Clio0 21/09/2023
A Panini se esmerou para trazer os antigos e clássicos títulos do selo Vertigo e, em novembro passado, fechou o segundo arco Pós-Morrison do Homem Animal pelas mãos do roteirista inglês Jamie Delano.
Delano, mais conhecido por seu trabalho na Hellblazer, publicou as histórias supracitadas durante os anos de 1992 até 1994. Obviamente, seu trabalho no selo Vertigo é carregado de referência socioculturais da época, e por isso mesmo, é alvo tanto de críticas quanto de elogios. Por quê?
Primeiramente, a saga é uma alusão ao messianismo, onde Buddy Baker vai aos poucos assumindo uma relação maior como Avatar do Vermelho (uma força primordial que conecta e permeia todos os animais no Universo DC) numa jornada de redenção da humanidade em relação ao ambiente. Dessa forma, o Homem Animal rompe de vez com o universo de super-heróis e integra o universo de quadrinhos ao estilo de sua contraparte, Monstro do Pântano (O Avatar do Verde – a força relacionado ao reino vegetal).
Buddy entra nesse arco, cujo cunho filosófico é a fragilidade do ecossistema disfarçado de Paixão de Cristo, e muitos leitores tiveram dificuldade em acompanhar essa nova linha. Vale lembrar que também nessa época, passávamos pelo que seria o ápice do movimento Nova Era e Delano faz uma crítica pesada ao envolvimento de adolescentes em suas seitas e grupos.
A tendência de criticar movimentos sociais daquele momento levou Delano a entulhar a trama de referências que, embora enriquecessem o texto, dificultaram sua absorção. Tal foi o caso com a história de Cliff, filho de Buddy, que junto a um tio psicopata, tem sua primeira experiência pseudo-religiosa que é atrativamente camuflada com referências a filmes trash. Esse artífice pode parecer exagero, mas a verdade é que casou com o clima de terror da história e fecha o primeiro volume de forma sensacional.