Lorena Miyuki 09/08/2017
Boa surpresa
Esse livro foi uma enorme e feliz surpresa. Curtinho, porém promissor, ele narra através de diversos contos bem breves a história de duas pessoas, sem atrelá-las a um gênero ou sexo definido, cujas almas se entrelaçam em todas as suas vidas: Eduardo/Eduarda e Marcelo/Marcela. Todos os contos têm como personagem principal esses dois seres que ora aparecem no masculino, ora no feminino. E são diversas histórias diferentes, vidas diferentes e não-lineares, atemporais, mas que se entrelaçam.
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Os contos são curtíssimos - há contos de dois parágrafos, outros de duas páginas -, mas todos são muito bem escritos e a ambientação, mesmo que com pouquíssimas palavras, é extraordinária! Fiquei pasma como as autoras conseguem passar tudo o que precisa ser passado mesmo com tão poucas informações. Confesso que eu comecei a leitura sem nem saber direito do que se tratava, só que eram contos, então me peguei um tanto confusa no início, mas logo aquele click aconteceu e eu fiquei muito surpresa (de um jeito bom)! Os contos são divididos em números de 1 a 31 - não há explicação para essa numeração, que é bem aleatória, mas eu acredito que sejam todas as vidas que essas duas almas passaram. Meus contos preferidos são os de número 6, 4, 20, 7, 2, 9, 12, 15 e, claro, o último, o 31.
As vidas dessas duas almas, mostradas através dos contos, são extremamente diversas, e isso me agradou muito também. Há contos clichês, como Eduardo e Marcelo serem melhores amigos desde a infância, há contos fantásticos e com universos paralelos, futuros alternativos em que você deposita sua memória em "cascas" (bem Black Mirror mesmo), há contos de guerra, de assassinos, de atores e de simples pessoas do dia-a-dia. A diversidade também aparece no gênero dessas duas almas, porque ora temos Marcelo e Eduarda, ora, Marcelo e Eduardo, ora Marcela e Eduarda, Marcela e Eduardo... Sabe? E em todas as vidas é legal ver como essas duas pessoas se amam e como Marcelo/Marcelo não questiona, por exemplo, o gênero que Eduardo/Eduarda toma: ele vai amá-lo/a mesmo assim, de qualquer forma, acima de todas as formas, na verdade. São duas vidas entrelaçadas que vivem as memórias de um relacionamento independente de suas sexualidades ou gêneros.
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[Resenha completa no link]
site: http://www.marcadocomletras.com/2017/08/review-31.html