spoiler visualizarfatimaria 27/07/2023
Mais uma vez termino um livro de The Stormlight Archive completamente sem palavras, embasbacada. A cada volume que passa sempre se acha que não tem como ficar melhor, mas aqui sempre fica. Aqui vão pontos de comentários em nenhuma ordem específica!
- Queria muito a Eshonai viva. Essa fração de ponto de vista dela no prólogo me deixou sedenta por mais, porém mesmo sabendo que próximo livro é principalmente sobre ela e a Venli, não consigo deixar de ficar triste por ela ter morrido tão cedo na série.
- Ver o Dalinar jovem tão diferente de como ele é apresentado no livro foi de fato muito estranho no começo, um desconforto que faz cada vez mais sentido conforme se avança na história. O contraste entre os capítulos dele no presente e no passado são gritantes demais, e ainda o jeito que as duas linhas do tempo começam a se sobrepor de forma super deliberada; é um deleite de verdade, já desde o começo do livro. Os mistérios sobre a perda de memória dele, sobre o que exatamente ele esqueceu, e como isso afeta tudo; feito com maestria, como sempre. Brandon Sanderson não se cansa de inovar de novo e de novo dentro da própria fórmula: cada livro até agora focando nos flashbacks de um personagem, apresentados de formas diferentes e engajados na narrativa do presente de maneiras igualmente intrínsecas e ao mesmo tempo fundamentalmente diferentes.
- E continuando a falar do Dalinar: que arco foda de personagem. Uma continuação de tudo que ele passou desde The Way of Kings, e ao mesmo tempo finalmente tratado com o detalhe e atenção que merece. Não é preciso entrar em detalhes mas sinceramente, ele é simplesmente um dos melhores personagens literários que já li.
- Acho que o arco do Kaladin foi o que mais me surpreendeu. Gostei muito do caminho que ele tomou e também gostei de como terminou, mesmo que não do jeito mais feliz do mundo. Mostrar que ele tem sim muitas dificuldades ainda nesse caminho de Knight Radiant e que ele não é o herói protagonista invencível que não precisa de ajuda foi bem refreshing pra falar a verdade. Meu amor por ele só cresce e estou muito ansiosa pelo que vem por aí no próximo livro em relação a ele.
- E nesse livro acontece MUITA coisa com a Shallan. Ela faz tanta coisa, sente tanta coisa, se torna tantas coisas, as vezes é difícil de acompanhar. Mas ela continua ainda assim a personagem foda de sempre e eu gostei muito principalmente do quão bem acompanhamos o que se passa na cabeça dela. (Tanto ela quanto o Kaladin tem isso em comum: com desenvolvimentos mais explorados nos primeiros dois livros, eles cedem espaço para o arco do Dalinar e mesmo assim não são deixados de lado. o avanço de ambos ainda é evidente, ainda que as conclusões sejam deixadas para o futuro). Assim como o Kaladin, estou doida para ver o que vem por aí sobre Shallan Davar. (E um highlight para a cena da terapia com o Wit em Kholinar, umas das minhas partes favoritas do livro).
- Adolin!! My Beloved. Ele com suas roupinhas e seu senso de moda e sua espada mágica de spren semi morta que talvez nem esteja tão morta assim porque agora eles conversam e ela até demorou 7 batimentos cardíacos para ser sumonada ao invés de 10!! Meu querido assassino de Highprince Sadeas, meu amor. O amo tanto. E aproveitar pra dizer aqui que fiquei muito feliz com o desfecho romântico do livro, era isso que eu queria que acontecesse e inclusive previ que o Kaladin gosta da Shallan de outro jeito que não romântico e até compara ela com o Tien (de novo)! Obrigada, obrigada.
- Renarin, meu querido meu amor, estou tão ansiosa para o seu livro.
- Jasnah, estou tão ansiosa para o seu livro. A Gaslight, Gatekeep, Girlboss original. A amo.
- Elhokar, ainda estou de luto por você. Essa morte como narrative device foi genial, cirúrgica e bem posicionada, mas como morte mesmo me cortou o coração e tá doendo até agora.
- Gostando cada vez mais do Szeth! Desde o começo ele foi um personagem muito intrigante, mas nesse livro ele de fato começou a crescer em mim como um dos personagens principais da série. He really is Just Some Guy and I love him for it.
- E a Lift também! Comecei com ela na neutralidade/quase irritação, mas agora posso dizer que de fato gosto muito dela. Principalmente ela quando junto de outros personagens, o Dalinar completamente ????????????????? com ela e o Szeth simplesmente. Sábias palavras, little radiant.
- Agora, considerando que esse é o terceiro livro de uma série de livro gigantes, em algum momento probleminhas de pacing iriam aparecer. Enquanto a parte 1 tem um ritmo constante e intrigante, a parte 2 tem uma barriga perceptível, e tanto eu quanto meus dois amigos em leitura conjunta tivemos dificuldade de superar esse slump. Foram de fato capítulos necessários para desenvolvimento de personagens e settings importantes, mas que querendo ou não infelizmente deram uma empacada no ritmo de leitura. Estava até pensando se talvez diminuiria meia estrela da nota por isso, mas o desfecho do livro não me deixa dar menos de 5 estrelas...
- Isso por sua vez se cura assim que a parte 3 começa com a missão de recuperar Kholinar. Toda a infiltração, investigação, planejamento e ataque na tentativa de recuperar a cidade foi executada de forma perfeita e desenvolveu muito os personagens e o worldbuilding também. E o desastre é muito importante!! Até agora o leitor era mantido nessa bolha onde, apesar das dificuldades, tudo sempre dá certo no final. Assim, quando tudo dá errado, um personagem crucial é assassinado de forma brutal e os que sobrevivem são catapultados para uma dimensão mágica em sua maioria desconhecida, todo o senso de segurança é jogado pela janela! Isso é perfeito!
- Assim, as partes 4 e 5 são as melhores de todas. Shadesmar, reuniões políticas, personagens em seus piores estados psicológicos e emocionais; tudo se soma e vai se construindo para um dos melhores clímax que já tive o prazer de ler.
- E que livro bem costurado! Os interlúdios, flashbacks, pontos de vistas, todos culminando para um final na batalha de Thaylen City. ABSURDO DE PERFEITO. Brandon fazendo malabarismo de pov com uma montoeira de personagem e várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e ele consegue não escorregar nenhuma vez. É tudo claro como cristal e grandioso e absurdo de fantástico é a definição o ápice a epítome da fantasia épica.
- E claro que enquanto muitas coisas se resolvem nesse final, mil outras perguntas se abrem, até coisas que nem parecem tão relevantes no escopo dessa série mas que talvez sejam dentro da Cosmere como um todo. Esse livro me fez decidir de vez que vou ler tudo desse universo compartilhado. Sou curiosa, tenho fome de livro de fantasia e isso me parece uma fonte constante de fixação por período considerável. Aos meus amigos próximos um aviso: se preparem. ficarei insuportável.
- Outra coisa que vale a pena comentar também é o ponto de que aqui os humanos são os invasores. Odium é de fato o deus dos humanos, foram eles que o levaram até o Roshar e o acordaram lá. Os humanos são os verdadeiros Voidbringers. A culpa disso tudo é deles, sem desculpas, sem rodeios. Implicações absurdas. Brandinho nunca deixa de me surpreender com suas reviravoltas filosóficas que simplesmente giram 360º toda a nossa noção de mundo (de um mundo de fantasia inventado!! como pode)
- E um último detalhe, algo que me pega muito desde o primeiro livro e que nesse aqui me fez literalmente soluçar e chorar que nem bebê em duas situações diferentes. Não me pergunte o motivo, mas a metalinguagem de histórias dentro de histórias, livros usados como devices para a narrativa, personagens contando fábulas uns para os outros; isso tem um poder muito específico. É a força do storytelling dentro do próprio storytelling. Quando a Shallan conta pela primeira vez a história "the girl who looked up" eu já senti que vinha pedrada. Então, quando no capítulo 82, com ela no fundo do poço emocional e psicológico e o Wit simplesmente pergunta "Have you heard the story of the girl who looked up?", eu simplesmente comecei a chorar! É absurdo!! De se pensar que desde o primeiro livro todo capítulo tem um snipet de Algo; um livro um estudo um arquivo um documento uma anotação. qualquer coisa. tudo conta uma história. E quando na parte 5 os primeiros capítulos nos mostram finalmente que os humanos são os verdadeiros Voidbringers, o sentimento de desespero te domina completamente. Até que, quando você vira a página para o capítulo 119, dá de cara um quote de The Way of Kings. Não consigo colocar em palavras esse simples sentimento de virar uma página e ser atingido. Comecei a chorar de novo. Apenas um oversharing básico e clássico para finalizar essa resenha com estilo :) O poder da narrativa dentro da narrativa, e o assustador talento de um escritor que manipula esse poder tal qual um Deus.
Concluindo enfim, mais um livro 5 estrelas pra conta, mais uma experiência foda, incrível, inacreditável. posso até estar exagerando, mas ler esses livros está sendo uma das melhores experiências da minha vida. A euforia, a satisfação, a loucura que eu tiro disso eu não encontro com facilidade. Uma das melhores sensações do mundo pra mim, afinal de contas, é saber com certeza que achei mais uma das minhas coisas favoritas desse mundo.