Cailes Sales 22/09/2017Norman nasceu bastardo e por isso não é digno. Não é digno de ser reconhecido como filho, como uma criança que precisa de amor, como um ser humano que tem direito a um lar. Bastardos são apenas tolerados, os deuses não permitem que estes sejam assassinados, embora devam ser repudiados e tratados como merecem, de modo miserável e desumano. É assim que funciona nos três reinos, é dessa maneira que os sábios religiosos, “porta-vozes” dos deuses, ditam o que deve ser feito e assim foi durante muitos anos. Até o reinado do ruivo Iwan, que aboliu tal tratamento aos bastardos e decretou que os mesmos fossem reconhecidos como legítimos e assim, pudessem finalmente ter direitos.
Nosso protagonista viveu durante anos em um calabouço, nunca saiu de sua cela antes do momento em que um enviado do rei lhe informou que por direito, após o falecimento do pai, ele herdará a propriedade do mesmo. Por tudo que sofreu quando criança e durante os anos até chegar à fase adulta, Norman alimentou apenas ódio no coração e um único objetivo, se vingar do seu principal algoz e para conseguir seu intento fará tudo, inclusive casar com a filha do infeliz e através dela realizar a sua vingança.
Melissa sempre foi maltratada pelo pai - por não ser considerada Bela, por não possuir os belos cabelos ruivos das mashianas, por ser mulher - ela é constantemente destratada e agredida física e emocionalmente. O que mantém de pé essa moça corajosa é a sua fé no Deus Bran e o exercício do seu dom, que é o de cuidar dos enfermos. Contudo, ao ser feita de moeda de troca, Melissa não sabe o que o destino lhe reserva, pois não conhece o homem que será seu esposo e teme que seus dias sejam ainda piores dos que os que vive com o pai.
Inicialmente, Norman está longe de ser um mocinho, ele é o vilão. Muitas de suas atitudes são revoltantes, o modo como trata a mocinha por muitas vezes me deixou com vontade esganá-lo. Mas todo o seu ódio é reflexo do que suportou durante a vida, embora não justifique suas ações. Melissa é uma moça guerreira, que luta com as armas que possui - um bom coração e a coragem daquele que luta pelo que acredita. É uma protagonista admirável. Com seu jeito meigo e puro de ser, ela vai ajudar esse homem maltratado por praticamente todos ao seu redor e fazê-lo perceber que ainda é capaz de amar e não apenas de sentir ódio.
Embora tenha tido raiva do protagonista em muitos momentos, foi impossível não me sentir tocada por seu sofrimento, pelos traumas causados por pessoas guiadas por uma ideologia machista, preconceituosa e cruel. Penso ser uma crítica feita pela autora a nossa própria sociedade, que mascara a sua intolerância em nome da fé, da moral ou do que ditam ser o certo.
Temos a participação dos personagens dos livros anteriores - Joshua, Elizabeth, Liam e Iwan. Adorei a aparição deles na história e como tiveram um papel importante no desenvolvimento da trama. Os Deuses também marcam presença, o que deixou um gostinho a mais para o próximo livro da saga dos reinos. O Vilão é um livro super rápido de ser lido e pode facilmente ser devorado em um dia.
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