Fernanda.Caputo 05/02/2024
Uma história sobre culpas
O LEITOR ? BERNHARD SCHLINK ? @editorarecord
Este será nosso primeiro romance, a ser lido em fevereiro no @clube.travessia
Em uma leitura mais superficial pode ser apenas uma história de amor de um jovem adolescente por uma mulher mais velha.
Mas, a meu ver, é uma história sobre culpas.
A culpa alemã no pós segunda guerra é assunto que gera grande debate. Tanto para os sobreviventes como para as gerações seguintes, aqueles tempos sombrios tornaram-se a chaga de toda uma nação. Mas este não é "mais um livro sobre a guerra". É uma abordagem muito diferente pois narra o depois. Os efeitos daquilo tudo sobre as pessoas ordinárias.
O livro é dividido em três partes, narradas por Michael Berg. Na primeira, em algum momento dos anos 50, conta do episódio de sua adolescência em que conheceu Hanna, uma mulher de 36 anos com quem teve um relacionamento. Nos primeiros capítulos desta parte há algumas cenas de sexo, mas o cerne não é ser um romance "hot", mas penso que é a forma de demonstrar o impacto da influência de Hanna sobre o garoto de 15 anos.
A segunda parte trata do período em que Michael já está na faculdade de Direito, nos anos 60, e participa de um seminário sobre os campos de concentração em que os alunos vão participar de um dos julgamentos de guardas alemãs que eram responsáveis por algumas prisioneiras. Nesta parte, a questão da culpa alemã é muito debatida. O que levava os alemães comuns a aceitarem aquele horror? Qual a responsabilidade daquela geração e da geração seguinte? O que poderia levar uma pessoa comum a integrar a SS?
Por fim, na terceira parte, Michael já adulto, dos anos 70 aos 80, conta as consequências da passagem de Hanna e daquele julgamento em sua vida. Suas culpas.
É um livro de leitura muito fluida. Gostei muito e acho que é uma ótima porta de entrada para a literatura! Ademais, há o filme homônimo que teve uma excelente adaptação! Para quem tem um pouco de dificuldade com a leitura, imaginar cenas e personagens, assistir ao filme antes pode ajudar muito a criar o imaginário para o livro (e não se perde nada da leitura se já souber a história).
Fica a recomendação (e participe do @clube.travessia ) ?