Território

Território Thiago Kuerques




Resenhas - Território


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hanny.saraiva 18/07/2018

"É arte, a linguagem mais universal que pode haver para que se saia do buraco - alguns rasos, outros profundos"
Pertencimento. Palavra óbvia quando falamos de territórios, mas no livro de Thiago Kuerques seu significado vai além da obviedade. Não pertencemos apenas a territórios, pertencemos aos personagens. Eles são a força motriz da obra. Com eles, andamos pela montanha-russa que é a Baixada Fluminense, trilhando caminhos facilmente identificáveis para quem atua e vive na região. Mas também com eles vamos além do local e encontramos a multiplicidade humana através de vidas que se questionam, que são testemunhas de acasos, fatalidades, escolhas. Um emaranhado de sopros e existência. Poética, a obra também possui alguns contos que flertam com o estranho, num híbrido de crônica com realismo fantástico, mas o grande destaque são os personagens, únicos e tão próximos de nós.

Sobre a questão editorial: o livro poderia ser menor, pois os contos são bem curtos. Eu editaria em duas partes, mas isso não diminui em nada a qualidade da escrita. Uma estrelinha a menos vai para a editora que não se atentou a esse fato. Isso atrapalha um pouco a leitura, acho que os contos poderiam ser melhor organizados, mas como disse, é uma questão editorial.

Partes preferidas:
"Essa vida é apenas um rascunho da gente. Nada é pra valer."
"Como conseguimos com tanto tempo de dedicação nos equivocar?"
"O medo da plenitude era cabível."
"Morro Agudo era um bairro esquecido pelo prefeito e nem por isso Charles chamava a cidade de coisas ruins."
"Muitas vezes se perguntava o que era parâmetro para se chamar tudo e por ter algum ponto do mundo como necessário para medir distâncias."
"Eu era esse menino disfarçado de invisível."
"Espero que seja assim por bastante tempo. Por bastante tempo leia-se sempre. Somos a eternidade que queremos ser mesmo que só às sete horas de uma quarta."
"Hoje meu filho brada contra os direitos dos imperfeitos, mesmo ele sendo todo remendado."
"O muro nunca havia sido atravessado por ninguém. Era quase uma entidade."
"Ofereceram maçã cortada e iogurte como num dia de exageros. Tudo de olhos fechados."
"Retornou para Antuérpia enquanto ele permaneceu voltando todas as tardes ao mesmo quiosque em Copacabana com a esperança de que brisas leves não derrubassem prédios."
"O covarde não costuma dar adeus."
"Escrever tem a mesma temperatura do dia."
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