Cinara... 03/07/2022
Caderno de um ausente...
"Não há borracha para um fato já vivido, pode-se erguer represas e costões, muralhas e fortalezas para barrar o fluxo das horas, mas, uma vez que o sol se torne sombra, que o luar penda no céu em luto, a névoa se disperce na paisagem pendurada a parede, o dedo acione o gatilho, nada mais se pode fazer; nossa jornada, aqui é única, a ninguém será dada a prerrogativa, salvadora ou danosa, da reescrita."
O justo seria sermos presenteados com o caderno do ausente antes de nascermos. Daí por nossa conta e risco a gente seguia ou decidiria não nascer. Assim essa vida seria justa!
Incrível, você começa ler e quando se da da por si, já foi o livro todo.
Escrita fantástica!
Ah e eu passaria a vez do nascimento!
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Menina escrevendo com o pai...
"...ele falou que não havia apenas o triste ou alegre, os dois estavam sempre juntos, um mais intenso, outro menos, às vezes é igual medida, um mais e outro menos, mas já se invertendo, porque a gente é tudo junto ao mesmo tempo, a gente alegre, triste, a gente bom, mau sem parar, mais bom e menos mau nas horas azuis, mas mau e menos bom nas horas escuras, a gente é tudo ao mesmo tempo..."
Incrivelmente poético e triste!
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A pele da terra...
"Leva tempo para morrer em nós o que, há muito tempo, estava morto. Leva tempo - esses anos todos!"
Amei a experiência de leitura! Escrita cativante, quando mal se espera já acabou e só fica o sentimento de saudade.