Annalisa 12/09/2020As Mulheres do Castelo
Já início confessando que tenho uma queda no que tange livros ambientados em guerras, principalmente na Segunda Grande Guerra. E esse livro para mim foi uma boa surpresa, acabei comprando o livro pela sinopse e depois esqueci o porquê deu eu ter o comprado haha
Quando o retirei da estante e iniciei a leitura, aaaaah que boa surpresa quando essas páginas me apresentaram essa história.
O livro é ambientando dentro da Segunda Guerra, mas não na linha de frente, é como se fosse na retaguarda da batalha. Ele apresenta a história de três grandes mulheres alemães e como suas vidas fora influenciadas pelos desdobramentos da guerra.
Tendo seus maridos sendo executados por traição (ou assim, imaginamos, rs) em um ato direto contra Hitler, elas têm que aprender a viver e sobreviver nesse mundo caótico, mesmo após o fim da guerra, Nos apresenta a firmeza, constância e a garra das mulheres.
O que me chamou a tenção de primeira, é que ele foge um pouco do padrão de apresentar sempre o ponto de vista dos judeus e dos demais povos caçados pelo nazismo, e nos apresenta um pouco da elite alemã (foco naqueles contra o nazismo!) e dentro de um panorama domestico temos os vislumbres de como os próprios alemães sofreram durante e após essa guera.
Algumas passagens são arrebatadoras, é complicado ler alguma coisa sabendo que muito provavelmente os horrores foram piores do que como está sendo retratado.
Tem uma passagem (próximo à página 114), onde o trecho é sob o ponto de vista de uma das crianças, é um trecho de descontração, onde após o fim da guerra eles vão até a igreja participar da mirrada festa de Natal.
É um pingo de felicidade em um oceano de devastação e sofrimento, eles mal tem o que comer ou vestir, mas mesmo assim são arrebatados pela música. É lindo e triste.
O livro é um constante vai e vem, mostrando passado, presente e futuro e como as ações do passado tiveram influência no presente, e consequências no futuro.
É complicado ver também alguns trechos onde para os alemães os discursos de Hitler se tornaram comuns no dia a dia, de como eles aceitavam e enalteciam os discursos, acreditando fielmente nas palavras desse louco. Alguns trechos chegam a dar ódio das ações da população, sabendo dos horrores que aconteciam nos campos de concentração, mas fazendo vista grossa, pensando em "um bem maior alemão"
Enfim, é um livro que não é para ser engolido de uma vez, tem que ser digerido aos poucos.
Nem todas as partes te prendem o tempo todo, o começo e o fim são mais parados, e com alguns trechos não tão constantes. Mas vale a pena!
"Martim foi arrebatado pelo som - ele não era mais feito de sangue e ossos, tinha os pés congelados e a barriga roncando, era um recipiente vazio que ia se enchendo de notas, era conduzido por algo maior, mas antigo e permanente do que ele mesmo. Essa música foi tocada e ouvida muito antes disso, e seria novamente, não apenas naquela igreja, mas em vários lugares do mundo, por pessoas vivendo em diferentes circunstâncias e diferentes épocas. Esse músicos e essa plateia específicos, por um instante fugaz, foram levados por suas notas.
[...] a música mexeu com os sedimentos mais insensíveis das memórias, roçou em camadas de horror e vergonha, e ofereceu um raro consolo para a raiva, a mágoa e a culpa que sentiam."