Hélio 28/02/2022Trilogia realista de Machado de AssisMemórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis 1/3
Neste volume contém três grandes clássicos da literatura brasileira de autoria de Machado de Assis: "Memórias Póstumas de Brás Cubas;" "Quincas Borba" e "Dom Casmurro." No momento terminei a leitura de "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Nesta obra, além de Machado de Assis ter inaugurado na literatura brasileira o movimento literário conhecido como realismo, a obra também se tornou um dos maiores romances de nossa literatura. O protagonista e narrador da obra é o personagem Brás Cubas, que se intitula de "um defunto autor", membro da elite carioca do século XIX, que conta depois de morto a sua história. Machado traça um retrato da típica elite brasileira da época.
O autor faz uma crítica com fortes traços de ironia a uma elite escravocrata e preconceituosa. Brás Cubas desde pequeno era um garoto travesso e mimado pelos pais, que permitiam ele maltratar os escravos. Cubas foi um solteirão que se gabava de nunca ter precisado trabalhar por ter nascido numa família abastada. Vivia de casos em casos, até com mulher casada, a exemplo do caso com Virgília, esposa do deputado Lobo Neves. Tratava as jovens de classes inferiores como objetos e achava que podia usar seus corpos como bem quisesse.
O pai de Cubas o envia a Europa para estudar na Universidade de Coimbra e o próprio Brás Cubas afirma que foi um estudante medíocre, mas que mesmo assim conseguiu o grau de bacharel. Depois de conseguir o bacharelado, volta ao Brasil e o pai faz ele ser deputado. Mas o que ele queria mesmo era ser ministro.
No final do livro ele se lamenta e diz que não conseguiu a celebridade que tanto sonhava, que ele chamou no início de "amor da glória"; Não se casou; Não foi califa e não conseguiu ser ministro. Finaliza com a última frase dizendo: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
Do século XIX pra cá o Brasil mudou muito, mas sem dúvida, ainda nos dias atuais continua algumas permanências da mentalidade dessa elite escravocrata do século XIX.
É um clássico que vale a pena ser lido e relido. Na próxima vez irei ler na também caprichada edição da editora antofágica.
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Quincas Borba - Machado de Assis 2/3
Segundo romance realista de Machado de Assis. O Quincas Borba que leva o título do livro é o mesmo Quincas Borba que aparece no romance anterior Memórias Póstumas de Brás Cubas. Mas, esse Quincas não é o personagem principal do livro, ele morre já no início do romance. O protagonista é o personagem Rubião, amigo e herdeiro de Quincas Borba. No desenrolar da história, Machado de Assis, faz uma crítica a sociedade burguesa de sua época, que valorizava o dinheiro acima de tudo (algo que não mudou muito do século XIX para o XXI). Uma leitura boa e fluída, mas não é o meu favorito de Machado.
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Dom Casmurro 3/3
Finalizado a leitura do terceiro romance da trilogia realista de Machado de Assis, "Dom Casmurro", a obra mais famosa do escritor. Nesta obra o autor conta a história de Santiago (No início do livro ele recebe o apelido de Dom Casmurro e depois passa a ser chamado de Bentinho) e seu relacionamento com Capitu, que se apaixonam desde pequenos. Eles dois tem que enfrentar uma oposição ao namoro, porque a mãe de Bentinho, Dona Glória, havia feito uma promessa de que seu filho seria padre. Bentinho resolve fazer o seminário, mas lá ele conhece Escobar e se tornam muito amigos. Este amigo encontra uma solução para o problema de Bentinho, que não queria ser padre. A solução seria Dona Glória pagar o seminário para outro jovem e assim, pagar a promessa, o jovem substituindo Bentinho como Padre.
O livro chega ao seu clímax quando Bentinho, já casado com Capitu, começa a suspeitar que ela teve um relacionamento extraconjugal com seu amigo Escobar. Depois que este seu amigo morre afogado na praia, desde o momento do velório, Bentinho passa a desconfiar de Capitu, mas principalmente quando o suposto traído, começa a perceber que há muitas semelhanças de seu filho, com seu amigo falecido. Bentinho, revoltado, chega até a planejar seu suicídio ou assassinar o filho, mas desiste.
O narrador da história é Bentinho, que já idoso, conta suas memórias. E segundo ele, dá pra perceber que Capitu o traiu. Mas, Machado de Assis, deixou apenas dúvidas para o leitor. Não tem como sabermos se ela o traiu ou se tudo não passou de um ciúme doentio do marido, porque o autor não deixa nenhuma prova para o leitor chegar a uma conclusão sobre a infidelidade de Capitu.