A Primeira Pedra

A Primeira Pedra Krzysztof Charamsa




Resenhas - A Primeira Pedra


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Rafael1277 29/02/2024

Um livro excelente principalmente para a comunidade lgbtqia
Um livro muito importante para quem faz parte da comunidade Lgbtqia e da igreja católica, mostrando a realidade da igreja católica.
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Fabio451 12/01/2023

Difícil, porém necessário
Dando continuidade à finalização das leituras de 2022 que haviam ficado pendentes, acabo de (finalmente) concluir o livro ?A Primeira Pedra ? EU, padre gay, e minha revolta contra a hipocrisia da Igreja Católica?, do autor Krzysztof Charamsa. Foi um dos livros de mais difícil leitura que me deparei em 2022. Até por este motivo foi colocado de lado e por um tempo considerei desistir de vez e abandonar a leitura, mas a relevância do tema e o impacto em minha própria história com a igreja me levaram a insistir na leitura no início de 2023.

A temática da obra é explicita imediatamente com o próprio título. A contracapa se encarrega de dar um tom sombrio e assustador ainda maior quando faz afirmações bombásticas: ?Um testemunho sem precedentes... Um alto sacerdote do Vaticano rompe o silêncio e revela uma face inquietante da Igreja Católica... A santa inquisição ainda existe...?. Todas estas colocações instigam o leitor a pensar que algo chocante está para ser apresentado no texto e ficamos na ponta dos dedos aguardando o momento das revelações.

A realidade, porém, é que infelizmente a editora ?carregou nas tintas? para estimular um suspense revelador a respeito do Vaticano para vender exemplares do livro. A minha primeira motivação até foi a de conhecer o testemunho do padre que, sei por vivência própria, é somente um dentre tantos sacerdotes homossexuais na igreja, mas confesso que o principal interesse era o de saber ?fofocas? internas a respeito do Vaticano e de sua postura engessada e altamente homofóbica.

Infelizmente o livro não apresenta nada disso. O autor até relata um pouco de sua experiência nos altos órgãos da igreja, em especial sua atuação na Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício, ex-Inquisição), mas em nenhum momento revela pormenores e detalhes da atuação da instituição, talvez até por receio de ser ainda mais rechaçado após se assumir homossexual e deixar a igreja. A maior parte das atividades e posturas da instituição não são surpresa para pessoas que, assim como eu, são católicas desde o nascimento e participam ou participaram ativamente dos movimentos pastorais dentro da Igreja. Não é preciso ser um sacerdote da mais alta corte para vislumbrar os atos e palavras que o autor relata em seu livro ? basta acompanhar qualquer pastoral e as palavras da própria igreja no dia a dia de suas atividades.

Logo, esse aspecto foi um tanto frustrante para mim, confesso. E para dificultar ainda mais, a leitura é bastante comprometida e atravancada pela utilização excessiva do dialeto ?igrejiano?. Claro que estou inventando palavras, mas qualquer católico praticante sabe do que estou falando: a igreja usa e abusa de uma linguagem excessivamente rebuscada em seus rituais e rotinas, dinâmica seguida por quase todos os fiéis ao se expressarem nos grupos e momentos de orações dentro da instituição. É um uso constante de ?vós, tu que sois o altíssimo, o magnânimo, fazemo-nos humildemente servos de vossa inexorável compaixão?, se afastando muito da linguagem coloquial utilizada pelo seu povo. Estes sempre foram um dos aspectos que mais me incomodaram durante minha vivência dentro da igreja. Essa necessidade de soar sempre muito culto, quase que como para ser respeitado é preciso se distanciar da linguagem popular, o que, historicamente podemos entender perfeitamente como uma estratégia para subordinar os mais humildes ? a dominação e a obediência mediante a opressão da língua ? quem fala bonito é porque sabe muito, é inteligente, coisas assim, mas que acho que sempre distanciou a igreja daqueles que lhe são mais importante: os seus fiéis mais humildes, que são quem conseguem ter uma expressão de fé e devoção genuínas, sem afetação ou brilhantismos, com objetivo de autopromoção ou admiração.

Tudo isso contribuiu para o meu não-engajamento na leitura imediatamente e dificultou amplamente o meu avanço, que só a muito custo e determinação seguia adiante, mas sem me conectar muito com a história. O tom fortemente rancoroso do autor, externalizando constante e sistematicamente toda a sua revolta anunciada no subtítulo deixa o livro pouco convidativo. Não me entendam mal, entendo perfeitamente a revolta do autor e a sua necessidade de expressar todo o rancor com a opressão sofrida por uma instituição que amava e devia obediência, mas que ao mesmo tempo o impedia de ser quem verdadeiramente é, e incitava as pessoas a destilarem ódio a pessoas que, como ele, não se encaixavam no padrão único aceito como o certo pela instituição. Sua revolta é mais do que justificada e compreensível e, gritar isso aos quatro ventos é um processo catártico e de cura para sua verdadeira libertação e aceitação de quem é na integralidade. Só deixa a leitura difícil e pouco estimulante para quem acompanha, ainda que eu tenha feito desde o início o exercício de empatia de me colocar no lugar do autor.

E este aliás é o ponto que me fez insistir na leitura e chegar até o final. A conexão entre a história do próprio autor e minha própria experiência de vida no seio da igreja católica. Não que eu seja homossexual como o autor, mas ao longo de minha caminhada na igreja eu conheci inúmeros amigos e amigas que são homossexuais e sofriam imensamente dentro dos movimentos pastorais por ficarem divididos entre o amor pela igreja e sua própria expressão de fé e o desejo de se aceitarem como verdadeiramente são, vivendo honesta e livremente a sua sexualidade sem julgamentos. Mas, para além da questão da sexualidade de cada pessoa, a minha identificação com o livro decorre do sentimento de dicotomia entre admirar a igreja e a sua expressão de fé, ao mesmo tempo em que é muito difícil aceitar a sua postura e omissão em temas importantíssimos na qual ainda mantém um posicionamento vindo da idade média, sua incapacidade de verdadeiramente se abrir e abraçar a realidade colocada pelo mundo e estar ao lado das pessoas que amam a igreja, acolhendo-as, amando-as e sendo amparo ao invés de condená-las e sujeita-las a humilhações e ridicularizações públicas. Tenho inclusive um texto planejado a respeito desta temática, no qual eu devo relatar e expressar melhor algumas dessas incoerências que via na vida pastoral da igreja, mas que me levaram a uma série de questionamentos e posteriormente a um afastamento.

Mas nem tudo são críticas nesta resenha. O terço final do livro melhora bastante e torna a leitura mais fluida, ainda que na mesma linguagem rebuscada de outrora. Aliás, poderíamos dividir o livro em três momentos: a primeira parte, na qual o autor relata o início de sua vida e história com a igreja, o seu crescimento enquanto sacerdote e teólogo e sua ascensão até a chegada ao cargo que ocupava dentro da Congregação para a Doutrina da Fé. Aqui cabe um adendo: eu acho surreal existir um órgão assim dentro da igreja, responsável única e exclusivamente para rastrear, identificar, denunciar e perseguir sacerdotes que não sigam 100% aquilo que ditam as regras instituídas por homens como o que é correto dentro da igreja, ainda que contradigam em sua totalidade o que pregam as Santas Escrituras. Um exemplo: como pode existir um órgão instituído na igreja para julgar e condenar as pessoas quando nas escrituras diz que não cabe a nenhum homem julgar e condenar o próximo e que isso cabe somente a Deus? Enfim, este é um dos aspectos de incoerência entre a pregação e a realidade que me suscitam dúvidas e que foi o que me aproximou do sentimento contido neste livro. 

Nesta primeira parte, ainda que o autor teça alguns comentários sobre a postura lamentável da igreja em diversos momentos ao tratar as questões referentes à homossexualidade e aos homossexuais, seu tom não é excessivamente rancoroso como se torna na segunda parte. Esta sim é a etapa mais difícil da leitura ? é o momento em que o autor já se entende e aceita como homossexual, mas ainda não encontrou o caminho para sua libertação do meio em que está inserido e se ressente ? com razão ? da postura lamentável da igreja com relação a pessoas como ele. Porém, como já relatei anteriormente, o tom excessivamente revoltado dificulta um pouco a leitura e deixa o texto cansativo.

Felizmente ao chegar na terceira parte há uma mudança no tom. Ainda que continue criticando a postura da igreja e sua inanição em buscar uma transformação, este é o momento em que o autor se aceita plenamente e passa a viver realmente como é, livre e feliz de ser quem verdadeiramente é, entendendo que não há mais espaço para continuar preso às amarras da religião opressora em que foi criado. É um processo muito bonito o de aceitação de si e de comunicação a todos a seu redor de que não mais irá silenciar quem é e a consciência de que será achincalhado por isso, perseguido e desmoralizado por se assumir quem sempre foi verdadeiramente, e não se importar com isso, pois é mais urgente ser feliz e consciente de si mesmo que se esconder de sua própria essência para ser aceito como igual em um meio nocivo, excludente e preconceituoso.

A parte final do livro, especialmente no Post Scriptum, onde apresenta, na sequência, a sua carta de saída do armário, uma carta direta ao Papa Francisco e um manifesto da libertação gay, no qual exige essencialmente respeito e desculpas da igreja por conta de sua omissão e perseguição por séculos aos homossexuais. Este trecho é particularmente belo pois poderia facilmente ser transcrito como um manifesto em defesa de todas as minorias oprimidas ao longo da história pela tradição da igreja. Qualquer pessoa católica esclarecida sabe que há momentos profundamente lamentáveis na história da igreja na qual ela se omite ou se alinha e apoia diretamente a grupos perseguidores de minorias, cometendo atrocidades indescritíveis e, infelizmente, somente para uma ínfima parte houve um reconhecimento de culpa e um pedido de perdão. Daí este manifesto ser tão profundo, pois se posto em prática poderia resgatar muitos fiéis para a igreja e, mais do que isso, a tornaria mais humana e, a meu ver, muito mais cristã e amorosa.

No final das constas o livro vale a pena, muito mais por conta das reflexões que suscita do que propriamente do entretenimento contido na leitura em si. É sim um relato importante ? sei de inúmeras pessoas que sofreram e sofrem como o autor por conta de não poderem ou não conseguirem se aceitarem integralmente por medo do julgamento dentro da igreja ? e um ponto de partida em reflexões que a igreja deveria iniciar imediatamente. Sei que provavelmente algumas pessoas do meu círculo de amizade me execrarão simplesmente por estar falando nisso, ou abordando a igreja nestes termos, mas há tempos que deixei de me importar com estas opiniões retrógradas e acho que o verdadeiro e correto caminho para a igreja ser verdadeiramente Igreja é o de discutir e acolher a todas as minorias, fazendo uma revolução em suas antiquadas e retrógradas leis para que possa verdadeiramente ser a Igreja de Cristo na terra: AMOR. Cristo é Amor e somente pelo amor, inclusão e aceitação de todos é que a igreja pode verdadeiramente dar testemunho de fé a todos. Ainda que seja difícil e possa levar tempo, vale a pena a leitura. Nota 3/5.

 
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Iuri 23/08/2021

Confirmando a regra, neste livro mais uma vez constatamos que a religião é inimiga da liberdade individual, que é contra qualquer forma de sexualidade que não seja hetero cis, que entra na privacidade dos cidadãos para acusar, apontar o dedo e meter medo, que destrói vidas humanas com suas leis e regras funestas e perniciosas.

De autoria do Krzystof Charamsa, um padre polonês que chegou ao alto escalão do Vaticano, “A primeira pedra” é o registro de uma sucessão de abusos, mentiras, hipocrisias e violências mentais e espirituais sofridas pelo autor e várias outras testemunhadas por ele; tudo em nome das leis divinas e da ilibada imagem das instituições e dos homens de deus.

No livro, é tenebroso acompanhar as estratégias religiosas utilizadas na arte de reprimir, esmagar e destruir qualquer natureza que não seja aquela “aprovada” pela igreja, tanto no que se refere aos membros do clero, quanto aos fiéis. Mas, claro, isto se refere apenas às aparências, pois Charamsa é pródigo em relatar o sexo gay praticado tanto por ele quando por seus pares dentro das sagradas paredes católicas.

Escrito como um grito de libertação, “A primeira pedra” é um petardo contra esta estrutura venenosa entendida como religião institucionalizada (e não só a católica), erigida pela civilização especialmente para destruir as almas, corações e mentes da humanidade.
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Joao.Marley 01/06/2021

Livro polêmico.
Livro que causa controvérsia. Alguns aman outros detestam. Eu gostei achei que este rapaz se reprimiu muito.
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Marcos 14/03/2019

Krysztof Charamsa é um padre da igreja católica, que por anos trabalhou na alta cúpula do Vaticano, no departamento que um dia já foi a Inquisição. Lá ele teve contato com os mais diversos pedidos de absolvição de pecados por parte dos fiéis da igreja: desde jovens que tinham se masturbado e, com isso, rompido com a regra de não fazer sexo antes do matrimônio, até casais que faziam pedidos especiais, na maioria negados, de fertilização in vitro para conseguir serem pais. Tudo isso começou a perturbar demais o conteico de sagrado e de igreja que Charamsa tinha e o levou a questionar tudo o que o rodeava ali.

Somando-se a esse sentimento de que algo não estava correto em tudo aquilo, Krysztof vinha há anos lutando contra um sentimento que o enchia e, ao mesmo tempo, o tentava o tempo todo: a atração por outros homens. Sabendo que sodomia era algo absurdamente condenado pela igreja a qual servia, ele se via completamente subjugado e tentava a todo custo esconder isso e fazer com que esse sentimento desaparecesse de alguma forma. Tudo mudou quando ele conheceu, eum um bar gay que frequentava esporadicamente, Eduard, aquele que se tornou o amor de sua vida e que mostrou a ele que tudo aquilo que ele sentia não era errado nem que Deus o condenaria por isso.

A Primeira Pedra é um livro que mistura memórias e críticas de um padre do alto escalão da maior instituição do mundo, Igreja Católica, que expõe a sua verdade e o seu conceito de toda a hipocrisia que viu e viveu por trás da sua vida eclesiástica. Krysztof reuniu toda a sua coragem para expor ao mundo a sua sexualidade sabendo que, sendo padre, isso seria um agravante jamais perdoado pelo Vaticano.

Se o processo de aceitação enquanto homossexual já é algo muito difícil para a maioria dos gays e lésbicas na sociedade atual, para um padre é mais ainda, pois traz consigo uma série de estigmas e julgamentos incluídos em sua vocação. Para um padre que era membro do Vaticano, era algo completamente impensável e um escândalo de maiores proporções. Além disso, a forma como Charamsa assim o fez (ele se assumiu publicamente, ainda enquanto padre, na abertura de um congresso da igreja sobre família) escandalizou a todos e alardeou a imprensa mundial sobre o caso.

Desde que vi esse livro na livraria fiquei com muita vontade de lê-lo uma vez que o próprio subtítulo já é altamente polêmico. Desde que comecei a leitura, fui muito bem recompensado do início ao fim. A escrita do autor é muito direta, é como se escutássemos ele desafabando em voz alta próximo de nós. Ele é objetivo, sem fírulas e expõe tudo o que pensa e o que viveu que, por si só, já foi algo muito difícil de acontecer. Admirei muito a coragem dele, do início ao fim, de lutar para escreve e publicar um livro com tanto potencial de revelia, criticando dogmas e hipocrisias de uma instituição que tem o histórico e a dimensão da Igreja Católica.

Leitura mais do que recomendada para quem se interessa pela temática e, para quem ficou curioso com a capa e para saber mais sobre a história do Charamsa, pode se jogar sem medo que será uma leitura muito proveitosa.
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Raffafust 30/07/2017

Demorei um bocado para ler esse livro. Primeiro porque depois de pedido em parceria com a editora pensei no que poderia acrescentar em minha vida essa história. Vamos aos esclarecimentos. Sou católica, fui criada na religião, casei na Igreja mas já tem cerca de 5 anos que não frequento mais as missas todos os domingos. De todas as religiões - frequentei por 4 anos o Espiritismo e também convivi por anos com amigos evangélicos - é a que mais se assemelha com o que ainda acredito. Isso não quer dizer que concorde 100% com tudo que eles acham correto.
Sendo assim, claro que um livro que se quer vender trará na capa quando falamos de um padre gay que tem algo a contar, ou melhor de ex sacerdote, o mesmo com a roupa de padre, coisa que nem mesmo o Padre Fábio de Melo tem usado mais para capa de seus livros. É necessário? Não, é sensacionalista.
Ok, comecei a ler o livro com a certeza de que ninguém é obrigado a ser padre, que uma das coisas que eu não concordo com a Igreja ou melhor com a religião que ainda tenho é a não aceitação de casais entre iguais. Me soa hipócrita, não entra em minha cabeça se com respeito e praticando a monogamia um casal de gays não possa ser tão ou melhor católico do que eu. Ponto.
Mas então lendo o livro entendemos que Charamsa -me recuso a digitar o nome difícil dele, vou tratá-lo pelo sobrenome- é polonês e de acordo com seu relato o país vive sobre forte influência católica, com o abandono de seu pai ele começa a se perguntar o que quer da vida e não se senta confortável com as brincadeiras "de meninos". Falta lhe algo.
Ainda acredito que a melhor opção seria ele sair do país dele que é tão rígido com as regras e procurar na imensa Europa um país que tenha a ver e que respeite como ele merece sua diferença. Mas ele não o faz, ele continua sendo padre e nele carrega uma culpa imensa de ser gay porque foi criado e se tornou padre sabendo que aquilo era errado, um imenso pecado. Mas como frear uma paixão louca que sente quando beija um homem e entende que aquela é sua vontade, como sabem mesmo que fosse hétero padres não podem se casar.
Achei o lotado de mágoa, com raiva da Igreja, mas eu confesso que acho que ele deveria ter visto que nunca o aceitariam e ter como disse acima procurar pessoas que o apoiassem e o entendessem.
Não senti muita empatia pelo ex padre, achei sua modo de falar vingativo e apesar de eu mesma não ser uma pessoa super perdoadora, admito que senti falta de um "deixa para lá", do tipo se não em entendem, tchau!
No final ele deixa uma mensagem muito bonita sobre respeito e tolerância.

site: http://www.meninaquecompravalivros.com.br/2017/07/resenha-primeira-pedra-eu-padre-gay.html
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