A Beleza é Uma Ferida

A Beleza é Uma Ferida Eka Kurniawan




Resenhas - A Beleza É Uma Ferida


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Lilian 13/01/2022

História da Indonésia
O livro conta a saga de uma família e tem como pano de fundo a história da Indonésia, o que faz dele ainda mais interessante
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Nat 11/01/2022

^^ Pilha de Leitura ^^
Um livro peculiar! Começamos com a história de uma prostituta que morre e, anos depois, volta a vida! Depois, acompanhamos a vida de todas as suas filhas, inclusive da última, que é muito feia e se chama Beleza. O livro é cheio de histórias folclóricas, assim como a formação da Indonésia. Capítulos um tanto longos, mas que prendem. Gostei do enredo e da escrita. Recomendo!

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
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Henrique Fendrich 18/09/2020

Antes de começar a fazer esse meu "ano de literatura asiática", eu não fazia ideia de que o García Márquez tivesse tantos discípulos assim no outro lado do mundo. De fato, não é o primeiro livro de realismo mágico feito no oriente que me pego lendo. E Eka Kurniawan capta bem vários dos trejeitos, sejam de estilos ou temáticos, do velho Gabo.

Trata-se de um daqueles romances trans-geracionais que flagram o desenvolvimento de uma cidade específica, seus personagens típicos, suas lideranças, seus conflitos, seus amores e suas guerras (para nós aqui deste lado do globo, é interessante aprender mais sobre o impacto da Segunda Guerra sobre a Indonésia, país do qual pouco ou nada sabemos).

Soma-se a isso o elemento sobrenatural que geralmente associamos à parte mágica do realismo e tem-se um material que, bem conjugado, pode até dar caldo, ainda que não represente nada de essencialmente novo.

E, de fato, no primeiro quarto do livro o autor se saiu tão bem que, por um momento, eu cheguei a pensar que ele iria roubar o posto da Isabel Allende, autora de "A casa dos espíritos", o melhor livro do García Márquez escrito por outra pessoa.

Essa expectativa, contudo, não se cumpriu, pois, a partir de certa altura, eu achei que ou a estratégia começou a cansar ou a mistura dos elementos não foi exatamente tão boa como poderia ser.

Até entendemos que, a exemplo do que o Gabo faz, seja necessário abrir várias "abas" para contar a história particular de cada personagem que aparece na história, mas acho que no livro de Kurniawan isso tirou um pouco do foco da narrativa.

A realidade é, de fato, composta por várias trajetórias particulares que, por não sei quais acasos, se cruzam entre si e dessa interação nasce a nossa experiência de vida, mas talvez não fosse necessário que tanta gente tivesse a sua história esmiuçada.

Se aparecia um coveiro na história, eu já suspeitava: "Pronto, agora ele vai abrir um capítulo só para contar a história desse coveiro" - e, de fato, algum tempo depois, lá estava o capítulo voltado ao coveiro.

Também me incomodou um certo cacoete de estilo, no qual os personagens estavam sempre dizendo ou fazendo coisas propositalmente originais, como que para causar um efeito calculado no leitor. O fato de os personagens serem frequentemente os mais bonitos, os mais feios, os mais valentes, os mais conhecidos, também não me pareceu tão verossímil (mas aí eu preciso me lembrar que se trata de realismo mágico, não de realismo realista).

Enfim, há uma unidade no livro, explicada já bem no final, mas ela não chegou a me convencer de que os recursos do escritor tenham sido dispostos da melhor maneira - apesar do incrível primeiro quarto do livro.

O livro da Isabel Allende, portanto, permanece em seu posto.
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Luiza.Thereza 02/05/2017

A beleza é uma ferida
Ainda não sei o que é pior: ter me estourado uma vez com Resistência ou ter me estourado uma segunda vez com este livro. Lá fui eu escolher um título pela capa ao me deparar com essa maravilha de ilustração (um tanto bizarra, eu sei, mas, ainda assim, linda) e ainda possuía o bônus de me permitir conhecer um autor exótico. Então pensei cá comigo, por que não?

A Beleza é uma Ferida foi escrita em 2002 por um indonésio chamado Eka Kurniawan. A história mistura fatos reais e fictícios para contar a história de Dewi Ayu, uma mestiça indo-holandesa que levanta de seu tumulo 21 anos após ser enterrada viva.

Só que, para falar a verdade, a coisa toda é mais sobre a história da Indonésia sobre qualquer outra coisa. Quer dizer, é claro que a história do país interfere na vida de seus personagens, mas o detalhamento das escaramuças entre exércitos (legais ou não) e demais forças atuantes é cansativo.

A vida de Dewi Ayu tão pouco ajuda: presa em uma prisão japonesa, tornada prostituta por seus carcereiros (profissão que rendeu a ela fama sem igual na pequena cidade (vila?) de Halimunda, viu suas três filhas mais velhas (todas consideradas extremamente belas) se envolverem com homens nada louváveis (embora ela também não possa falar muito sobre o assunto), teve sua quarta filha quase aos cinquenta anos e foi enterrada doze dias após o parto porque "decidira que já tinha feito o bastante pelo mundo".

Fez algum sentido? Não sei você, mas eu realmente achei que não.

Apesar de ter resistido até a página 290, desisti. A Beleza é uma Ferida estava me cansando e, sinceramente, estava sendo um esforço inútil. Para todos os efeitos, aqui fica o meu aviso: cuidado com as capas dos livros: elas enganam. E muito.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2017/05/a-beleza-e-uma-ferida-eka-kurniawan.html
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Matheus 10/01/2023

É um livro diferente do qual estou acostumado a ler. Apresenta bastante da história da Indonésia e também partes relacionadas as épocas colonialistas, 2ª guerra, independência e outros contextos históricos. Porém, misturado a isto há uma história que utiliza de crenças místicas com presença de fantasmas e magia. O livro contém vários assuntos delicados, que giram em torno da família da protagonista Dewi Ayu,e de coisas causadas pela beleza delas. O livro contém cenas pesadas e por isso não recomendo para pessoas que não gostam de ler coisas, como por exemplo estupro.
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Cleo 21/12/2022

Não se engane: é uma história sobre homens.
Chega a ser engraçado. Eu comprei esse livro e mais um monte num sebo, a partir de dois critérios: nunca ouvi falar e foi escrito por uma mulher.
As primeiras páginas da história são ótimas, a premissa parece interessantíssima, a narração bem gostosa com aquele realismo fantástico, enfim, muito potencial. Até começarem a falar de estupro e prostituição.
E foi assim que, nem 30 páginas a dentro, eu disse "isso foi escrito por um homem". E na verdade foi.
O autor não falha em construir uma história pitoresca da Indonésia morderna. Ele falha muito em narrar histórias de sofrimento feminas. Primeiro, porque na verdade todas essas histórias são sobre homens. Segundo, porque há uma desagradável e constante descrição de abusos sexuais dos mais diversos. Em todo capítulo. Mais de uma vez. Se na última página as personagens femininas se unem felizes na viuvez coletiva, essa é uma simples migalha numa trama que as tratou somente como objetos para a violência até então.
Honestamente, vão ler Grama da Keum Suk Gendry-Kim.
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Nana 01/12/2023

Livro nr 61 do projeto "A volta ao mundo através dos livros"
País sorteado : "Indonésia"

Que viagem mais doida foi esse livro??

Posso dizer que cumpriu com a função dele em me trazer informações sobre a Indonésia, alguns fatos históricos, a colonização, a guerra, as crenças do povo de lá.
Mas também posso dizer que tem muito realismo mágico, cheio de acontecimentos fantásticos que não me agradam nenhum pouco. Além de ser longo demais, com muita informação desnecessária, idas e vindas no tempo que deixam várias partes cansativas e a leitura não flui bem.

Não é um livro ruim, consegui ler todo, algumas partes com leitura dinâmica para não desistir, e mesmo pulando partes não perdi nada pois realmente tinha muita história repetitiva.

Valeu a leitura, mas não recomendo!

Obs: O que mais gostei nele foi a capa que é linda e tem um detalhe em alto relevo naqueles grampos do cabo da flor que é fantástico, só vendo pessoalmente e sentindo pra ver o quanto é perfeita!

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@buenos_livros 28/12/2021

A Beleza É Uma Ferida - Eka Kurniawan ??
?Não há maior maldição do que dar à luz fêmeas bonitas, num mundo de homens perversos como cães no cio.?
-
. A Beleza É Uma Ferida (2002)
. Eka Kurniawan ??
. Tradução: Clóvis Marques (indireta, do inglês)
. Romance | 462p.
. @grupoeditorialrecord (José Olympio)
-
. ?A Beleza É Uma Ferida? foi o primeiro romance indonésio traduzido para o português. Trata-se da história de uma família descendente da mistura de nativos com colonizadores holandeses, porém ao longo do livro nota-se que é também a história do próprio país e seu surgimento como nação independente no pós II Guerra. A narrativa se assemelha ao realismo mágico tão tradicional na literatura latino americana, porém com toques mais soturnos, apelando repetidamente para estupro, pedofilia e outras abominações. Gostei da leitura pelo que pude aprender, porém não é um estilo que eu aprecie. Com muitos personagens, muitas histórias paralelas e muitas soluções mágicas, é um livro com uma premissa ótima, mas com uma execução cansativa.
. ??????
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Andre24 12/11/2022

Bom mas se prolonga
Com bastante violência e crueza, o autor conta uma história fantástica que atravessa gerações mostrando o destino de uma família. As personagens são bem construídas, mas preciso reclamar que os flashbacks podiam ter sido melhor posicionados. Mais de uma vez a história é interrompida e volta 20 anos no passado para passar a ficha de um personagem novo. Fora essas quebras de ritmo, é uma história interessante que me fez consultar o Google muitas vezes por causa dos objetos da cultura local.
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@retratodaleitora 18/05/2017

Quando vi esse livro pela primeira vez, fui totalmente conquistada pela capa, tão diferente e tão bonita. Então fui logo ler a sinopse, que desenhou um livro incrível, com uma história realmente instigante. E depois de mais uma olhada na capa e uma pesquisada sobre o autor, lá fui eu ler o livro, com as expectativas elevadas. E talvez tenha sido exatamente isso que me fez gostar tão pouco da leitura.

A Beleza É Uma Ferida é um livro de realismo mágico escrito pelo autor indonésio Eka Kurniawan, o primeiro de sua nacionalidade a concorrer ao Man Booker International Prize. E foi nos contos e no folclore indonésio que ele se baseou ao escrever sua obra, que começa da seguinte forma:

"Numa tarde de fim de semana em março, Dewi Ayu levantou-se do túmulo onde estava enterrada havia 21 anos."


Resumindo, o livro tinha tudo para entrar direto para os meus favoritos; se, claro, a proposta inicial tivesse sido seguida do começo ao fim. Eu queria conhecer Dewi Ayu, sua história pessoal e a de suas filhas, e como a beleza era uma maldição que as seguia. Eu sabia que seria um livro forte, e estava preparada para isso; só não esperava que o autor fosse começar tantas histórias diferentes em um só livro. São muitos personagens e tramas que, sinceramente, poderiam ter sido cortados na metade. A história da protagonista, Dewi Ayu, é muito, muito interessante, mas foi ofuscada quase que o tempo todo por histórias maçantes e de conteúdo duvidoso.



E nesse conteúdo duvidoso eu entro falando sobre algo que foi descrito à exaustão: o estupro. Está na sinopse, como podemos ler, mas nada prepara o leitor para a frequência em que esse ato é narrado e minimamente descrito no livro, são várias! E isso me incomodou muito, sim. Sabe quando você sente que algo está ali pura e simplesmente para chocar o leitor? Não é como se, na guerra, não houvesse estupros, ou na cidade fictícia de Halimunda, ou em qualquer outra data e lugar e situação. O leitor precisa saber disso? Sim. Mas precisava descrever em detalhes, todas as várias vezes que isso ocorria? Desnecessário. O autor tem sim habilidade em sua escrita e poderia usá-la para causar desconforto no leitor de diversas formas, mas escolheu essa e, pessoalmente, foi algo que eu não engoli, de jeito nenhum. Foi exagerado, feio e desnecessário, e um dos motivos que me fizeram demorar tanto para concluir a leitura.

É um livro muito, muito forte, com muitas cenas de violência gratuita, tortura e atos de insanidade. Não tem um só personagem em toda a obra que não tenha sofrido. E as mulheres, bem, são tratadas como objetos ou endeusadas, não existe meio termo aqui.

Resenha completa no blog:

site: http://umaleitoravoraz.blogspot.com.br/2017/05/a-beleza-e-uma-ferida-de-eka-kurniawan.html
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Andre.Pithon 02/05/2023

Bingo de Fantasia e Sci-fi 2023

Publicado nos anos 00's
Modo difícil: Não no top 30 da lista melhor de 2023 do Reddit

Eu gosto de histórias tristes, em que vemos alguém fazendo merda, tropeçando de catástrofe para catástrofe, com obrigatórios interlúdios felizes, mas é a melancolia que me alimenta a alma. Em "A beleza é uma ferida", acompanha-se toda uma família, através de três-quatro gerações na Indonésia, passando pela segunda guerra, revoluções comunistas, tragédia atrás de tragédia. Mas a diluição de personagens (basicamente cada capítulo de 20~30 páginas muda a história focal) e o exagero do trágico, torna tudo rotineiro.

Quando tudo é triste e horrendo, a tristeza e o horrendo perdem a força. E talvez esse seja o objetivo, ganhar pelo cansaço, mas nunca realmente ganha. Os aspectos mitológicos ficam escondidos, aparecendo de tempos em tempos, mas nos cantos. A força história da narrativa se esconde em metáforas, alguns personagens servindo de metáforas para governos específicos e correntes ideológicas. Para quem é familiarizado com a história da Indonésia, certamente há mais para se desprender das metafóras-personagens.

É um livro pesado, com excessiva e normalizada violência sexual, um dos temas mais presentes do livro, e existentes não apenas como o ato em si, mas como uma representação do colonialismo e da exploração, holandeses e japoneses "estuprando" a terra para clamar toda sua beleza e vitalidade para si. É uma leitura propositalmente desconfortável, mas que mesmo com isso em mente parece as vezes se perder em descrições sexuais e do corpo feminino. Certos momentos caem mal, não pelo motivo que deveriam cair mal.

Ainda assim, os colapsos de ideologias/governos em personagens são interessantes, o observar duma cultura distinta, escrita por um autor local, é interessante. A prosa por vezes é bonita, o primeiro parágrafo especificamente sendo simples e poderoso.

No final, tudo que esse molhar dos pés no realismo mágico fez foi me incentivar a mergulhar no grande clássico do romance geracional em que coisas meio mágicas acontecem, 100 anos de solidão. Logo vem.
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Dani 07/09/2020

Apenas.... não curti... não recomendo...
Decepção define, nada mais
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fev 08/04/2021

Realismo mágico banhado em misoginia
A Beleza é uma ferida tem todos os elementos de uma grande obra que permeia o realismo mágico e quem lê não pode negar. Essa parte da construção de Eka Kurniawan é fenomenal e foi o que me fez mantê-lo como um livro bom.

Com um início curioso e atrativo começamos a conhecer Dewi Ayu, a personagem que dá origem a história. Ao longo dos capítulos vamos entrando em contato com a história de outros personagens masculinos e outras mulheres, as filhas de Dewi Ayu entre elas, além de lendas e a história da Indonésia. Do seu período de colonizada pela Holanda, ascensão e queda do comunismo, inúmeros massacres, invasão japonesa durante a Segunda Guerra Mundial entre tantos acontecimentos.

A história é bem construída e bem narrada, mas peca pelo excesso. Excesso de misoginia e excesso de construção de alguns personagens e passagens longas sobre os períodos. Há personagens femininas que são estupradas inúmeras vezes. Durante o primeiro estupro é no período da segunda guerra e você tem uma contextualização, mas os outros são apenas para mostrar o poder do patriarcado. Para mim, não havia necessidade de narrar ou mostrar isso mais de uma vez. O pior é perceber que o autor tinha consciência disso porque em outras passagens e até mesmo no início ele mostra que a pior coisa é colocar filhas mulheres no mundo por causa de homens. Além de colocar consciência em um personagem que casa com uma criança. Ele usa estupro como recurso narrativo quando não precisava porque o que ele construiu já era interessante o suficiente. Para além disso, há longas passagens sobre os períodos históricos que poderiam ser mais curtos.

A história não deixa de ser interessante, mas para mim, a construção e a misoginia tomaram um tamanho maior na minha percepção que influenciaram como eu a absorvi. Não é uma obra que eu recomendaria para quem já sofreu abuso sexual ou outros tipos de violência. Talvez para quem deseja fugir de literatura ocidental é uma boa pedida.
Vicky 17/01/2023minha estante
Resenha maravilhosa!


fev 17/01/2023minha estante
Que bom que você gostou, Victoria. Obrigado!




Luciane.Gunji 19/05/2017

Primeiramente, é importante lembrar para qualquer futuro leitor que A Beleza É Uma Ferida é uma narrativa sobre a vida e a morte. Apesar da sinopse um tanto quanto cômica, a história de Dewi Ayu é de extrema sensibilidade e a personagem, citada nas orelhas do livro, quase nem aparece. O assunto mesmo é a sua vida sofrida, que se assemelha com a de muitas mulheres que conhecemos por aí. E é por isso mesmo que eu gostei tanto de Kurniawan.

Antes que você saia correndo para a primeira livraria ou loja virtual para comprá-lo, eu preciso avisá-lo que esse livro tem muitos personagens. Tanto que, assim que eu voltar para São Paulo, me proponho a fazer uma árvore genealógica dessa grande família. Aqui, temos a grande estrela, a prostituta Dewi Ayu. Antes que vocês a julguem, é importante lembrar que ela só virou prostituta por causa das guerras que estavam acontecendo em Halimunda, que foi invadida pelos japoneses e depois pelos comunistas.

Diferentemente das outras mulheres refugiadas, Dewi Ayu é linda. É uma holandesa de pele bonita, olhos claros e capaz de enlouquecer qualquer homem. Um dia, para evitar que a mãe de uma das meninas presas ficasse sem medicamentos, ela decide vender seu corpo para o capitão de um navio. A partir daí, percebe que aquilo que a natureza lhe deu é seu instrumento de trabalho, sendo uma das prostitutas mais disputadas da cidade, após a libertação de todas.

Sendo assim, era provável que engravidasse. Mesmo tão nova, a dona do maior puteiro da cidade resolve dar asilo para Dewi e todas as outras refugiadas. Em troca do valor de sua beleza, ela vende Ayu para apenas um homem por noite, a fim de evitar a manifestação de doenças sexualmente transmissíveis de forma desenfreada e também de filtrar os potenciais clientes. Ao longo dos anos, Dewi teve outras duas filhas lindas, totalizando três lindas garotas: Alamanda, Adinda e Maya Dewi, todas de pais diferentes. No entanto, quando engravidou da quarta filha, sentiu que ela não seria bem-vinda ao mundo, mesmo assim, deu à luz. Apesar de horrorosa, a caçula recebeu o nome de Beleza.

Caindo na desgraça, Dewi Ayu desiste de viver e falece 12 dias após o nascimento da última filha. Cerca de 21 anos depois, ressuscita. E o que vemos nas próximas páginas é a narrativa da mulher que fez história em Halimunda, bagunçando corações e causando muitas iras. Isso sem falar nas suas três lindas e belas filhas, que seguiram os passos da mãe e conquistaram muitos homens.

Nos outros capítulos, vemos a relação que cada homem tem com a história. Desde o Comandante Kliwon até Shodancho, que são personagens que acabam se relacionando com as filhas e até com a mãe. Quando eu disse que A Beleza É Uma Ferida era um livro bem louco, estava me referindo às relações que os personagens tem em si. O grande amor da filha mais velha se casa com a segunda filha, a terceira filha se casa com o marido da mãe, o filho de fulana se apaixona pela própria prima… Vai entender toda essa bagunça!

Mesmo assim, Kurniawan consegue aflorar a sensibilidade da obra. É tudo tão exótico que chega a ser encantador. Apesar de ser uma história marcada por estupros, assassinatos, fantasmas e incestos, o livro é um dos melhores que já li, pois são tantos mistérios relacionados entre si que é quase impossível não se prender. Mais do que tudo, existem muitas críticas políticas escondidas (e também escancaradas) que fazem a gente perceber que o que vemos na TV ou nos livros é mais do que real, nos fazendo desejar que tudo não passe de uma mera ficção. São lendas e folclores, mas, mesmo sem final feliz, eu consigo acreditar que Dewi Ayu existiu em algum lugar do mundo…

site: https://pitacosculturais.com.br/2017/05/17/a-beleza-e-uma-ferida-kurniawan-eka/
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/05/2017

Resenha para o blog Pétalas de Liberdade
"Assim, ela passou o dia inteiro amarrada na cama, estuprada continuamente." (página 226)

A obra pertence à corrente literária do realismo mágico (ou realismo fantástico), e segue o mesmo estilo de "Cem Anos de Solidão", do ganhador do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez. Enquanto Gabriel García Márquez optou por contar a saga da família Buendía em Macondo, Eka Kurniawan conta sobre a família de Dewi Ayu em Halimunda, na Indonésia.

A história começa quando a prostituta Dewi Ayu, enterrada há 21 anos, retorna à vida. Ela sai da sepultura e volta para casa, seu primeiro pensamento é na quarta filha que nasceu pouco antes de ela morrer. No decorrer da história, vamos descobrir como Dewi Ayu, uma jovem de uma rica família holandesa, se tornou prostituta, por qual motivo ela foi criada pelos avós e como foi a vida de cada uma de suas filhas; conhecemos também seus netos, casos e genros. Como pano de fundo, temos a história da Indonésia: a saída dos holandeses, guerras como a Segunda Guerra Mundial e conflitos internos entre nativos e estrangeiros, além da chegada das ideias comunistas e socialistas.

"- Pobre bebê - repetiu a parteira, saindo em busca de alguém que cuidasse dele.
- Sim, pobre bebê - concordou Dewi Ayu, mexendo-se e revirando-se na cama. - Já fiz o possível para tentar matá-la. Devia ter engolido uma granada para detoná-la na barriga. Oh, minha pobre coitadinha - os pobres coitados, como os malfeitores, não morrem tão fácil." (página 10)

Eu não posso dizer que "A Beleza é uma Ferida" é um livro ruim, pois ele é bem escrito. O que eu posso dizer é que, para mim, não foi uma leitura de que eu tenha gostado. Se eu pudesse voltar no tempo, teria pegado outro livro para ler, e não é uma obra que eu pretendo reler.

Até na metade do livro eu tive muita vontade de abandonar a leitura. Sabe quando você está lendo e sente que aquelas palavras estão te fazendo mal? Não estão te trazendo nada de bom ou que faça valer a pena continuar? E não há prazer nenhum em passar por cada capítulo? Era assim que eu me sentia ao longo da leitura. A segunda metade do livro foi um pouco mais tolerável.

Me incomodou demais ver tantas cenas de estupro e de violência. Era como se o único destino das personagens femininas fosse se submeter e abrir as pernas, enquanto os personagens masculinos, por piores que fossem, assassinos, estupradores, ainda eram vistos como homens poderosos. Dewi Ayu era uma prostituta, mas se tinha uma arma apontada para a cabeça ou não tinha a opção de recusar um cliente, estava sendo estuprada sim. Um homem mais velho, teoricamente apaixonado por uma garota que não correspondia aos seus sentimentos, achava certo se casar com ela e estuprá-la, na esperança de que um dia ela viesse a gostar dele. Uma menina inteligente e estudiosa tinha que ser casada logo para estar segura. Acreditem: um rapaz já adulto apaixonado por uma garota de oito anos é a coisa mais "pura" que vocês encontrarão nesse livro.

"Essas lutas de porcos eram muito divertidas. Os ajaks que Shodancho ainda não domesticara realmente evidenciavam enorme ferocidade no confronto com os porcos do mato. Cada porco tinha de enfrentar cinco ou seis ajaks, o que, naturalmente, não era justo, mas todo mundo queria ter certeza de que o porco morreria - não queriam um combate, mas um massacre." (página 156, "ajaks" são um tipo de cães selvagens, o que esperar de uma população que considera entretenimento ver cachorros destroçando um porco vivo?)

O fato de voltarmos no tempo para conhecer cada um dos personagens desde o seu nascimento, por exemplo, Shodancho, um dos desprezíveis genros de Dewi Ayu, além de ter muitos personagens, acabou deixando a história cansativa e lenta em alguns momentos. A parte história não ficou bem clara para mim em alguns pontos, e a origem da maldição para a família de Dewi Ayu foi algo que não me convenceu.

"- Se é verdade que um cão estuprou a minha filha - disse -, então os cães realmente herdaram o comportamento cruel dos homens." (página 412)

A capa tem uma textura meio aveludada, mais macia, na orelha está que a imagem de capa, além de uma rosa, traz uma cicatriz, para mim inicialmente parecia ser uma costura numa peça de couro. As páginas são amareladas e a diagramação é simples, com letras, margens e espaçamento de bom tamanho. Não me lembro de ter encontrado erros de revisão.

"- Não há maior maldição do que dar à luz fêmeas bonitas, num mundo de homens perversos como cães no cio." (página 11)

Eu peguei o livro para ler por gostar de me aventurar por obras de autores de países diferentes, mas não fui muito feliz na minha escolha. Pode ter leitores que amem "A Beleza é uma Ferida"? É claro que sim! Mas não recomendo para leitores que se sintam incomodados com cenas de violência gratuita e estupro. Se quiserem conhecer o realismo mágico, recomendo mesmo "Cem Anos de Solidão".

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2017/05/resenha-livro-beleza-e-uma-ferida-eka.html
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