e-zamprogno 12/08/2023Uma nova visão para desenvolvermos a empatia pelas árvoresClassifiquei o livro com 2 estrelas e estou escrevendo a resenha para justificar a classificação.
Há algumas resenhas no Skoob reclamando do pouco rigor científico das "revelações" do livro. O meu problema não foi este, pois, como também li em respostas a estas resenhas, o livro é direcionado mais ao público leigo. O que parece ter desagradado parte do público é a abordagem do autor em tentar aproximar o reino vegetal, notadamente as árvores, ao animal, atribuindo a elas sentidos característicos de um sistema nervoso superior, poder de comunicação entre indivíduos, e até sentimentos e emoções. Claro que o direcionamento para um público leigo não pode ser desculpa para a divulgação de pseudociência, mas realmente acho que não seja o caso deste livro. Toda pessoa consegue perceber o quanto é diferente de uma árvore, mas será que percebe o quanto pode ser semelhante? No meu ponto de vista o autor busca o desenvolvimento da empatia por estes seres, compartilhando com o leitor uma nova visão dos seus processos de vida, fazendo isso a partir de observações pessoais de sua carreira como engenheiro florestal, apoiando-se em pesquisas científicas quando pode. É esta nova percepção que o autor chama de vida "secreta", e que gostei bastante de descobrir.
Feita a defesa da parte do livro que gostei, o que deixou a desejar para mim é que ele é todo sobre a realidade europeia, que, em termos florestais, é muito mais pobre que a nossa. Pobre não apenas em termos de diversidade, mas, como é revelado no próprio texto, na Europa já não existem florestas ancestrais, ou seja, não existem árvores com séculos de idade, o que interfere diretamente na forma em que as florestas e o ecossistema maior se organizam. Então, o que me incomoda mais que a possibilidade do conteúdo estar "incorreto", é ele estar "incompleto" (para um leitor brasileiro), mas se trata de uma questão de expectativa frustrada, o que pode não afetar todos os leitores tropicais. No mais, justiça seja feita, ainda que não "perfeito", o livro continua sendo único na sua proposta, e foi prazeroso ter uma visão, por mais limitada que fosse, na vida "secreta" das árvores.