leportom 02/05/2022
Ecossocialismo ou Barbárie !
Michael Löwy nos traz em sua obra quase o que Marx e Engels trazem em "O manifesto do partido comunista", as bases teóricas para se pensar uma ruptura NECESSÁRIA com o capitalismo. Porém, não se enganem, Löwy não traz as concepções teóricas clássicas do socialismo de Engels ou de Marx. É proposto aqui uma nova forma de se (re)organizar a vida em sociedade.
O Ecossocialismo não deve ser entendido como nada menos do que uma nova frente ou posição teórico/revolucionária que entende a crise ecológica e a crise social como dois sintomas de uma mesma doença: o da acumulação infinita em nome do lucro, característica basilar e principal do paradigma econômico chamado capitalismo. Sendo assim, é resgatado no socialismo clássico de Marx e Engels as bases para a crítica social e da economia política, ao mesmo em que é retomado na ecologia os conhecimentos necessários para que seja possível a compreensão do meio ambiente trópico. Se constrói assim, quase um socialismo verde, que se propõe a fazer uma crítica radical ao capitalismo e que deseja seu fim em nome não só da natureza trópica como também antrópica, pois fica compreendido que ambas as destruições e opressão são resultados das operações de um mesmo sistema.
Não se pode confundir ecossocialismo com um socialismo “enfeitado”. Sem querer dar “spoilers” aqueles que se aventurarão sob as breves páginas desse curioso “manifesto”, o ecossocialismo se difere, dentre outras formas ao socialismo, ao passo que deseja o fim dos meios de produção e consumo como estes estão postos, enquanto o socialismo deseja a socialização dos meios de produção, tomado seu poder pela classe trabalhadora. Para os adeptos ao ecossocialismo não basta tomar o poder é necessário que toda a estrutura seja transformada e substituída por outra, com base na sustentabilidade social e ecológica com foco em valores qualitativos e não quantitativos. Em uma sociedade do “ser” e não do “ter”.
Em poucas palavras essa nova (porém já velha) frente teórica pressupõe uma transformação não apenas econômica, mas social, e global, completa. A partir das representações do que é produzido, consumido, até mesmo das relações como estão postas. Recomendo a leitura para que possamos imaginar outros horizontes utópicos e começarmos a construí-los o mais breve possível, pois se não houver ecossocialismo haverá barbárie.