos Sarracenos na idade média.
Eurico, o valoroso cavaleiro, é rejeitado como pretende de Emengarda, filha do rei, e humilhado e desiludido, bem ao estilo romanesco, abandona as armas e se torna um celibatário, presbítero com votos de obediência. Contudo, a Espanha, sua adorada terra, está na iminência de ser dominada pelos árabes, tendo como aliados parte da nobreza traidora da pátria. Dividido entre a religião que abraçou para purgar o amor que ainda lhe consome a alma e seus ardentes brios de guerreiro, frente a pátria usurpada, Eurico se vê amargurado por conflitantes sentimentos de amor, fé e bravura.
Não se deixe intimidar pelo vernáculo, afinal trata-se de um romance do século XIX e o autor é o maior historiador português. O esforço será recompensado.
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deysiane 20/02/2024

Sinceramente, achei bem chatinho... O final foi legal mas os únicos capítulos que eu gostei mesmo foram os do começo, dedicados às reflexões de Eurico, como o trecho abaixo:

"Arrastava-me para o ermo um sentimento íntimo, o sentimento de haver acordado, vivo ainda, deste sonho febril chamado vida, e de que hoje ninguém me acorda, senão depois de morrer."
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Mila F. @delivroemlivro_ 16/02/2011

Amores Medievais
Eurico, o Presbítero, Alexandre Herculano, São Paulo: Martin Claret, 2007, 179 pág.

Alexandre Herculano foi um renomeado escritor português, nasceu em Lisboa em 1810, e faleceu em 1877, além de escritor era jornalista, poeta e historiador. Suas obras abrangem teatro, poesia, romances entre outras. A obra “Eurico, o Presbítero” é datada de 1844 e trata-se um romance histórico, que relata a história de amor frustrada de Eurico e Hermengarda. Como um romance histórico que se passa no início do século VIII na Espanha Visigótica ele aborda os tempos medievais.
Após o Duque de Fávila rejeitar o pedido de Eurico para desposar sua filha Hermengarda, por ele ser de origem humilde, Eurico entrega-se à desilusão de nunca poder ter sua amada e acaba seguindo os caminhos religiosos e se torna o Presbítero da Cartéia, a fim de obliterar o sentimento que nutria por Hermengarda. No entanto, ele descobre que os árabes estão invadindo a Península Ibérica, avisa seu amigo Teodomiro e se torna o Cavaleiro Negro.
De maneira heróica e assaz ele luta em defesa de sua Pátria e da sua Religião e de forma corajosa e inteligente ganha a admiração dos povos visigodos e o Cavaleiro Negro além de conhecido se torna uma inspiração para os outros cavaleiros. Quando os godos levavam vantagem e a vitória estava parcialmente garantida, Sisebuto e Ebas (filhos do imperador Vitiza) traem seu povo e ficam do lado dos árabes. Neste ínterim Roderico (rei dos visigodos) morre em combate e o povo passa a ser liderado por Teodomiro que para não ver perecer todo o povo, faz contrato de paz com os árabes.
Enquanto isso, no Mosteiro da Virgem Dolorosa, no qual Hermengarda estava escondida, é invadido pelos traidores godos e árabes, que foram para lá pegar as virgens. No entanto, as freiras decidem se desfigurar ao invés de terem seus corpos profanados, todavia no momento em que Hermengarda (de forma bravia) ia ser desfigurada, os árabes a raptaram. A notícia de que Hermengarda foi capturada chega aos ouvidos de Pelágio, seu irmão, que decide corajosamente resgatá-lo, entretanto o Cavaleiro Negro pede para coordenar a empreitada e salvar a irmã de Pelágio. Pelágio concede. O Cavaleiro Negro salva Hermengarda no momento em que o “amir” está preste a possuí-la. Hermengarda é levada para seu irmão Pelágio. A salvo na gruta, Hermengarda encontra Eurico após ele ter lhe confessado ser o Cavaleiro Negro, declara seu imenso amor por ele. Não obstante, Eurico fala para a amada que eles não pode ter nada, pois o compromisso religioso que ele assumiu o proíbe.
Indubitavelmente “Eurico, o Presbítero” é uma obra magnífica, um clássico encharcado de ideologia, religiosidade e amor pela Pátria e eu, sempre afirmo que os clássicos devem e merecem ser lidos! Entretanto, a leitura é um pouco complexa e deveras difícil, mas com um bom dicionário e um conhecimento histórico prévio facilita muito a compreensão do mesmo.

[por: Camila Márcia]
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Fabrícia 13/08/2009

A história merece nota 5 e a dificuldade da leitura merece nota 3, então achei justo avaliar essa obra com nota 4. Eurico, o Presbítero é um livro que mostra a fase da vida de um homem que tinha como centro o amor por uma mulher. Sua vida, ao ser rejeitado, foi de puro sofrimento misturando loucura e lucidez, tentando separar o bem e o mal dentro de si.

Ele conseguia viver no sofrimento, mas quando conheceu a felicidade, mesmo que por instantes, voltar para essa tristeza não foi mais possível. Um capítulo marcante no livro foi sobre o acontecimento no Mosteiro da Virgem Dolorosa, onde as religiosas evitam se tornar objetos de homens selvagens.

A leitura tem que ser feita com muita calma, voltando em vários parágrafos, para realmente entender os sentimentos dos personagens.
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Felipe.Protti 18/08/2020

Um livro um tanto complicado de ler, pois sua escrita é um pouco difícil, mas o tema da narrativa foi muito bom, me lembrou algumas aulas que tive de latim na faculdade, mostrando como aconteceu algumas influências linguísticas embora o livro não se trate disso, mas sim de uma batalha...
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Lucas1429 15/01/2024

Debalde, uma bela obra
Herculano é um grande intelectual português, tendo obras que versam da literatura à história.

Com Euríco, o Presbítero, ele inaugura o romance histórico em terras lusitanas.

Sobre a história, resumidamente, e sem spoilers, retrata a vida de Eurico, que renega à vida de fidalgo, se assim podemos dizer, para a vida monástica após uma decepção amorosa. Enquanto presbítero, acompanha a invasão muçulmana à Península Ibérica. Espanhol, do sangue quente - ou caliente -, logo veste a armadura e passa a combater. Entre os combates pela sua terra, reencontra o amor que o passado lhe condenou a não viver. E assim, entre a cruz e a espada, literalmente, Eurico se encontra.

A obra traz várias reflexões. Reflexões sobre nacionalidade, algo inclusive um pouco forçado por Herculano, mas que é fruto de seu tempo. Não há como uma obra que se passa em plena invasão árabe discorrer sobre uma Espanha e um caráter nacionalista, posto que era uma discussão inexistente no período. Ainda assim, é perdoável, pois Herculano vivia uma época em que o nacionalismo ganhava certa força no pensamento cotidiano. Traz também reflexões sobre amores, coisa pouco discutida no período do medievo, posto que os casamentos eram arranjados - vigorava o interesse e não o amor. Mas, nessa última questão, pouco há o que se criticar, uma vez que é um clichê em diversas obras.

O vocabulário de Herculano é primoroso, com construções narrativas belas e cheias de metáforas muito bem colocadas. Me senti um analfabeto com meu vocabulário ao vê-lo escrever, muito embora haja, por parte do autor, um carinho gigantesco pela palavra DEBALDE, que eu li umas 8 vezes no livro.

Não é um livro para iniciantes, posto a árdua tarefa da compreensão de seu vocabulário oitocentista e de suas metáforas. Cabe para leitores já acostumados com livros um pouco mais difíceis e que desejam se aventurar em episódios históricos vistos por olhos postos nos anos 1800... Apesar de curso, acaba sendo denso por esta dificuldade no vernáculo.

Uma vez superada a barreira da língua, é uma obra excelente se colocada em retrospectiva à sua época, mas que, sob meus olhos, não agradou tanto, pois sou privilegiado de viver em uma época com efusão de boas narrativas de romance histórico, contidos, por exemplo, em Bernard Cornwell. Ainda assim, vale o desafio e a leitura.
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Bruno Mancini 22/04/2021

Sério
Nem sei porque li e mesmo lembro de que esteja escrito.
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Israel.Leite 22/03/2022

Um tanto complicado, mas recompensador
Li esse livro pra faculdade, mas não me arrependo nem um pouco. A história de Eurico é muito boa.
Os primeiros dois capítulos são uma bosta. Cheios de descrições históricas e de lugares que é bem difícil de se situar. Mas depois disso, a história começa a se desenvolver e a valer a pena.
O livro é cheio de comparações e metáforas, além de uns exageros sentimentais, o que são compreensíveis por se tratar de um livro do Romantismo. Também tem umas frases bem longas, que às vezes eram complicadas de entender, mas isso não é um problema tão grande. E o vocabulário é uma grande barreira, pois tem muitas palavras bem rebuscadas, mas com um pouco de esforço (e um dicionário), dá pra passar por (entender) elas.
Mas citando as qualidades, as cenas de batalha são magníficas, muito bem escritas. Os personagens até que são interessantes, principalmente Eurico, que é bem misterioso e tem uma grande presença.
Citando o protagonista, o autor teve uma maneira interessante de descrever ele nas cenas, como alguém meio que desconhecido, algo realmente bem legal.
Além da prosa, a lírica da obra é linda e muito profunda. Realmente muito bem escrita.
Recomendo a leitura para os fortes que consigam suportar os momentos de chatice da obra e assim possam apreciar as coisas boas que ela tem. No mais, apesar de certos detalhes, é um ótimo livro.
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Deghety 29/05/2020

Eurico
Eurico, O Presbítero

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Eurico, O Presbítero é um romance histórico e fictício onde Alexandre Herculano narra eventos, reais e fictícios, do período da invasão muçulmana na península ibérica e da reconquista cristã no século VII .
O protagonista, Eurico, é um cavaleiro, herói, de grandes façanhas na história, mas também de um profundo melancolismo causado por um amor impossível.
Achei a leitura bastante dificultosa devido a linguagem rebuscada, mas isso não atrapalha o entendimento.
Em questão do contexto histórico, é bem detalhado, tanto na questão socio-politica, religiosa e na demográfica.
Vale uma releitura futura.

A Dama Pé de Cabra
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Essa novela lembra muitos os causos que ouvíamos das pessoas idosas antigamente.
Uma espécie de lenda urbana de características sobrenaturais, do capiroto, pra ser mais claro.
A escrita é quase um poema em prosa, no entanto o linguajar é bem menos rebuscado que Eurico.
Fazendo um resumo rápido. A Dama Pé de Cabra é uma bela mulher que encanta homens com sua beleza e os coloca em meio uma maldição.
Mais que isso é spoiler.
Uma excelente história e narrativa.
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Andrelize 29/12/2011

Resenha e microanálise de Eurico, o Presbítero de Alexandre Herculano.
Característico da primeira fase do romantismo, o livro é um romance histórico, com traços de nacionalismo e valorização do homem medieval, tido como herói, Eurico.
É um romance de 19 capítulos e a narrativa é feita em terceira pessoa, narrador onisciente, mas há passagens que são narradas em primeira pessoa na qual o protagonista e personagem redondo (por suas transformações ao longo da narrativa) Eurico, o presbítero, reflete sobre sua história que ocorreu em meados do século VIII na Espanha Visigótica. O tempo da narrativa é cronológico e passa em tempo linear, sendo os acontecimentos marcados por datas.
O enredo consiste em uma historia infeliz entre Hermengarda e Eurico. Após um combate contra os “montanheses rebeldes e contra os franceses seus aliados” Eurico resolve pedir a mão de Hermengarda a seu pai, o Duque de Fávila. Porém, pela origem humilde de Eurico, o pai proíbe a união. Pensando ser desprezado também pela sua amada Hermengarda, Eurico se torna o Presbítero de carteia.
Para não pensar na amada, dedica-se a escrever hinos e poemas de cunho religioso inspirados nos campos e na natureza, como toda obra romântica que se preze, mas a sua rotina muda quando ele descobre que os árabes invadiram a Península Ibérica, ele decide defender a Península e combater os árabes.
Depois da invasão, o pacato presbítero transforma-se em um poderoso cavaleiro negro que luta em prol de terras Espanholas ganhando a admiração dos godos e sendo respeitado por toda a Espanha.
A luta teve algumas reviravoltas, mas a parte que cabe destacar é quando Roderico morre no campo de batalha e Teodomiro passa a liderar o povo. E nesta época, os árabes atacam o mosteiro e raptam a virgem Hermengarda, nesta parte da narrativa a personagem apresenta seu caráter de personagem redonda, pois de frágil e indefesa ela passa a lutar com fervor para impedir que o chefe dos mouros a tivesse como esposa.
O cavaleiro negro e outros guerreiros salvam a donzela das garras de Amir, que estava prestes a tirar-lhe a virgindade. Ela isola-se na montanha das Astúrias, onde também está seu irmão Pelágio, já que esta montanha era o único refugio para a independência goda.
Em segurança, na gruda, Hermengarda depara-se com Eurico e finalmente declara seu amor. Mas Eurico sabe que devido as suas convicções religiosas este amor nunca será concretizado e ele a revela que o cavaleiro negro e o presbítero de carteia são a mesma pessoa (um personagem que reúne as características da nacionalidade, do amor e de religioso). Ao saber disso, no clímax da narrativa, Hermengarda desespera-se e Eurico parte para a batalha suicida contra os árabes. Eurico morre propositalmente e Hermengarda desespera-se e enlouquece.
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Aleksander 14/07/2014

Vale a pena superar os primeiros capítulos!
Por três vezes tentei ler este livro. Agora consegui. A principal dificuldade é com certeza a linguagem. Períodos longos e palavras estranhas, da geografia, armas, funções militares e de governo, principalmente.

Em Eurico, o Presbítero, temos a história de um sacerdote ao mesmo tempo cavaleiro, desventurado em matéria de amor. Dessa desventura lhe veio a entrega à vida eclesiástica. No entanto, a lembrança da amada ainda o corrói, de modo que passa seus dias numa disposição de ânimo sombria.

Os primeiros capítulos tratam justamente de apresentar breve história de Eurico e dos godos, nação cristã, à qual pertence. E em seguida trata da invasão árabe nos territórios da Espanha e as batalhas entre estes e os godos, onde Eurico surge como o Cavaleiro Negro, que se torna lendário entre godos e árabes.

O autor prefere não classificar sua obra como um romance-histórico (apesar de ser). Ele diz: "[...] sendo hoje dificultoso separar, em relação àquelas épocas, o histórico do fabuloso, aproveitei de um e de outro o que me pareceu mais apropriado ao meu fim."

Herculano se aproveita de elementos históricos e adiciona nela seu romance ultraromântico, muito ao estilo da época, rico de informações interessantes da cultura dos godos. Alguns personagens são de fato históricos mas não necessariamente viveram na mesma época.
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Pedro Costa 01/08/2023

Histórias Que Se Reprisam

A vida imita a arte, a arte imita a vida, a moda são ciclos eternamente repetidos... será mesmo a história das civilizações um disco riscado, ou tudo o que pensamos saber não passa de uma grande ilusão? Tal é a inquietação que me provoca Eurico, o Presbítero, escrito por Alexandre Herculano, o pai do romantismo português, em meados dos anos 1800.

Eu não me canso de ler esses livros escritos no decorrer do século XIX, época pródiga em autores que sabiam bem o que estavam fazendo. Em que pese o relativo desconforto dos intermináveis parágrafos (bem ao estilo da época), a leitura não chega a ser cansativa à exaustão, graças à habilidade do experimentado historiador lusitano em dosar as emoções da trama ao longo dos eventos históricos (amplamente dominados por ele), ou durante a precisa descrição dos pontos geográficos usados como pano de fundo.

Talvez o desenrolar trágico, coroado com a usual conclusão dramática dos romances pioneiros, decepcione os adeptos da “moral da história” ao estilo vitoriano, mas o volume de conteúdo histórico mesclado à arte é compensador, além de muito interessante. Entretanto, o que impressiona mesmo é perceber a eterna atualidade da trama, independente da época ou do lugar; a recorrente covardia nas disputas, a absoluta ausência de escrúpulos na luta pelo poder e a universal presença dos poderosos venais, capazes de negociar a honra, a liberdade ou mesmo a vida dos próprios irmãos...

É a história se repetindo sempre... o Império Romano que cresceu, floresceu, depois apodreceu e ruiu, tendo parte da sua cultura absorvida pelos bárbaros vindos do Norte, brutos, mas inocentes, que também tiveram seu ciclo, algo mais curto, porém semelhante, corrompendo-se na oportunidade e por fim caindo como tudo que sobe... A parte triste foi ver o livro refletir também a realidade atual que vivemos; quem saberá dizer se não é igualmente o caso de nosso sistema moribundo, que já vemos desmoronar em adiantado estado de decomposição? Hoje testemunhamos o apodrecer de instituições que outrora nos deram orgulho... vemos vender-se quem no passado nos foi modelo de honra, e acovardar-se quem nos serviu como exemplo de hombridade e valentia.

Tomara esteja eu errado. Que existam mesmo os milagres e que surja antes do fim um cavaleiro negro minimamente parecido com o do romance, capaz de restituir a esperança, ainda que seja apenas aos nossos netos!

Lindo livro! Só por me proporcionar esta fantasia final já faz jus ao seu lugar na prateleira dos favoritos em minha biblioteca.

Pedro Costa.

site: “Pensando Bem...” (https://pedrolcosta.blogspot.com/)
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