Pandora 19/12/2020
Tem sido terrivelmente difícil abrir e fechar sentenças sobre "A Câmara sangrenta" da Ângela Carter. Acho que preciso reler ele antes de tirar conclusões.
É difícil falar sobre a Ângela Carter, pois a leitura da Ângela Carter (Deus, como amo ser propositalmente prolixa) é uma experiência sensorial em si. Me vi sequestrada de mim e levada para outro mundo no qual as sensações, cheiros, sabores, sentimos são mais densos e carregados e luxuriantes.
O bosque, a lua, uma mansão cercada por mar por todos os lados, a cavalgada por um mundo gelado, o medo, a paixão, a espertesa e o terror. É tanta coisa, tantas sensações que foi fácil me vê sem saber o que fazer durante a leitura:
?Desfrutar desses parágrafos sensacionais?
?Avançar furiosamente para o final desvendando o suspense contido em todos os contos?
?Tenta descobrir os sentidos contidos em todas as coisas?
?Fazer tudo isso ao mesmo tempo ou nada disso?
Foi maravilhoso, assustador, aflitivo, angustiante e prazeroso demais ler "A Câmara Sangrenta". Esse livro tem mistério, sensualidade e uma linguagem muito única. Não é propriamente feminista, mais muito feminino e perspicaz. Um clássico, sempre vai ter algo a dizer, não necessariamente algo agradável de se ouvir, mas algo sempre envolvente.
Qualquer página aberta ao acaso te pega nessa livro, pois todas as páginas tem sabor, cor, peso, textura e fascínio. Discordo da perspectiva de Carter sobre muita coisa, ela teve uma infância protegida, parece nunca ter encontrado com um lobo na vida, suspeito que nunca foi vendida tambem, aparte isso seu livro foi um dos que mais gostei de ter lido em 2020. O melhor conto é o primeiro, responsável por da nome ao livro