spoiler visualizarTatu 30/01/2015
Abuso Espiritual - Para o IPL
A mensagem central do livro é a forma como os abusos de poder ocorrem no seio da igreja, e a forma como isso se constrói e construiu histórica e socialmente. Onde o importante não deveriam ser os títulos e posições, mas infelizmente não é o que acontece e por muito tempo a igreja vem sofrido pelos desmandos de lideres inescrupulosos que pensam somente em suas posições e o que podem ganhar como lideres, quando o que deveria acontecer é que as pessoas fossem cooperadoras de e em cristo, e que como cooperadoras de Cristo, fizessem a diferença na construção de um evangelho mais qualificado e mais humanizado. Onde cada qual siva a seu próximo com o intuito de glorificar a Deus, pois que comais quer bebais façais tudo para a Glória de Deus.
Os pontos do livro que mais me falaram e chamaram a atenção foi no sentido do termo abordado pelo livro.
O termo abordado no livro abuso espiritual é bem novo dentro da igreja, contudo os problemas em decorrência de abusos no meio da igreja remonta seculos. Um grande problema a que a igreja de Cristo na enfrenta nesse seculo XXI, com certeza é o abuso e sua consequente manipulação. Onde a dominação, controle e abuso espiritual nas igrejas em se tratando de instituição, sem descartar a ocorrência no corpo. Um mal facilmente detectado nas mais diversas denominações, a partir dos discursos de seus líderes e das reproduções que seus liderados fazem, causando um problema cíclico de reprodução da violência. Pois lideres tomam a posição de coronéis e se auto declaram “o anjo do Senhor”, deixando claro que, todos os que discordarem de suas opiniões sera punido a rigor. Onde a figura de Cristo parece mais emprestada a lideres que se colocam com o poder divino, pode de liberar perdão sobre a vida das pessoas, de liberar bençãos e até mesmo de determinar destinos ou chamados. Um dos maiores empecilhos para o cumprimento do propósito de Deus em Sua igreja é a relação de manipulação, domínio e controle que existe entre muitos cristãos. Graças a esse tipo de líder, vemos pessoas com menos poder de crítica e/ou análise sendo engodadas e repetindo como um papagaio, e dizendo apenas que; “mas o irmão fulano falou; ele é um homem de Deus”.
Com um discurso preocupado apenas em encher templos, e cofres, onde a principal preocupação é de manter as bases de um sistema opressor, de manter o status co.
Por vezes lideres exercem controle sobre seus liderados por meio do medo.
Segundo o livro, podemos observar alguns aspectos, contudo antes de mais nada o livro define bem o que é Abuso Espiritual e quem o pratica, pois qualquer forma ou tipo de abusos ocorre somente quando uma pessoa tem poder sobre a outra. Seja esse poder físico, emocional ou mesmo econômico. Confundindo abuso com controle, criando barreiras ao crescimento tanto espiritual quanto emocional e financeiro, onde os que praticam Já que ao invés de libertar sua congregação este deixa claro o objetivo do inimigo. Abuso este infligido por pessoas de certo status no meio da igreja, que tem algum poder ligado ao seu titulo, como pastor, bispo, etc, onde enfatizasse com bastante afinco ideais tais como, o de honra a pessoa, onde tal pessoa seja tratada com certo grau de respeito, onde há a enfase na questão de honra. A única coisa que difere talvez, o abuso espiritual praticado na igreja de outras formas de abuso é a intenção, pois o abuso espiritual é raramente aplicado com a intenção de mutilar. Esta mais para uma pratica de cegueira espiritual.
Um líder espiritual, ou líder de uma congregação, deve por meio da linguagem exercer coerção sobre seus liderados,, onde através do uso da palavra e de certa persuasão e intimidade de seus liderados.
Os sobreviventes de tais abusos por vezes culpam-se e colocam-se a si mesmos em um estado de depressão, por não aceitarem terem por tanto tempo sido enganados. Como conta no livro sobre a historia de Marta que após sofrer diversos abusos havia tentado suicídio, como retrata “...tinha nascido em uma lar cristão fundamentalista e cresceu numa comunidade rural conservadora, em termos religiosos. Seus pais usavam Deus e a Bíblia para controlá-la e ameaçá-la”. “Pessoas que sobrevivem a um abuso espiritual frequentemente ficam vagando em uma especie de limbo; tornam-se confusas, machucadas e iradas” (pag 13). Ou seja de certa forma o estrago que o uso de Deus e a da Bíblia com a finalidade de exercer controle sobre as pessoas pode causar é altamente perigoso.
Contudo o livro traz algo importante, existe libertação para o abuso. Devemos sempre olhar pra frente, como explica em Mateus 23. Em que Jesus denuncia os meios ilegítimos e falaciosos a que os fariseus lançavam mão da palavra de Deus para manipular as pessoas. Com uma falsa visão de Deus e um falso medo de servir a Deus.
“Os fariseus estabeleceram-se como governadores e juízes do povo, de forma a criarem um certo tipo de comunidade religiosa. Uma das características mais importantes dessa comunidade era a preocupação com a pureza. Os fariseus eram rígidos e obcecados por limpeza física e moral, O judeu que se adequava a esse código de pureza era considerado um membro respeitável dessa sociedade” “O poder deles para determinar quem estava “dentro” ou “fora” é deixado claro em João 12,42-43 (42-Ainda assim, muitos líderes dos judeus creram nele. Mas, por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé, com medo de serem expulsos da sinagoga; 43-pois preferiam a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus.)( pag. 25)
Ou seja os fariseus tinham o controle do povo por meio do medo, medo, onde pintavam um Deus vingativo e enfurecido. E estes mesmos fariseus sabiam da ânsia do ser humano, de pertencer a um grupo, de ter um determinado status quo, e desta forma aproveitavam-se da fraqueza do povo para manipulá-los.
A única autoridade que Deus reconhece, isto é a autoridade realmente constituída por Deus é a verdade, pois calcar-se em títulos ou posições para dizer-se em posição de autoridade já é por si só falho. A autoridade de Deus vem pela verdade, e não pelos títulos de pastor ou posição ante a congregação. Portando dizer que “é o ungido do Senhor”para evitar criticas é na verdade mais um truque, malandro e malicioso.
Pois quando Davi usa essas palavras de não tocar nos ungidos, não esta se referindo a criticas e exames, e em nossos dias é deturpada.
Confundindo uniformidade espiritual, com unanimidade, é comum impor questões aos membros, utilizando o famoso jargão “temos que falar a mesma linguá”, Quando na verdade unidade se obtêm apenas quando pessoas livres submetem-se livremente umas às outras, não a uma única pessoa, ou um tal líder. Autocrático.
Exigindo tratamento de hora preferencial por meio de estruturas hierárquicas construídas e historicamente constituídas, onde lideres colocam-se acima dos demais.
A verdadeira liderança é a liderança servidora, a que se doa pelo outro, pois o que tem verdadeira autoridade faz-se escravo do outro, (Mt 20,24-28 e João 13) que é o estilo de liderança de Cristo. Pois, “Jesus abdicou de sua autoridade posicional como Deus e assumiu sua autoridade funcional como servo.” E como seguidores de Cristo assim devemos fazer. “Pois a autoridade posicional carrega consigo o poder de coagir, de compelir. A autoridade servidora, no entanto, abdica prazeirosamente desse poder, de forma que quem se submete a ela somente pode fazê-lo de livre e espontânea vontade: (34).
E em e tratando de 1 Tessalonicenses 5,12-13 - “Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com o que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima em amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros”(NVI).”
os lideres a quem Paulo se refere conquistaram essa alta estima, servindo e como ele mesmo diz se esforçam no trabalho, E em se tratando de Hebreus 13,17 “Obedecei a vossos guias e ser submissos para com eles; pois velam por vossas almas, como quem deve prestar contas: , contudo esse versículo não se aplica a lideres que não se enquadram nesse quesito, como servos de e em Cristo. E a palavra “obedecei”no novo testamento, (peithomai), não diz respeito a obediência que possa ser exigida, como um direito, mas confia se a lideres como resposta a seu caráter. Pois o novo testamento deixa claro que os lideres não tem autoridade para impor decisões, mas no máximo argumentar e persuadi-los a cooperar.
E ai daqueles pastores que ao invés de servir servem se das ovelhas. E em relação ao versículo de Mateus 23,3 devemos observar tudo que nossos lideres fazem, mesmo os que estão errados, mas sempre com olho critico e afiado as escrituras, como faziam os crentes de Bereia.
Ensinos errados nos levam ao precipício, pois nos induz a culpa. Como por exemplo quando um pregador diz que se orarmos com Fé Deus fara, mas se não acontecer é porque não tivemos fé, e ao não acontecer a situação nos induz a culpa.
Mantendo o controle de forma abusiva, com regras tais como “não fale”e o próprio conceito deturpado de unidade, manter-se nos trilhos da ignorância os membros e o grupo.
E lembrando que títulos não são nada, isto mesmo, não são nada além de títulos, e não carregam em si mesmo autoridade, a autoridade vem da verdade, e a verdade revelada de Cristo é a sua palavra.
Achei p muito pertinente a temática do livro, pois coloca uma abordagem direta dos problemas de abuso de posição, de poder e principalmente abuso espiritual, que vem a cada dia se tornando mais comum. Onde o que importa é que obedeçam, mesmo que na marra. Senti falta talvez de uma abordagem um pouco mais sociológica de tal problema.
Das implicações que a leitura deste livro teve em minha vida, posso ressaltar algumas,
Para minha vida este livro teve bastante peso, pois vivo atualmente uma realidade muito distinta. Minha igreja passa a alguns anos por um conjunto de transições, onde cada vez mais se colocam regras e modelos de vida e até educacional e afetivo. Onde cada vez mais por meio de uma metodologia conhecida como MDA (modelo de discipulado apostólico), vejo cada vez mais pessoas saindo da igreja, abandonando o barco ou mesmo simplesmente não sente mais o mesmo que antes por servir a Deus, e não sente mais prazer no exercício do ministério. E inclusive nesse período eleitoral que se seguiu vi com grande pesar a forma de alguns lideres usarem sua influencia, e por vezes o medo para conseguir votos para seus candidatos.