La Vie En Close

La Vie En Close Paulo Leminski




Resenhas - La Vie En Close


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EstAfani.Sandmann 12/11/2023

Leminski é um poeta atemporal
Simples. Profundo. Cheio de segundas intenções e uma bela escrita. Poemas que doem tanto quanto a realidade. Uma leitura fluida e rápida pra uma noite com vinho e amigos. Adorei. Quero mais.
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Nessa Gagliardi 24/08/2010

Estou completamente apaixonada pela poesia de Leminski. A primeira metade do livro é espetacular! Me deu vontade de sair anotando tudo que ele escrevia. Delicioso! Ele entrou pro rol dos preferidos nas primeiras páginas.
A segunda metada é feita de poetrix (ha! Adorei essa palavra!), 'primos próximos' do Haikai, tão fantásticos quanto as poesias, mas não tão encantadores quanto elas para mim.

ÍMPAR OU ÍMPAR

Pouco rimo tanto com faz.
Rimo logo ando com quando,
mirando menos com mais.
Rimo, rimas, miras, rimos,
como se todos rimássemos,
como se todos nós ríssemos,
se amar (rimar) fosse fácil.
Vida, coisa pra ser dita,
como é fita este fado que me mata.
Mal o digo, já meu siso se conflita
com a cisma que, infinita, me dilata.

Paulo Leminski

Digam, não é bárbaro?
Renata CCS 09/10/2013minha estante
Terminei de ler Toda Poesia de Leminski. Adorei!


Meire 18/02/2024minha estante
Leminski é como uma brisa refrescante que às vezes te dá um soco no estômago só pra te acordar pra vida. Adoro!




MF (Blog Terminei de Ler) 01/03/2020

A valorização do inutensílio, em uma poesia rica e inusitada, numa experiência literária ímpar
Livro “La vie en close” do poeta curitibano Paulo Leminski. Trata-se de uma obra póstuma, organizada por Alice Ruiz, viúva do autor, que reúne poemas inéditos.

No livro, temos uma boa amostra do tipo de poesia que marcava a produção de Leminski. Ele buscava e imprimia em seus poemas um estilo único e original.

O CONCEITO E A LINGUAGEM DA POESIA

Logo nas primeiras páginas, temos o poema “Limites do Léu”, onde Leminski inclui, em verso, diversas definições do que é uma ‘poesia’, de acordo com diversos escritores. Tal poema-colagem, publicado de forma avulsa ao longo da década de 70, serve para indicar a pluralidade de visões que o texto poético pode ter, servindo como justificativa para o próprio Leminski que, segundo sua própria definição, entendia a poesia como “a liberdade da minha linguagem”.

E que linguagem livre é essa que o autor busca? Primeiramente, uma linguagem simples, porém musical, sincera. Vide “Estupor”:


esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer

esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir

esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir


O INUTENSÍLIO E O SENTIDO DA VIDA

Há também, naturalmente, na poesia do autor, uma busca pela construção de imagens ricas. Leminski escreve:


lá fora e no alto
o céu fazia
todas as estrelas que podia

na cozinha
debaixo da lâmpada
minha mãe escolhia
feijão e arroz
andrômeda para cá
altair para lá
sirius para cá
estrela dalva para lá


Repare que nesse poema anterior, Leminski traça um paralelo, uma analogia de metáforas, entre os corpos celestes que iluminam o céu noturno e as reminiscências de uma infância onde ele vê a mãe cozinhar. Há uma olhar poético para um ato aparentemente simples, trivial, que é a imagem da mãe cozinhando. Isso, dentro da obra do autor, é o chamado “inutensílio”. Para Leminski, “inutensílio” são “todas aquelas coisas da vida que não tem significado nenhum, é brincadeira, é arte, é poesia” (1). Segundo Leminski, “a poesia é um inutensílio. A única razão de ser da poesia é que ela faz parte daquelas coisas inúteis da vida que não precisam de justificativa porque elas são a própria razão de ser da vida. Querer que a poesia tenha um porquê, querer que a poesia esteja a serviço de alguma coisa é a mesma coisa que você querer, por exemplo, que um gol do Zico tenha uma razão de ser, tenha um porquê além da alegria da multidão. É a mesma coisa que você querer, por exemplo, que o orgasmo tenha um porquê. É a mesma coisa que querer, por exemplo, que a alegria da amizade, do afeto, tenha um porquê. Eu acho que a poesia faz parte daquelas coisas que não precisam de um porquê. Para que porquê?” (2).

Doente, Leminski sabia que a morte se aproximava. Em alguns momentos de “La vie en close”, o término da experiência da vida é abordado, de forma reflexiva, demonstrando que se há algum sentido na vida, esse se encontra no inutensílio. Em “Rumo ao Sumo”, isso fica evidente:


Disfarça, tem gente olhando.
Uns, olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.

Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.


A LINGUAGEM VISUAL

Leminski, em vários de seus poemas, se utiliza de uma linguagem visual inusitada, ora brincando, ora fazendo trocadilhos interessantes. Vide a brincadeira, por exemplo, em um poema simples manuscrito:


C
a
i


Por sua vez, os trocadilhos se apresentam de forma discreta e interessante. Ele escreve:


celeumas luas
onde se lê uma
leiam-se duas


Ao longo do livro, são vários também os poemas que se apresentam numa estrutura de versos inusitada.

A INFLUÊNCIA JAPONESA

Leminski era um apreciador da cultura japonesa. Era faixa preta em judô e escreveu uma biografia de Matsuo Bashō, por exemplo. E, do Japão, se tornou fã de haicais, forma de poesia em três versos. Há vários em “La vie en close”. Cito um deles:


completa a obra
o vento sopra
e o tempo sobra


CONCLUSÃO

Ler Paulo Leminski é uma rica experiência literária mas, mais do que isso, é ter o contato com uma poesia que enxerga a beleza nas pequenas coisas, no simples, no essencial. Poeta que morreu cedo (apenas 44 anos), conhecer sua obra é uma obrigação de qualquer pessoa que se interesse pela literatura brasileira.

(1) METEORO BRASIL. Pequeno príncipe, grande inutensílio. Meteoro Brasil, 2018, 16 minutos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_xAL4y7sSWg&t=890s.

(2) SCHUMANN, Werner. Ervilha da fantasia. Documentário, 1985.

P.S.: Caso tenha gostado do que escrevi, visite https://mftermineideler.wordpress.com/
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Iasmin 10/02/2021

Mais um livro antigo que revisitei e valeu muito a pena! Tem sido incrível retomar o contato com a poesia e Leminski, sou suspeita pra falar, é perfeito pra isso. Ele dá um tom de humor pra coisas sérias e um tom sério para coisas desimportantes que me enche os olhos, é admirável. Fora a sagacidade com ele faz o jogo de semântico e sintático. Esse é o livro dele que mais gosto
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isaaa :) 07/06/2021

eu gostei demais do livro, fazia muito tempo que eu n lia um livro de poesia e esse foi ótimo pra voltar. o jeito que leminski escreve te prende imensamente, a primeira metade do livro foi foda demais mas a segunda n achei tão boa, por isso n to dando 5 estrelas
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Teca 02/03/2011

Leminski instiga, estica, provoca e comove. Frases/versos curtos/profundos. É um livro delicioso!
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Adriana Scarpin 28/12/2016

O que passou passou?
"Antigamente, se morria.
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria,
e todo mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.
Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
deixar tudo para os filhos
e virar fotografia?
Ninguém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Mas ninguém tem culpa.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Não tem o que reclamar.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a criônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica."
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eurenato 13/01/2024

A vida de perto é outra coisa
La vie en close c'est une autre chose.
A poesia do Leminski tem essa riqueza da simplicidade, da construção de imagens e da noção de sua inutilidade. É uma leitura contra-utilitária. Tava num caminho de ler muita densidade, precisei de leveza.
Marquei alguns, passei ileso por outros, salvei estes. Poesia tem disso, do que te afeta e do quanto se deixa afetar. Mas ai, da metade pra frente entra nuns haicai que só por Deus.
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Wacinom 14/01/2024

Amar é um elo
entre o azul
E o amarelo

Poemas de Leminski uma viagem ao estranho estado de estranheza.
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