Fernanda @condutaliteraria 11/09/2017Confesso que tive que dar um tempo entre o término da leitura do livro e a começar minha resenha, tamanha foi a intensidade de emoções que tive durante a leitura de A Garota Corvo. E ainda, é complicado colocar tudo no papel.
Publicado originalmente como uma trilogia, a Editora Companhia da Letras optou por lançar a obra em um único volume, embarcando em um clima complexo, dentro de temas extremamente pesados.
A Garota Corvo gira principalmente dentro do universo de duas personagens femininas – Jeanette, detetive da polícia e Sofia, psicóloga - estas muito bem construídas dentro de suas funções no desenrolar dos fatos.
O livro mergulha fundo no psicológico humano, destrinchando o que há de pior e, muitas vezes, difícil de digerir.
“O cérebro é a única parte do corpo que não tem sensação; portanto, pode ser operado mesmo com o paciente acordado.”
O início da história se dá com os assassinatos brutais de meninos imigrantes, que parecem não ser levados muito em conta pela polícia, já que em sua maioria, sequer possuem uma identidade. Em paralelo começam a acontecer uma série de assassinatos envolvendo pessoas, que em um primeiro momento, parecem não ter nenhuma ligação entre si.
Tais assassinatos são todos feitos de maneira brutal, principalmente o dos meninos, essa parte é bastante chocante.
Durante a leitura temos o ponto de vista de alguns personagens, o que nos leva a entender e deduzir algumas questões. Mas é preciso ter cautela para não se atrapalhar e a leitura se tornar arrastada.
O livro reúne temas bastante fortes, entre eles o abuso infantil. Nessas partes precisei dar algumas pausas, por pensar em tal barbárie.
“Seu pai cravara uma faca em sua infância e a lâmina ainda vibrava após o golpe. Não importava mais. Ela e o ódio se pertenciam como o trovão e o raio, como o punho cerrado e soco.”
Ao mesmo tempo nos deparamos com a questão de até onde uma violência sofrida pode levar o ser humano para o outro lado, o da monstruosidade ou mesmo, desestruturar totalmente.
O livro abrange um universo enorme de fatos e conseqüências e no final temos o desfecho desse enorme quebra-cabeça. Pela quantidade de personagens e questões envolvidas, em algumas partes, me senti um pouco confusa, por isso recomendo, para os que forem se aventurar em suas páginas, atenção à leitura. Além de que também, o tempo é dividido entre passado e futuro.
“Em sua memória, anotou as injustiças, ansiando pelo dia em que ele e todos os outros implorariam sua misericórdia.”
Por ser uma trilogia em apenas em um único volume, a obra é longa, mas não desistam, vale à pena a leitura.
A edição pela Companhia das Letras está linda! Capa perfeita para a história. Apenas as letras achei um pouco pequenas, mas dá pra realizar a leitura sem maiores problemas.
Recomendo!